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segunda-feira, 25 de novembro de 2019

JULGAMENTO FINAL


                                                            JULGAMENTO FINAL
O juízo final é o evento em que Deus irá julgar os homens e os seres espirituais. O juízo final marca a transição entre a consumação da presente era e o início do estado eterno, sendo amplamente referenciado em toda Bíblia, com particular detalhe no livro do Apocalipse, sobretudo na passagem onde é descrito “o grande trono branco”.
O juízo final e as diferentes correntes escatológicas
Sabemos que a escatologia não é um tema fácil, e há muita discussão entre os cristãos nessa área. Das diferentes opiniões acerca do assunto, surgiram diferentes correntes escatológicas.
Quanto ao juízo final, cada uma delas o interpreta de maneira diferente de acordo com o entendimento que possuem acerca dos eventos finais descritos na Bíblia.
De maneira geral, todas elas concordam que todas as pessoas serão julgadas, embora discordem do momento em que acontecerá tal julgamento, e da quantidade de julgamentos que ocorrerão, conforme veremos a seguir:
  • Amilenismo e Pós-Milenismo: defendem que haverá um único julgamento geral de todas as pessoas, isto é, o juízo final, e ocorrerá imediatamente após a segunda vinda de Cristo.
  • Pré-Milenismo Histórico: geralmente seus defensores entendem que haverá dois julgamentos, sendo o primeiro na segunda vinda de Cristo, e o segundo, no caso o juízo final, após a última revolta de Satanás que ocorrerá ao fim do reino milenar e literal de Cristo na terra, o milênio.
  • Pré-Milenismo Dispensacionalista: esta posição é a mais complicada, pois mesmo entre seus defensores há muitas opiniões divergentes. Alguns dispensacionalistas ensinam a existência de até sete julgamentos, mas maioria deles entende que haverá três julgamentos diferentes, sendo eles:
  1. Julgamento por ocasião do arrebatamento da Igreja: ocorrerá na primeira fase da segunda vinda de Cristo, ou seja, o arrebatamento secreto da Igreja, e será o julgamento das obras do salvos, também denominado como “Tribunal de Cristo“, onde os santos serão galardoados.
  2. Julgamento de judeus e gentios no final da grande tribulação: ocorrerá na segunda fase da segunda vinda de Cristo, sete anos após a primeira fase, isto é, ao término da grande tribulação, e servirá como base para determinar questões acerca do milênio. Esse julgamento também é chamado de “Julgamento das Nações“.
  3. Julgamento geral dos ímpios após o milênio: esse será o juízo final, o julgamento do grande trono branco. Ele ocorrerá após a última revolta de Satanás que se dará ao fim do milênio. Muitos dispensacionalistas entendem que nesse julgamento, além dos anjos caídos, apenas os ímpios serão julgados, ou seja, será um julgamento exclusivo para condenação. Já para outros, também serão julgados os santos que morrerão durante o milênio.
Apesar das divergências, todas as correntes escatológicas concordam que após o juízo final se dará início ao estado eterno, com os ímpios condenados eternamente ao lago de fogo, e os santos reinando com Deus no novo céu e nova terra.

Quantos juízos finais ocorrerão?

