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segunda-feira, 3 de agosto de 2020

JOÃO MARCOS UM JOVEM A SERVIÇO DE DEUS.


                               JOÃO MARCOS UM JOVEM A SERVIÇO DE DEUS.
Atos 15.36-41

“Estou plenamente certo e que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus” Versículo chave: “Estou plenamente certo e que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus”.

Introdução

João Marcos era parente de Barnabé e filho de Maria, em cuja casa a igreja primitiva se reunia em Jerusalém. Talvez Maria fosse uma mulher relativamente rica, pois tinha pelo menos uma empregada, Rode.

João era seu nome hebraico e Marcos seu nome romano. Provavelmente ficou conhecido como Marcos após sua conversão ao cristianismo. Seu desejo era espalhar o evangelho entre os gentios.

É interessante estudar a vida desse homem que aparentemente fracassou na obra do Senhor, mas com a graça de Deus conseguiu superar suas falhas.

I. O jovem que fugiu desnudo (Mc 14.51-52)

A maioria dos estudiosos do Novo Testamento acredita que Marcos é esse jovem que “fugiu desnudo” (Mc 14.52), por dois motivos. Primeiro, somente ele registra esse episódio. E, segundo, é provável que Marcos estivesse dormindo quando soube do que acontecia com Jesus no jardim. Só teve tempo de se cobrir com a capa e partir para o Getsêmani. Com isso, Marcos poderia estar dizendo que não era mais corajoso que o resto, mas pelo menos viu tudo acontecer

É impressionante que João Marcos, mesmo mal vestido, seguia a Jesus, na via crucis; quem sabe olhando de longe, mas o seguia. Mesmo sem preparo ou mal vestido, disfarçado, ele procurou seguir a Jesus. Mostrando dessa forma o seu amor pelo seu Mestre, que no momento estava enfrentando uma das horas mais difíceis e decisivas do Seu ministério, a chamada hora do Filho glorificar o Pai.

E nós, como acompanhamos Jesus? De longe? Mal equipados? Disfarçados? Ou com as armaduras da fé (Ef 6.13)?

II. Um lar abençoado (At 12.9-17)

Em meio à perseguição e hostilidade enfrentadas pelos judeus não cristãos, que bom haver um lugar onde se pudesse orar e ter comunhão com irmãos na fé! Esse lugar era a casa de Maria, mãe de João Marcos, que no meio de tanta oposição nos deixa um legado de princípios a imitarmos hoje: o da comunhão e da oração. Aqueles irmãos estavam aflitos com a prisão de Pedro e, mesmo assim, estavam juntos em oração. Isto vem mostrar que no meio de tanta adversidade, havia unidade. Pregar o evangelho e testemunhar de Cristo em Jerusalém não era tarefa para um grupo que não tivesse fé firme em Jesus Cristo, pois o contexto nos mostra que muitos sacerdotes abraçavam a fé (At 6.7). Se o povo judeu encontrava muita dificuldade em aceitar Jesus como Salvador, imagine os seus líderes (sacerdotes)! Aprendemos que quando somos testemunhas fiéis, Deus faz a obra seja no coração de quem for (Rm 9.14-18)!
III. Seu fracasso como missionário (At 12.25 – 13.13)

Em companhia de seu tio Barnabé, João Marcos acompanhou Paulo em sua primeira viagem missionária até Perge, de onde Marcos voltou, por motivos não declarados (At 13.13). Rejeitado por Paulo para a segunda viagem missionária, ele e Barnabé partiram para Chipre (At 15.38-40).

Ignoramos o que aconteceu realmente com João Marcos em relação ao seu fracasso como missionário. Mas podemos inferir que talvez fosse falta de experiência com Deus, ou de conversão; falta de convicção do seu chamado, ou saudades de casa, ou medo das dificuldades. Mas não devemos julgar! “Não julgueis, para que não sejais julgados” (Mt 7.1). Por ser bem jovem, o mais provável é que sua hora não havia chegado. O que aconteceu com Marcos tem se tornado um fenômeno que se repete, hoje, em nossas igrejas: pessoas querendo servir o Mestre, mas seguindo-O bem de longe, sem determinação e convicção verdadeira, e alguns até sem experiência de conversão. Ser um seguidor de Jesus é algo além do desejo de ser missionário ou acompanhante de uma caravana.
Tanto Marcos como qualquer um de nós que almejamos o ministério, antes de tudo precisamos ser crentes firmes, e ter estrutura (física, psicológica, espiritual) para pagar o preço do ofício (Mc 8.34).

