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domingo, 16 de julho de 2017

SALVO PELA GRAÇA, MAS NÃO FOI DE GRAÇA...


                               SALVO PELA GRAÇA, MAS NÃO FOI DE GRAÇA...

São Chegadas as Bodas do Cordeiro (Apocalipse 19:1-10)
Antes de começar as séries de julgamentos, o Apocalipse já afirma a posição exaltada do Senhor. Jesus recebe “a glória e o domínio pelos séculos dos séculos” (1:6). O Senhor Deus é o Todo-Poderoso (1:8; 4:8). O Pai senta no trono, vive eternamente e recebe das suas criaturas “a glória, a honra e o poder” (4:9-11). O Pai e o Filho recebem “o domínio pelos séculos dos séculos” (5:13).
As cenas de julgamento demonstram a soberania de Deus. No intervalo entre os sexto e sétimo selos, Deus está no trono e recebe o louvor daqueles que proclamam que ele possui o poder e a força pelos séculos dos séculos (7:12). A sétima trombeta declara o reino universal de Cristo, que “reinará pelos séculos dos séculos”, dizendo que o “Senhor Deus, Todo-Poderoso” assumiu seu grande poder e passou a reinar (11:15-17). Os conflitos do capítulo 12 mostram o fracasso do dragão, porque “Agora, veio a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e a autoridade do seu Cristo” (12:10). A cena no monte Sião, antes das vozes do capítulo 14, mostra o Cordeiro em pé sobre o monte (14:1). No intervalo antes do derramamento das sete taças, os vencedores adoram o “Senhor Deus, Todo-Poderoso”, o “Rei das nações” (15:3). A vitória sobre a grande meretriz foi garantida, pois o Cordeiro é “o Senhor dos senhores e o Rei dos reis” (17:14).
Mas houve momentos em que estas verdades sobre a primazia de Deus se tornaram mais obscuras: Quando a besta venceu as duas testemunhas (11:7); quando o dragão se mostrou forte diante da mulher (12:3-4); quando a besta do mar se exaltou e desafiou e venceu os servos de Deus com suas palavras arrogantes e blasfemadoras (13:4-7); quando a besta da terra fez morrer aqueles que recusaram adorar a besta (13:15); e quando a grande meretriz se embriagou com o sangue dos santos (17:6). É difícil manter uma confiança total no Senhor quando parece que o mal vence o bem.
Os últimos cinco capítulos do Apocalipse servem para apagar qualquer dúvida que tenha sobrado. Deus é o Soberano que reina eternamente, e os fiéis que confiam no sangue do Cordeiro vencem para participar do reino eterno. A vitória total e final é dos santos. As bodas do Cordeiro representam a celebração desta grande vitória.
19:1 – Depois destas coisas, ouvi no céu uma como grande voz de numerosa multidão, dizendo: Aleluia! A salvação, e a glória, e o poder são do nosso Deus.
Depois destas coisas, ouvi no céu uma como grande voz de numerosa multidão: Três vezes neste livro encontramos a numerosa ou grande multidão, sempre no céu e sempre adorando ao Senhor (7:9-10; 19:1; 19:6).
Aleluia! A salvação, e a glória, e o poder são do nosso Deus: A palavra “aleluia”, embora comum em expressões de louvor em nossos dias, aparece em apenas dois livros da Bíblia – os Salmos e o Apocalipse. Vem do hebraico e significa “louve a Deus” (Jah ou Yah, uma contração de YHWH, Jeová ou Javé). No Apocalipse, a forma grega da palavra aparece apenas quatro vezes, todas neste capítulo (19:1,3,4,6). Cada vez que pronunciamos esta palavra, falamos o nome de Deus e, por isso, deve ser falada com toda reverência e respeito. Não é uma palavra comum ou uma mera interjeição. E sim, uma expressão de adoração ao Senhor. As outras palavras usadas aqui são expressões comuns do louvor dado ao Senhor no Apocalipse (como também em outros livros): salvação (7:10; 12:10), glória (1:6; 4:9,11; 5:12,13; 7:12; 11:13; 14:7; 16:9; 19:7; 21:26), poder (4:11; 5:12; 7:12; 11:17; 12:10).
19:2 – porquanto verdadeiros e justos são os seus juízos, pois julgou a grande meretriz que corrompia a terra com a sua prostituição e das mãos dela vingou o sangue dos seus servos.
