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terça-feira, 10 de agosto de 2021

TRINTA MOEDAS DE PRATA

 

TRINTA MOEDAS DE PRATA

Como o evangelista Mateus faz essa transição? Jesus se dedicou a ensinar os seus discípulos acerca da queda e destruição de Jerusalém, os sinais do fim dos tempos, seu retorno triunfal na grande tribulação e por fim o tribunal final, onde ele vai separar as ovelhas dos bodes. De um lado os crentes receberão salvação, de outro os incrédulos receberão juízo. Um grupo receberá a misericórdia, o outro receberá o juízo.

Como vimos, este dia será glorioso. É o glorioso dia do Senhor, onde o filho do homem há de se assentar no trono glorioso de juízo. Pois bem, veja comigo agora a ironia. Estamos chegando na última parte deste evangelho e, como sabemos, cristo será julgado. Isso não soa estranho para você? De fato, poucos indivíduos se apresentam na história com tanta ironia como a vida e obra de Cristo. E interessante que Mateus sabia deste fato. Ele parte do Cristo glorioso julgando toda a terra no dia do juízo final para o Cristo que começa a ser julgado por homens maus.

Não é esta a vida e ministério de Cristo?! Cristo passou fome, mas alimentou multidões.

Jesus cansou-se, mas deu alívio para os cansados e sobrecarregados. Ainda que fosse Rei, pagou o seu tributo. Ele foi chamado de endemoniado, todavia expulsou muitos demônios. Ele morreu a morte de um pecador para salvar o pecador de seus pecados. Não transformou pedra em pão para benefício de si próprio quando foi tentado pela serpente, mas deu o seu corpo como pão para os eu povo.

A vida de Cristo e seu ministério é uma grande ironia. Uma ironia da ironia. E Mateus compreende isso e parece que propositalmente expõe isso aqui. Passamos de sala do trono de juízo de Cristo, para o palácio do sumo sacerdote onde homens começam a maquinar como crucificá-lo.

Mas, como veremos, não no meio de tudo isso não somente conspirações e traições. Há também devoção e adoração de uma mulher que, segundo Jesus, seu nome e sua ação ficaria registrado para sempre no evangelho.

Mateus nos apresenta nessa noite a impossibilidade de neutralidade com relação a Jesus. Diante dele, os homens possuem diferentes reações. Contudo não é possível não ter reação alguma: as autoridades religiosas querem matá-lo, uma mulher demonstra seu amor a ele, e Judas o trai com 30 moedas de prata.

Desta maneira Mateus confronta o leitor com a necessidade de tomar uma posição diante de Jesus. Ninguém pode ficar neutro diante da sua presença. A pergunta é: Quanto vale Jesus para você? Quanto Vale Jesus para esses personagens que aprecem no texto desta noite? Vejamos:

1° Quanto vale Jesus para Caifás? Vs 1-5
O capítulo inicia, dizendo: Tendo dito essas coisas, disse Jesus aos seus discípulos: “Como vocês sabem, estamos a dois dias da Páscoa, e o filho do homem será entregue para ser crucificado” (vs 1,2).

Tendo chamado os discípulos a sós, Jesus revelou o que desde sempre havia sido decretado e planejado na eternidade passada. Jesus anuncia ao coração dos discípulos que sua morte está mais perto do que nunca, somente há dois dias. Por qual motivo? Em primeiro lugar, obviamente para preparar-lhes o coração para os desdobramentos seguintes, todos eles acontecendo muito rápido num pequeno espaço de tempo de apenas dois dias; Em segundo lugar, para assegurar a todos os discípulos que tais eventos não vão sair, nem mesmo por um milésimo de segundo sequer, dos poderosos decretos do Senhor. Jesus anuncia aos discípulos que ele será crucificado. Todavia, ele será crucificado porque isso está decretado por Deus, e não porque homens maus simplesmente querem matá-lo. Ora, quem pode atentar contra a vida do Senhor Deus? Quem pode tirar-lhe a vida?

