COMO POSSO MANEJAR A ESPADA COM O POLEGAR
AMPUTADO...
Juízes 1.5-7
“Em Bezeque, encontraram Adoni-Bezeque e pelejaram contra ele; e
feriram aos cananeus e aos ferezeus. Adoni-Bezeque, porém, fugiu; mas o
perseguiram e, prendendo-o, lhe cortaram os polegares das mãos e dos pés.
Então, disse Adoni-Bezeque: Setenta reis, a quem haviam sido cortados os
polegares das mãos e dos pés, apanhavam migalhas de baixo da minha mesa; assim
como eu fiz, assim Deus me pagou. E o levaram a Jerusalém, e morreu ali.”
Contexto Histórico de Juízes[1]
Juízes cobre um período caótico na história de Israel: cerca de
1380 a 1050 aC. Sob a liderança de Josué, Israel conquistou e ocupou de forma
geral a terra de Canaã, mas grandes áreas ainda permaneceram por ser
conquistadas pelas tribos individualmente. Israel praticava continuamente o que
era mau aos olhos do Senhor e “não havia rei em Israel, porém cada um fazia o
que parecia reto aos seus olhos” (21.25). Ao servirem de forma deliberada a
deuses estranhos, o povo de Israel quebrava a sua aliança com o Senhor. Em
consequência, o Senhor os entregava nas mãos dos opressores. Cada vez que o
povo clamava ao Senhor, este, com fidelidade, levantava um juiz a fim de prover
libertação ao seu povo. Estes juízes, a quem o Senhor escolheu e ungiu com o
seu Espírito, eram militares e civis. O Livro de Juízes não olha apenas
retroativamente para a conquista de Canaã, liderada por Josué, registrando as
condições em Canaã durante o período dos juízes, mas também antecipa o
estabelecimento da monarquia em Israel.
Israel estar sem um líder. Josué começa com um líder e juízes
termina sem um líder. Os dois livros começam com a mesma narrativa, narrando a
morte de um líder. A diferença é que em Josué, depois da morte de Moisés, Deus
levanta Josué. Em juízes, Deus levanta um líder. Em Josué foi Deus quem
escolheu a Josué, mas em juízes, deus não teve a primazia de escolher um líder;
“não havia rei em Israel, porém cada um fazia o que parecia reto aos seus
olhos” (21.25).
Adoni-Bezeque era um rei cananeu, um rei ímpio que não fazia
parte do povo de Deus. Ao rei vencido cortava os polegares das mãos e dos pés e
punha para viver como cão embaixo da sua mesa. Era perverso. Este rei reconheceu
que Deus lhe pagou na mesma moeda. Ele reconheceu que o seu castigo não veio
dos homens, mas veio de Deus.[2]
Este era o inimigo a ser enfrentado pelos hebreus de Judá, um
inimigo cruel que humilhava reis conquistados cortando seus polegares. O texto
em apreço relata o seu destino tendo o mesmo fim que seus reis subjugados. De
acordo com a ciência, 40% do peso do corpo está sustentado sobre os polegares
dos pés. Isto nos faz entender algumas lições as quais quero compartilhar com
os meus irmãos/amigos.
1. SEM OS POLEGARES DOS PÉS
a. Perdemos o
equilíbrio
Uma metáfora para aclarar a ideia de uma pessoa desequilibrada,
é a de um ébrio, uma pessoa dominada pelo álcool. Sem equilíbrio é impossível
nos mantermos em pé. Permanecermos na posição de combate para enfrentarmos o
inimigo que ruge como leão procurando nos devorar.
Ah! Santos de Deus que não sejamos desequilibrados, mas, que
tenhamos nos lábios o cântico do salmista; “tirou os meus pés de um lamaçal de
pecado, de um charco de lodo e firmou os meus pés sobre uma rocha e pôs nos
meus lábios um novo cântico.”
b. Não chegamos muito
longe
Muitos estão estagnados, não saem mais do calabouço. Não
conseguem sair do lugar. Não avançam para a conquista, para tomarem posse das
bênçãos do SENHOR. Sem os polegares a Igreja não progride em missões, não pode
ser qualificada como tendo os “pés formosos”.
