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segunda-feira, 31 de agosto de 2020

PASTORES ORGULHOSOS E SOBERBOS

 


PASTORES ORGULHOSOS E SOBERBOS

Poucas coisas contaminam a igreja e mancham sua reputação no mundo quanto pastores arrogantes. A arrogância manifestada nos políticos, da forma lamentável que é, poderíamos esperar. Mas arrogância no púlpito – isso é uma grande mancha na igreja e na comunidade onde ela deveria fazer sua luz brilhar.

Não é como se o Novo Testamento não previsse o perigo, ou que esse seja uma novidade recente para a igreja. Os cristãos sempre souberam manter homens presunçosos no ofício da igreja. Se as difusas condenações do orgulho e da arrogância nas Escrituras não bastassem, então as qualificações expressas para o pastor-presbítero deixam tudo mais claro:

Ele não deve ser arrogante. (Tito 1.7)

Ele não deve ser um convertido recente, “para não suceder que se ensoberbeça e incorra na condenação do diabo”. (1Timóteo 3.6)

“Recém-convertido” (do grego neophytos) significa, literalmente, “recém-plantado”. É uma imagem apropriada para um novo convertido ao cristianismo. Novas plantas ainda não tiveram tempo de crescer profundamente. Novas plantas – sejam elas transplantadas ou da semente – são muito mais fáceis de arrancar do que as árvores que cresceram profundamente no solo em questão de meses e anos, em vez de dias e semanas.

Em outro lugar, quando Paulo se dirige à nomeação formal de pastores e presbíteros, ele responsabiliza Timóteo e as igrejas: “a ninguém imponhas precipitadamente as mãos” (1Timóteo 5.22). Esse princípio de paciência na nomeação para o ofício não se aplica apenas aos pastores, mas também aos diáconos: “Também sejam estes primeiramente experimentados; e, se se mostrarem irrepreensíveis, exerçam o diaconato”. (1Timóteo 3.10).

Um fio mantém essas advertências unidas: o orgulho inchado em um líder põe em perigo toda a igreja, e quanto mais tempo um homem anda fielmente com Deus, menor é a probabilidade de que o orgulho remanescente esteja crescendo em vez de encolher.

Por que não Plantas Novas
O ministério pastoral pode ser arduamente emocional – não tipicamente a cada passo, mas agudamente em momentos de crise. É apenas uma questão de tempo até que o ministério pastoral se mostre mais emocionalmente desafiador do que o previsto. Certos tipos de trauma espiritual são inevitáveis ​​porque os pastores são mais regularmente expostos às profundezas da depravação humana.

As profundezas surpreendentes do pecado interior em cristãos professos, multiplicadas através de uma congregação, podem ser o suficiente para danificar, se não arrancar, plantas jovens. Plantas novas ainda não estão prontas para suportar todo tipo de tempestade. Eles precisam enviar suas raízes para baixo e para fora, fortalecer os caules, brotar folhas e dar os primeiros frutos. Logo eles estarão prontos para os ventos fortes e as chuvas do ministério pastoral, mas não imediatamente.

Além disso, Satanás adora atacar os tenentes adversários, e ainda mais quando se é manifestamente jovem e frágil. Um novo convertido entre os pastores pode ser um alvo fácil, uma base conveniente para os esforços do diabo (Efésios 4.27). Igrejas sábias se armam contra tais esquemas (Efésios 6.11).

Esses são os perigos reais de se colocar novas plantas na liderança, mas o perigo específico que Paulo menciona – e assim merece maior atenção – é que a nova planta pode ser “cheia de soberba” (1Timóteo 3.6). Tal conceito aparentemente se tornou um problema na igreja de Éfeso (1Timóteo 6.4; 2 Timóteo 3.4). Os falsos mestres podem ter surgido precisamente dessa maneira. Recém-convertidos, manifestamente talentosos no ensino e vistos como líderes naturais, talvez tenham sido ordenados apressadamente para o ofício pastoral, o que pode ter produzido dois efeitos ao mesmo tempo: (1) Esses homens não deram provas suficientes para mostrar qual era, realmente, sua formação espiritual, e (2) a ordenação em si, e o servir no cargo, pode ter alterado a trajetória do que, de outra forma, poderia ter sido um crescimento e desenvolvimento saudáveis.