Porquanto verdadeiros e justos são os seus juízos: A mesma mensagem e o mesmo motivo de louvor encontrados na terceira taça (16:4-7). Deus, por ser santo, é absolutamente justo.
Pois julgou a grande meretriz que corrompia a terra com a sua prostituição e das mãos dela vingou o sangue dos seus servos: No julgamento da Babilônia, Deus se mostrou justo e respondeu à petição das almas debaixo do altar, no quinto selo, que esperavam a vingança contra seus perseguidores (6:9-11).
19:3 – Segunda vez disseram: Aleluia! E a sua fumaça sobe pelos séculos dos séculos.
Segunda vez disseram: Aleluia!: A multidão repete sua palavra de adoração, dando honra a Deus.
E a sua fumaça sobe pelos séculos dos séculos: A fumaça acompanha várias figuras do castigo divino (cf. 9:18; 14:11). Subiu de Sodoma e Gomorra (Gênesis 19:28). Deus respondeu à oração de Davi quando este pediu livramento das mãos de Saul. Davi descreveu a justiça divina, dizendo: “Das suas narinas, subiu fumaça, e da sua boca, fogo devorador” (2 Samuel 22:9; cf. Salmo 18:8; 37:20). Isaías falou de “espessas nuvens de fumaça” para descrever o castigo de Israel (Isaías 9:18). Como consequência do julgamento divino de Edom e das nações, “Nem de dia nem de noite se apagará; subirá para sempre a sua fumaça” (Isaías 34:10). Sobe para sempre ou pelos séculos dos séculos, não literalmente, mas para mostrar a vitória total do Senhor sobre a Babilônia.
19:4 – Os vinte e quatro anciãos e os quatro seres viventes prostraram-se e adoraram a Deus, que se acha sentado no trono, dizendo: Amém! Aleluia!
Os vinte e quatro anciãos e os quatro seres viventes prostraram-se e adoraram a Deus, que se acha sentado no trono: Semelhante às “ondas de louvor” dos capítulos 4 e 5, mas aqui a adoração começa com a grande multidão e continua com os 24 anciãos e os quatro seres viventes. Deus permanece no trono. Imperadores vêm e vão, mas o Todo-Poderoso continua governando o seu reino universal e eterno.
Dizendo: Amém! Aleluia!: Que seja assim! Louve a Deus!
19:5 – Saiu uma voz do trono, exclamando: Dai louvores ao nosso Deus, todos os seus servos, os que o temeis, os pequenos e os grandes.
Saiu uma voz do trono, exclamando: Esta voz não é de Deus, pois chama os servos para louvar ao “nosso Deus”. Quem poderá estar junto ao trono de Deus? Há algumas possibilidades: 1. Os quatro seres viventes ficam “no meio do trono e à volta do trono” (4:6); 2. Os vencedores recebem a promessa de sentar com Jesus no seu trono (3:21) para reinar com ele (2:26-27). Eles entram na presença de Deus e ele estende sobre eles o seu tabernáculo (7:14-15). São colunas permanentes no santuário de Deus (3:12).
Dai louvores ao nosso Deus, todos os seus servos, os que o temeis, os pequenos e os grandes: Toda criatura, da menor ao maior, deve honra ao Senhor (cf. 5:8-14). Temer significa ter medo ou respeitar e reverenciar. Deus merece o temor de todas as suas criaturas (cf. 1 Pedro 2:17).
19:6 – Então, ouvi uma como voz de numerosa multidão, como de muitas águas e como de fortes trovões, dizendo: Aleluia! Pois reina o Senhor, nosso Deus, o Todo-Poderoso.
Então, ouvi uma como voz de numerosa multidão: Voltamos ao início de uma nova “onda de louvor” no ponto de partida, a numerosa multidão (19:1).
Como de muitas águas e como de fortes trovões: Estas descrições identificam, em outros versículos, a forte voz de Jesus (1:15), dos sons que vêm do trono (4:5; 8:5; 11:19; 16:17-18), ou de um grande número de adoradores (14:2). Aqui, é a voz coletiva da grande multidão.
Dizendo: Aleluia! Pois reina o Senhor, nosso Deus, o Todo-Poderoso: O dragão queria reinar, mas não conseguiu. A besta se achava única, mas sua autoridade duraria pouco tempo (13:4-5). A meretriz dominava os reis do mundo, mas ela caiu (17:18; 18:2). Das dez vezes que a palavra traduzida aqui por “Todo-Poderoso” aparece no Novo Testamento, nove estão no Apocalipse (1:8; 4:8; 11:17; 15:3; 16:7,14; 19:6,15; 21:22).
