SALVAÇÃO GRAÇA DE
DEUS...
Uma das maiores e mais preciosas doutrinas da Bíblia é a da
graça de Deus, da salvação somente pela graça. Mesmo uma leitura perfunctória
da Bíblia, especialmente do Novo Testamento, mostrará que a salvação e todas as
bênçãos da vida cristã são resultado da graça de Deus. Vejamos numa incursão
rápida pelo Novo Testamento qual é o lugar que a graça ocupa em toda a nossa
vida espiritual.
1 - A eleição é pela graça.
“Assim, pois, também agora, no tempo de hoje, sobrevive um
remanescente segundo a eleição da graça. E se é pela graça, já não é pelas
obras; do contrário, a graça já não é graça” (Rom 11:5,6).
2 - Jesus é a personificação da graça.
“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de
verdade... Todos nós temos recebido da sua plenitude, e graça sobre graça.
Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por
meio de Jesus Cristo” (Jo.1:14,16,17). “Conheceis a graça de nosso Senhor Jesus
Cristo que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que pela sua pobreza
vos tornásseis ricos” (2Cor 8:9).
3 - A Salvação é pela graça.
“Pela graça sois salvos por meio da fé” (Ef 2:8). “Porquanto a
graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens” (Tito 2:11).
4 - A Justificação e o Perdão dos pecados são pela graça.
“Sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a
redenção que há em Cristo Jesus” (Rom 3:24). “No qual temos a redenção, pelo
seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça” (Ef 1:7).
5 - A Fé é pela graça.
“Tendo chegado, auxiliou muito aqueles que mediante a graça
haviam crido” (At 18:27).
6 - A graça capacita-nos a servir.
“Pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça que me foi
concedida, não se tornou vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles;
todavia não eu, mas a graça de Deus comigo” (1Cor 15:10).
7 - Graça capacita-nos a ser pacientes e perseverantes.
“Então me disse: A minha graça te basta, porque o poder se
aperfeiçoa na fraqueza” (2Cor 12:9). “Acheguemo-nos portanto, confiadamente,
junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para
socorro em ocasião oportuna” (Heb 4:16).
8 - Devemos crescer na graça.
“Crescei na graça e no conhecimento do nosso Senhor e Salvador
Jesus Cristo” (2Pe 3:18).
9 - A plenitude de nossa salvação na segunda vinda de Cristo
será uma nova expressão da graça de Deus.
“Cingindo o vosso entendimento, sede sóbrios e esperai
inteiramente na graça que vos está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo”
(1Pe.1:13).
10 - Por toda a eternidade os salvos serão um monumento da graça
de Deus.
“Em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por
meio de Jesus Cristo... para louvor da glória de sua graça” (Ef 1:5,6). “Para
mostrar nos séculos vindouros a suprema riqueza da sua graça, em bondade para
conosco, em Cristo Jesus” (Ef 2:7).
Vemos, consequentemente, a singularidade do papel que a graça de
Deus desempenha em todo o plano de nossa salvação. Desde toda a eternidade
fomos eleitos por graça de Deus. No devido tempo, esta graça foi revelada, em
toda a sua beleza, por Jesus Cristo. Por esta graça é que somos salvos, isto é,
justificados e perdoados mediante a fé, a qual em si mesma é um resultado da
graça. Esta mesma graça, que trouxe salvação às nossas almas, capacita-nos a
servir a Deus e dá-nos força para suportar todos os sofrimentos a que estamos
sujeitos neste mundo e a perseverar até ao fim. Nesta graça estamos firmes (Rom
5:2) e crescemos. A segunda vinda de Cristo será nova revelação de graça, e por
toda a eternidade a infinita graça de Deus resplandecerá em nós, para Seu
eterno louvor e glória.
Que é graça?
“Graça é favor gratuito, não merecido, mostrado, aos indignos
dele. Se a redenção fosse devida a todos os homens, ou se fosse uma compensação
necessária à responsabilidade deles, não poderia ser gratuita, e o dom de
Cristo não poderia ser uma expressão superior do livre favor e amor de Deus.
Só poderia ser uma revelação de Sua retidão. Mas as Escrituras declaram que o
dom de Cristo é uma expressão sem paralelo de amor gratuito, e que a salvação
procede da graça... E todo verdadeiro crente reconhece a graciosidade essencial
da salvação, como um elemento inseparável de sua experiência. Dai as
doxologias do céu. — 1Cor 6:19,20; 1Pe 1:18,19; Ap 5:8-14. Contudo, se a
salvação é pela graça, então obviamente é compatível com a justiça de Deus
salvar a todos, a muitos, a poucos, ou a ninguém, como lhe aprouver”. [1]
“A graça, por sua própria natureza tem de ser livre ou gratuita;
e a diversidade ou disparidade de sua distribuição (ou manifestação) demonstra
que é de fato gratuita. Se alguém pudesse com justeza exigi-la, deixaria de
ser graça para se tornar débito. Se neste particular nega-se a Deus Sua
soberania, a salvação então se torna uma questão de divida para com todas as
pessoas”. [2]
É interessante notar que Paulo associa esta doutrina de salvação
exclusivamente pela graça à doutrina da total depravação e, por conseguinte, à
doutrina do novo nascimento. “Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do
grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu
vida juntamente com Cristo — pela graça sois salvos e juntamente com ele nos
ressuscitou... para mostrar nos séculos vindouros a suprema riqueza da sua graça,
em bondade para conosco, em Cristo Jesus. Porque pela graça sois salvos,
mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que
ninguém se glorie" (Ef 2:4-9). Se estivermos mortos em delitos e pecados,
não podemos viver para Deus se Ele não nos criar espiritualmente por seu
infinito poder. Esse criar de novo é uma como ressurreição ou novo nascimento,
como já vimos. E Deus não tem nenhuma obrigação de fazer isso. Se o faz, é por
pura graça e misericórdia. E se é pela graça, Ele pode salvar a todos, a
muitos, a poucos, ou a ninguém, como Lhe aprouver. Como disse Paulo, citando
palavras de Deus dirigidas a Moisés, “Terei misericórdia de quem me aprouver
ter misericórdia, e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão. Assim,
pois não depende de quem quer, ou de quem corre, mas de usar Deus a sua
misericórdia.” (Rm 9:15,16).
“Quando os que experimentam a graça de Deus refletem na origem
dela, que é a vontade do mesmo Deus, o resultado instintivo é a doutrina da
eleição. Os crentes descobrem que devem sua posição não a qualquer habilidade
sua de penetrar na fé, mas devem-na à chamada e escolha do próprio Deus, que
os distinguiu com esse privilégio. Sabem que foram escolhidos pela graça e,
portanto não o foram por nada que tivessem feito; de outro modo a graça
deixaria de ser graça (Rom 11:6). O primeiro passo foi dado por Deus, e muito
antes que eles se apercebessem de que precisavam de salvação. Foi um movimento
livre, gracioso da Vontade eterna. Paulo não pôde explicar de outro modo por
que ele ou qualquer outro foi escolhido para ser membro da Igreja de Deus.
Devia ter sido Deus, e Deus foi movido pelo amor.”
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião
Dr. Edson Cavalcante.
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