O APÓSTOLO PAULO ESCREVENDO SOBRE
AS MULHERES...
“... Conservem-se as mulheres caladas nas igrejas, porque não
lhes é permitido falar, mas estejam submissas como também a lei o determina.” 1
Coríntios capítulo 14, versículo 34
Este texto, escrito pelo apóstolo Paulo cerca de 1.950 anos
atrás, tem sido explorado de forma muito negativa. Homens machistas têm se
apoiado nele para negar às mulheres um papel mais relevante dentro das igrejas
cristãs – tanto assim, que algumas igrejas impedem até hoje que as mulheres
sejam ordenadas sacerdotes ou mesmo ensinem a Bíblia (a não ser para outras
mulheres).
Negar às mulheres o direito a ter um papel de liderança nas
igrejas equivale a desprezar as vocações e dons da esmagadora maioria dos seus
membros – não podemos esquecer que as mulheres somam de 65 a 80% dos membros
das igrejas evangélicas segundo todos os levantamentos feitos. A postura de
discriminação das mulheres, além de cruel e injusta, empobrece as igrejas,
privando-as de talentos que poderiam ser extremamente úteis.
Por causa desse estado de coisas, muitos(as) intelectuais e boa
parte da mídia acusam o cristianismo em geral (e o apóstolo Paulo em
particular) de discriminação contra a mulher. E tal crítica sem dúvida
contribui para afastar muitas pessoas bem intencionadas da fé cristã.
O que Paulo realmente disse
Temos aí mais um caso, dentre muitos outros, em que o texto da
Bíblia é completamente distorcido. Paulo não era machista e nunca pretendeu
afastar as mulheres da liderança da igreja cristã, até porque, na sua época,
inúmeras mulheres já exerciam esse papel (Romanos capítulo 16, versículos 1 a
16).
O erro de interpretação se deve sobretudo pela diferença de
perspectiva cultural entre a época em que Paulo viveu e os dias de hoje.
Naquele tempo, a maioria dos homens sabia ler e as mulheres não. Os homens eram
educados para participar de cerimônias públicas, inclusive as de cunho
religioso, e as mulheres para ficar em casa, realizando trabalhos domésticos,
num ambiente informal.
Ora, com o advento do cristianismo as mulheres passaram a ter
participação religiosa muito mais ativa, quando comparado, por exemplo, ao
judaísmo. Mas essa participação maior e mais livre gerou um problema: as
mulheres, de forma geral, não tinham o traquejo social necessário para se
comportar adequadamente durante as cerimônias religiosas.
Acostumadas apenas com atividades domésticas, onde lhes era
permitido falar a qualquer momento, fazer brincadeiras, etc, elas tinham
dificuldade de se comportar adequadamente durante os cultos, bem mais solenes,
marcados por um ritual. Em outras palavras, havia um problema localizado,
gerado pela falta de traquejo social das mulheres dentro daquele contexto
social. Era uma questão daquela sociedade e presente naquela época.
O que Paulo fez no texto acima foi um comentário admoestando as
mulheres a se comportar melhor durante os cultos. Ele não estava em absoluto se
referindo ao papel das mulheres no ministério cristão de uma forma geral.
Ensinou que durante as cerimônias religiosas não era momento para as mulheres
ficarem conversando e nem mesmo para tirarem dúvidas sobre o que estava sendo
dito.
No que tange a essa última questão, Paulo alegou (versículo 35)
que as mulheres deviam contar com seus maridos para esclarecer suas dúvidas,
pois os homens eram mais versados na interpretação da Bíblia.
Ora, tudo isso faz amplo sentido e nada tem de discriminação
contra a mulher. Paulo fez apenas recomendações cheias de bom senso. Portanto,
erram tanto aqueles (as) que se aproveitam do texto para limitar o ministério
feminino dentro das igrejas cristãs, como também os (as) que querem pregar no
cristianismo o rótulo do machismo.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciência da Religião
Dr. Edson Cavalcante
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