19:7 – Alegremo-nos, exultemos e demos-lhe a glória, porque são chegadas as bodas do Cordeiro, cuja esposa a si mesma já se ataviou
Alegremo-nos, exultemos e demos-lhe a glória, porque são chegadas as bodas do Cordeiro: Anunciam o motivo da celebração: é uma festa de casamento! O Cordeiro receberá a sua noiva! A figura do casamento para representar a relação de Deus com o seu povo é usada no Velho Testamento para falar sobre o povo judeu. Deus tomou Israel (ou Judá) como sua esposa, mas ela foi infiel, cometendo adultério espiritual (Ezequiel 16; Oséias 2 e 3). No Novo Testamento, Cristo se entregou por sua noiva, e quer que ela seja “gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito” (Efésios 5:25-27).
Cuja esposa a si mesma já se ataviou: Ela se preparou para o casamento, como uma noiva se prepara para se apresentar ao noivo. A idéia da noiva nas Escrituras exige o esforço da igreja para se apresentar pura e sem mancha. Paulo disse: “Porque zelo por vós com zelo de Deus; visto que vos tenho preparado para vos apresentar como virgem pura a um só esposo, que é Cristo” (2 Coríntios 11:2).
19:8 – pois lhe foi dado vestir-se de linho finíssimo, resplandecente e puro. Porque o linho finíssimo são os atos de justiça dos santos.
Pois lhe foi dado vestir-se de linho finíssimo, resplandecente e puro: A meretriz, a grande cidade mundana, estava vestida de linho finíssimo, mas sua posição como rainha durou pouco tempo. Linho fino é a roupa adequada para um servo na presença de um rei (Gênesis 41:2). Foi usado nas vestes sacerdotais no Velho Testamento (Êxodo 28:5,6,8,15,39,42; 1 Samuel 2:18; 22:18). Deus vestiu sua esposa em linho fino (Ezequiel 16:10,13). Em outros trechos do Apocalipse, linho finíssimo mostra a pureza dos servos de Deus. É vestido pelos anjos que saem do santuário com os sete flagelos (15:6; cf. Ezequiel 10:2-7). A noiva que se apresenta a Cristo é vestida de linho fino.
Porque o linho finíssimo são os atos de justiça dos santos: O significado do linho, como já deduzimos das citações acima, é a pureza dos servos obedientes. Este versículo não nega a importância da graça divina na nossa salvação, como vários outros versículos deste livro enfatizam (7:14; 12:11; etc.). Ele frisa a necessidade da fé obediente (14:12; cf. Tiago 1:25; 2:24).
19:9 – Então, me falou o anjo: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro. E acrescentou: São estas as verdadeiras palavras de Deus.
Então, me falou o anjo: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro. E acrescentou: São estas as verdadeiras palavras de Deus: Uma afirmação importante, cuja veracidade é frisada de várias maneiras: 1. O anjo mandou que João escrevesse estas palavras (assim reforçando a ordem geral de 1:19); 2. Ele enfatizou que as palavras são verdadeiras. Obviamente, tudo que Deus fala é a verdade, mas esta palavra destaca mais ainda a importância desta afirmação; 3. Disse que são palavras de Deus, a fonte de altíssima autoridade.
A mensagem é a quarta das sete bem-aventuranças do livro (cf. lição 3). Quem são estas pessoas abençoadas? Os vencedores, os obedientes, os santos, os que não amaram a própria vida e se ofereceram totalmente ao Senhor. Neste contexto, a aplicação primária deve ser feita aos vencedores no contexto da perseguição romana. A figura do casamento de Cristo com a sua igreja, porém, estende-se aos outros fiéis (1 Coríntios 11:2; Efésios 5:27). Os mártires da época de João acham a sua vindicação na derrota da meretriz e, logo em seguida, na queda das bestas e do dragão. A igreja de todos os lugares e de todas as épocas realiza a sua vitória em chegar à presença do Senhor – ou pela morte dos fiéis (2 Timóteo 4:6-8) ou pela segunda vinda de Jesus (1 Tessalonicenses 4:16-18).