1. Como o velho orgulho persistiu?
No primeiro caso, a arrogância do novo convertido pode simplesmente ser remanescente de sua antiga vida de descrença. Paulo lista “enfatuados” como característica dos que estão fora da igreja (2Timóteo 3.4). Assim, os novos convertidos precisam de algum tempo na fé para diminuir esse “inchaço”. A cautela deve ser mais do que simplesmente uma preocupação de que, ser colocado na liderança, pode tornar um homem imaturo arrogante, mas, sendo um novo convertido, ele ainda não se desfez de muito da sua arrogância. Sua mente ainda está sendo colocada sob a autoridade de Deus nas coisas básicas. Não só a poeira precisa se estabilizar; as raízes precisam se aprofundar.

Os pastores não devem ser arrogantes (Tito 1.7), entre outras razões, porque devem ser homens sob autoridade, administradores e estar sob as palavras de Cristo e seus apóstolos. Paulo identifica alguém que está “enfatuado” com alguém que “ensina outra doutrina e não concorda com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo e com o ensino segundo a piedade”, (1Timóteo 6. 3–4). O próprio coração da tarefa pastoral é ensinar – e não ensinar a si mesmo ou suas preferências, mas ensinar “as palavras sãs de nosso Senhor Jesus Cristo”. Paulo menciona “suspeitas malignas”, que em seu orgulho e inchada vaidade não quis se curvar à autoridade de Deus.

2. A liderança provocará um novo orgulho?
Não apenas um novo convertido precisa de tempo para o inchaço de seu antigo orgulho cair, também devemos considerar como a ordenação para a liderança pode afetar um homem. Será que ser apresentado como um oficial da igreja pode dar ocasião a um novo tipo de vaidade? Esta parece ser a principal preocupação que Paulo tem em mente em 1Timóteo 3.6: não apenas superando a vaidade anterior, mas sendo afetado pela soberba devido o papel de liderança em si e, assim, cair na mesma (orgulhosa) condenação na qual caiu Satanás?

Ao buscar preencher posições e oportunidades de liderança, muitas vezes adotamos uma de duas abordagens: “o homem para o trabalho” ou “trabalho para o homem”. “o homem para o trabalho” significa que a necessidade é tal que o candidato deve ocupar a função e suas expectativas desde o primeiro dia. “trabalho para o homem” significa que o cargo é uma oportunidade para um líder em desenvolvimento crescer para a função e as expectativas as quais ele serve. Enquanto o pastorado nunca é totalmente um cenário de “o homem para o trabalho” (quem é capaz para essas coisas?), Não devemos nos aproximar de nossa busca com uma mentalidade de “trabalho para o homem” quando se trata de orgulho e arrogância.

Um homem pode ser capaz de crescer em ensinar, crescer nas questões pastorais e uma série de outras coisas enquanto serve, mas não de forma humildade. Não devemos pensar no pastorado como um cadinho usado para humilhar um homem arrogante. O pastorado é de fato um cadinho. Tornará um homem humilde ainda mais humilde (2Coríntios 12.7), mas não é um laboratório para homens arrogantes.

Manter novos convertidos fora do conselho serve não apenas à igreja, mas também ao novo convertido. É saudável estabelecer uma temporada como cristão, para que alguém primeiro absorva a identidade, estando em Cristo, não em um ofício. Antes de experimentar, no ministério, que os espíritos estejam sujeitos a nós, primeiro precisamos de uma boa e sólida temporada de regozijo por nossos “nomes estarem arrolados no céu” (Lucas 10.20).

Quão novo?
Mas quão novo convertido? Quão nova planta? Aqui a sabedoria da pluralidade na liderança da igreja local está em evidência. O Novo Testamento não nos dá um prazo específico, seja um ano ou cinco. Tal como acontece com as outras qualificações dos presbíteros, “não ser um novo convertido” é analógico, não digital. Não é que um homem vá dormir uma noite como uma “planta nova” ​​e acorde no dia seguinte pronto para resistir às tempestades. Em vez disso, essa maturidade – e, em particular, a humildade – é incremental e se desenvolve dentro de um espectro. E Paulo deixa que isso seja determinado coletivamente pela pluralidade de presbíteros, confirmada pela igreja conforme a idade e maturidade do candidato, da igreja e outras circunstâncias relevantes, não de forma diferente das outras reais necessidades da igreja.

Observe as diferenças entre a bem estabelecida igreja de Éfeso (1Timóteo) e a incipiente igreja cretense (Tito). Ao escrever para Éfeso, Paulo especifica “não seja novo convertido”. A igreja de Éfeso tinha idade suficiente, provavelmente com uma década de vida ou mais, para que convertidos relativamente novos não fossem necessários na liderança. Creta não teve o mesmo luxo. Toda a igreja era recém-plantada e, como Tito ia designar os anciãos, era inevitável que todos eles fossem, em certo sentido, plantas novas. No entanto, a preocupação subjacente permaneceu: vaidade. E assim Paulo especifica para os cretenses, “não arrogante” (Tito 1.7).