Bem, como vimos anteriormente, há muita discussão a respeito da quantidade de julgamentos, e, dependendo da resposta dada a esta pergunta, automaticamente uma determinada posição escatológica passará a ser defendida.
Todavia, acredito que esse não deva ser um motivo de divisão entre os cristãos, ao contrário, devemos nos unir fielmente na esperança da chegada desse grande dia. Precisamos agir com respeito por quem pensa diferente de nós, lembrando que também são cristãos genuínos que amam a Palavra de Deus.
Para mim, considero herege apenas aqueles que negam a realidade do juízo final, a condenação eterna dos ímpios, e a eternidade dos santos com Deus. Particularmente entendo que a Bíblia sempre se refere ao juízo final como um único evento diretamente ligado a vinda de Cristo e a ressurreição geral dos mortos (Dn 12:2; Mt 7:22; 11:22; 12:41,42; 25:31-46; Jo 5:28,29; At 17:31; 24:14,15; Rm 2:5; 2Ts 1:7-10; 2Tm 1:12; 4:1,8; 2Pe 3:7; Jd 14; Ap 20:11-14).
Qualquer tentativa de se estipular dois, três ou mais julgamentos não encontra fundamentação bíblica. Geralmente tais argumentos são construídos valendo-se de versículos isolados ou pré-conceitos.
Muitos pré-milenistas dispensacionalistas insistem em afirmar que passagens como Mateus 25:31-46 e 2 Coríntios 5:10 se referem a julgamentos diferentes do julgamento do grande trono branco do capítulo 20 do Apocalipse.
Sobre a referência no Evangelho de Mateus, eles afirmam que se trata do julgamento das nações para o início do milênio, e quanto à referência da Epístola aos Coríntios, defendem que o Tribunal de Cristo é um julgamento exclusivo para os crentes, onde suas obras serão julgadas.
Primeiramente, precisamos admitir que no capítulo 25 de Mateus a ênfase no tema do juízo é notória. Entretanto, em tal passagem nada é dito acerca do milênio, e o fato das nações estarem reunidas perante o trono de Cristo, apenas mostra a completude e alcance desse julgamento, pois todos estarão diante do Senhor, isto é, ninguém escapará.
Fica claro também que o julgamento é individual, ou seja, as ovelhas são separadas dos bodes. Leia mais sobre isso na Parábola da Separação das Ovelhas e dos Bodes.
Já na passagem de 2 Coríntios 5:10, o apóstolo Paulo não está estabelecendo uma distinção entre “dias de julgamentos”. Entender assim é desconsiderar o contexto em que o capítulo está inserido, além de desconhecer o objetivo do próprio texto, onde Paulo está tratando acerca da habitação dos santos com o Senhor.
Em relação à referência ao julgamento presente no capítulo (vers. 10), Paulo não está falando sobre quando será o julgamento, mas sim sobre quem e o que será julgado. Na verdade, o próprio apóstolo nitidamente esperava um único dia de juízo (At 17:29-31; Rm 2:5-16; 2Ts 1:7-10; 2Tm 1:12).
Existem temas difíceis na Bíblia, e este é um deles. Porém, apesar de algumas coisas não estarem muito claras nas Escrituras, o que não há nelas são erros e contradições. A Bíblia sempre se refere a esse momento como “o dia do juízo“, não “os dias dos juízos“.
Portanto, não podemos isolar e forçar um texto bíblico desconsiderando todas as outras passagens acerca do assunto, a fim de construirmos um posicionamento teológico, pois isto resultaria numa aparente contradição. Como a Palavra de Deus é inerrante e infalível, certamente o erro está em nossa interpretação.

Quando ocorrerá o juízo final?

Depois que entendemos que haverá apenas um único juízo final, naturalmente surge a pergunta acerca de quando este julgamento ocorrerá. Vale lembrar que num certo sentido as pessoas são julgadas já no presente, isto é, de acordo com a resposta delas com relação a Cristo ainda em vida.
Isto foi o que Jesus ensinou a Nicodemos no Evangelho de João, ao dizer que “quem crê nele não é condenado, mas quem não crê já está condenado”. No original, o termo traduzido como “condenado” também significa “julgado”. Logo, quem não crê no nome do unigênito Filho de Deus já está julgado.
Isto implica na ideia de que o juízo de Deus já recai no presente sobre os incrédulos, porém isto não anula a verdade de que a Bíblia aponta para um julgamento futuro e final, que ocorrerá na consumação da História.
Sobre esse julgamento futuro, a Bíblia nos ensina que ele acontecerá no final da presente era, “no último dia” (Jo 12:48), precedendo imediatamente o estabelecimento do estado eterno.
Na Parábola do Trigo e do Joio, Jesus explicou que o julgamento se dará “na consumação deste mundo” (Mt 13:40). Segundo o próprio Jesus, esse momento ocorrerá por ocasião de Sua segunda vinda, quando “Ele se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas em sua presença, e ele separará uns dos outros…” (Mt 25:31,32).
O apóstolo Paulo também apontou exatamente para esse mesmo momento escrevendo à igreja em Tessalônica (2Ts 1:7-10). Segundo Paulo, esse será o dia em que o Senhor Jesus se manifestará desde o céu com os anjos do Seu poder, “com labareda, tomando vingança dos que não conhecem a Deus”.
apóstolo Pedro também falou sobre esse momento. Para ele, “os céus e a terra que agora existem pela mesma palavra se reservam como tesouro, e se guardam para o fogo, até o dia do juízo, e da perdição dos homens ímpios” (2Pe 3:7).
No versículo 10 do mesmo capítulo 3, Pedro esclarece que esse evento acontecerá no dia da vinda do Senhor, um dia que pegará o mundo iníquo de surpresa, pois “vira como ladrão”. Nesse dia se encerrará a presente era, e começará a eternidade com “novos céus e nova terra, em que habita a justiça”.
Apesar da Palavra de Deus nos esclarecer de maneira geral a ordem dos eventos, ela não nos revela o momento exato em que isto ocorrerá. Jesus falou que “daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, mas unicamente o Pai” (Mt 24:36). Entenda se Jesus não sabia a data de sua volta.
Embora não possamos estabelecer uma data, somos confortados de que a hora do juízo final já está marcada. No Evangelho de João lemos: “Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação” (Jo 5:28,29).

