APÓSTOLO PAULO NA ILHA DE
MALTA...
As aparências enganam. Todo mundo sabe disso e todos acabam
julgando os outros pela aparência, é um desvio de caráter próprio da humanidade
em geral, mas quando o Espírito Santo passa a morar em nossos corações, todos
os defeitos de caráter são mansamente moldados, transformados e modificados.
Paulo foi julgado pela aparência e desprezado por muitos por
causa de seu aspecto físico. A história universal, baseada em manuscritos da
época de Paulo, diz que o “apóstolo das nações”, era um homem de pequena
estatura, parcialmente careca, de pernas arqueadas, de compleição robusta,
olhos próximos um do outro, e nariz um tanto curvo. Não era nenhum modelo de
beleza exterior, mas foi o homem que Deus escolheu para ocupar a décima segunda
vaga no apostolado de Jesus e o homem que, por sua formação intelectual, foi
escolhido para pregar o evangelho aos ricos e poderosos do mundo de então.
O próprio Paulo, escrevendo aos Coríntios sobre si próprio,
disse: “Porque as suas cartas, dizem, são graves e fortes, mas a presença do
corpo é fraca, e a palavra desprezível.” (2 Coríntios 10:10). Em outras
palavras, os coríntios diziam que Paulo era feinho e não tinha um discurso
eloquente. Pode até ser, mas Deus escolheu este homem e através dele fez coisas
absolutamente tremendas na expansão do Evangelho de Jesus nos primeiros tempos
do cristianismo. A “palavra desprezível” de Paulo alcançou várias nações.
Paulo era a “nata” da sociedade de seu tempo, antes de se
converter a Jesus no caminho de Damasco. Ele era da linhagem de Israel, da
tribo de Benjamim, hebreu de hebreus, fariseu, perseguidor da Igreja de Jesus e
cidadão romano por direito de nascimento, o que significava direitos e
privilégios em todo o mundo dominado pelo Império Romano, mas este homem nobre
deixou tudo para trás quando encontrou Jesus e passou a ser perseguido,
apedrejado, preso, açoitado e sofreu três naufrágios durante suas viagens
missionárias e quando foi conduzido preso para Roma.
Quando Paulo foi preso e enviado a Roma, o navio em que ele
estava naufragou e Paulo faz uma detalhada descrição de tudo o que aconteceu
antes, durante e depois do naufrágio. Por quatorze dias o navio foi açoitado
por forte tempestade, deixando todas as duzentas e setenta e seis vidas a bordo
apavoradas, temendo a morte que parecia certa diante de tamanha tempestade, mas
Paulo tranquilizou a todos dizendo que o anjo do Senhor havia falado com ele
durante a noite e disse: “Paulo, não temas; importa que sejas apresentado a César,
e eis que Deus te deu todos quantos navegam contigo.” (Atos 27:24). Nenhuma das
vidas seria perdida, apenas o navio e sua carga.
Pois bem. Ao amanhecer, a tripulação do navio avistou uma baía e
levou o navio para a praia, mas a proa ficou encalhada, totalmente imóvel, e as
ondas despedaçaram a popa. Todos abandonaram o navio e conseguiram chegar ao
litoral da ilha de Malta, nadando ou boiando agarrados a pranchas de madeira ou
a outros objetos dos destroços do navio. Exaustos e com frio, eles se arrastaram
para fora das ondas agitadas.
Na verdade não foi o primeiro naufrágio sofrido pelo apóstolo
dos gentios e nem a primeira provação suportada por ele, veja: “Recebi dos
judeus cinco quarentenas de açoites menos um. Três vezes fui açoitado com
varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia
passei no abismo; em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de
salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos
na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos
irmãos; em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em
jejum muitas vezes, em frio e nudez.” (2 Coríntios 11:24-27).