Uma qualificação importante de “não ser novo convertido” não significa necessariamente “não ser jovem”. Sabemos que o próprio Timóteo era relativamente jovem, provavelmente entre os vinte e poucos anos ou trinta e poucos anos. No entanto, Paulo escreve a ele dizendo que não permita que a igreja o despreze por sua juventude, mas que ele seja exemplo (1Timóteo 4.12), incluindo fugir das paixões da juventude (2Timóteo 2.22). Como Eliú falou verdadeiramente a Jó, não é a idade que faz um homem sábio, mas o Espírito de Deus (Jó 32. 8–9). Ore para que a passagem do tempo aumente a obra da sabedoria do Espírito em um homem, mas não assuma isso apenas pelo passar dos anos.

Duas perguntas-chave
Para tornar tangível a busca da humildade pastoral – para igrejas e conselhos em busca de um pastor e para homens que aspiram ao ministério – considere duas manifestações particulares de humildade essenciais em pastores e presbíteros:

1. Ele pensa com um julgamento sóbrio?
Aqui, a questão não é apenas sobre o julgamento sóbrio em geral (que é vital, chamado sobriedade de espírito, 1Timóteo 3.2), mas em particular relacionado à autoavaliação. Romanos 12.3 diz: “Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um”. Ele é autodepreciativo? Ele está disposto a admitir falhas? Ele está regularmente procurando, com suas próprias palavras, formar uma imagem na mente dos outros? Ele dá evidência de pensar de si mesmo mais do que deveria pensar?

2. Ele considera os outros mais importantes do que ele mesmo?
Paulo escreve a todos os cristãos em Filipenses 2.3-4 uma palavra que é especialmente premente para os líderes da igreja: “Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros”. Considerar os outros mais importante do que você mesmo é um atalho para a essência do chamado pastoral e para a essência da fé. O próprio Jesus, o grande Pastor e supervisor de nossas almas (1Pedro 2.25), é o líder humilde e exemplar que percebeu, olhou e se entregou pelos interesses de outros (Filipenses 2. 5-8). O trabalho pastoral nunca eclipsa ou substitui a perfeita humildade de Cristo, que “a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte e morte de cruz” (Filipenses 2. 8), mas procura ecoar sua humildade e, assim, apontar para ela, em nossos esforços diários.

Dá-nos pastores humildes
Quando Deus faz o duplo milagre de produzir homens humildes e dá-los como pastores mestres às igrejas locais, que tipo de homens podemos esperar encontrar ensinando e liderando nossas igrejas? Pastores humildes amam as Escrituras e “as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Timóteo 6:3). Eles recebem seu chamado como “subpastores”, abraçando alegremente seu papel sob a autoridade de seu chefe. Pastores humildes amam pregar não a si mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor (2Coríntios 4.5).

Pastores humildes dão o benefício da dúvida e esperam o melhor (não assumem o pior) um do outro e do rebanho. Eles não deixam o cinismo se desenvolver sobre o seu povo e infeccionar em seus corações. Eles têm uma espécie de gentileza de espírito e não menos zelo pela honra de Deus, que os impede de ter medo de estar errados e, portanto, sentir uma necessidade constante de autoproteção.

Pastores humildes são transparentes, e não evasivos; autênticos (no melhor dos sentidos) e não superficiais. Não defensivos, mas ansiosos para aprender, crescer e melhorar. Pastores humildes ouvem. Eles são o tipo de homens que não estão inclinados a chamar a atenção dos outros, mais interessados em ouvir os outros do que em contar aos outros sobre si mesmos. Se pudéssemos resumir, em uma palavra, qual atributo de que mais precisamos no pastorado hoje, como em todas as gerações, poucos chegariam perto da palavra humildade.

Deus, nos dê pastores humildes.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante

domingo, 30 de agosto de 2020

A MULHER SAMARITANA



                                                     A MULHER SAMARITANA

“Disse-lhe a mulher: Senhor, vejo que és profeta!” ( Jo 4:19 )

Introdução
O evangelista João deixou registrado que tudo o que escreveu tinha por objetivo levar os seus leitores a crerem que Jesus era o Cristo, o Filho do Deus vivo, e crendo, tivessem vida em abundância “Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” ( Jo 20:31 ).