Qual será a duração do juízo final?

Esta pergunta é impossível de ser respondida sob os padrões de medida de tempo que conhecemos. A Bíblia se refere ao momento do juízo final como “o dia do juízo” (Mt 11:22), “aquele dia” (Mt 7:22; 2Ts 1:10; 2Tm 1:12) e “o dia da ira” (Rm 2:5).
Apesar de a Bíblia deixar claro que se trata de um único dia de juízo, nós não sabemos como o tempo funcionará nesse momento. Em outras palavras, não devemos entender o dia do julgamento final como um dia necessariamente de 24 horas, além do que, a Bíblia também usa a palavra “dia” para se referir a períodos mais longos.
O importante é que haverá tempo suficiente para que todos sejam julgados, de modo que tal julgamento acontecerá sem interrupções, imprevistos, recessos e adiamentos. O julgamento final só terminará quando todos os ímpios estiverem no lago de fogo, e os salvos acolhidos na bem-aventurança de Deus.

Onde ocorrerá o juízo final?

A Bíblia esclarece que o juízo final ocorrerá diante de um grande trono branco (Ap 20:11). No entanto, não se sabe onde estará este trono branco. Alguns estudiosos sugerem que estará na terra, enquanto outros defendem que estará no céu (ou nos ares). Os que preferem a terra, argumentam que seria mais lógico que o juízo final fosse aqui considerando a ressurreição dos mortos.
Já os que argumentam em favor das alturas, consideram que no livro do Apocalipse o trono de Deus sempre está no céu, não na terra, além de que dificilmente haveria lugar na terra para comportar todas as pessoas que já viveram deste que o mundo foi criado, de modo que se apresentem todas juntas diante do trono do juízo final.
Outros fazem um “combinado” das duas possibilidades, ou seja, defendem que os mortos ressuscitados estarão na terra e o trono branco estará nos ares, pairando sobre eles.
Particularmente, prefiro a sugestão de que o juízo final ocorrerá nas alturas, isto por considerar o momento de colapso e renovação em que o mundo a qual conhecemos estará submetido. Seja como for, o importante é que o julgamento final ocorrerá, embora a Bíblia não determine claramente o local em que se dará.

Quem será o juiz no juízo final?

Em algumas passagens bíblicas, o juízo é atribuído ao Pai (1Pe 1:17; Rm 14:10; cf. Mt 18:35; 2Ts 1:5; Hb 11:6; Tg 4:12; 1Pe 2:23). Entretanto, de forma geral o Novo Testamento aponta que Cristo será o Juiz.
No Evangelho de João, lemos que “o Pai ninguém julga, mas ao Filho confiou todo o julgamento” (Jo 5:22). O apóstolo Paulo no livro de Atos dos Apóstolos, disse aos atenienses que Deus “estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça por meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos” (Atos 17:31; cf. 2Co 5:10).
É importante entender que não há qualquer contradição acerca deste assunto. Basta nos atentarmos para a verdade bíblica de que nas obras divinas da criação, providência, redenção e finalmente no juízo, as três Pessoas da Trindade cooperam. Entenda o que é a Trindade na Bíblia.
Logo, Deus o Pai, por meio do Cordeiro, Jesus Cristo, será o juiz, ou seja, a honra de julgar os vivos e os mortos foi conferida a Cristo, que julgará todos os homens em nome de Seu Pai (Dn 7:13; Mt 13:40-43; 25:31,32,41-46; 26:64; 28:18; Jo 5:22-27; At 10:42; 2Co 5:10; Fp 2:9,10; 2Tm 4:1; Hb 9:27; 10:25-31; 12:23; 2Pe 3:7; Jd 6,7; Ap 20:11-15). Isto está de acordo com o fato de que foi Cristo quem se encarnou, morreu e ressuscitou. Saiba mais sobre quem é Jesus.
Os salvos são aqueles que creem nEle, e os condenados são aqueles rejeitam a Ele. Por isso é mais apropriado que Ele mesmo julgue tais pessoas. Isso também será um tipo de recompensa por seu trabalho realizado como Mediador, e a exaltação final de Seu trinfo maior. Este será o momento em que o Cordeiro consumará todas as coisas, subjugará todos os seus inimigos e entregará o Reino a Deus Pai (1Co 15:24).