Contudo, enquanto Jesus se reuni com seus discípulos, uma outra reunião acontece. Os fariseus, os chefes dos sacerdotes e escribas se reúnem no palácio do sumo sacerdote Caifás. Jesus prepara o coração dos seus discípulos enquanto Caifás prepara o coração de outros traidores para maquinar contra Jesus. O plano é que Jesus seja morto depois da Páscoa: “Naquela ocasião os chefes dos sacerdotes e os lideres religiosos do povo se reuniram no palácio do sumo sacerdote, cujo o nome era Caifás, e juntos planejaram prender Jesus à trairão e mata-lo. Mas diziam: Não durante a festa, para que não haja tumulto entre o povo” (vs 3-5)

A liderança dos sacerdotes tem um grande dilema. Querem prender e matar Jesus, mas está perto da Pascoa. Eles querem deter Jesus, querem calá-lo, querem dar um basta e sua vida e no seu ministério, mas a pascoa está há dois dias e Jerusalém já começou a receber os turistas e viajantes que vinham de todos os lados. O problema é que perceberam que, se Jesus for morto na Páscoa, a multidão podem armar um levante.

Por isso eles ficariam cercados com a reação do povo.

Mas a vontade do homem nunca prevalece. Ele nunca se sobrepõe a vontade de Deus. Deus não queria que Jesus fosse morte antes da Páscoa e nem mesmo depois, mas durante Páscoa, exatamente na sexta feira quando o cordeiro pascal era imolado. Ora, Cristo é o verdadeiro, maior e melhor cordeiro pascal, morto e entregue para o pecado do seu povo. Os homens pensam que estão no controle, mas não estão. Não estão, nunca estiveram e nunca estarão. O tempo e as ações, todas elas, estão predeterminadas por Deus que controla todas as coisas. Caifás e seus amigos tentaram adiar a morte de Jesus. O que lhe impediu? Os decretos de Deus. Jesus disse em João 10:17,18: Porque eu dou a minha vida para retomá-la. Ninguém a tira de mim, mas eu a dou por minha espontânea vontade. Tenho autoridade para dá-la e para retomá-la. Esta ordem recebi de meu Pai”.

Nos decretos de Deus, a crucificação de Cristo será durante a Páscoa. Caifás pensou que no controle, mas nunca esteve. A morte de Cristo, antes de ser plano de Caifás e seus comparsas, foi plano de Deus. Lá no capítulo 20: 17, Jesus já havia anunciado o que aconteceria em Jerusalém: “Enquanto estava subindo para Jerusalém, Jesus chamou em particular os doze discípulos e lhes disse: “Estamos subindo para Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos chefes dos sacerdotes e aos mestres da lei. Eles o condenarão à morte e o entregarão aos gentios para que zombem dele, o açoitem e o crucifiquem.

No terceiro dia ele ressuscitará! ” (Mt 20:17-19).

Veja comigo que a cruz que entraria na história em dois dias, sempre esteve presente no coração de Jesus. Ele conhece e sabe muito bem a sua missão e destino. Todas as movimentações com todos os seus detalhes, Cristo já vislumbrava desde da fundação do mundo.

Desde a eternidade passada, Cristo já havia sido conhecido como cordeiro morto antes da criação do mundo 1Pe 1:18-20: “Pois vocês sabem que não foi por meio de coisas perecíveis como prata ou ouro que vocês foram redimidos de sua maneira vazia de viver, transmitida por seus antepassados, mas pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem mancha e sem defeito, conhecido antes da criação do mundo, revelado nestes últimos tempos em favor de vocês”.

Eis aqui o que, por toda a eternidade, esteve no coração de Jesus: a sua entrega vicária na cruz do calvário; o seu amor doador demonstrado em cravos fincados em suas mãos e pés; o seu serviço e missão visto no seu corpo suspenso numa crua romana. A trama é de Caifás, mas o decreto é de Deus!

Todavia, quanto vale Jesus para Caifás? Ora, Jesus vale menos que prestigio da multidão. Para Caifás, Jesus vale menos que a predileção do povo. Ele não quer matar Jesus durante a páscoa porque sabe que sua reputação vai cair dramaticamente.