Em especial, há na história da mulher samaritana elementos que demonstram que Cristo é o Filho do Deus vivo, o Filho de Davi prometido nas Escrituras.

O evangelista João deixou registrado que, quando Jesus verificou que os fariseus haviam ouvido que Ele operava muitos milagres e que batizava muito mais que João Batista, deixou a Judeia e dirigiu-se para a Galileia ( Jo 4: 2-3), e que teve que passar por Samaria ( Lc 17:11 ).

Jesus foi a uma cidade de Samaria chamada Sicar, cujo território era uma herdade que Jacó deu ao seu filho José ( Jo 4:5 ). O local onde Jesus foi em Sicar possuía um poço perfurado por Jacó.

O evangelista evidencia a humanidade de Jesus ao descrever seu cansaço, fome e sede. Ao mencionar que seus discípulos foram comprar comida, dá-nos a entender que Jesus precisa se alimentar, que se assentou porque estava cansado e, ao solicitar à mulher samaritana água, fica implícito que estava com sede.

Embora a tônica da abordagem do evangelista não tenha sido de demonstrar que o Senhor Jesus estava com sede de água, pois o que ficou evidente foi a sua necessidade de anunciar as boas novas do reino à mulher, fica explicito que Jesus veio em carne ( 1Jo 4:2 -3 e 2Jo 1:7).

Jesus se assentou junto ao poço de Jacó, perto da hora sexta (meio-dia) ( Jo 4:6 e 8 ), momento em que uma mulher samaritana chega junto à fonte para tirar água (nomear alguém pelo nome da cidade era desonroso, pois demonstrava que tal indivíduo não pertencia à comunidade de Israel), e foi abordada pelo Mestre que lhe dirigiu a palavra dizendo: – Dá-me de beber ( Jo 4:7 ).

A atitude do Senhor para com a samaritana (solicitar água) trouxe à tona o que todo homem e mulher possuem de mais nobre: a razão, o raciocínio ( Jó 32:8 ).

Obrigatoriamente a mulher formulou uma questão com base em uma gama de conhecimento prévio. Ela não formulou o pensamento mais brilhante da humanidade, mas trouxe a lume uma questão importante para aquela mulher e para o seu povo: – Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana? ( Jo 4:9 ).

Os samaritanos eram discriminados pelos judeus, mas Jesus, apesar de ser Judeu, não deu importância a esta questão, antes a mulher serviu muito bem ao propósito d’Ele naquele momento.

Na pergunta, a mulher destaca que era mulher e ao mesmo tempo samaritana, ou seja, que havia um impedimento duplo àquele homem que, aparentemente, deveria ser mais um judeu zeloso da sua religiosidade.

Muitos questionamentos surgiram na cabeça da samaritana, pois Jesus ignorou práticas e regras pertinentes ao judaísmo ao solicitar água. – Será que ele não percebeu que sou mulher e samaritana? Será que ele beberá da água que eu lhe der sem receio de se contaminar?

O Dom de Deus
Depois de despertar o raciocínio da samaritana, Jesus estimula ainda mais o interesse da mulher: – Se tu conheceras o dom de Deus, e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva.

A mulher samaritana não alcançou de imediato a excelência das palavras de Cristo, pois ela não possuía experiência na verdade “Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal” ( Hb 5:14 ).

Se a samaritana tivesse a mente exercitada na verdade não faria a pergunta: – Senhor, tu não tens com que a tirar, e o poço é fundo; onde, pois, tens a água viva? Pela argumentação, dá para perceber que a Samaritana se foca na impossibilidade de alcançar água sem os meios necessários, porém, não contestou o que Jesus afirmou sobre possuir água viva.

Não considerando a argumentação inicial de Jesus acerca do dom de Deus, ela analisou: – És tu maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu o poço, bebendo ele próprio dele, e os seus filhos, e o seu gado?

Oferecer uma alternativa de água sem ser a água do poço de Jacó fez parecer à samaritana que aquele judeu desconhecido era, no mínimo, presunçoso, pois se colocou em uma posição superior à de Jacó, que deixou o poço como legado aos seus filhos e, que naquele momento, provia a necessidade de muitos samaritanos.

As questões seguintes precisavam de respostas: – Tu não tens com que tirar água e o poço é fundo! Onde tens água viva?

Mas Jesus estava trabalhando para que o “ouvir” daquela mulher fosse despertado pela palavra de Deus, pois sua proposta dava a conhecer que Ele era, de fato, superior ao próprio pai Jacó.

