COMO DISCERNIR FALSOS PROFETAS E FALSOS CRISTÃO.
Ele não vacila em usurpar a glória devida apenas ao Senhor da glória
Introdução
Quem já não se defrontou com um falso profeta? Inescrupuloso e arrogante, joga ele a igreja contra o pastor, leva os obreiros à desinteligência e, habilmente, induz os santos à apostasia. Aliás, ele não vacila em usurpar a glória devida apenas ao Senhor da glória.
Certa vez, um desses indivíduos enfrentou Jeremias. Patrocinado pelo estado e contando com a simpatia de boa parte da população, tinha aquele operário de Satanás, como objetivo, perverter os caminhos do Senhor e desviar os filhos de Israel da verdade. Refiro-me ao soberbo e atrevido Hananias. Antes de tecermos outros comentários a seu respeito, vejamos o que é o profeta.
I. O que é o profeta
1. Definição. A palavra profeta vem do hebraico nabbi. Este vocábulo, por seu turno, origina-se do verbo dabar: dizer, falar. O profeta, por conseguinte, é o homem que fala por Deus. O vocábulo grego prophete, do qual veio a palavra portuguesa profeta, significa literalmente aquele que fala em lugar de outrem.
2. A função do profeta. Era a função precípua do profeta proclamar os desígnios e arautos de Deus, a fim de reconduzir o povo à obediência da lei divina (Ez 33.7). Nem sempre revelar o futuro era a sua principal tarefa.
3. A prova de autenticidade do profeta. Se o profeta predisser alguma coisa, e esta se cumprir, será ele reconhecido como autêntico mensageiro de Deus (Dt 21,22). Caso contrário, que seja alijado da comunidade dos santos. Dessa forma determinava o Deuteronômio.
Não basta, porém, a profecia cumprir-se para o profeta ser considerado autêntico (Dt 13.1-5). Isto porque, os enganadores, inspirados pelos demônios, embora não conheçam o futuro, podem, através de ardis e estratagemas, fazer com que o óbvio pareça certeiro cumprimento profético. É por isso que temos de julgar as profecias e discernir os espíritos (1Co 14.29; 1Jo 4.1). Vejamos, pois, o caso de Hananias.
II. O falso profeta Ananias entra em cena
1. Quem era Hananias. Ele era do tipo que impressionava. Falava como profeta, tinha discurso de profeta e vestia-se como profeta. Além do mais, era ele mais dramático que os profetas de Deus.
Falando somente o que o povo queria ouvir, vinha ele, genericamente, profetizando a paz. Mas, agora, eis que se apresenta com uma profecia específica e impressionante.
2. As palavras de Hananias. Foi no auge da crise espiritual e política de Judá que Hananias entra em cena, perturbando o povo e opondo-se tenazmente a Jeremias. Se este exortava Judá a aceitar o jugo babilônico, como Deus o requeria, aquele, sempre politicamente correto, induzia o povo à rebelião contra o Senhor, garantindo-lhe que, passados dois anos, seriam os cativos repatriados e os tesouros do Santo Templo, devolvidos. Sua profecia jamais se cumpriu: no teste do verdadeiro profeta, estava reprovado (Dt 18.22).
Hipocritamente dramático, quebra os jugos de madeira que Jeremias levava aos ombros. Diante de toda aquela presepada, o que restava ao mensageiro do Senhor? Tendo os sacerdotes e os ministros do altar como espectadores, declara Jeremias: “Amém! Que assim faça o SENHOR! Que o SENHOR confirme as tuas palavras que profetizaste e torne ele a trazer os utensílios da Casa do SENHOR e todos os do cativeiro da Babilônia a este lugar” (Jr 28.6).
Hananias profetizou o que o rei queria ouvir, o que povo ansiava escutar e o que todos almejavam viesse a acontecer.
Não foste, ó homem de Deus, chamado para brincares de pregador; convocou-te o Senhor para atuares como pregoeiro da justiça. O teu único compromisso é com a verdade. Se não quiserem ouvir-te, que te não ouçam. No entanto, todos haverão de saber que, entre si, esteve um autêntico mensageiro divino.
3. O castigo de Hananias. Hananias em tudo parecia profeta. A Palavra de Deus, todavia, não estava com ele. E por haver se insubordinado contra o Senhor, foi severamente punido: naquele mesmo ano veio a morrer segundo vaticinara Jeremias (Jr 28.1-17). Este é o destino daquele que, sem temor nem tremor, brinca com o nome de Deus, zombando-lhe da santidade. Lembra-te daquela profetiza que, em Tiatira, induzia os servos de Cristo ao adultério? (Ap 2.20) Ou do profeta Balaão que ensinou Balaque a colocar tropeços diante dos filhos de Israel? (Ap 2.14).
Tens tu o dom profético? Coloca-te à disposição de Deus. Deixa que Ele te use de acordo com as necessidades da Igreja. Jamais queiras abusar do que te não pertence. Sê humilde, reconhecendo sempre, em teu pastor, a autoridade máxima da Igreja.
III. Cuidado com os falsos profetas
Alerta-nos o Senhor Jesus que, nos últimos dias, aparecerão muitos falsos profetas que, se possível, enganarão até os mesmos escolhidos (Mt 24.11). Por isso, temos de manter-nos alertas e vigilantes, a fim de que os lobos não nos arrebatem as ovelhas. Eis alguns cuidados que haveremos de tomar.
1. A procedência do profeta. De onde vem o pregador, o conferencista e o pretenso profeta? Busca saber se tem ele carta de recomendação; não deixes de confirmar a veracidade do documento. Cuidado com os chamados clínicos pastorais que, sob o apanágio da psicologia, se intrometem nas intimidades das ovelhas, induzindo as servas de Deus à imodéstia. Não passam os tais elementos de destruidores de lares. Toma cuidado contra os que, de igreja em igreja, levantam vultosas somas. Não permitas que o lobo te espolie a igreja.
2. A qualidade da mensagem. O mensageiro fala a Palavra de Deus? Ou se acha em nosso meio a instilar o engano e a apostasia? Se vier com outro evangelho, que seja considerado anátema mesmo que tenha cara de anjo (Gl 1.8).
3. A pretensão do profeta. À semelhança de Hananias, que não temeu enfrentar o homem de Deus, muitos são os profetas e profetisas que procuram dominar o pastor, o ministério e a igreja. Não aceites tais manobras! Não te deixes dominar pelas ameaças dessa gente desocupada e orgulhosa. A Igreja é para ser governada pelos dons ministeriais e não pelos dons espirituais. Servem estes apenas como suporte ao processo de edificação do corpo de Cristo. O cajado foi entregue a ti, pastor, e não aos aventureiros que das ovelhas visam apenas a lã e a gordura.
Quem cuida das ovelhas é o pastor. E que o profeta mantenha-se em seu lugar, e respeite o anjo da igreja como a autoridade máxima do rebanho. Neste momento, cai muito bem a recomendação de Paulo: “Se alguém cuida ser profeta ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor” (1 Co 14.37).
Conclusão
Cuidado com os falsos profetas! Não lhes permitamos que nos devorem os rebanhos. Outrossim, não podemos desprezar as verdadeiras profecias (1 Ts 5.20). Pois o Espírito Santo continua a falar através dos dons que distribui à Igreja. Equilíbrio e discernimento! Cada profecia deve ser considerada de acordo com as demandas e reivindicações da Bíblia. Nada, absolutamente nada, pode estar acima da Bíblia Sagrada – nossa única regra de fé e conduta.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante.
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