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quinta-feira, 13 de maio de 2021

O CORDEIRO DE DEUS.

 

São Chegadas as Bodas do Cordeiro (Apocalipse 19:1-10)

Antes de começar as séries de julgamentos, o Apocalipse já afirma a posição exaltada do Senhor. Jesus recebe “a glória e o domínio pelos séculos dos séculos” (1:6). O Senhor Deus é o Todo-Poderoso (1:8; 4:8). O Pai senta no trono, vive eternamente e recebe das suas criaturas “a glória, a honra e o poder” (4:9-11). O Pai e o Filho recebem “o domínio pelos séculos dos séculos” (5:13).

As cenas de julgamento demonstram a soberania de Deus. No intervalo entre os sexto e sétimo selos, Deus está no trono e recebe o louvor daqueles que proclamam que ele possui o poder e a força pelos séculos dos séculos (7:12). A sétima trombeta declara o reino universal de Cristo, que “reinará pelos séculos dos séculos”, dizendo que o “Senhor Deus, Todo-Poderoso” assumiu seu grande poder e passou a reinar (11:15-17). Os conflitos do capítulo 12 mostram o fracasso do dragão, porque “Agora, veio a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e a autoridade do seu Cristo” (12:10). A cena no monte Sião, antes das vozes do capítulo 14, mostra o Cordeiro em pé sobre o monte (14:1). No intervalo antes do derramamento das sete taças, os vencedores adoram o “Senhor Deus, Todo-Poderoso”, o “Rei das nações” (15:3). A vitória sobre a grande meretriz foi garantida, pois o Cordeiro é “o Senhor dos senhores e o Rei dos reis” (17:14).

Mas houve momentos em que estas verdades sobre a primazia de Deus se tornaram mais obscuras: Quando a besta venceu as duas testemunhas (11:7); quando o dragão se mostrou forte diante da mulher (12:3-4); quando a besta do mar se exaltou e desafiou e venceu os servos de Deus com suas palavras arrogantes e blasfemadoras (13:4-7); quando a besta da terra fez morrer aqueles que recusaram adorar a besta (13:15); e quando a grande meretriz se embriagou com o sangue dos santos (17:6). É difícil manter uma confiança total no Senhor quando parece que o mal vence o bem.

Os últimos cinco capítulos do Apocalipse servem para apagar qualquer dúvida que tenha sobrado. Deus é o Soberano que reina eternamente, e os fiéis que confiam no sangue do Cordeiro vencem para participar do reino eterno. A vitória total e final é dos santos. As bodas do Cordeiro representam a celebração desta grande vitória.

19:1 – Depois destas coisas, ouvi no céu uma como grande voz de numerosa multidão, dizendo: Aleluia! A salvação, e a glória, e o poder são do nosso Deus

Depois destas coisas, ouvi no céu uma como grande voz de numerosa multidão: Três vezes neste livro encontramos a numerosa ou grande multidão, sempre no céu e sempre adorando ao Senhor (7:9-10; 19:1; 19:6).

Aleluia! A salvação, e a glória, e o poder são do nosso Deus: A palavra “aleluia”, embora comum em expressões de louvor em nossos dias, aparece em apenas dois livros da Bíblia – os Salmos e o Apocalipse. Vem do hebraico e significa “louve a Deus” (Jah ou Yah, uma contração de YHWH, Jeová ou Javé). No Apocalipse, a forma grega da palavra aparece apenas quatro vezes, todas neste capítulo (19:1,3,4,6). Cada vez que pronunciamos esta palavra, falamos o nome de Deus e, por isso, deve ser falada com toda reverência e respeito. Não é uma palavra comum ou uma mera interjeição,.e sim, uma expressão de adoração ao Senhor. As outras palavras usadas aqui são expressões comuns do louvor dado ao Senhor no Apocalipse (como também em outros livros): salvação (7:10; 12:10), glória (1:6; 4:9,11; 5:12,13; 7:12; 11:13; 14:7; 16:9; 19:7; 21:26), poder (4:11; 5:12; 7:12; 11:17; 12:10).

19:2 – porquanto verdadeiros e justos são os seus juízos, pois julgou a grande meretriz que corrompia a terra com a sua prostituição e das mãos dela vingou o sangue dos seus servos.