É neste ponto que estava a deficiência de conhecimento da samaritana, pois se ela conhecesse quem era Jesus, concomitantemente conheceria o dom de Deus, pois Cristo é o dom de Deus.

Se ela conhecesse quem era que pedia: – Dá-me de beber, saberia que Ele era maior que o pai Jacó, saberia que Cristo era o descendente prometido a Abraão em quem todas as famílias da terra seriam bem-aventuradas ( Gn 28:14 ).

Se ela conhecesse quem era o Cristo, veria que através da água que Cristo estava oferecendo, de fato e de direito ela se tornaria um dos filhos de Abraão. Se ela conhecesse a Cristo, veria que os filhos segundo a carne não são os filhos de Abraão, e sim os filhos da Fé, a descendência do último Adão (Cristo) que estava se manifestando ao mundo ( Gl 3:26 -29; Rm 9:8 ).

Se ela conhecesse a Cristo, veria que apesar de fazer parte entre os últimos poderia tomar parte entre os primeiros, pois através do Descendente é possível a todos os povos serem bem-aventurada como o crente Abraão ( Mt 19:30 ).

Se ela conhecesse Aquele que pedia de beber e que estava lhe oferecendo água viva, veria que Ele é o dom de Deus, pois é Cristo que dá vida ao mundo ( Jo 1:4 ). Ela veria que Ele é o sumo sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque, por quem todos os homens, de qualquer tribo ou língua, podem oferecer dons e serem aceitos por Deus “Tu subiste ao alto, levaste cativo o cativeiro, recebeste dons para os homens, e até para os rebeldes, para que o SENHOR Deus habitasse entre eles” ( Sl 68:18 ).

Deus deu testemunho da oferta (dons) que Abel oferecera por causa daquele que subiria ao alto levando cativo o cativeiro, o sumo sacerdote constituído por Deus sem principio e fim (eterno) de dias ( Hb 7:3), que ofereceu-se a si mesmo como Cordeiro imaculado a Deus, e só através d’Ele os homens são aceitos por Deus ( Hb 7:25 ).

As necessidades diárias
A pergunta da mulher: – És tu maior que o nosso pai Jacó?, foi pertinente, porém, ainda não lhe permitia identificar quem era aquele homem que lhe pedia água da fonte de Jacó e, ao mesmo tempo, ofereceu água viva “Qualquer que beber desta água tornará a ter sede; Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna” ( Jo 4:14 ).

É de se estranhar que a mulher samaritana, que teve um pensamento elaborado ao perceber que Jesus estava dando a entender ser maior que o pai Jacó, tenha aceitado a proposta d’Ele, que possuía uma água que impediria de ter sede, no entanto pedir-lhe água junto ao poço de Jacó.

A proposta de Jesus era clara: ‘Aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede’, e para que ele queria água, se tinha água superior?

A mulher se interessou pela oferta de Jesus, porém o seu entendimento estava turvado.

O que levou a mulher a querer da água que Jesus lhe oferecera, mesmo estando o Mestre com sede?

A resposta encontra-se no pedido da samaritana: – SENHOR, dá-me dessa água, para que não mais tenha sede, e não venha aqui tirá-la. Em nossos dias é quase inimaginável o trabalho que aquela mulher tinha para adquirir um pouco de água. Era a hora sexta quando a mulher fora buscar água para suprir as suas necessidades básicas.

Enquanto em nossos dias o que muitos entendem por básico, essencial, é diferente do que aquela mulher necessitava, é possível dimensionar o quanto aquilo que o homem entende por essencial turva o raciocínio. Se o que é essencial compromete o entendimento quanto ao proposto no evangelho, que se dirá dos negócios desta vida?

Um homem que a mulher samaritana não conhecia pediu água e, agora oferecia uma água com propriedades inimagináveis: saciaria sua sede de modo a não mais necessitar beber água novamente.

Quando a mulher demonstrou interesse pela ‘água viva’, Jesus lhe disse: – Vai, chama o teu marido, e vem cá. A mulher respondeu: – Não tenho marido. Jesus respondeu: – Disseste bem: Não tenho marido; Porque tiveste cinco maridos, e o que agora tens não é teu marido; isto disseste com verdade.

Observe que Jesus não emitiu um juízo de valores sobre a condição da mulher, pois Ele mesmo disse que a ninguém julga segundo a carne, pois Ele não veio julgar o mundo, mas salvar ( Jo 8:15 ; Jo 12:47 ).

