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terça-feira, 3 de janeiro de 2017

QUANDO O CORAÇÃO DO CRISTÃO FICA MAIS FRIO QUE O GELO...


        QUANDO O CORAÇÃO DO CRISTÃO FICA MAIS FRIO QUE O GELO...
Malaquias significa “meu o mensageiro”. Um título bem sugestivo para o livro, pois sabemos somente sobre a mensagem e não sobre o mensageiro em si, que foi usado por Deus para escrever o ultimo livro do Antigo Testamento. A mensagem do mensageiro Malaquias vem em um tom de sentença de Deus para o povo rebelde de Israel. A palavra descrita como sentença, no original hebraico tem mais a ideia de peso. E por que o Senhor se dirigiu desta forma ao povo? Ao longo da mensagem de Malaquias pode se observar que o povo, mais uma vez, abandonou o amor a Deus e voltou-se para as praticas pagãs e colocou a adoração a Deus em ultimo plano. Assim, a adoração ao nome do Senhor foi colocada de lado diante da incredulidade e desobediência do povo. Para entender melhor a situação do povo nos dias de Malaquias, por favor, volte comigo um pouquinho antes do livro ser escrito, volte comigo para o ano de 538 A.C.
Em 538 A.C, Ciro publicou um decreto que permitia os judeus voltar a Jerusalém depois de anos de cativeiro e reconstruir o templo para a adoração a Deus. Cerca de 50 mil judeus aceitaram o desafio e voltaram para Jerusalém.  Nesse período Deus levanta Ageu, Esdras e Zacarias para profetizar e encorajar o povo a reconstruir o templo. Alguns anos se passam e Neemias torna-se governador. Neemias passa a observar que já no seu tempo as coisas começaram a ficar um tanto estranhas entre o povo de Deus. O mesmo povo que outrora era estrangeiro, cativo e sofria em terras estranhas e que recebeu favor e misericórdia de Deus , quando a graça divina tocou o coração de Ciro, agora começa a blasfemar ao Senhor em sua própria terra desfrutando das bênçãos do Senhor em sua própria terra. Isso deixa Neemias revoltado ao ponto de tomar algumas medidas drásticas em Jerusalém. É possível que o profeta Malaquias tenha sido chamado nesse tempo de Neemias para expor os pecados do povo, repreende-lo e fazê-lo voltar á adoração ao Senhor. As condições descritas no livro de Neemias são bem semelhantes às condições descritas nas profecias de Malaquias.
Podemos identificar que este tempo foi de grande declínio espiritual, de grande frieza espiritual e de grande cinismo do povo de Deus e por fim, um tempo de grande necessidade de ouvir uma exortação da parte de Deus.
Coração de gelo
E que pecados rondavam o coração do povo de Deus?
Ao longo dos meus estudos no livro de Malaquias pude observar 5 pecados gravíssimos contra Deus:
1° rejeitaram o amor de Deus e o trataram de forma cínica e arrogante (1:2-5)
Não é atoa que Malaquias identifica este pecado como o primeiro dentre muitos. A rejeição ao amor de Deus vai desencadear outros tipos de pecados que vai dilacerar a alma e fazê-la cada vez mais cega e surda para ter uma percepção clara do amor de Deus. Quanto mais você rejeita o amor de Deus, mais difícil será você não rejeitá-lo, pois menos perceptível você será para ouvi-lo. É quase idêntico a aquela lei da física do radio ligado. Quanto mais eu me distancio do radio, menos eu poderei ouvi-lo. Assim a rejeição ao amor, a rejeição ao dar a devida resposta ao amor divino provavelmente é a mãe de todos os pecados.
E como isso penetra no coração e na mente do homem?
Quando o nosso coração tem amores rivais. Quando o nosso coração tem outros amantes. E qual era o amor rival do coração do povo de Deus? Provavelmente o seu bem-estar! O povo de Deus viveu o seu “american dream” quando voltaram da babilônias cem anos antes. O “sonho americano” do povo de Deus estava começando a se realizar, eles estavam voltando pra casa, a esperança de uma vida prospera e tranquila estava tomando um lugar no coração deles que não deveria tomar. Observe comigo que a adoração devida ao nome do Senhor e a devida resposta ao amor de Deus não era mais o centro da vida do povo. E isto aconteceu por que outras coisas tomaram o lugar no centro da vida de Israel naquele momento. E tudo me leva a pensar que a prosperidade, a esperança de uma vida bacana, o sonho de uma vida feliz e tranquila longe do cativeiro tomou o lugar de Deus. E este é o perigo da prosperidade, este é o perigo quando Deus nos abençoa, quando a benção toma o lugar de Deus na nossa  vida e se torna um amor rival.  Deixe de lado os amores rivais. Volte-se para Deus, o mesmo Deus que amou o povo, como descrito nos primeiros versos do livro é o mesmo Deus que te ajuda que te ama e lhe faz abandonar estes amores rivais.
