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quarta-feira, 5 de abril de 2017

QUANDO AS ORAÇÕES DO PROFETA SÃO OUVIDAS POR DEUS...


                QUANDO AS ORAÇÕES DO PROFETA SÃO OUVIDAS POR DEUS...
"O Senhor Deus é a minha força, e fará os meus pés como os das cervas , e me fará andar sobre as minhas alturas" Hc 3: 19
Habacuque é um profeta sem pátria e sem sobrenome, pouco se sabe sobre a história deste homem, ele foi contemporâneo ao profeta Naum, viveu por volta do ano 600 a.C. Provavelmente ele estaria envolvido com algum ministério do templo e talvez fosse até mesmo levita.
O que se sabe é que Habacuque testemunhou a transição do domínio Assírio, dos caldeus para o domínio persa babilônico. A Assíria é descrita no texto do profeta como a insaciável e aquela que devora os povos. Aquela que confia na sua própria força e na sua rede como um deus.
São tempos de muita opressão, violência e injustiça. No início do livro o profeta se mostra ansioso clamando por um socorro que não vem. A impressão que o profeta tem é que Deus se esqueceu de fazer justiça ao oprimido e ao seu povo. Mas quando o profeta se prontifica a buscar ao Senhor, ainda que pareça demorada a resposta vem.
O livro do profeta Habacuque é um convite à Esperança, a crer na ação de Deus ainda que ela pareça demorada. Nós podemos confiar que A Palavra de Deus virá como livramento mesmo que pareça que nós pereceremos diante das aflições e amarguras da vida.
Ora, novamente Habacuque utiliza a figura do mar e das águas para falar das nações (v. 15). Do mesmo modo, João na ilha de Patmos utilizou a figura das águas e do mar para fazer referência as nações da terra: "Então o anjo me disse: As águas que viste, onde se assenta a prostituta, são povos, multidões, nações e línguas" (Ap 17: 15).
Ao ouvir a voz do Senhor que marcha entre os povos da terra, o profeta Habacuque sente temor e tremor, visto que a sua carne não suporta a voz do Altíssimo. Por não poder suster-se em pé, Habacuque considera que a podridão acometeu os seus ossos (v. 16).
Apesar de toda Glória revelada, o profeta aguarda a invasão dos caldeus, que prefigura o dia da angústia, o tempo da grande tribulação (v. 16b; Mt 24: 21).
Diante desta revelação maravilhosa, o profeta que estava orando ao Senhor irrompe em adoração. Ainda que as maiores adversidades acometessem a existência de Habacuque, todavia o profeta estaria alegre no Senhor. O exultar do profeta é a Salvação de Deus, apesar dos contratempos desta vida.
Habacuque apresenta um quadro de transtorno das coisas naturais: não florescer a figueira; a vide não produzir frutos; a oliveira não produza; os campos não produzam mantimentos; as ovelhas exterminadas; os currais não tenham gado.
Ora, os homens confiam piamente na natureza, pois ela não os decepciona. Alegram-se quando veem o que a natureza produz, porém não esperam no Deus da nossa Salvação.
Ao final da sua oração Habacuque bendiz ao Senhor. Por confiar em Deus, Ele tornou-se a força do profeta. Os pés do profeta serão ágeis e forte como os pés das corças. As corças andam por lugares inatingíveis a outros animais do campo, e o profeta, segundo a força do Senhor, trilhará caminhos altos.
Este trecho final da oração de Habacuque é semelhante a fala de Paulo: "Não digo isto por necessidade, pois já aprendi a contentar-me em toda e qualquer situação (...) Posso todas as coisas naquele que me fortalece" (Filipenses 4: 11- 13). O poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza dos homens!
Confie na resposta do Senhor além do que você vê!
A primeira coisa que eu aprendo com este texto de Habacuque é que Deus não age naquilo que os nossos olhos vêem ou nas circunstâncias que a vida nos diz como elas devem ser, mas Ele age até mesmo nas impossibilidades. Habacuque não conseguia mais ver a flor da figueira, os frutos da videira, nem o óleo produzido pela oliveira. As ovelhas haviam sido roubadas e o gado exterminado, mas ele cria no que o coração dizia existir ou que viria a existir no Senhor. Ele cria na esperança de viver por fé e não por visão.
