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segunda-feira, 28 de setembro de 2020

A FÚRIA DO DIABO



 A FÚRIA DO DIABO

A guerra de Satanás contra o povo de Deus―inclusive contra Jesus Cristo, contra os descendentes naturais da antiga Israel e contra todos os verdadeiros cristãos―é o principal assunto de Apocalipse 12 e 13. Estes capítulos explicam a motivação do diabo e introduz os poderes do mundo que ele emprega em sua batalha final contra Cristo e Seus servos.

João começa assim: “E viu-se um grande sinal no céu: uma mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça. E estava grávida e com dores de parto e gritava com ânsias de dar à luz” (Apocalipse 12:1-2). Esta mulher simboliza o povo de Deus, escolhido para ser a luz do mundo  em contraste com a mulher de Apocalipse 17, que é a mãe das meretrizes.

Estas imagens lembram a história ancestral da antiga Israel. O patriarca José descreveu um de seus sonhos reveladores para sua família: “E disse . . . Eis que ainda sonhei um sonho; e eis que o sol, e a lua, e onze estrelas se inclinavam a mim. E, contando-o a seu pai [Jacó, ou Israel] e a seus irmãos, repreendeu-o seu pai e disse-lhe: Que sonho é este que sonhaste? Porventura viremos eu, e tua mãe, e teus irmãos a inclinar-nos perante ti em terra?” (Gênesis 37:9-10).

No entanto, depois que José tornou-se vice-governador de Faraó no Egito, sua família curvou-se diante dele. Seu sonho provou ser uma revelação de Deus.

Jacó, pai de José, rapidamente captou o simbolismo do sonho de José. O sol representava a Jacó, a lua a sua esposa e as estrelas os seus filhos―doze ao todo, incluindo José. Em outras palavras, o simbolismo do sonho de José referia-se à família de Jacó, da qual se originou a antiga nação de Israel. A mulher, em Apocalipse 12, vestida com esses mesmos símbolos, também representa a família de Jacó, que depois tornou-se uma nação povo de Israel escolhido por Deus.

Muitas centenas de anos depois da época de José, os judeus (descendentes das tribos de Judá, Benjamin e Levi) e alguns remanescentes das outras tribos foram os únicos descendentes da antiga Israel que permaneceram na Palestina. O poderoso Império Romano dominava-os quando chegou o tempo de Jesus, o Messias, nascer na nação judaica. “E deu à luz um filho, um varão que há de reger todas as nações com vara de ferro; e o seu filho foi arrebatado para Deus e para o seu trono” (Apocalipse 12:5).

Mas note o que aconteceu imediatamente após o nascimento de Cristo. Satanás, simbolizado pelo dragão, “parou diante da mulher que havia de dar à luz, para que, dando ela à luz, lhe tragasse o filho” (versículo 4). Os Evangelhos registram como Satanás influenciou a Herodes, o rei romano dos judeus, para matar todas as crianças do sexo masculino de dois anos para baixo ao redor de Belém, numa tentativa de eliminar a potencial ameaça ao seu trono (Mateus 2:16). O rei não sabia que Deus já havia livrado Jesus porque seus pais humanos apressadamente O levaram para o Egito até que Herodes morresse (versículos 13-14).

Por causa desse cuidado amoroso de Deus, Satanás foi impedido de destruir a mulher estimada (Apocalipse 12:6). No entanto, Satanás, de novo, perseguirá e matará implacavelmente o povo de Deus no tempo do fim.

A guerra total de Satanás
Observe o próximo evento. “E houve batalha no céu: Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão; e batalhavam o dragão e os seus anjos, mas não prevaleceram; nem mais o seu lugar se achou nos céus. E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o diabo e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele” (versículos 7-9).

Este evento ocorre pouco antes de Cristo retornar para trazer “a salvação, e a força, e o reino do nosso Deus” (versículo 10). Então o anjo de Deus anuncia: “Pelo que alegrai-vos, ó céus, e vós que neles habitais. Ai dos que habitam na terra e no mar! Porque o diabo desceu a vós e tem grande ira, sabendo que já tem pouco tempo” (versículo 12).