Porquanto verdadeiros e justos são os seus juízos: A mesma mensagem e o mesmo motivo de louvor encontrados na terceira taça (16:4-7). Deus, por ser santo, é absolutamente justo.

Pois julgou a grande meretriz que corrompia a terra com a sua prostituição e das mãos dela vingou o sangue dos seus servos: No julgamento da Babilônia, Deus se mostrou justo e respondeu à petição das almas debaixo do altar, no quinto selo, que esperavam a vingança contra seus perseguidores (6:9-11).

19:3 – Segunda vez disseram: Aleluia! E a sua fumaça sobe pelos séculos dos séculos.

Segunda vez disseram: Aleluia!: A multidão repete sua palavra de adoração, dando honra a Deus.

E a sua fumaça sobe pelos séculos dos séculos: A fumaça acompanha várias figuras do castigo divino (cf. 9:18; 14:11). Subiu de Sodoma e Gomorra (Gênesis 19:28). Deus respondeu à oração de Davi quando este pediu livramento das mãos de Saul. Davi descreveu a justiça divina, dizendo: “Das suas narinas, subiu fumaça, e da sua boca, fogo devorador” (2 Samuel 22:9; cf. Salmo 18:8; 37:20). Isaías falou de “espessas nuvens de fumaça” para descrever o castigo de Israel (Isaías 9:18). Como conseqüência do julgamento divino de Edom e das nações, “Nem de dia nem de noite se apagará; subirá para sempre a sua fumaça” (Isaías 34:10). Sobe para sempre ou pelos séculos dos séculos, não literalmente, mas para mostrar a vitória total do Senhor sobre a Babilônia.

19:4 – Os vinte e quatro anciãos e os quatro seres viventes prostraram-se e adoraram a Deus, que se acha sentado no trono, dizendo: Amém! Aleluia!

Os vinte e quatro anciãos e os quatro seres viventes prostraram-se e adoraram a Deus, que se acha sentado no trono: Semelhante às “ondas de louvor” dos capítulos 4 e 5, mas aqui a adoração começa com a grande multidão e continua com os 24 anciãos e os quatro seres viventes. Deus permanece no trono. Imperadores vêm e vão, mas o Todo-Poderoso continua governando o seu reino universal e eterno.

Dizendo: Amém! Aleluia!: Que seja assim! Louve a Deus!

19:5 – Saiu uma voz do trono, exclamando: Dai louvores ao nosso Deus, todos os seus servos, os que o temeis, os pequenos e os grandes.

Saiu uma voz do trono, exclamando: Esta voz não é de Deus, pois chama os servos para louvar ao “nosso Deus”. Quem poderá estar junto ao trono de Deus? Há algumas possibilidades: 1. Os quatro seres viventes ficam “no meio do trono e à volta do trono” (4:6); 2. Os vencedores recebem a promessa de sentar com Jesus no seu trono (3:21) para reinar com ele (2:26-27). Eles entram na presença de Deus e ele estende sobre eles o seu tabernáculo (7:14-15). São colunas permanentes no santuário de Deus (3:12).

Dai louvores ao nosso Deus, todos os seus servos, os que o temeis, os pequenos e os grandes: Toda criatura, da menor ao maior, deve honra ao Senhor (cf. 5:8-14). Temer significa ter medo ou respeitar e reverenciar. Deus merece o temor de todas as suas criaturas (cf. 1 Pedro 2:17).

19:6 – Então, ouvi uma como voz de numerosa multidão, como de muitas águas e como de fortes trovões, dizendo: Aleluia! Pois reina o Senhor, nosso Deus, o Todo-Poderoso.

Então, ouvi uma como voz de numerosa multidão: Voltamos ao início de uma nova “onda de louvor” no ponto de partida, a numerosa multidão (19:1).

Como de muitas águas e como de fortes trovões: Estas descrições identificam, em outros versículos, a forte voz de Jesus (1:15), dos sons que vêm do trono (4:5; 8:5; 11:19; 16:17-18), ou de um grande número de adoradores (14:2). Aqui, é a voz coletiva da grande multidão.