Neste momento a mulher reconheceu Jesus como profeta: – Senhor, vejo que és profeta! É interessante a mulher samaritana ter reconhecido aquele judeu como profeta de pronto e, ao mesmo tempo, surpreendentemente, formular a pergunta que vem a seguir: – Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar.

Quando a mulher samaritana descobriu que Cristo era profeta, deixou as suas necessidades básicas de lado, e passou a indagar qual o local de adoração.

Como samaritana, ela conhecia muito bem a história que levou os judeus a não se comunicarem com os samaritanos. No livro de Esdras consta um dos desentendimentos que houve entre judeus e samaritanos em virtude dos judeus não permitirem que os samaritanos ajudassem a construir o segundo templo sob ordem de Ciro ( Ed 4:1 -24), sendo que a sedição teve início porque o rei da Assíria instalou nas cidades de Samaria povos oriundos da Babilônia que passaram a habitar a região, substituindo o povo de Israel que anteriormente foram levados cativos e, que adotaram a religião judaica ( 2Rs 17:24 comp. Ed 4:2 e 9-10).

A questão quanto ao local da adoração era milenar e, diante de um profeta, suas pendengas diárias deixaram de ter importância, pois a oportunidade era única: descobrir o local de adoração e como adorar.

É curioso saber qual seria a reação, em nossos dias, caso um cristão descobrisse que estava perante um profeta? Quais seriam as indagações para alguém que se apresentasse como profeta?

Imagino que se os cristãos dos nossos dias encontrassem um profeta, as perguntas seriam: – Quando vou adquirir minha casa? Quando terei meu carro? Quando vou casar? Com quem vou casar? Meu filho será homem ou mulher? Quando quitarei minhas dividas? Vou ficar rico? Etc.

Mas a samaritana, ao descobrir que estava perante um profeta, quis saber de questões de ordem espiritual, deixando suas necessidades terrenas em segundo plano. Não era importante saber se teria um marido, ou se iria deixar de caminhar até o poço de Jacó para tirar água. Ora, a questão do lugar da adoração arrastava-se por gerações e aquela era uma oportunidade que não poderia perder.

Com a declaração: – Vejo que és profeta!, podemos considerar que a mulher compreendeu o que realmente estava acontecendo.

Diferente dos outros judeus que se fixavam na sua religiosidade, legalismo e ritualismo, os profetas de Israel não eram judeus presos a tais amarras.

Foi o mesmo que dizer: – Ah, agora compreendi! O senhor é como Elias e Eliseu, profetas que não se fizeram de rogados perante os outros povos, visto que ambos foram a outras nações e, inclusive entraram na casa de órfãos, viúvas, etc. Somente sendo um profeta para se comunicar com uma mulher samaritana, pois Elias foi à casa de uma viúva que habitava em Sarepta, nas terras de Sidon e lhe pediu água a beber: “Traze-me, peço-te, num vaso um pouco de água que beba” ( 1Rs 17:10 ). Eliseu, por sua vez, servia-se do que lhe era oferecido por uma mulher rica que habitava na cidade de Suném, que semelhantemente era nomeada a partir do nome da cidade como era o caso da samaritana ( 2Rs 4:8 ).

É de extrema importância analisar a história de Nicodemos comparando com a da samaritana, pois diante de Deus um homem com todas as qualidades morais e intelectuais como era o caso de Nicodemos é igual a alguém sem mérito algum, como era o caso da mulher samaritana.

A adoração
Foi quando Jesus respondeu: – Mulher, crê-me que a hora vem, em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. Jesus ensinou à samaritana que havia chegado o tempo previsto, pois a adoração não mais estava vinculado a um monte, seja o monte de Jerusalém ou o de Samaria.

Jesus solicitou à mulher samaritana que cresse n’Ele e que acatasse o seu ensinamento “Mulher, crê-me…” (v. 21). Em seguida aborda uma questão comum aos judeus e samaritanos: “Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus”. Embora os samaritanos entendessem que adoravam a Deus, contudo adoravam-No sem conhecê-Lo. A condição dos samaritanos é a que o apóstolo Paulo retratou aos cristãos em Éfeso:

“Portanto, lembrai-vos de que vós noutro tempo éreis gentios na carne, e chamados incircuncisão pelos que na carne se chamam circuncisão feita pela mão dos homens; Que naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo” ( Ef 2:11 -12).

Ter disposição para adorar a Deus não confere ao homem a condição de verdadeiro adorador, pois igualmente os judeus adoravam, e adoravam o que conheciam, pois a salvação vem dos judeus ( Jo 4:22 ), porém, tal adoração não era em espirito e em verdade (v. 23). Sobre este fato, protestava os profetas: “Porque o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca, e com os seus lábios me honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, em que foi instruído” ( Is 29:13 ).