Quando Satanás perde sua batalha com os anjos de Deus, ele dirige a sua fúria contra o povo de Deus, simbolicamente representado pela mulher anteriormente mencionada (versículos 13). É evidente que a espiritual “Israel de Deus” agora são os membros de Sua Igreja (ver Gálatas 6:16; 3:7, 29; Romanos 2:25-29). Deus promete a esta mulher favorecida um lugar “onde é sustentada por um tempo, e tempos, e metade de um tempo [três anos e meio], fora da vista da serpente” (versículo 14). Deus vai intervir para ajudar a mulher a sobreviver durante este tempo de aflição inacreditável (versículos 15-16).

A guerra de Satanás será dirigida não apenas contra os descendentes naturais, físicos, de Israel, como quando do nascimento de Cristo, mas ainda mais específicamente contra o “resto da sua semente, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus Cristo” (versículo 17).

Observe que Satanás se enfurecerá especialmente contra os santos que guardam os mandamentos e que seguem, hoje em dia, os ensinamentos de Cristo. Todos eles estão destinados a serem odiados. Embora esteja profetizado que alguns vão sobreviver ao furioso ataque instigado por Satanás, as Escrituras revelam que muitos serão martirizados. Como Cristo já havia advertido: “Então, vos hão de entregar para serdes atormentados e matar-vos-ão; e sereis odiados de todas as gentes por causa do meu nome” (Mateus 24:9).

O império perseguidor
O poder geopolítico mais ativamente envolvido nesta perseguição ao povo de Deus―que é uma revivificação do Império Romano do fim dos tempos, como veremos―é introduzido em Apocalipse 13 como “uma besta que tinha sete cabeças e dez chifres, e, sobre os chifres, dez diademas, e, sobre as cabeças, um nome de blasfêmia” (versículo 1). Esta “besta” recebe “seu poder, e o seu trono, e grande poderio” do dragão, Satanás (versículo 2; compare 12:3). Suas características são como as de um leopardo, de um urso e de um leão (Apocalipse 13:2).

Daniel escreveu séculos antes sobres essas mesmas bestas como símbolos dos sucessivos impérios da Babilônia, da Pérsia e da Grécia (Daniel 7:4-6; comparar com Daniel 8:19-22), cada um governaria a Terra Santa. Mais tarde, esse território seria conquistado e controlado por Roma, sinônimo da terrível quarta besta descrita por Daniel. João escreve sobre o renascimento desse antigo sistema: “E vi uma de suas cabeças como ferida de morte, e a sua chaga mortal foi curada; e toda a terra se maravilhou após a besta” (Apocalipse 13:3).

No tempo do fim todos esses impérios antigos parecerão, de uma perspectiva histórica, ter sido destruídos definitivamente. Mas grande parte de sua antiga herança cultural e religiosa foi cuidadosamente preservada. Esta herança do Império Romano será restabelecida no fim dos tempos, uma poderosa aliança de dez “reis” ou governantes―atualmente intitulados como presidentes, primeiro-ministros ou chanceleres―surgirá pouco antes da volta de Cristo.

Em Daniel 2 a herança deste poderoso reino ou império do tempo do fim é representada por uma estátua de uma figura humana composta de quatro metais (versículos 31-33). Sua cabeça representa o império neo-babilônico de Nabucodonosor (versículos 37-38), que conquistou e destruiu Jerusalém em 586 a.C. Os poderes dominantes depois da Babilônia, representados por outras partes da imagem, foram o império Medo-persa, império Greco-macedônio estabelecido por Alexandre, o Grande, e o Império Romano (versículos 39-40).

A manifestação final deste sistema é representada pelos pés da estátua: “Assim como os dedos eram em parte de ferro e em parte de barro, também esse reino será em parte forte e em parte frágil. E, como viste, o ferro estava misturado com o barro. Isso significa que se buscarão fazer alianças políticas por meio de casamentos, mas a união decorrente dessas alianças não se firmará, assim como o ferro não se mistura com o barro. Na época desses reis, o Deus dos céus estabelecerá um reino que jamais será destruído . . .” (versículos 42-44, NVI). Em outras palavras, os dez dedos desta imagem vai existir no tempo do fim e serão esmagados ao voltar Jesus Cristo (versículos 34, 44-45).

Os dez dedos na estátua de Daniel 2, aparentemente correspondem aos dez chifres da besta de Apocalipse 17. Então, o que significam esses dez chifres?

“Os dez chifres que viste são dez reis, que ainda não receberam o reino, mas receberão o poder como reis por uma hora, juntamente com a besta. Estes têm um mesmo intento e entregarão o seu poder e autoridade à besta. Estes combaterão contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá . . .” (Apocalipse 17:12-14).