19:10 – Prostrei-me ante os seus pés para adorá-lo. Ele, porém, me disse: Vê, não faças isso; sou conservo teu e dos teus irmãos que mantêm o testemunho de Jesus; adora a Deus. Pois o testemunho de Jesus é o espírito da profecia.
Prostrei-me ante os seus pés para adorá-lo: A primeira de duas vezes que João prepara-se para adorar um anjo (cf. 22:8). Alguns sugerem que fosse o mesmo episódio relatado duas vezes. Há várias explicações deste ato do apóstolo: 1. Alguns comentaristas dizem que não foi um ato do próprio João, mas que ele se viu nas visões agindo desta maneira. Assim, o ato dele faz parte da cena e serve como advertência sobre o perigo da idolatria, sem sugerir qualquer erro real cometido pelo apóstolo; 2. Outros sugerem que João se confundiu, achando que o anjo fosse o próprio Jesus e, assim, merecedor de adoração; 3. Uma outra explicação é que João ficou tão maravilhado com a cena das bodas que caiu impulsivamente para dar homenagem ao anjo que lhe mostrou as coisas da visão; 4. A outra possibilidade é que João errou e, agindo sem refletir, começou a dar louvor impróprio ao anjo.
Enquanto todas estas explicações parecem plausíveis, e eu não tomaria uma posição dogmática, parece-me que a última – que João falhou e foi repreendido – seja a mais natural e menos complicada. Seria inteiramente natural, nas Escrituras, revelar as falhas de um bom homem. Noé, Abraão, Moisés, Gideão, Davi, Pedro e outros heróis bíblicos cometeram erros graves, e os relatos nas Escrituras não escondem estas falhas. Não esperaríamos um erro desta gravidade do apóstolo velho e fiel, mas não é fora de cogitação.
Ele, porém, me disse: Vê, não faças isso; sou conservo teu e dos teus irmãos que mantêm o testemunho de Jesus; adora a Deus: Independente do motivo ou da explicação dada às ações de João, a resposta do anjo reforça um fato importante. A adoração pertence exclusivamente a Deus (cf. Mateus 4:10; Atos 10:25-26; 14:11-18). O problema fundamental no Apocalipse é a tentação de adorar falsos deuses, especificamente a besta. Historicamente, os romanos aceitavam bem as diversas religiões dos povos sujeitos, pois estes meramente acrescentaram mais alguns deuses aos seus sistemas politeístas. Os judeus e os cristãos, porém, foram perseguidos, em alguns períodos da história, porque, como adoradores de um só Deus, rejeitaram os deuses dos romanos. Quando recusaram a louvar os deuses, foram vistos erroneamente como ateístas. Esse ato de João em se prostrar diante do anjo ilustra o perigo de qualquer um cair na idolatria de dar honra indevida a criaturas, e não ao Criador. Todos, até o próprio apóstolo, precisam da admoestação do final de sua primeira carta: “Guardai-vos dos ídolos”.
O anjo se viu como conservo. Ele é uma criatura, mais próximo, em natureza, do homem do que do Criador.
O testemunho de Jesus deve ser guardado. O evangelho não é apenas uma história interessante. É uma mensagem que exige uma reação. O evangelho deve ser obedecido (Romanos 10:16; 2 Tessalonicenses 1:8; 1 Pedro 4:17).
Pois o testemunho de Jesus é o espírito da profecia: Jesus é a essência de profecia, pois ela olha para o Senhor dos senhores e Rei dos reis. A importância não deve ser dada ao anjo ou a qualquer outro mensageiro. Jesus é o personagem principal da revelação do mistério de Deus. Ele, e não os anjos, merece a adoração. A aceitação de adoração por parte de Jesus e a ordem do Pai que ele fosse adorado (Hebreus 1:6) são algumas das provas da divindade dele. As palavras verdadeiras e as profecias que vêm de Deus nos levam a honrar e adorar a Jesus. Adoração de qualquer criatura, mesmo de um anjo, seria errado, uma forma de idolatria. Veremos nos próximos versículos o destino da besta – o objeto de louvor dos ímpios – e do falso profeta que induz os homens a adorá-la.
Conclusão
Uma mulher caiu, e a outra foi conduzida à grande celebração do seu casamento com o Cordeiro de Deus! Todo o seu esforço em se manter pura valeu a pena, porque agora ela recebe a recompensa da bênção da comunhão e proteção divinas.

Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante

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