A declaração de Jesus iguala judeus e samaritanos, pois ambos acreditavam que adoravam a Deus, porém, a adoração deles era algo proveniente somente da boca, mas longe dos ‘rins’ “Plantaste-os, e eles se arraigaram; crescem, dão também fruto; chegado estás à sua boca, porém longe dos seus rins” ( Jr 12:2 ).

Jesus apresenta a concepção verdadeira de adoração, quando diz: “Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem” (v. 23 ). A adoração a Deus só é possível em espírito e em verdade, diferente da adoração com os lábios, que se refere a uma ‘aproximação’ de Deus somente com os lábios, possui aparência, porém, o coração continua alienado de Deus.

O que o Pai procura? Verdadeiros adoradores, ou seja, os que adoram em espirito e em verdade. Segundo as Escrituras, os olhos de Deus procuram os justos, os fiéis sobre a face da terra, pois somente os que trilham o caminho reto podem servi-lo “Os meus olhos estarão sobre os fiéis da terra, para que se assentem comigo; o que anda num caminho reto, esse me servirá” ( Sl 101:6 ), o que contrasta com a condição do povo de Israel: “Todavia me procuram cada dia, tomam prazer em saber os meus caminhos, como um povo que pratica justiça, e não deixa o direito do seu Deus; perguntam-me pelos direitos da justiça, e têm prazer em se chegarem a Deus” ( Is 58:2 ).

Ou seja, Deus está próximo dos que O invocam, porém, dos que O invocam em verdade “Perto está o SENHOR de todos os que o invocam, de todos os que o invocam em verdade” ( Sl 145:18 ). Somente invocando a Deus ‘em verdade’ a inimizade é desfeita e a comunhão é restabelecida a ponto de o homem se assentar com Deus “E nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus” ( Ef 2:6 ).

Como invocar a Deus em verdade? Entrando pela porta da retidão. Somente aqueles que entram pela porta da retidão rende verdadeiro louvor a Deus ( Sl 118:19 ). Só os que entram pela porta do Senhor são fiéis e justos ( Sl 118:20 ), e tão somente sobre estes, os olhos do Senhor está.

Jesus deixa claro que: “Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade”, ora, Deus é Espírito, e Jesus complementa que as palavras que Ele disse são espírito e vida ( Jo 7:63 ), portanto, para adorar em espírito e em verdade é necessário ao homem nascer da água e do Espírito ( Jo 3:5 ), nascer das palavras ditas por Cristo.

A certeza da mulher samaritana
Apesar da necessidade diária de ter que buscar água, o que indicava a condição humilde daquela mulher, pois não dispunha de um escravo, ela possuía uma esperança. Apesar de não pertencer à comunidade de Israel, ela tinha um certeza: – Eu sei que o Messias (que se chama o Cristo) vem; quando ele vier, nos anunciará tudo.

De onde veio tamanha certeza? Ora, tal certeza era proveniente das Escrituras. A confiança dela era firme, pois ela não esperava ter um poço particular, ou um marido só seu. As Escrituras não prometiam melhora financeira ou familiar, mas indicava que haveria de vir o Cristo, o mediador entre Deus e os homens, e que Ele daria a conhecer aos homens tudo o que é pertinente ao reino de Deus.

Diante da confiança da mulher nas Escrituras, Jesus se revela: – Eu o sou, eu que falo contigo! Por que Jesus se revelou àquela mulher, se em outras passagens bíblicas ele orienta os seus discípulos a não revelarem a ninguém que Ele era o Cristo? ( Mt 16:20 ) Porque a verdadeira confissão é aquela que decorre do testemunho que as Escrituras dá acerca do Cristo ( Jo 5:32 e 39 ), e não de sinais miraculosos ( Jo 1:50 ; Jo 6:30 ).

Naquele instante os discípulos chegaram e ficaram perplexos com o fato de Cristo estar falando com uma mulher “E nisto vieram os seus discípulos, e maravilharam-se de que estivesse falando com uma mulher; todavia nenhum lhe disse: Que perguntas? ou: Por que falas com ela?” (v. 27).