2° Quanto Jesus vale para Judas? Vs 14-16
Para Caifás Jesus valia menos do que a sua reputação, sua predileção e prestigio entre a multidão. E para Judas Escariotes? Diz o texto no verso 14, Judas procurou os chefes dos sacerdotes a fim de entregar o seu mestre e amigo Jesus: Então, um dos Doze, chamado Judas Iscariotes, dirigiu-se aos chefes dos sacerdotes e lhes perguntou: O que me darão se eu entregar a vocês? E lhe fixaram o preço: trinta moedas de prata. Desse momento em diante passou a procurar uma oportunidade para entrega-lo.

Perceba que Mateus enfatiza que ele era um dos Doze. Judas Escariotes, um discípulo de Jesus. Alguém que foi chamado para entrar na escola apostólica, nomeado pelo próprio Jesus. Judas presenciou milagres, ouviu todos os sermões de Jesus e caminhou com ele em toda Judéia, Galiléia e Samaria por três anos. Foi amado e ensinado juntamente com todos os outros. Todavia, judas era um filho da perdição (Jo 17:2).

Judas deu ouvidos ao diabo e se deixou levar pelas suas amargas ambições. Jesus anunciou que seria morto e somente depois, então Judas, o entrega para os sacerdotes. Ele desejou fazer parte daquilo. Obviamente, ele foi predeterminado a isso, como filho da perdição, contudo os decretos de Deus não o isentam de responsabilidade. Na calada da noite, ele vfoi ao encontro dos chefes dos sacerdotes, escribas e fariseus e perguntou: O que eu ganho se eu disser onde ele está? O que eu ganho se eu disser caguetar Jesus e lhes apontar o exato momento e o lugar ideal para vocês o pegarem? O que podem me dar se eu o identificar para seus soldados?

Diz o texto de Marcos 14:11 que os principais sacerdotes se alegraram com a disposição do traidor e ali mesmo foi acertado o valor: trinta moedas de prata. Perceba comigo que Judas não dá ao menos uma contraproposta. Pra ele é razoável o valor. Lhe caiu bem aos ouvidos. É muito provável que se eles oferecessem menos ele até mesmo aceitaria, sem problema.

A pergunta ainda persiste: quanto vale Jesus? Para Judas, Jesus vale menos que trinta moedas de prata. A pergunta é: Quanto é 30 moedas de prata? Existem duas possibilidades. Se fossem moedas de ciclos, seriam equivalente a mais ou menos 120 dias de trabalho. Se fossem denários, seriam o equivalente ao salário de 30 dias de serviço de um soldado ou de trabalho manual. Portanto, existem essas duas possibilidades: No máximo 120 dias de trabalho, no mínimo 30 dias de trabalho. De qualquer maneira, Judas valia menos do que aquelas 30 moedas de prata.

Interessante saber que em Êxodo 21:32, 30 moedas de prata de ciclo, o de maior valor, era o preço máximo que se poderia pagar num escravo que havia sido chifrado por um boi. Ou seja, para Judas, Jesus valia menos do que um escravo doente, manco e de osso quebrado. Jesus valia menos do que um escravo inválido. Por uma soma tão miserável, Judas traiu o seu mestre.

3° Quando Jesus valia para Maria. Vs 6-13
Enquanto que para Caifás, Jesus valia seu prestigio, e para Judas, menos que 30 moedas de prata, para Maria, Jesus valia tudo! Depois do sermão escatológico, Jesus se dirigiu para o pequeno povoado de Betânia. Jesus está na casa de Simão, o leproso. Obviamente que este era o como este homem era conhecido. Ninguém poderia estar na casa de um leproso a não ser que este fosse curado. Por isso, presumisse que Jesus conhecia este homem porque ele foi agraciado por seu milagre. Nesta ocasião estavam presentes ao menos 16: Jesus, os doze, o anfitrião Simão, Lazaro e Marta (12:2) e Maria. Por se tratar do pequeno povoado de Bateria, pelo falo de Lazaro estar junto na ocasião, é muito provável que esta Maria aqui é Maria, irmã de Marta e Lazaro.