Quem participará do julgamento final?

A Bíblia claramente afirma que os anjos estarão associados a Cristo no juízo final (Mt 13:41,42; 24:31; 2Ts 1:7,8; Ap 14:17-20). O papel desempenhado por eles será o de reunir os ímpios para o juízo diante do trono e os lançar no lago de fogo.
Outras passagens bíblicas também afirmam que os santos, em seu estado glorificado, também participarão ativamente do julgamento (Sl 149:5-9; 1Co 6:2,3). A Bíblia não é muito clara sobre como será essa participação, porém é muito provável que seja no sentido de louvar e reconhecer a integridade dos juízos de Cristo (Ap 15:3,4).

Quem será julgado no juízo final?

A Bíblia nos informa que todos os anjos caídos serão julgados no juízo final (Mt 8:29; 2Pe 2:4; Jd 6). Além dos anjos caídos, todos os seres humanos, de todas as épocas e gerações, também comparecerão diante do grande trono branco para serem julgados.
Apocalipse 20:12 deixa claro que não haverá nenhuma exceção, pois todos, “os grandes e os pequenos” estarão diante de Deus. Considerando que não haverá outro julgamento, e que todas as pessoas estarão diante do trono branco, logicamente os santos também estarão.
O ensino que afirma que os salvos não comparecerão no juízo final não encontra base bíblica. O Novo Testamento ensina explicitamente que os ímpios e os santos serão julgados no mesmo dia de juízo.
No Evangelho de Mateus, Jesus disse aos escribas e fariseus incrédulos que os ninivitas que se arrependeram nos dias do Profeta Jonas se levantarão juntamente com eles no juízo, com a diferença de que eles não receberão condenação, ao contrário, condenarão os ímpios daquela geração (Mt 12:41,42).
Relembrando a passagem já citada aqui de 2 Coríntios 5:10, o apóstolo Paulo foi claro ao dizer que “todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal”.
Como já discutimos, Paulo não está falando de um outro dia de juízo, mas apenas do único dia do juízo final pela qual ele aguardava. Lembrando que ele sempre se refere a esse julgamento como “aquele dia” (2Ts 1:6-10; 2Tm 4:1,8; cf. At 17:31).
Na Carta aos Romanos (cap. 14:10), o mesmo Paulo escreve que “todos compareceremos perante o tribunal de Deus”. Tiago, em sua epístola, adverte sobre a responsabilidade que está sobre aqueles que ensinam a Palavra de Deus, pois estes serão “julgados com maior rigor” (Tg 3:1). Na Epístola aos Hebreus (cap. 10:30) lemos que “o Senhor julgará o seu povo” (cf. 1Pe 4:17).
Outro fato que nitidamente demonstra que os salvos também estarão participando do juízo final é a abertura do livro da vida (Ap 20:12,15). O livro da vida será aberto e mostrará de uma forma indiscutível a diferença entre os salvos e o incrédulos, entre as ovelhas e os bodes. Entenda o que é o Livro da Vida.
Os que não tiverem seu nome registrado no livro da vida serão lançados no lago de fogo, que é a segunda morte. Somente os salvos é que terão seus nomes escritos nesse livro (Fp 4:3; Ap 13:8; 17:8; 20:15; 21:27; cf. Lc 10:20).
Apesar de a Igreja comparecer diante do tribunal de Cristo, ela não deve temer o dia do juízo final. Conforme vimos acima, os nomes dos santos estão escritos no livro da vida, ou seja, não há qualquer condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus (Rm 8:1).
O apóstolo João, em sua primeira epístola, nos ensina que aqueles que estão em Deus podem ter confiança no dia do juízo (1 Jo 4:17). Além dessa passagem também reafirmar que os salvos serão julgados, ela explica que para eles não há o que temer.
O dia do juízo final será de terror para uns e de grande alegria para outros. Enquanto os ímpios receberão a condenação eterna, os santos serão salvos pelos méritos de Cristo no “dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus” (Rm 2:5). Jesus é quem nos livra da ira futura (1Ts 1:10).