Deus deseja que marchemos. Sigamos avante, prossigamos, há
muitas terras para se conquistar. Precisamos nos mover, prosseguir para o alvo,
mas jamais conseguiremos se tivermos com os polegares dos pés cortados. Até nos
movemos, mas não o suficiente para fugirmos das astutas ciladas do diabo. Unge
o teu pé, unge a tua mão e teus olhos, Deus tem bênçãos para os filhos que
permanecem nos seus estatutos.
2. SEM OS POLEGARES DAS MÃOS
a. Não podemos mais
segurar a espada
Esse é o desejo de satanás, que muitos crentes não tenham mais
habilidade com as armas do Espírito, não manuseiem mais a Espada do Espírito.
Precisamos da Palavra. Somente por ela é que satanás é vencido. Jesus usou a
Palavra para vencê-lo na tentação do deserto. É pela Palavra que guardamos o
nosso coração para não pecarmos contra o Senhor. É ela que clareia o nosso
caminho e ilumina os nossos pés.
b. Não trabalhamos
com eficiência
Podemos até fazer alguma coisa, mas, com deficiência, sem o
resultado devido, esperado. É o que nós vemos hoje, pessoas que estão na
igreja, é ministro, embaixadores do reino, mas, não produzem. Não granjeiam
talentos, não ganham almas. Fala bonito com sua oratória, mas não convence com
a Palavra. Cuidam bem da aparência, mas, não cuidam do espírito.
3. SEM OS POLEGARES VIVEREMOS DEBAIXO DA MESA DO INIMIGO
Os homens do verso 7, eram reis, não eram pessoas comuns. Eram
homens de história, que tinham conquistado povos, que tiveram glória, honra.
Homens que sentaram num trono que possuíam riquezas e eram homens de sucesso.
Mas, agora, eram homens com os polegares cortados que viviam comendo as
migalhas que caiam da mesa do seu inimigo.
Não deixe que o inimigo toque nos teus polegares, eles são os
que ajudam a marchar a prosseguir, te dão habilidades. Cuida deles caso
contrário, serás subjugado debaixo da mesa do teu inimigo.
CONCLUSÃO
Deus uma palavra de ânimo para o seu coração. Mesmo em meio ao
caos espiritual e moral de Judá, vemos nitidamente o Espírito Santo em ação.
Deus até permite que seu povo sofra por abandoná-lo, negligenciar sua obra,
mas, há promessas, há solução. Há o Espírito de Deus que o mundo não conhece,
mas que habita em nós, assim como agiu no tempo dos juízes, agirá hoje e até
que Cristo venha.
A atividade do Espírito Santo do Senhor no Livro de Juízes é
claramente retratada na liderança carismática daquele período. Os seguintes
atos heróicos de Otniel, Gideão, Jefté e Sansão são atribuídos ao Espírito do
Senhor:
v O Espirito do Senhor
veio sobre Otniel (3.10) e o capacitou a libertar os israelitas das mãos de
Cusã-Risataim, rei da Síria.
v Através da presença
pessoal do Espírito do Senhor, Gideão (6.34) libertou o povo de Deus das mãos
dos midianitas. Literalmente, o Espírito do Senhor se revestiu de Gideão. O
Espírito do Senhor capacitou este líder escolhido por Deus e agiu através dele
para implementar o ato salvífico do Senhor em benefício do seu povo.
v O Espírito do Senhor
equipou Jefté (11.29) com habilidades de liderança no seu empreendimento
militar contra os amonitas. A vitória de Jefté sobre os amonitas foi o ato de
libertação do Senhor em benefício de Israel.
v O Espírito do Senhor
capacitou Sansão e executar atos extraordinários. Ele começou a impelir Sansão
para sua carreira (13.25). O Espírito veio poderosamente sobre ele em várias
ocasiões. Sansão despedaçou um leão apenas com as mãos (14.6). Certa vez matou
trinta filisteus (14.19) e, em outra ocasião, livrou-se das cordas que
amarravam as suas mãos e matou mil filisteus com uma queixada de jumento
(15.14,15).
O mesmo Espírito Santo que deu condições a esses libertadores
para que fizesse façanhas e cumprissem os planos e propósito do Senhor continua
operante ainda hoje.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciência da Religião
Dr. Edson Cavalcante
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