Nada foi fácil no ministério de Paulo e este era o seu
currículo, ele não se gloriava de sua nobreza, nem por ter sido criado aos pés
do sábio Gamaliel, nem por ser romano por direito de nascimento, ele se
gloriava em suas próprias fraquezas e por ter sido escolhido pelo Senhor para o
apostolado, por ser instrumento na pregação do Evangelho.
Muito bem. Na ilha de Malta os moradores, usaram de muita
humanidade com os náufragos, incluindo Paulo, e acenderam uma grande fogueira
por causa da chuva e do frio e recolheram a todos. Paulo recolheu uns gravetos
para alimentar o fogo, mas quando foi lança-los na fogueira, uma víbora que
estava entre os gravetos, fugindo do calor, mordeu a mão de Paulo. Os moradores
da ilha quando viram a serpente pendurada na mão de Paulo, julgaram que ele era
um assassino, porque escapou do naufrágio, mas a justiça divina não o deixaria
viver e ficaram esperando a reação dele.
Paulo sacudiu a víbora no fogo e não sofreu nenhum dano. O povão
estava lá, observando, achando que a qualquer momento ele iria inchar ou cair
mortinho da Silva e como nada disso aconteceu mudaram de ideia e começaram a
achar que Paulo era deus. Tudo está registrado em Atos 28:2-6.
Nada aconteceu, Paulo não estrebuchou até morrer, porque ele
estava guardado pela promessa de Jesus: “E estes sinais seguirão aos que
crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas; pegarão nas
serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e
porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão.” (Marcos 16:17-18).
Naquela ocasião dois dos sinais que seguirão todos os que crerem
se cumpriram na vida de Paulo. Primeiro foi a serpente que não lhe causou
nenhum dano e depois a cura dos enfermos. Paulo e os demais náufragos ficaram
por três meses na ilha de Malta e durante este tempo, foram bem tratados pela
população, mas outra coisa aconteceu.
Em Malta, o principal da ilha se chamava Públio, que era um
homem rico, possuía várias propriedades, e ele hospedou por três dias a Paulo e
aconteceu que o pai de Públio estava enfermo, de cama, com febre e disenteria.
Paulo orou, impôs as mãos sobre ele e o homem foi curado.
Diante da cura do pai de Públio, a notícia correu a ilha e
então: “Feito, pois, isto, vieram também ter com ele os demais que na ilha
tinham enfermidades, e sararam.” (Atos 28:9). Cumpria-se assim outro sinal daqueles
que seguirão todos os que crerem em Jesus, a cura dos enfermos.
Deus usou aquele naufrágio para fazer o Evangelho aportar em
Malta. Muitas vezes Deus usa coisas aparentemente ruins para alcançar Seus
propósitos. Deus usava aquele homem de aparência nada agradável para
evangelizar muitos povos e para falar de Jesus aos ricos e poderosos, afinal,
Paulo não era um “Zé ninguém”, era um nobre, um intelectual, nascido
judeu/romano e respeitado pelos dominadores romanos.
Na verdadeira Igreja de Jesus tem lugar para todo mundo, ricos,
remediados e pobres; feinhos e bonitinhos; prolixos, eloquentes e mudos;
brancos, negros, amarelos, vermelhos, verdinhos claros ou escuros; sarados e
fracotes; ingênuos e matreiros. Todos, absolutamente todos, nas mãos do Espírito
Santo de Deus, são moldados para cumprir a grande missão do cristão que é a
evangelização.
Deus é o único que conhece os corações e Ele distribui Seus
vasos de acordo com Sua Onisciência. Não pense que você está isento de levar a
mensagem do Evangelho por causa de sua aparência, sua formação, ou porque você
é gago, Moisés era gago e Eliseu careca e foram grandes servos do Senhor, assim
como tantos outros que estão pelas estradas, caminhos e nações pregando a uma
só voz: reconheça a Jesus como seu único Salvador e sua vida será totalmente
transformada.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciência da Religião
Dr. Edson Cavalcante
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