O que será julgado no juízo final?

No juízo final serão julgadas todas as coisas que foram feitas durante a vida presente, quer sejam más, quer sejam boas (2Co 5:10). Isto inclui:
  • As obras: o livro do Apocalipse diz que “os mortos foram julgados segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos livros” (Ap 20:12). O mesmo ensino encontramos em várias outras referências bíblicas (Mt 25:35-40; Ef 6:8; Hb 6:10; cf. 1Co 3:8; 1Pe 1:17; Ap 22:12). Aqui também podemos incluir a questão da omissão, ou seja, as vezes que erramos por deixarmos de fazer algo.
  • As palavras: Jesus foi claro ao dizer que “de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no dia do juízo” (Mt 12:36).
  • Os pensamentos: o apóstolo Paulo escreveu dizendo que quando o Senhor vier, “não somente trará à plena luz as coisas ocultas das trevas, mas também manifestará os desígnios dos corações” (1Co 4:5; cf. Rm 2:16).
Resumindo, podemos dizer que no dia do juízo final não há nada que agora esteja escondido que não será revelado (Lc 12:2; Mt 6:4,6,18; 10:26; 1Tm 5:24,25). O julgamento de todas as coisas feitas pelos homens em vida, enfatiza a realidade da responsabilidade humana ensinada na Bíblia.

Qual será o critério de julgamento no juízo final?

Primeiramente, precisamos ressaltar que a eternidade ao lado de Deus, ou a condenação eterna no lago de fogo, dependerá exclusivamente se a pessoa estará vestida com a justiça de Cristo, ou seja, sem a justificação pela fé em Cristo Jesus será impossível ser absolvido no juízo final.
Em outras palavras, em nenhuma hipótese há qualquer salvação fora de Cristo (Jo 3:16; 14:6; At 4:12; 1Co 3:11). O critério para a salvação não são as obras, mas a graça.
Apesar de as obras serem julgadas no juízo final, fica clara a intima ligação que há entre fé e obras, no sentido de que a verdadeira fé revela a si própria nas obras, ou seja, as obras são a evidência da fé. Logo, se alguém possui a fé verdadeira, necessariamente produzirá boas obras (Mt 7:21; Tg 2:18-26).
Estabelecido este princípio, agora podemos dizer que o critério de julgamento no juízo final será basicamente o conhecimento da vontade revelada de Deus. A Bíblia nos mostra que algumas pessoas recebem uma revelação maior da vontade de Deus do que outras (Mt 11:20-22).
Esta verdade nos leva ao fato de haverá graus de castigos e também graus de glória. Jesus falou exatamente sobre este ponto no Evangelho de Lucas, ao ensinar que “o servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites; mas o que a não soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado. E, a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá” (Lc 12:47,48).
Perceba que Jesus ensinou que quanto maior a revelação que alguém recebe acerca da vontade de Deus, maior será a sua responsabilidade. Se a passagem acima revela que haverá graus de sofrimento para os perdidos, outras passagens também revelam que haverá graus de gloria para os santos, como por exemplo, em 1 Coríntios 3:10-15, onde o apóstolo Paulo trata da questão dos galardões.
Portanto, as pessoas serão julgadas com base na quantidade de conhecimento receberam acerca da vontade de Deus, e como reagiram ao conhecimento que receberam.
Dando um exemplo prático, uma pessoa que teve a revelação da vontade de Deus apenas no Antigo Testamento, será julgada de acordo com sua reação ao Antigo Testamento. Vale lembrar que o Antigo Testamento aponta para Cristo, e que homens de Deus, no Espírito de Cristo, pregaram a justiça (1 Pe 1:10,11; 3:18-20; 4:6).
Já quem recebeu a revelação completa da vontade de Deus, isto é, tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento, será julgado por sua reação a toda a Escritura. Logo, os santos da antiga dispensação viveram pela fé na promessa que haveria de vir, e nós, da nova dispensação, vivemos pela fé no cumprimento da promessa. De igual modo, todos nós seremos julgados por isso.
Há também aqueles que não receberam essa revelação especial de Deus através das Escrituras. Paulo fala sobre estas pessoas em sua Carta aos Romanos, e diz que todos eles são indesculpáveis, pois apesar de não terem recebido a revelação especial de Deus, ignoraram a clara revelação dEle na natureza e na consciência, e não O honraram como Deus (Rm 1:18-21).