Mesmo que tudo ao seu redor seja dor, morte e destruição encontrem o lugar do louvor e da adoração a Deus pela certeza de que sua promessa de paz se cumprirá.
A alegria jubilante do louvor é a nossa confiança naquilo que Ele, o Senhor fez, faz e fará em nossas vidas independente das circunstâncias que nos cercam. É por fé e não pelas situações da vida que nos alegramos no Senhor. É a certeza de sua presença poderosa e vitoriosa que enche o coração de celebração. No Novo Testamento, o livro Atos dos Apóstolos relata a experiência de Paulo e Silas quando estavam presos.
Eles haviam recebidos muitos açoites e haviam sido encarcerados porque estavam pregando o Evangelho, mas a esperança da Eterna Glória estava em seus corações. Eles estavam dispostos a morrer naquela prisão se preciso, mas a gratidão que eles ofertaram a Deus em forma de cânticos provocou o poder libertador de Deus a favor deles. As cadeias da morte e da desesperança foram quebradas pelo poder da adoração confiante. Esta é a alegria que não se baseia no que os olhos vêem, mas no que o coração crê para justiça de Deus em nós.
O profeta Habacuque continua confiando em Deus, uma vez que Deus é imutável "Não és desde a eternidade, ó Senhor..." (v. 12). Deus é misericordioso, e não é por causa da profecia acerca da invasão dos caldeus que a misericórdia seria invalidada.
Apesar de a invasão ser certa, contudo a confiança de Habacuque era firme na fidelidade de Deus: "Não morreremos" (v. 12). Habacuque demonstra que a fidelidade de Deus é a causa de Israel não ter sido consumido. Porque Deus é desde a eternidade é que o povo não seria exterminado (não morreremos).
Habacuque continua confiando em Deus, pois o invoca: "Ó Senhor...". Ele entendeu que os caldeus foram estabelecidos para juízo. Eles foram fundados para castigar Israel pela sua desobediência, conforme o predito na lei de Moisés.
O profeta compreende que Deus é puro de olhos, de modo que Ele não coaduna com a opressão (v. 13).
A pureza de Deus era possível ao profeta compreender, porém, não compreendia como Deus poderia levar a efeito o seu propósito se a vara de correção (caldeus) eram homens aleivosos. Como os ímpios podiam ser usados por Deus, se o povo de Israel, segundo a concepção de Habacuque, era mais justo do que eles?
É possível à concepção humana de justiça, alguém ser mais justo que outro. Porém, segundo a justiça e o juízo de Deus, não há uma gradação de justiça. Ou o homem é justo, ou não é.
Para Deus os caldeus e o judeus eram iguais, ambos condenáveis diante de Deus. Para Habacuque, por serem descendentes de Abraão, por terem as promessas, as escrituras, etc., ele considerava que a nação de Israel era mais justa que as nações em redor.
Habacuque invoca a soberania de Deus para que Ele estabeleça o seu reino, e os homens não mais vivam semelhante aos peixes e répteis, sem quem os governe. É plausível esta consideração de Habacuque? Não! Ele esqueceu de considerar que o domínio da terra foi dado aos homens, e o que é dado por Deus Ele não toma. A Cristo foi dado o domínio de todas as coisas porque ele conquistou. Deus concedeu todo o domínio ao autor e consumador da nossa fé, pois ele conquistou este direito ao morrer e ressurgir dentre os mortos.
Habacuque não duvida da obra maravilhosa revelada, porém, continua em busca de respostas, pois não compreende o modo de Deus trazer correção ao seu povo.
Como Deus aceitava os caldeus abaterem os seus inimigos através do Seu poder, se eles atribuíam as suas conquistas as suas armadilhas e habilidades? (v. 16).