IV. Sua segunda chance (At 15.36-39; 2Tm 4.11)

1. João Marcos e Barnabé

Graças a Deus, Barnabé deu uma segunda chance a João Marcos. Paulo e Barnabé estavam prontos a iniciar sua segunda viagem missionária, e Barnabé quis levar consigo o jovem que tinha fracassado na primeira viagem, porque podia enxergar o grande potencial na vida dele. Mas Paulo não tinha a mesma convicção. O resultado foi que Paulo e Barnabé se separaram por causa de João Marcos. Barnabé, “filho da exortação”, levou-o na sua viagem missionária a Chipre (v.39), dando-lhe a segunda chance. Não ouvimos mais nada negativo sobre a atuação de João Marcos. Parece que Barnabé fez um bom trabalho ao discípulá-lo.

O preço de acompanhar o Mestre de longe e talvez a falta de quem o apoiasse, no início de sua carreira, fez de Marcos um crente volúvel. Contudo o nosso Deus é fiel, ainda que sejamos infiéis. Deus nos leva de volta ao lugar dos nossos fracassos e nos ordena a começar tudo outra vez. Ele pode transformar a nossa falta de êxito em sucesso, porque é Ele quem nos dá o ministério (Jo 15.16). Foi assim com Moisés na volta ao Egito, e com Jacó na sua luta com Deus.

Na sua igreja os crentes mais experientes discipulam os mais novos na fé?

2. João Marcos e Pedro

João Marcos também gozava de re­lacionamento bem íntimo com o após­tolo Pedro. Talvez fosse “filho na fé” dele (1Pe 5.13). Sem dúvida alguma, Deus operou uma grande obra na vida de João Marcos.

3. João Marcos e Paulo

A recusa de Paulo de levar Marcos na Segunda Viagem Missionária pode­ria ter causado um distanciamento per­manente entre os dois, mas felizmente isto não aconteceu. Durante os últimos anos da vida de Paulo, Marcos, aquele que foi rejeitado pelo apóstolo, lhe fez companhia, permanecendo ao seu lado nas horas mais difíceis.

a. Na carta aos Colossenses, Paulo escreveu que Marcos, primo de Barnabé, estava com ele em Roma e possivelmente visitaria a igreja em Colossos (Cl 4.10).

Paulo disse que Marcos e Je­sus, conhecido por Justo, “são os únicos da circuncisão que cooperam pessoalmente comigo pelo reino de Deus” (Cl 4.11). Eles tinham animado Paulo na prisão.

b. Quando Paulo escreveu para Fi­lemom, colocou Marcos na lista dos seus cooperadores (Fm 24).

c. Paulo, escrevendo para Timóteo sua última carta antes de morrer, pediu que trouxesse Marcos, “pois me é útil para o ministério” (2Tm 4.11). Que mudança! Marcos passou a ser uma bênção na obra do Senhor.
Dessa forma, entendemos que Marcos valorizou a segunda chan­ce recebida, e que o seu ministé­rio foi importante no começo da igreja.

V. Autor do segundo evangelho

João Marcos contribuiu muito para o crescimento da igreja no pri­meiro século, embora não tenha se destacado na liderança como Paulo, Pedro ou Tiago. Ele impactou a igreja e, mais tarde, o mundo inteiro com seu evangelho – o primeiro dos quatro que foram escritos. Quem podia imaginar que aquele rapaz seria o autor do pri­meiro relato da vida, morte e ressurrei­ção de Cristo?

Apesar de ser o menor texto em comparação com os demais, o evange­lho de Jesus escrito por Marcos segue narrativa rápida, dinâmica e progressi­va. Parece que as informações nele con­tidas fluem com maior rapidez, mas sem perder a essência, nem detalhes impor­tantes e até diferentes dos demais. Esse evangelho, de acordo com a tradição e vários comentaristas, foi direcionado ao povo romano e apresenta Cristo como O Servo do Senhor, enviado para realizar uma obra específica de Deus (cf. Is 24.41; 16.1-4). Marcos mostra como Cristo cumpriu as profecias a Seu respeito contidas no Antigo Testa­mento (Is 42.1-5; 49.1-7; 50.4-11, etc.). Ainda que Cristo seja apresentado em Marcos com o caráter de servo, o relato dos milagres realizados aponta para Seu poder como Filho de Deus.

Conclusão

Depois do que aprendemos da vida de João Marcos, cabe a cada um de nós fazer uma reflexão muito séria sobre nossa atitude em relação às pessoas que aparen­temente fracassaram na obra do Senhor. Estamos dispostos a dar uma segunda chance a elas? E quando nós falhamos, estamos dispostos a dar a volta por cima e nos firmar no Senhor, no serviço do Mestre?

E com você, como foi o seu chamado? Você tem seguido o Mestre de longe ou de perto? O desafio que Deus tem lhe colocado é difícil? Como você tem participado dos ministérios de sua igreja? Que tal dar a volta por cima, para que o evangelho cresça, Deus seja glorificado e Sua igreja edificada?
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante.

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