2° recusaram dar a Deus a devida honra ( 1:6-2:9)
Ora se o povo deixou de lado a resposta devida ao amor de Deus, isso os levou também a rejeitar a devida honra a Deus. Uma vez que eu rejeito o amor de Deus no meu coração, internamente, eu tenho que colocar isto para fora. Eu tenho que me expressar de alguma maneira. A expressão da desonra do povo de Deus estava no fato de oferecer sacrifícios imperfeitos a Deus. O chefe de família deveria pegar o seu próprio novilho e levar ao sacerdote para que este pudesse oferecer em holocausto para a adoração ao Senhor. No passar dos anos eles negligenciaram essa prática ao oferecer novilhos doentes, cegos e coxos. Sua atitude para com Deus era refletida na adoração que eles davam ao Senhor, ou seja, sua adoração estava doente! A vida com Deus para o povo virou rotina. Virou um verdadeiro tédio. Uma obrigação religiosa e nada mais. A adoração virou uma atitude sem paixão. Esse tipo de cristianismo é sem cor. Sem aventura. Sem sorrisos. A primeira atitude de homem que tem seu coração tapado para o amor de Deus é desonrá-lo na adoração. Quando o esfriamento penetra no coração pode ter certeza que isto terá ações exteriores e visíveis. A falta de zelo na adoração do povo era visível, ninguém compra de um cambista um novilho cego e machucado de forma invisível. A adoração seja ela falsa ou verdadeira é visível por todos. Dificilmente alguém seco, frio consegue se passar por um homem espiritual. Pode rodopiar, pular, marchar e até subir ao púlpito para pregar. Se o coração for uma pedra de gelo, uma sala vazia provavelmente todos saberão disso!
3° desprezarão a fidelidade de Deus (2:10-16)
O vers. 11 do cap. 2 diz “uma coisa repugnante foi cometida em Israel e Jerusalém, Judá desonrou o santuário de Deus”. Enquanto o Salmista cantava no salmo 84 “como é agradável o lugar da tua habitação, a minha alma anela e até desfalece pelos seus átrios”, o povo de Israel pós-exílio babilônico cantava “como é desprezível estar nos átrios do Senhor”!
O profeta chega a uma conclusão obvia: Que coisa repugnante! Quando um crente quebra as alianças com Deus e volta o seu coração para a prática do pecado, o que será das alianças feitas com outros irmãos? O que será da aliança feita com a sua esposa, ou seu esposo, se as alianças feitas com Deus foram quebradas? O que pode sustentar a aliança de um matrimônio, quando as alianças com o Amado foram quebradas? Que coisa repugnante é quebrar a aliança com Deus. A infidelidade com Deus causa no coração do povo, uma ferida que se não for tratada será a causa de outras infidelidades. Provavelmente essa é a causa do que Paulo fala em Efésios 5:1 “sejam imitadores de Deus”. Deus não quebra as suas alianças. Deus é fiel as suas alianças, por isso ao imita-lo, o homem permanece fiel as suas alianças, pois Deus é fiel às alianças Dele. Quebrar as alianças com Deus trará consequências na sua vida diária. Se você for solteiro, a infidelidade ao Senhor será um beijo convidativo a outros tipos de pecados sexuais inclusive pecados de ordem moral. Para os casados a infidelidade a Deus é a causa principal do divorcio. Só no Brasil mais de 45,6% dos casamentos chegam ao fim. Só no ano 2011, 350 mil casais quebraram as suas alianças matrimoniais. Pergunto: qual a causa disso? O povo anda distante de Deus. Cresce o numero de evangélicos, mas são evangélicos que não permanecem fieis a sua aliança com Deus. E isto terá consequências sociais gravíssimas tais como o divorcio. Isso é tudo é consequência direta do afastamento de Deus e sua infidelidade para com ele.
4° Chegaram ao cumulo de redefinir a justiça de Deus (2:17
A cegueira espiritual do povo era tamanha que eles pediam justiça a Deus, pois estavam cegos e não percebiam que a própria justiça de Deus estava atuando na comunidade para quebrantar os seus corações. Deus conhece o nosso coração, conhece nossas intenções, ele esquadrinha a nossa alma, pedir justiça á ele pode ser algo arriscado. Pede-se justiça ao Senhor em dois casos, e os dois casos identificam exatamente como está o nosso coração: 1° pedimos justiça a Deus por que estamos preocupados com o seu Nome e sua reputação entre as nações. 2° Pedimos justiça a Deus porque estamos preocupados com o nosso nome e a nossa reputação. Se algo foge do nosso controle, como fugiu do povo de Israel quando o povo começou a passar por uma instabilidade financeira, apelamos para a justiça de Deus. Mas a grande pergunta é? Você está pronto pra Ele fazer justiça em sua vida? Você tem mesmo coragem de pedir a Deus que derrame sobre a sua vida o que é justo sobre você? Era justo o povo pedir justiça? Deus estava usando de misericórdia para com o povo, mas eles, de forma cega e inconsequente, estavam pedindo a ira de Deus sobre suas próprias cabeças e não sabiam.
5° Estavam roubando de Deus (3:7-12)
Quando vemos o povo dialogar com Deus podemos até pensar que eles eram “santinhos”. Questionaram, colocaram em descredito a palavra do Senhor, reivindicando sua justiça. Ao analisar o texto de Malaquias cap. 3 temos um retrato de como estava as atitudes morais e éticas do povo: Estavam roubando de Deus em seus dízimos e ofertas!
Pense comigo por instante. O dizimo e as ofertas eram necessários para a manutenção de teocracia, usados para sustentar os levitas, realizar as festas nacionais e religiosas e atender as necessidades dos pobres. Quando Malaquias da a exortação sobre o roubo dos dízimos e ofertas, o profeta está lembrando-os que ao fazer isso o povo estava roubando de si mesmo também. Este é o ponto chave para os dízimos e ofertas. Damos a Deus o que lhe é de direito, mas somos nós mesmos que somos beneficiados com isso! Ao roubar de Deus o povo estava pecando contra si mesmo, uma terrível consequência da cegueira espiritual que estava instaurada no meio do povo.
Que desastre o povo se encontra. É lastimável ver a condição humana quando este se encontra distante de Deus. Podemos pintar um quadro que retrata a condição que o povo se encontrava. O povo se encontrava cego, surdo, sujo podre. De suas bocas só saiam palavras arrogantes, cínicas e com tom de ironia.
Conclusão
Para concluir quero leva-los a conhecer um pouco mais do nosso Deus misericordioso. O Deus que se revela com misericórdia abundante, que se revela com uma graça poderosa que se rebaixa e nos socorre!
Para dar uma resposta definitiva e final ao povo corrupto. Deus promete:
O seu mensageiro da aliança, o Santo remédio para os corações vacilantes (3-4)
Aqui está umas das mais claras referencias da vinda de Cristo no antigo Testamento. O mensageiro da Aliança, ou o “Anjo da Aliança” como algumas traduções interpretam esse texto, fala exclusivamente da vinda de Jesus Cristo a terra. É auto explicativa a narrativa de Malaquias porque que o anjo da aliança virá: O pecado estava instaurado no coração do povo! Deus não pode ser neutro nessas horas. Deus não age como o povo! Ele não está cego. Ele não está surdo. Ele não está aparte do que está acontecendo com o seu povo. Ele deve agir com justiça. O peso da sua palavra deve ser também vista em ações, pois um dos seus atributos é JUSTIÇA e JUSTIÇA PLENA.  Entender a justa condenação dos homens é entender a gravidade do pecado para com Deus. Deus não é brasileiro. Ele não trabalha com jeitinhos, ele não trabalha com favoritismo. Ele trabalha com JUSTIÇA!
E é com essa justa justiça que Malaquias descreve o anjo da Aliança. Ele virá para purificar os pecados do povo.
Cristo é retratado como dois agentes de purificação: O fogo  que queima a escória, a escória do pecado e o sabão que lava toda a iniquidade. Todos os homens devem passar por esta limpeza. Todo homem deve passar pelo crivo da justiça do Mensageiro da Aliança.
Hoje 2.400 anos depois das profecias de Malaquias, sabemos que o Mensageiro da Aliança já veio, nasceu, cresceu. Nunca cometeu um pecado. Como uma garça andou em meio á lama e nunca sujou as suas vestes brancas. Comeu com pecadores. Andou com prostitutas. Visitava publicanos. Sua vida foi envolvida de alegria. De beleza e ternura. Sua morte foi envolvida de terror, angustia e solidão.
Toda a vida de Cristo, tanto a sua morte quanto a sua vida foi em prol da profecia de Malaquias: A purificação dos pecados daqueles que são seus.
Os seus muitas vezes se encontram distantes, caídos, desanimados e em completo estado de escória. Mas aqueles que são seus jamais passaram despercebidos pelo fogo que queima, pelo sabão que lava. A palavra para o povo de Israel era uma palavra de Peso. E por que ela vem com este peso? Por que nós somos seus! Ela vem com peso em nossas vidas para nos fazer refletir o real estado do nosso coração.
Mas este é o Deus que nos ama. Sua palavra tem peso sim, mas no final ela nos faz tão leve como uma pena levada pelo vento. Se Deus tratou dessa forma com Israel e trata da mesma forma com nós é porque ele os amava. Ele quer lavar você com o seu santo sabão e queimar toda a escória do pecado para a glória do seu Santo Nome.
A última palavra, da ultima frase do ultimo livro do Antigo Testamento: MALDIÇÃO.
E esta é a condição que se encontra aqueles que rejeitarem passar pela purificação do Mensageiro da Aliança.
Você esta sobre benção ou maldição? Você esta sendo fiel ou infiel a Deus? Você passou pelo fogo que queima toda a escória da iniquidade? Você teve seus pecados lavados pelo sabão do Senhor? A resposta dessa pergunta você não pode dar em palavras, assim como o povo também não pode. Você deve responder a essas perguntas na prática da adoração ao Senhor.

Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciência da Religião Dr. Edson Cavalcante

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