Êxodo 25.31-40
O candelabro, cujo nome de origem é menorah, é também chamado nas Escrituras Sagradas de “castiçal”, “candeeiro”, “candeia”, ou simplesmente “lâmpada”. Constitui-se num dos objetos mais importantes e significativos da cultura e da religião judaica.
O candelabro era todo esculpido em ouro puro (“... uma peça só...”). Pesava um talento, o que, acredita-se, correspondesse entre 30 e 35 kg. Alguns estudiosos pretendem que suas medidas fossem 1,65 m de altura por 1m de comprimento, de uma extremidade a outra.
O candelabro consistia numa coluna central, da qual saíam seis háteas, três dum lado e três do outro, sendo que a peça inteira era sustentada por um pedestal. Ao todo, o candelabro tinha sete lâmpadas, que eram acesas através de um pavio, embebido de azeite. O candelabro tinha função vital dentro do tabernáculo; ficava do lado esquerdo de quem entreva no Santo Lugar, o segundo compartimento (dentro da tenda), e era a única iluminação que se tinha dentro daquele recinto sagrado.
TIPOLOGIA
A tipologia do candelabro é riquíssima: passa por Cristo, pela Igreja e também pelo Espírito Santo.
De modo geral, representa Cristo como a luz do mundo, a única iluminação que este mundo tem (aí se envolve tudo que diz respeito a Ele: Sua Palavra, Seu poder, Sua Igreja, etc.). Jo 8.12; 1.9; 3.19,20; 9.5; 12.46.
A igreja também é chamada de luz do mundo: Mt 5.14-16; Ef 5.8; 1 Ts 5.5; 1 Jo 1.7. As lâmpadas serviam “para alumiar defronte dele” (Êx 25.37), ou seja, do próprio candelabro. Da mesma forma, a Igreja foi chamada para brilhar diante do Senhor. As lâmpadas do candelabro tinham que brilhar continuamente ( Lv 24.2).
O pedestal ensina-nos que devemos andar nos passos de Jesus (1 Jo 2.6).
As hásteas – Diz-se que as seis hásteas representam a Igreja, por três razões:
1) As hásteas estavam ligadas à coluna central. Do mesmo modo, a Igreja está ligada a Cristo Jesus. Na alegoria da videira e os ramos (Jo 15.1-5), Jesus é a videira, Seus discípulos, os ramos. Todo ramo que não estiver ligado nEle não pode suster-se, nem produzir frutos.
2) Os sete candelabros de Apocalipse 1.12,20 representavam as sete igrejas da Ásia, na visão de João. Jesus Cristo passeava no meio dos sete candelabros.
3) O número 6 é um número representativo do homem. O homem foi criado no sexto dia da criação (Gn 1.26,31). Somando-se as seis hásteas com a coluna central obtém-se o número sete, número simbólico de Deus e da perfeição. Jesus disse que devemos “ser perfeitos assim como perfeito é o Pai celeste” (Mt 5.48); o homem só pode chegar a esse estágio unindo-se a Cristo Jesus (essa perfeição terrena é relativa, não absoluta).
Observando bem o posicionamento das hásteas em relação à coluna do centro, notamos que todas elas são da mesma altura, isto nos fala igualdade perante Deus (Is 40.4; At 10.34; Gl 3.28). Mas, segundo alguns estudiosos, a coluna do centro era um pouco mais alta do que as hásteas. Isto nos fala do senhorio de Cristo em relação a nós (1 Pe 3.15). Outra coisa interessante é que as hásteas menores estão mais próximas da coluna central. Isto nos fala de humildade (Lc 9.48; Mt 11.11).
As hásteas eram ocas, bem como a coluna central, por onde se colocava os pavios, que eram embebidos de azeite de oliva, o combustível do candelabro (Lv 24.1-4). O azeite é símbolo notável do Espírito Santo (At 10.38; Mt 25.4; Sl 23.5; Lv 14.16; Nm 6.15; Dt 32.13). É o Espírito Santo que age em cada vida individualmente, e na Igreja como um todo, para que se possa refletir a luz de Cristo neste mundo, levando todos a glorificarem o Seu nome.
É importante salientar que para o bom funcionamento das lâmpadas, o canal de cada hástea não poderia estar obstruído de modo algum. Assim também não podemos e não devemos resistir nem entristecer o Espírito de Deus em nossa vida (At 7.51; Ef 4.30). O uso das “espevitadeiras” e “apagadores” era justificado na manutenção diária das lâmpadas do candelabro, que cabia ao sumo sacerdote (Êx 30.7). Ele aparava as pontas chamuscadas dos pavios, a fim de que o brilho pudesse ser mais intenso. Isto nos lembra das fadigas, dos sofrimentos que nós passamos por servir a Deus (Rm 8.18; Jo 14.33). Até mesmo Jesus (a coluna central) passou por isso (Hb 2.18; Jo 4.6; 19.28; Mt 8.24; 26.38; 27.50). Como a manutenção diária das lâmpadas, nossas forças também têm que ser santificadas e renovadas todos os dias.
Ornamentos – Eram os cálices, as maçanetas e as flores. O candelabro, ao que parece, tinha 10 cálices: 6 nas hásteas e 4 na coluna (Êx 25.33,34).
O cálice tinha o formato côncavo (amêndoa), era uma espécie de copo, no qual se colocava o azeite. O cálice simboliza o sacrifício de Cristo (Jo 18.11; Mt 20.23; 26.42). Na cerimônia memorial da Ceia do Senhor o cálice é uma referência nítida do sangue de Jesus, derramado na cruz para remissão de pecados (Mt 26.27,28; 1 Co 11.25). A palavra amêndoa significa no hebraico “estar alerta”, “acordar” e “sem sono”. A amendoeira era a primeira árvore frutífera a florescer. Isto nos lembra que devemos produzir bons frutos para Deus, isto é, nossas boas obras em Cristo Jesus (Jo 15.16; Mt 3.10; Gl 5.22,23; Ef 2.10; Tg 2.17).
A palavra maçaneta não esclarece muito bem qual teria sido o seu formato. Recorrendo mais uma vez ao hebraico, descobrimos que se tratava na realidade de “grinalda” e/ou “coroa”. Grinalda sempre sugere casamento. Pois se isto é mesmo assim, então temos aqui uma representação simbólica do casamento de Cristo com a Igreja, Sua noiva (2 Co 11.2; Lc 5.34,35; Ap 21.2,9; Ef 5.25). Coroa nos lembra reinado; reinaremos para sempre com o Senhor (Ap 1.6; 5.10; 22.5).
Outro aspecto importante é que cada hástea do candelabro formava parte de um todo, sendo que o candelabro ficaria incompleto sem qualquer uma delas, ou caso uma delas faltasse. Com isso, podemos dizer que a morte de Jesus não teria valor algum e também nenhuma finalidade ou propósito se esta não produzisse uma geração de salvos. Afinal, foi para isso que Ele veio ao mundo!
A igreja nasceu das feridas de Cristo (Is 53.5; Gl 2.20), brilha no mundo e reinará na glória. Amém!
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante
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