Habacuque procurou elementos para compreender a ação divina, mas os cristãos conhecem que:
• Deus escolhe dentre os homens e dentre os povos quem executará uma obra, porém, isto não significa que o povo ou quem é escolhido será salvo;
• Israel foi escolhido para tornar conhecido o nome do Senhor sobre a terra, porém, individualmente cada descendente de Abraão precisava circuncidar o seu coração, caso quisesse ver a salvação de Deus;
• Ciro e Gideão executaram uma missão, porém, isto não lhes garantiu salvação;
• A salvação dos homens não é segundo uma escolha divina entre quem será ou não salvo, antes é pela fé em Cristo. Uma missão não concede salvação a ninguém.
Os caldeus não eram mais ímpios que os israelitas, visto que a geração dos ímpios é diferente da geração dos justos.
Os ímpios são gerados segundo a vontade da carne, vontade do varão e do sangue. Já os justos são gerados segundo a vontade de Deus (João 1: 12- 13).
A geração dos ímpios é proveniente de Adão, e todos os nascidos em Adão são pecadores, filhos da ira e da desobediência. A geração dos justos é proveniente de Cristo, o último Adão, e todos os que são nascidos de Deus são conhecidos d‘Ele.
O povo de Israel devia compreender o que foi exposto por Moisés: "Sabe, portanto, que não é por causa da tua justiça que o Senhor teu Deus te dá essa boa terra, para a possuirdes, pois és povo rebelde" (Deuteronômio 9: 6). Por que eles eram rebeldes? A resposta está em Isaías: "Teu primeiro pai pecou, e os teus intérpretes prevaricaram contra mim" (Isaías 43: 27).
O povo de Israel era rebelde (ímpio) pelo mesmo motivo que as outras nações: Adão pecou! Se os interpretes de Israel considerassem que todos pecaram em Adão e que foram destituídos da glória de Deus, não teriam prevaricado contra o Senhor.
Eles não diriam que o povo de Israel eram filhos de Deus por serem descendentes de Abraão. Antes demonstrariam que, para serem filhos de Deus, o povo precisava circuncidar o coração, o que só é possível através da fé em Deus, a mesma fé que teve o crente Abraão "Circuncidai, pois, o prepúcio do vosso coração, e não mais endureçais a vossa cerviz" (Dt 10: 16).
Habacuque considerava que a impiedade do seu povo era proveniente da opressão, da violência, do litígio, das injustiças, porém, esqueceu que os homens são ímpios porque foram gerados e concebidos em pecado.
Ele não atinou que o primeiro pai dos homens (Adão) pecou e por isso todos se tornaram pecados, e carecem da glória de Deus.
Saiba Encontrar no Senhor a sua fortaleza!
No versículo 16 do livro de Habacuque: "Ouvi-o, e o meu íntimo se comoveu, à sua voz, tremeram os meus lábios; entrou a podridão nos meus ossos, e os joelhos me vacilaram, pois, em silêncio, devo esperar o dia da angústia, que virá contra o povo que nos acomete".
O profeta sente os joelhos se enfraquecerem diante do medo da morte, ele sente como se os ossos estivessem apodrecendo de medo. Mas no versículo 19: "O SENHOR Deus é a minha fortaleza, e faz os meus pés como os da corça, e me faz andar altaneiramente", ele se volta para quem o faz forte. É esta confiança na força de Deus e não na nossa que mudará as perspectivas de nossas vidas.
É o modo como olhamos para a vida que nos fará perceber a alegria da salvação. O Senhor Jesus disse que “se nossos olhos forem bons nossa própria vida será iluminada”.
Existem pessoas que perderam a capacidade de crer, que já não conseguem perceber o poder do Senhor de transformar o medo em confiança, a destruição em possibilidade de reconstrução. Mas o Deus que responde mesmo em meio à dor e à perda nos convida a confiar novamente no seu braço forte.
Qual é a figueira da sua vida que não dá mais flores? Qual é o fruto que foi arrebatado da sua videira existencial? É tempo de redescobrir a fé que nos capacita a ver o mundo pelo avesso, na perspectiva de Deus.
Como diz o  Caio Fábio: Fé tão grande quanto a de contemplar milagres é aquela que mesmo quando eles não acontecem elas continua inteira.
“Que Deus nos ajude a prosseguir nas pisadas do mestre,” olhando firmemente para Jesus o autor e consumador da fé”.

Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciência da Religião Dr. Edson Cavalcante

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