A “besta”, formada por todos esses chifres, será um império do tempo do fim governado por Satanás, a qual terá vida curta. Como veremos mais adiante, será uma entidade política, religiosa e militar economicamente guiada como o império governado pela antiga Babilônia.

A besta que aparece a João em Apocalipse 13 é composta dos impérios representados pela imagem descrita em Daniel 2 e pelas quatro bestas de Daniel 7. O quarto animal de Daniel 7 foi o Império Romano, descrito como diferente daqueles que o precederam. A besta composta de Apocalipse 13 é uma ressurreição desse Império Romano, incorporando as características dos três impérios anteriores.

João refere-se claramente aos outros impérios quando diz: “E a besta que vi era semelhante ao leopardo [o império grego], e os seus pés, como os de urso [o império persa], e a sua boca, como a de leão [antiga Babilônia]; e o dragão deu-lhe o seu poder, e o seu trono, e grande poderio” (versículo 2).

Veja como essa besta, possuindo muitas características chaves dos impérios perseguidores precedentes, será poderosa ao se manifestar no tempo do fim: “E toda a terra se maravilhou após a besta. E adoraram o dragão que deu à besta o seu poder; e adoraram a besta, dizendo: Quem é semelhante à besta? Quem poderá batalhar contra ela?”

“E foi-lhe dada uma boca para proferir grandes coisas e blasfêmias; e deu-se-lhe poder para continuar por quarenta e dois meses. E abriu a boca em blasfêmias contra Deus, para blasfemar do seu nome, e do seu tabernáculo, e dos que habitam no céu. E foi-lhe permitido fazer guerra aos santos e vencê-los; e deu-se-lhe poder sobre toda tribo, e língua, e nação” (Apocalipse 13:3-7).

O livro de Apocalipse revela, em mais de uma perspectiva, o surgimento deste vasto império do fim dos tempos governado a partir de uma grande cidade, classificada por Deus como “A GRANDE BABILÔNIA” (Apocalipse 17:5, 18), referindo-se aqui a Roma. Esta ressurreição final do Império Romano, centrado na Europa, está destinada a se tornar a superpotência dominante do mundo. Satanás a usará como sua principal arma contra Cristo e Seu povo no final da era.

Satanás fará com que o ditador humano do fim dos tempos do império bestial―que também é referido como “a besta”―seja adorado em todo o mundo. Satanás dará a este ditador o poder de transformar seus objetivos políticos e militares (assim como os de Satanás) em uma cruzada religiosa mundial.

João explica: “E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” (Apocalipse 13:8).

O fator religioso
Depois João diz: “Então vi outra besta que saía da terra, com dois chifres como cordeiro, mas que falava como dragão. Exercia toda a autoridade da primeira besta, em nome dela, e fazia a terra e seus habitantes adorarem a primeira besta, cujo ferimento mortal havia sido curado” (Apocalipse 13:11-12, NVI).

Quem é a segunda besta? Ela é um instrumento de Satanás usada por sua posição e autoridade para influenciar a humanidade a adorar a primeira besta.

Como ele convencerá as massas a aceitar tamanha arrogância? Ele será um enganador habilidoso e capacitado manipulado diretamente por Satanás. “E faz grandes sinais, de maneira que até fogo faz descer do céu à terra, à vista dos homens. E engana os que habitam na terra com sinais que lhe foi permitido que fizesse em presença da besta, dizendo aos que habitam na terra que fizessem uma imagem à besta que recebera a ferida de espada e vivia. E foi-lhe concedido que desse espírito à imagem da besta, para que também a imagem da besta falasse e fizesse que fossem mortos todos os que não adorassem a imagem da besta” (versículos 13-15).

Depois disso João descreve o poderoso líder religioso como “o falso profeta que havia realizado os sinais milagrosos em nome dela [da Besta]” (Apocalipse 19:20, NVI). O Falso Profeta é, evidentemente, o líder satânico de um falso sistema religioso representado pela mulher imoral montada na besta de Apocalipse 17 (ver “As Duas Mulheres de Apocalipse” que começam na página 58).

Paulo também predisse a vinda de um enganador super-poderoso: “E, então, será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca e aniquilará pelo esplendor da sua vinda; a esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais, e prodígios de mentira, e com todo engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem” (2 Tessalonicenses 2:8-10). Tragicamente, a maioria das pessoas será enganada ao acreditar nele.