A mulher samaritana abandonou o seu intento e correu à cidade e convocou os homens para que investigassem se o judeu junto à fonte de Jacó era o Cristo “Deixou, pois, a mulher o seu cântaro, e foi à cidade, e disse àqueles homens: Vinde, vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito. Porventura não é este o Cristo?” (v. 28 e 29)

Como à época uma mulher era uma cidadã de segunda classe, ela não impôs a sua crença, antes incita os homens a irem até Jesus e que analisassem as palavras d’Ele. Os moradores da cidade saíram e foram ter com Cristo “Saíram, pois, da cidade, e foram ter com ele” (v. 30).

Novamente as marcas de um verdadeiro profeta tornaram-se evidente: “E escandalizavam-se nele. Jesus, porém, lhes disse: Não há profeta sem honra, a não ser na sua pátria e na sua casa” ( Mt 13:57 ). Entre os estrangeiros Jesus foi honrado como profeta, diferente de sua pátria e casa ( Mt 13:54 ).

Os discípulos rogaram ao Mestre: – Rabí, come. Jesus respondeu-lhes: – Uma comida tenho a comer que vós não conheceis.

A concepção deles ainda estava focada em necessidades humanas. Foi quando Jesus lhes declarou que estava ‘faminto’ para fazer a vontade do seu Pai, e realizar a sua obra. Que obra seria? A resposta está em João 6, verso 29: “A obra de Deus é esta: crede naquele que ele enviou”.

Enquanto os seus discípulos sabiam ler os tempos em que se dava o plantio e a sega deste mundo ( Jo 4:34 ), Jesus estava ‘vendo’ os campos brancos para a ceifa do Pai. Desde aquele momento em que Cristo estava se manifestando ao mundo os ceifeiros já recebiam o seu salário, e a colheita para a vida eterna já havia iniciado, e ambos, o semeador e ceifeiro, estavam regozijados pela obra realizada (v. 36).

Jesus cita um ditado: “Um é o semeador, e outro o ceifeiro” (v. 37), e alerta os seus discípulos que estavam sendo comissionados a ceifar em campos que não trabalharam (v. 38). Que campos são estes? Ora, os campos que Jesus viu como prontos para a colheita eram os gentios. Eles nunca haviam trabalhado entre os gentios, agora foram comissionados a trabalhar entre os gentios, pois outros já haviam feito este mister, ou seja, alguns profetas como Elias e Eliseu haviam ido aos gentios prefigurando a missão que haveriam de desempenhar (v. 38).

Por causa do testemunho da mulher, que disse: – Disse-me tudo o que tenho feito, muitos dos samaritanos creram em Cristo. Como? Por ela ter dito: – Disse-me tudo o que tenho feito, Jesus foi ter com os samaritanos e permaneceu dois dias com eles, e creram nele por causa das suas palavras ( Jo 4:41 ).

Eles não creram em Cristo somente pelo testemunho da mulher, antes creram porque, ouvindo Cristo anunciar-lhes o reino dos céus, creram que Ele verdadeiramente era o Salvador do mundo ( Jo 4:42 ).

Distorções
Enquanto a proposta das Escrituras e de Cristo era que os homens cressem que Ele é o Salvador do mundo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, etc., em nossos dias há diversos tipos de evangelhos que não promovem a verdadeira obra de Deus, que é: que os homens creiam em Cristo como o enviado de Deus.

A esperança deles não é quanto ao mundo vindouro, em que Cristo virá e levará os que creem para junto d’Ele ( Jo 14:1 -4), antes fixam se nas coisas e anseios deste mundo.

Muitos falsos mestres chamam a atenção dos incautos apontando-lhes necessidades diárias. Por quê? Porque as necessidades dos homens turvam o raciocínio e não os deixa analisar questões lógicas essenciais. O discurso dos falsos mestres sempre aponta para as necessidades do dia a dia para confundir os incautos, pois os seus discursos são vãos.

Há aqueles que se cercarão de mestres segundo os seus interesses e que se voltam às fábulas ( 2Tm 4:4 ). Outros consideram que Cristo é fonte de lucro, e cooptam aqueles que querem ficar ricos ( 1Tm 6:5 -9).

Mas, há também aqueles que possuem aparência de piedade, que não passa de mais uma religião, pois a mensagem deles tem por alvo os órfãos e as viúvas, lutam pela causa dos pobres e necessitados de bens materiais, porém, negam a eficácia do evangelho, pois contrariam verdades essências como a ressurreição futura dentre os mortos e a volta de Jesus ( 2Tm 2:18 e 3:5; “Porque, qual é a nossa esperança, ou gozo, ou coroa de glória? Porventura não o sois vós também diante de nosso Senhor Jesus Cristo em sua vinda?” ( 1Ts 2:19 ).
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante.