SENHOR
NÃO QUERO MIGALHAS E SIM A SALVAÇÃO DE MINHA FILHA...
"E ela disse: Sim, Senhor, mas também os cachorrinhos comem
das migalhas que caem da mesa dos seus senhores." Marcos 7:28
Quando paro para pensar no tipo de evangelho pregado em grande
parte das igrejas hoje, fico pensando se esse evangelho entenderia o que se
passou com esta mulher. A resposta, evidentemente é: Jamais!
O evangelho minúsculo que se prega não é o evangelho de Jesus.
Nunca foi. Nunca será. O que se prega hoje é fruto de uma desesperada tentativa
de transformar o que é no que nunca será.
No texto de Marcos, encontramos uma mulher que está em total
carência, clamando por misericórdia, pois sua filha encontrava-se
“miseravelmente endemoninhada”. Ela não clama por bens, não decreta vitórias,
não pensa no material, pois pra ela, o significado da vida era ter a vida de
sua filha de volta. Como pode alguém pensar em algo mais valioso que a vida?
Os pregadores da prosperidade não enxergam o que aquela mulher
enxergou. Seus olhos enxergam o lucro e este, nestas igrejas é fácil de se
aferir. Qualquer empreendedor, seja ele um vendedor de balas no sinal de
transito ou um grande empresário (honesto) passa por um processo idêntico para
aferir lucro. Em conceitos bem básicos, ele tem que comprar a mercadoria,
idealizar uma margem segura para vender essa mercadoria de modo que atenda a
todos os detalhes que regem o seu empreendimento, vender a mercadoria e ter
certeza de que seu cliente ficou satisfeito.
Nas igrejas da prosperidade (não há como chamá-las de
evangélicas, pois de fato não são), vende-se uma mercadoria que nunca foi
comprada, pois de graça receberam aquilo que de graça jamais entregaram e
jamais entregarão. Além disso, recebem por uma mercadoria que não precisam
entregar na hora em que recebem o dinheiro da venda. Finalmente, não precisam
preocupar-se com a satisfação do cliente, pois se ele não for satisfeito, a
culpa é exclusivamente dele. Jargões do tipo “você não teve fé”, “não chegou
ainda o tempo de Deus”, “você ainda tem que pagar o preço”, “ainda falta
plantar a semente”, são usados para justificar a falta de entrega de uma
mercadoria vendida e que nunca será efetivamente entregue.
Os da prosperidade transformam Criador em criatura; Senhor em
escravo. Para eles, Deus é um garçom que está sempre com a bandeja pronta para
servir no exato momento em que eles determinarem.
A mulher queria comer, mais que isso, precisava comer daquilo
que Jesus tinha para oferecer. Em nenhum momento ela transformou Jesus, o
Senhor em seu servo. Ela precisava de comida, mas não transformou Jesus no
garçom que lhe serviria. Precisava de pão, mas se contentou com migalhas.
Admitindo ficar só com as migalhas, recebeu alimento completo e teve sua fé
assinalada pra sempre na história bíblica.
Aos que querem fazer do Senhor escravo, restará o juízo do justo
Juiz, que não se deixa dominar por quem não tem capacidade sequer de se dominar
a si mesmo. Ele, o Senhor, não se deixará ser transformado naquilo que Ele não
é, porque Ele É o que É.
A ele, que Serve por que é Senhor e não por que é mandado
servir, toda glória de ser Senhor, mesmo servindo aos que são verdadeiramente
servos.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciência da Religião
Dr. Edson Cavalcante
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