O que aconteceu na casa de Simão, o leproso de Betânia? A casa era espaçosa, grande com uma mesa de centro no meio da sala. Todos estão em círculos e inclinados, como que deitados de bruços. No meio da reunião, enquanto todos jantavam, Maria, carregando sobre a sua cabeça um alabastro de nardo, se aproxima por trás de Jesus. O que ela faz? Ela quebra o gargalo de barro, e derrama sobre o corpo de Jesus o seu caro perfume. João 12:2, diz que ela se colocou de joelhos e ainda enxugou os pés de Jesus com seus cabelos, fazendo com a casa se enchesse com fragrância do perfume.

O nardo era produto caro, importado da Índia. Todo o seu conteúdo foi derramado sobre os pés de Jesus. Quando Maria fez isso, Judas Iscariotes protestou dizendo: Por que você fez isso? Poderia vender esse perfume e dar aos pobres, seria melhor utilizado! O texto de João diz que Judas Iscariotes se indignou porque o perfume de farto era caro, valia 300 denários, o equivalente ao salário anual de um trabalhador comum.[1]

Mas Judas estava enganado. O perfume derramado aos pés de Jesus, para Maria, não valia 300 denários, valia mais. É possível que o perfume fosse a soma de todas as suas economias. Ao ungir Jesus com seu perfume e usar os seus cabelos como tolha, esta mulher se quebranta diante de Jesus e se humilha perante os presentes.

Ela não somente derrama o seu perfume, ela também derrama o seu coração. É mais do que perfume, é devoção! É mais do que uma unção, é adoração. Não é desperdício como Judas disse; mas o maior e melhor investimento que alguém poderia fazer naquele momento. Perceba que Judas criticou Maria por perder e desperdiçar o seu perfume; contudo ele, ao trair Jesus, desperdiçou a sua própria vida! Maria sabe que este ato, não é em vão, não é sem valor e de maneira alguma é um desperdício.

Jesus seria morto em alguns dias e essa mulher, sem saber, derrama um perfume que já prepararia o seu corpo para o sepultamento. Jesus repreende os discípulos e protege essa mulher, dizendo: “Por que vocês estão perturbando essa mulher? Ela praticou uma boa ação para comigo. Pois os pobres vocês sempre terão consigo, mas a mim nem sempre terão. Quando derramou este perfume sobre o meu corpo, ela o fez a fim de me preparar para o sepultamento”.

Note comigo que Jesus reconhece que aquele momento não é um momento para filantropia. Como vimos na parábola das ovelhas e bodes (Mt 25:34-36), uma das marcas distintivas da verdadeira ovelha de Jesus é o cuidado com os pobres e necessitados: aquele que tem fome, sede, está nu, estrangeiro e encarcerado. Porém, nenhum serviço é maior do que a adoração das ovelhas ao seu pastor. Boas obras, caridade e boas ações ao necessitado são importantes; mas a adoração a Jesus é vital. Jesus estava a poucas horas de sua paixão. Neste momento não deve ser investido para a filantropia, mas para a adoração.

Assim como ela tinha feito em uma ocasião anterior, Maria novamente “escolheu a melhor parte” (Lucas 10:42) e estava realizando uma excelente ação ao seu Senhor. A adoração genuína é o melhor serviço que um cristão pode oferecer a Cristo. De fato, há um tempo para ministrar aos pobres, aos doentes, aos nus e aos encarcerados. Há um tempo também para testemunhar para os perdidos e procurando levá-los ao Salvador. Há um tempo para discipular novos crentes e ajudá-los a crescer na fé. Há um tempo para o estudo cuidadoso e ensino da Palavra de Deus. Mas acima de tudo, o que o Senhor exige de seu povo é a sua verdadeira adoração, sem a qual todas as outras coisas que se pode fazer em seu nome será vazia e sem poder.

Maria não pergunta “quanto vai custar”, mas Maria pergunta “que eu posso dar a Cristo”. Maria não pergunta “quanto isto me vale”, mas pergunta “Quanto Cristo me vale”. A pergunta de Maria foi a mesma de Davi no Salmo 116: Que darei eu ao Senhor, por todos os benefícios que me tem feito? Tomarei o cálice da salvação, e invocarei o nome do Senhor. Pagarei os meus votos ao Senhor, agora, na presença de todo o seu povo. Oferecer-te-ei sacrifícios de louvor, e invocarei o nome do Senhor. (Sl 116:12-17 ACF).

