JESUS
CRISTO O PERFEITO SUMO SACERDOTE...
O autor de Hebreus identificou Jesus como sumo sacerdote de
acordo com a ordem de Melquisedeque, tanto no capítulo 5 como no 6. Mas quem é
Melquisedeque? Por que Jesus é um sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque,
em vez da ordem levítica?
No capítulo 7, o autor responde a ambas as questões.
Melquisedeque aparece na história bíblica durante apenas um curto período (veja
Gênesis 14:18-20). Porque a Bíblia não registra seu nascimento, morte nem mesmo
sua genealogia, Melquisedeque parece ser de natureza eterna, como o Filho de
Deus. Ele é identificado como sendo tanto o rei de Salém como sacerdote do Deus
Altíssimo.
O autor deseja demonstrar a superioridade do sacerdócio de Jesus
sobre o de Arão e, assim, ele afirma a superioridade de Melquisedeque sobre
Levi. Ele o faz, em parte, observando que Melquisedeque abençoou Abraão (o
menor é abençoado pelo maior) e que Abraão, que tinha as promessas, pagou dízimo
a Melquisedeque. Num sentido figurado, Levi, descendente de Abraão, também
pagou dízimo a Melquisedeque, através de Abraão.
Mas por que outra ordem de sacerdócio, segundo Melquisedeque era
necessária? A resposta é que o sacerdócio levítico não era adequado (7:11,27).
Nem a Jesus era permitido ser sacerdote segundo a ordem de Levi. Os sacerdotes
vinham da tribo de Levi, mas Jesus era da tribo de Judá (7:13-14). A lei de
Moisés nada dizia sobre homens de Judá se tornar sacerdotes e, assim, isso era
proibido. O homem não deve ir além do que Deus autorizou.
Para que Jesus fosse um sacerdote, o sacerdócio tinha que ser
mudado. Desde que o sacerdócio e a lei de Moisés estavam intimamente ligados,
se o sacerdócio for mudado, então a lei também precisa ser mudada (7:12,18-19).
Aqueles que querem viver sob a lei de Moisés, hoje em dia, desligam-se do
sacerdócio de Jesus porque ele não pode ser sacerdote sob essa lei! O
sacerdócio de Jesus é, então, uma garantia de que uma lei (ou aliança) melhor
foi estabelecida (7:20-22).
Por que alguém haveria de querer voltar à Velha Lei e ao
sacerdócio levítico? Jesus é um Sumo Sacerdote superior. Ele foi feito
sacerdote pelo poder de uma vida infindável, e não através de um mandamento
carnal (a Lei de Moisés). Diferente dos sacerdotes levíticos, que eram
incapazes de continuar a servir por causa da morte, Jesus vive sempre para
fazer intercessão por nós. Jesus foi feito sacerdote através do imutável
juramento de Deus. Os sacerdotes levíticos eram fracos porque pecavam assim
como os homens pelos quais eles faziam intercessão. Jesus, contudo, é santo,
imaculado e separado dos pecadores. Ele não tem que fazer oferenda por si
mesmo, como os sacerdotes levíticos tinham que fazer. De muitas maneiras, Jesus
é verdadeiramente o sumo sacerdote superior!
UMA ALIANÇA MELHOR:
O trabalho do sacerdote é fazer as oferendas e sacrifícios no
santuário (Hebreus 8:3). Como nosso Sumo Sacerdote celestial Jesus também serve
num santuário, mas este é um santuário que não foi feito por mãos humanas, como
o foi o tabernáculo. Jesus é, não somente superior aos profetas do Velho
Testamento, aos anjos, a Moisés e a Aarão, mas é também um melhor sumo
sacerdote, que ministra num santuário melhor. Ele é o mediador de uma aliança
melhor estabelecido sobre melhores promessas (8:2, 6).Alguns dos destinatários
originais de Hebreus estavam pensando em retornar ao judaísmo. O autor de
Hebreus quer que eles entendam como seria tolo deixar uma aliança melhor para
retornar a uma imperfeita. Se o primeiro pacto tivesse sido infalível, não
teria havido necessidade de outro (8:7). Até mesmo o santuário associado com a
Lei de Moisés, o tabernáculo construído no Monte Sinai, era apenas uma cópia e
uma sombra do santuário celestial. O que estava errado com a aliança feita com Israel
no Monte Sinai? Realmente, nada havia de errado com o pacto em si; ele cumpria
as funções que Deus pretendia. Ele identificava o pecado, encorajava a
santidade entre o povo escolhido de Deus e apontava aos homens em direção a
Cristo e à graça de Deus. O escritor de Hebreus nota que a falha estava
realmente no povo de Deus, e não na aliança (8:8-9). Um homem poderia ser
declarado justo sob a Velha Lei se a guardasse perfeitamente, nunca violando um
único preceito (Levítico 18:4-5). Mas o povo de Israel não guardava a lei de
Deus e assim ela se tornou um instrumento de morte espiritual para ele (Romanos
7:10-13). Mas Deus deu ao homem a esperança, prometendo através do profeta
Jeremias que ele faria um novo pacto com seu povo. Um indivíduo se tornava parte
do povo de Israel pelo nascimento físico e era circuncidado no oitavo dia como
sinal da aliança. Mais tarde, quando o menino tinha idade bastante para
entender, era-lhe ensinada a lei com a esperança de que ele decidisse
obedecê-la. A lei de Moisés foi escrita em tábuas de pedra, mas muitos
israelitas não escreveram a lei de Deus em seus corações. O novo pacto,
contudo, é diferente, como Jeremias profetizou. É ensinado às pessoas primeiro
e elas se tornam parte da nação escolhida de Deus somente depois de aceitarem
as condições para se tornarem parte dessa nação (Hebreus 8:11). Elas serão
verdadeiramente o povo de Deus porque sua lei estará escrita em seus corações.
Todos na casa espiritual de Israel (a igreja) conhecem o Senhor porque ninguém
pode se tornar parte da nação eleita sem primeiro conhecer o Senhor! Mas a nova
aliança é diferente de outra maneira. O perdão estaria disponível através do
sacrifício de Jesus Cristo (8:12). Não haveria mais necessidade de sacrifícios
anuais no Dia da Expiação como a lei de Moisés exigia (veja Levítico 16).
Jesus, o sacrifício perfeito, precisou oferecer a si mesmo somente uma vez. Por
que haveríamos de querer voltar ao velho e imperfeito, quando Deus providenciou
um pacto novo e melhor, com um melhor Sumo Sacerdote.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciência da Religião
Dr. Edson Cavalcante
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