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sábado, 16 de outubro de 2021

COMO MORAR NO CÉU


                                                         
COMO MORAR NO CÉU

Não há acordo na Igreja hoje em dia sobre o que acontece com as pessoas quando morrem, embora o Novo Testamento seja claro sobre o assunto. Paulo falou da “redenção do nosso corpo” em Romanos 8.23. Não há espaço para dúvidas sobre o que ele quer dizer: ao povo de Deus é prometido um novo tipo de existência corporal, a redenção da nossa vida corporal presente. O resto dos primeiros escritos cristãos, onde este assunto é abordado, estão em completa sintonia com isto.

O quadro tradicional pintado em muitas das nossas denominações, de pessoas que vão para o céu ou para o inferno como uma jornada pós-morte, representa uma séria distorção e diminuição da esperança cristã. É certo que aqueles que morrem crendo no Senhor, vão para estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor (Fp. 1.23). Mas, esse não é o ponto final.

A crença da ressurreição do corpo é o elemento que dá forma e significado ao resto da história dos últimos propósitos de Deus. Se resumida, como muitos têm feito, ou até deixada de lado, como outros fizeram explicitamente, perde-se esta visão extra, uma espécie de “peça central” da fé, que a faz funcionar.

Enquanto o paganismo greco-romano e o judaísmo possuíam uma grande variedade de crenças sobre vida após a morte, os primeiros cristãos, a começar por Paulo, eram memoravelmente unânimes acerca do tema. Quando Paulo falou, em Filipenses 3, sobre a “cidadania dos céus”, o apóstolo não quis dizer que vamos nos aposentar na eternidade após terminar nosso trabalho aqui. Ele diz na linha seguinte que: “Jesus virá dos céus para transformar nossos corpos humilhados do presente em um corpo glorioso como o seu” (FL 3:21). O Senhor fará isto através do seu poder, já que tudo está sob o seu domínio. Esta declaração contém, em suma, mais ou menos o que Paulo pensava sobre o assunto. Jesus ressurreto é tanto o modelo para o corpo futuro dos cristãos como a forma pela qual este corpo chegará.

O corpo ressurreto de Jesus, que para nós é quase inimaginável neste momento em toda a sua glória e poder, será o modelo para o nosso próprio corpo. Mas, a passagem mais clara e forte é a de Romanos 8.9-11: ”Se o Espírito de Deus habita em alguém, então aquele que ressuscitou a Cristo dentre os mortos dará vida a seu corpo mortal”.

Outros escritores do Novo Testamento apoiaram essa ideia. A primeira carta de João declara que, ”quando Jesus aparecer, seus servos se tornarão como ele, pois o verão como é” (I Jo. 3:2). Cristo reafirmou a ampla expectativa dos judeus sobre a ressurreição no último dia e anuncia que a hora já havia chegado: “Eu lhes afirmo que está chegando a hora, e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e aqueles que a ouvirem, viverão”. De outra feita, garante: “Não fiquem admirados com isso, pois está chegando a hora em que todos os que estiverem nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão – os que fizeram o bem ressuscitarão para a vida, e os que fizeram o mal ressuscitarão para serem condenados”.

Aqui precisamos discutir o que Jesus quer dizer quando em João 14 declarou que: “Na casa do meu Pai há muitas moradas”. Tal descrição tem sido muito utilizada, não só no contexto de perdas, para dizer que os mortos (ou pelo menos os cristãos que partem) simplesmente irão para o céu, eternamente, ao invés de serem ressuscitados subsequentemente para uma nova vida corpórea. Mas, a palavra “moradas” – monai – é, regularmente, usada no grego antigo não para designar um lugar de descanso final, mas para um local temporário, em uma jornada que levará a outro lugar no final.

A ressurreição no mundo antigo não era uma forma de falar sobre a vida depois da morte. Era uma forma de referir-se a uma nova vida do corpo. O que dizer então sobre passagens como I Pedro 1, que fala sobre a salvação que está “guardada nos céus”, para que no presente creia que receberá “a salvação de suas almas”?. O Cristianismo ocidental nos dirige em uma direção equivocada. A maioria dos Cristãos, hoje, ao ler uma passagem como esta, assume que o significado seja que o céu é aonde você vai para receber esta salvação, ou até, que a salvação consiste em “ir para o céu quando você morre”.

A forma como agora compreendemos a linguagem no mundo ocidental é completamente diferente do que Jesus e seus ouvintes compreendiam e significavam. O céu é o lugar onde os propósitos de Deus para o futuro estão armazenados. Não significa o local onde eles devem ficar e, portanto, você deve ir até lá para aproveitá-los. É onde estão guardados até o dia em que se tornarão realidade na terra. A herança futura de Deus, o novo mundo incorruptível e os novos corpos que habitarão o mundo novo, já estão guardados, esperando por nós, para que apareçam no novo céu e na nova terra.
Apóstolo. Capelão/ Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante.

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