JOÃO O FILHO
DO TROVÃO...
Jesus escolheu Seus discípulos depois de passar quarenta dias e
quarenta noites em jejum no deserto, o que nos leva a concluir que mesmo os
maiores desertos desta vida têm um lado positivo, de aprendizado, de
valorização das pequenas coisas que antes passavam despercebidas por nós. O
deserto nos faz mais fortes, nos ensina que mesmo em meio à tribulação, Deus
não abandona os Seus amados.
João e seu irmão Tiago foram os primeiros discípulos que Jesus
escolheu, junto com Pedro e André, seu irmão. Eles eram pescadores, homens
rudes, sem estudos, que só conheciam a dureza da lida no mar. João não era
diferente dos outros pescadores às margens do mar da Galiléia, ele e seu irmão
foram chamados por Jesus de “filhos do trovão”, a Bíblia não explica a razão,
mas não devia ser pela delicadeza deles.
Nenhuma das escolhas de Jesus se explicava pelo temperamento dos
discípulos, ou pelo currículo de qualquer deles, a escolha não era pelo
presente, mas pelo que se transformariam no futuro, nas mãos do Espírito Santo.
Um exemplo de que Jesus escolhia pelo futuro é exatamente o
apóstolo João. Apesar da aparência rude do pescador João, ele se tornou o
discípulo mais próximo de Jesus e talvez por ser o mais jovem do Colégio
Apostólico, era o “discípulo amado”, aquele que se reclinava no peito de Jesus.
João foi o único discípulo que acompanhou Jesus até o Calvário e
foi ele quem Jesus responsabilizou por Maria: “Ora Jesus, vendo ali sua mãe, e
que o discípulo a quem ele amava estava presente, disse a sua mãe: Mulher, eis
aí o teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E desde aquela hora
o discípulo a recebeu em sua casa.”(João 19:26-27). Eis aí a tua mãe. Foi a
herança que Jesus deixou para João, a melhor mãe do mundo, a mulher escolhida
por Deus para gerar Seu próprio Filho.
Jesus amava João e o tratava com muito carinho. Na verdade João
era jovem e de bom caráter e Jesus viu nele potencial para se tornar o
discípulo do amor. Nas cartas de João o que se vê é um servo de Deus maduro e
muito amoroso: “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis;
e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo.”(1
João 2:1). O jeito doce de escrever de João foi usado pelo Espírito Santo para
anunciar o segundo maior mandamento: “Amados, amemo-nos uns aos outros; porque
o amor é de Deus; e qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus.” (1
João 4:7).
De filho do trovão, a apóstolo do amor; de rude pescador, a
discípulo amado por Jesus. Quanta coisa aconteceu na vida de João e muito mais
estava por vir.
Assim que Maria Madalena avisou os discípulos de que alguma
coisa estranha havia acontecido no sepulcro de Jesus, foi João quem chegou
primeiro ao sepulcro: “E os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu
mais apressadamente do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro.” (João 20:4).
João correu mais rápido que Pedro, era mais jovem e mais próximo do Senhor e a
ele foi dado o privilégio de ser o primeiro a crer na ressurreição de Jesus:
“Então entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e
viu, e creu.”(João 20:8). João viu e creu. Tomé era um dos mais velhos no
Colégio Apostólico e, no entanto, foi incrédulo sobre a ressurreição, mas João
creu. Antiguidade não é posto mesmo.
Quando Jesus ressuscitou, Ele apareceu à beira do mar enquanto
alguns de Seus discípulos pescavam e entre eles estava João. Quem primeiro
reconheceu Jesus foi João: “Então aquele discípulo, a quem Jesus amava, disse a
Pedro: É o Senhor. E, quando Simão Pedro ouviu que era o Senhor, cingiu-se com
a túnica (porque estava nu) e lançou-se ao mar.” (João 21:7). O discípulo amado
era o mais próximo, o mais jovem e o mais carinhoso com Jesus e não deixaria de
reconhecer aquele homem na beira da praia, que determinou a segunda grande
pesca.
Depois que Jesus foi arrebatado ao céu e que o Espírito Santo
foi derramado sobre cerca de cento e vinte pessoas, incluindo os discípulos e
as discípulas do Senhor, Pedro e João iam ao templo todos os dias e alguns
milagres foram realizados através deles.
João, assim como todos os outros discípulos de Jesus, foi
perseguido por causa da pregação do Evangelho do Reino, ele foi condenado ao
exílio na ilha de Patmos onde recebeu a Revelação, o Apocalipse, o único livro
profético do Novo Testamento e João foi achado digno de receber a visão com
seus muitos símbolos, figuras e seres que contêm a revelação dos tempos do fim,
que são estudados por muitos servos de Deus por todos os séculos.
Consta que o Apostolo João morreu em Éfeso em idade avançada e
que nunca perdeu o brilho do primeiro amor, nunca perdeu a forma doce de
proclamar o Evangelho de Jesus, nunca negou sua fé, seu Deus.
João é um exemplo do que Deus faz com quem o ama e se deixa usar
na Obra Dele. O homem que tinha tudo para viver como mero pescador, consertando
redes de pesca, vivendo na sua Galiléia, mas Jesus entrou na vida daquele homem
comum e fez dele o seu discípulo amado, fez dele pescador de homens, fez de
João o apóstolo do amor. Jesus é o Deus que salva o homem, apaga o passado,
muda o futuro e usa o caráter, a personalidade, a história de cada um como vaso
de honra em Sua casa. Você também pode experimentar desta mudança para melhor,
não importa se você também é “filho do trovão”, porque nas mãos do Espírito de
Deus seu caráter será usado para glória do Nome de Jesus.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciência da Religião
Dr. Edson Cavalcante
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