Os galardões no Juízo Final

Como pudemos ver, no juízo final o ímpio receberá sua condenação com diferentes graus de castigo, e o santo receberá seu galardão com diferentes graus de glória.
A Bíblia afirma que os salvos serão galardoados (Mt 5:11,12; 6:19-21; 25:23; Mc 9:41; Lc 6:35). Os galardões serão distribuídos segundo as obras de cada um. Isto é o que o Apóstolo Paulo afirmou em 1 Coríntios 3:10-15.
Nesta passagem, Paulo utilizou seis materiais para exemplificar a forma com que os santos constroem suas obras, sendo eles: ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno e palha. Paulo também deixou claro que o fundamento sobre o qual todos devem construir é um só: Jesus Cristo. Depois, Paulo fala que a obra de cada um será testada pelo fogo, uma clara referência ao dia do juízo de Deus.
O apóstolo completa dizendo que “se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá galardão; se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo” (1Co 3:14,15).
Paulo está falando exatamente sobre o fato de que cada cristão terá de prestar contas do que fez com a revelação de Deus em Seu Filho. O cristão fiel e aplicado, que serve a Deus com diligencia e comprometimento, será graciosamente recompensado por Deus com galardão.
Já o cristão que age com negligência, será punido, sofrerá dano e terá suas obras queimadas. Apesar disto, por Sua infinita graça, Deus lhe concede o dom da salvação. Note que o tipo de material com que cada um construiu foi importante para o recebimento do galardão, mas o determinante para a salvação foi o fundamento sobre o qual os edificadores construíram, ou seja, ambos são salvos pela graça, pois de nada adiantaria construir com ouro sobre outro fundamento que não seja Cristo.
Outro ponto importante é entender que os galardões são dons da graça de Deus, ou seja, são presentes d’Ele para nós, e não conquistas nossas, pois por melhor que pareçam ser as nossas obras, aos olhos de Deus nenhuma delas é digna de honra (Lc 17:10). Se receberemos galardões, isso também é graça.

Quais são os propósitos do juízo final?

Podemos citar alguns propósitos principais que explicam a necessidade acerca do juízo final:
  • O juízo final mostrará a soberania de Deus e a Sua glória na revelação do destino eterno de cada pessoa que já existiu sobre a face da terra, e no desfecho final da presente era. Na condenação dos ímpios, a justiça de Deus será exaltada, bem como Sua graça será exaltada na salvação dos santos.
  • O juízo final será o momento em que Cristo e seu povo serão publicamente vindicados. Todos os homens verão aquele a quem crucificaram em grande esplendor e glória. Agora, aquele a quem eles julgaram os julgará.
  • O juízo final revelará o grau de punição ou de gloria (galardões) que cada um vai receber.
  • NO juízo final cada pessoa será designada ao devido lugar em que passará a eternidade, isto é, ou o novo céu e a nova terra ou o lago de fogo.

Qual o significado do juízo final?

O juízo final significa, sobretudo, que a História não é conduzida pelo acaso. Nada do que acontece escapa do conhecimento de Deus, pois Ele é soberano, e é Ele quem governa a História.
O dia do juízo final mostrará o grande triunfo de Deus e de Sua obra redentora, ou seja, a conquista final e decisiva sobre todo mal, e a revelação máxima da vitória de Cristo, o Cordeiro que foi morto. O juízo final revelará e provará ao mundo que a vontade de Deus será executada perfeitamente, e que nenhum de Seus planos poderá ser frustrado.
Apóstolo.Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante

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