Haverá novamente adoração ao imperador?
Para a maioria de nós o cenário profetizado do culto mundial à Besta―muito parecido com o culto aos antigos imperadores romanos―pode parecer quase impossível de se repetir nesta era moderna. Mas tão recentemente como durante a Segunda Guerra Mundial os japoneses eram obrigados a adorar o imperador do Japão. Seus soldados travavam a guerra entusiasmadamente em seu nome.

Devemos lembrar também que durante a nossa vida muitos líderes religiosos têm surgido dizendo representar seres divinos na carne. Alguns tem obtido sucesso e seduzem milhares de seguidores em todas as esferas sociais. Às vezes, esses discípulos iludidos têm entregue prontamente suas vidas aos caprichos de tais líderes.

A ideia de que humanidade moderna não pode ser enganada por um líder fanático—especialmente um com uma personalidade poderosamente carismática—absolutamente não é verdade. A história prova que sempre é possível.

A segunda besta descrita em Apocalipse 13 se apresenta como um cordeiro (como Cristo), mas fala como um dragão (o diabo). Ele vai persuadir o mundo a adorar a primeira besta (versículo 12). Ele até influenciará e convencerá os negociantes do comércio internacional, a ponto de que “ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tiver o sinal, ou o nome da besta, ou o número do seu nome” (versículo 17). (Para obter informações adicionais, consulte “A Marca e o Número da Besta”, página 56.)

Vencedores e perdedores
O resultado inevitável da guerra de Satanás contra os servos de Deus é o assunto do capítulo 14 e dos quatro primeiros versículos do capítulo 15. Aqui os verdadeiros vencedores e perdedores são claramente descritos nas mensagens divinas entregues pelos anjos.

Cristo, representado como um cordeiro, é retratado no meio dos cento e quarenta e quatro mil “que em sua testa tinham escrito o nome dele e o de seu Pai” (Apocalipse 14:1). Estes são descritos como aqueles que seguiram fielmente a Cristo, o Cordeiro, em vez da besta mesmo durante este tempo de grande tribulação (versículo 4).

João descreve esses servos honrados e leais de Cristo como “irrepreensíveis diante do trono de Deus” (versículos 4-5). E continua: “E vi um como mar de vidro misturado com fogo; e também os que saíram vitoriosos da besta, e da sua imagem, e do seu sinal, e do número do seu nome, que estavam junto ao mar de vidro, e tinham as harpas de Deus. E cantavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro . . .” (Apocalipse 15:2-3, NVI; compare a 14:3).

João está vendo-os, em sua visão, cantando e se alegrando, enfim, como os verdadeiros vencedores deste grande conflito espiritual.

João também vê que antes desta guerra acabar “toda a nação, e tribo, e língua, e povo” terá a mensagem deste “evangelho eterno” proclamado a eles: “Temei a Deus, e dai-lhe glória; porque é vinda a hora do seu juízo. E adorai aquele que fez o céu, e a terra . . .” (Apocalipse 14:6-7, NVI). Durante esse tempo, a iminente queda e destruição dessa grande cidade, a Grande Babilônia, é anunciada por um outro anjo (versículo 8).

João também identifica claramente os perdedores na guerra pelo controle espiritual da humanidade: “Se alguém adorar a besta, e a sua imagem, e receber o sinal na sua testa, ou na sua mão, Também este beberá do vinho da ira de Deus, que se deitou, não misturado, no cálice da sua ira “ (versículos 9-10). O julgamento das pessoas que seguem os caminhos de Satanás, julgamento há muito esperado pelos servos de Deus, está à mão.

Os santos têm toda a razão para estarem confiantes no resultado. Mas, por enquanto, as provas do povo de Deus ainda não acabaram: “Aqui está a paciência dos santos; aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus. E ouvi uma voz do céu, que me dizia: Escreve: Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, e as suas obras os seguem” (versículos 12-13, NVI). Aparentemente, Satanás enviará até o fim os seus instrumentos humanos enganados para perseguir e matar aqueles que realmente tentam obedecer e servir a Deus.

Então segue-se uma descrição de Cristo e de um anjo removendo os maus e sua maldade da terra como um fazendeiro removeria os grãos de um campo com uma foice ou “ajunta os cachos de uva da videira da terra” (versículos 14-18, NVI). E aqueles colhidos são lançados “no grande lagar da ira de Deus” (versículos 19-20, NVI). Deus vai manifestar a Sua ira através das “sete últimas pragas, pois com elas se completa a ira de Deus” (Apocalipse 15:1, NVI).
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante.

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