Maria demonstrou seu amor a Jesus de forma sincera e não ficou preocupada com a opinião das pessoas à sua volta. Ela não buscou aprovação ou aplauso das pessoas nem recuou diante das suas críticas. Junto com seu perfume, estava todo o seu coração em adoração e devoção ao Senhor. Ela quer expressar a ele sua gratidão. Ela fez o melhor para o Mestre. Mesmo sendo incompreendida, até mesmo pelos discípulos de Jesus, chamando de desperdício a prodigalidade de seu amor, Maria não recuou em seu gesto de gratidão, porque tinha como único vetor de ação o propósito de agradar somente ao seu Senhor. Maria fez a coisa certa, à pessoa certa, no tempo certo, e apesar das críticas.

Por isso, Jesus disse que essa ação seria perpetuada pela história. Seu nome e sua devoção seria trombeteada nos ouvidos do mundo por meio da pregação do evangelho. Hoje estamos a cumprir exatamente essa promessa que Cristo fez. Lembramos hoje dessa devoção extrema de Maria.

Para Caifás, Cristo valia menos que seu prestigio. Para Judas, menos que 30 moedas de prata. Para Maria de Betânia, cujo o nome será lembrado para sempre, Cristo valia mais do que ela poderia dar, por isso ela deu toda o seu coração em adoração e devoção máxima.

Aplicação:

1) Recorra aos pés de Jesus

A ação de Maria, de estar aos pés do mestre Jesus não foi algo pontual, mas algo comum em sua vida. Ela só aparece três vezes no registro dos evangelhos, mas nas três que aparece, está aos pés do Salvador. Em Lucas 10:39, Maria está aos pés de Jesus para ouvir os seus ensinamentos. Em João 11:32, Maria está chorando aos pés de Jesus, comunicando o falecimento de seu irmão Lazaro. E aqui em Mateus 26, Maria está novamente aos pés de Jesus em adoração, derramando o seu perfume e enxugando os seus pés com os cabelos. De fato, já diziam os puritanos, o lugar mais alto que uma pessoa pode estar é aos pés do Salvador. É ali que encontramos o ensino que a nossa alma tanto precisa. É ali que encontramos refúgio e esconderijo para nossa alma quando ela está enlutada, entristecida pelos percalços da vida. É ali, nos pés do salvador que encontramos segurança para o nosso coração, diante dos terrores que nos assustam. E é ali, aos pés do salvador que devotamos a ele toda a nossa adoração e gratidão.

De fato, não importa as circunstancias que nos rodeiam, nosso lugar é aos pés do salvador. Ainda que as circunstancias digam que não, nosso lugar é nos pés de Jesus. Sempre! Seja pra aprender, seja orar com a alma entristecida ou seja para adorar.

Nós devemos nos agarrar e Cristo Jesus. Não podemos dar a ele menos que o nosso tudo. Podemos ter toda essa estrutura; podemos ter uma boa teologia; podemos ter as doutrinas muito bem embasadas, e ao mesmo dar ele menos que o nosso tudo. Ou ele é o centro das nossas afeições completamente, ou não desejamos dar a ele o nosso tudo. Simples assim. Com isso, pergunto: Será que Cristo assumiu a centralidade do nosso coração? Será que, como discípulos, reconhecemos a centralidade da sua pessoa e obra em toda nossa existência. Bravejar solus Christus não é o mesmo que viver o Solus Christus.

Por vezes somos tentados a pensar da seguinte forma: Poxa, mais um domingo na igreja. Seria mais proveitoso se esse tempo fosse gasto na praia, ou num passeio. Poxa, mais um ano que estou me comprometendo financeiramente com essa família missionaria. Desejaria tanto trocar de carro, quem sabe essa oferta poderia ser trocada nas parcelas. Poxa, levantar a minha voz e cantar; Poxa servir a igreja em algum departamento; Poxa acordar cedo e participar da EBD; Tudo isso é desperdício de tempo, de dinheiro e esforço.

De fato, irmãos, o comentário de Judas sonda o nosso coração sempre que desejamos fazer algo a mais para o Senhor. Em outras palavras, já creio no Senhor e isso já me leva pro céu. Por que me doar um pouco mais? Eu sei, todos nós ouvimos um judas dizer que desperdício. Entendamos isso: Não importa o quão envolvido com Jesus nossa alma está, sempre estaremos aquém do que ele merece. Por isso, nos certifiquemos que hoje, estamos dando o nosso coração ao Senhor pois o nosso coração é tudo o que ele almeja. Cristo iniciou contemplando a cruz, o lugar que o pai vai demonstrar o seu amor pelos perdidos. Ali ele deu tudo. O que nós devemos dar a esse Deus que doou em tudo na vida e morte do seu filho? Devemos dar não menos que tudo, por isso demos a ele o nosso coração.

2) Possuindo emoções e usando-as da maneira correta.

Se podemos afirmar algo da adoração de Maria é que ela foi encharcada de emoções pelo Senhor. O reconhecimento de sua pessoa e a lembrança de que ele estaria em Jerusalém pela última vez, como ele mesmo disse, levou esta mulher a quebrar os protocolos e as regras da casa de Simão e devotar seu coração ao Senhor. O que quero dizer com isso? Que o nosso culto pode ter emoções sinceras e verdadeiras. E o que são emoções sinceras e verdadeiras? Ora, emoções que brotam do reconhecimento de quem Cristo é. Não havia nenhum tecladinho de fundo, nenhuma luz mais baixa, nenhuma palavra que forçava o ambiente ou as pessoas a ter uma postura assim. Pelo contrário, ela estava numa casa que não era a dela, num ambiente que, que exceto sua irmã Marta, só tinha homens e sabendo ainda que muito provavelmente ela ouviria críticas, como de fato ouviu. O momento era desfavorável, mas Jesus era o centro da vida dela. O que ela fez foi completamente espontâneo e verdadeiro.

Ora irmãos, as lagrimas, choro, quebrantamento, dobrar os joelhos podem acontecer aqui. Você tem liberdade de fazer isso aqui e na sua casa. Contudo, creio ser prudente se atentar para duas coisas: 1) Não é saldável forçar a barra para que momentos assim aconteçam e sejam produto do meio; 2) Proibir essa emoções como se a pessoa de Cristo não fosse real em nosso meio.

Se o Cristo das Escrituras, criador e soberano Deus, estiver em nosso meio, como nós cremos que está, muitas coisas extraordinárias podem acontecer numa reunião pública de culto. Somos regulados pela Escritura em como cultuar ao Senhor. De fato, precisamos honrar isso. Todavia, por outro lado, a história dos avivamentos mostra que, por vezes e de maneira completamente extraordinária, Deus pode vir de maneira tão especial que as emoções da igreja serão mais intensas do que o normal. Se isso acontecer, muitas emoções podem sair do controle. Jonathan Edwards registrou esse fenômeno no livro Religious Afecttions.

Lembro de uma história bem interessante sobre isso: Em uma destas igrejas o pastor gostava de ter tudo sobre o controle. Se caísse uma agulha na igreja, o pastor já olhava de cara feia. A igreja zelava pelo tradicionalismo e isso acabou engessando a igreja de tal maneira que, as emoções foram todas freadas. O culto mais parecia um missa, do que realmente um culto E acabou que pelo excesso de engessamento litúrgico, a igreja foi domesticada no tradicionalismo. O pastor iniciava o culto sempre da mesma forma e o povo respondia sempre da mesma forma. Domingo após domingo, ele se dirigia ao iniciava o culto dizendo: Que a graça e a paz do Senhor esteja com todos vocês. A igreja então respondia num tom solene: E com o senhor também. Domingo após domingo era assim. O pastor dava ás boas vindas e, de forma programada, a igreja respondia: “E com o Senhor também”. Aconteceu que certo dia acabou a bateria do microfone. A pastor deu início ao culto dizendo: Meus irmãos, o nosso microfone tem um problema. E o povo respondeu: “E com o Senhor também”.

Que o Senhor quebrante o nosso coração e faça-nos compreender o maravilhamento de sua presença. Que venhamos a usar e abrir o nosso coração para boas e saudáveis emoções com o Cristo ressurreto.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante;

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