Dizendo: Aleluia! Pois reina o Senhor, nosso Deus, o Todo-Poderoso: O dragão queria reinar, mas não conseguiu. A besta se achava única, mas sua autoridade duraria pouco tempo (13:4-5). A meretriz dominava os reis do mundo, mas ela caiu (17:18; 18:2). Das dez vezes que a palavra traduzida aqui por “Todo-Poderoso” aparece no Novo Testamento, nove estão no Apocalipse (1:8; 4:8; 11:17; 15:3; 16:7,14; 19:6,15; 21:22).

19:7 – Alegremo-nos, exultemos e demos-lhe a glória, porque são chegadas as bodas do Cordeiro, cuja esposa a si mesma já se ataviou

Alegremo-nos, exultemos e demos-lhe a glória, porque são chegadas as bodas do Cordeiro: Anunciam o motivo da celebração: é uma festa de casamento! O Cordeiro receberá a sua noiva! A figura do casamento para representar a relação de Deus com o seu povo é usada no Velho Testamento para falar sobre o povo judeu. Deus tomou Israel (ou Judá) como sua esposa, mas ela foi infiel, cometendo adultério espiritual (Ezequiel 16; Oséias 2 e 3). No Novo Testamento, Cristo se entregou por sua noiva, e quer que ela seja “gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito” (Efésios 5:25-27).

Cuja esposa a si mesma já se ataviou: Ela se preparou para o casamento, como uma noiva se prepara para se apresentar ao noivo. A idéia da noiva nas Escrituras exige o esforço da igreja para se apresentar pura e sem mancha. Paulo disse: “Porque zelo por vós com zelo de Deus; visto que vos tenho preparado para vos apresentar como virgem pura a um só esposo, que é Cristo” (2 Coríntios 11:2).

19:8 – pois lhe foi dado vestir-se de linho finíssimo, resplandecente e puro. Porque o linho finíssimo são os atos de justiça dos santos.

Pois lhe foi dado vestir-se de linho finíssimo, resplandecente e puro: A meretriz, a grande cidade mundana, estava vestida de linho finíssimo, mas sua posição como rainha durou pouco tempo. Linho fino é a roupa adequada para um servo na presença de um rei (Gênesis 41:2). Foi usado nas vestes sacerdotais no Velho Testamento (Êxodo 28:5,6,8,15,39,42; 1 Samuel 2:18; 22:18). Deus vestiu sua esposa em linho fino (Ezequiel 16:10,13). Em outros trechos do Apocalipse, linho finíssimo mostra a pureza dos servos de Deus. É vestido pelos anjos que saem do santuário com os sete flagelos (15:6; cf. Ezequiel 10:2-7). A noiva que se apresenta a Cristo é vestida de linho fino.

Porque o linho finíssimo são os atos de justiça dos santos: O significado do linho, como já deduzimos das citações acima, é a pureza dos servos obedientes. Este versículo não nega a importância da graça divina na nossa salvação, como vários outros versículos deste livro enfatizam (7:14; 12:11; etc.). Ele frisa a necessidade da fé obediente (14:12; cf. Tiago 1:25; 2:24).

19:9 – Então, me falou o anjo: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro. E acrescentou: São estas as verdadeiras palavras de Deus.

Então, me falou o anjo: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro. E acrescentou: São estas as verdadeiras palavras de Deus: Uma afirmação importante, cuja veracidade é frisada de várias maneiras: 1. O anjo mandou que João escrevesse estas palavras (assim reforçando a ordem geral de 1:19); 2. Ele enfatizou que as palavras são verdadeiras. Obviamente, tudo que Deus fala é a verdade, mas esta palavra destaca mais ainda a importância desta afirmação; 3. Disse que são palavras de Deus, a fonte de altíssima autoridade.

A mensagem é a quarta das sete bem-aventuranças do livro (cf. lição 3). Quem são estas pessoas abençoadas? Os vencedores, os obedientes, os santos, os que não amaram a própria vida e se ofereceram totalmente ao Senhor. Neste contexto, a aplicação primária deve ser feita aos vencedores no contexto da perseguição romana. A figura do casamento de Cristo com a sua igreja, porém, estende-se aos outros fiéis (1 Coríntios 11:2; Efésios 5:27). Os mártires da época de João acham a sua vindicação na derrota da meretriz e, logo em seguida, na queda das bestas e do dragão. A igreja de todos os lugares e de todas as épocas realiza a sua vitória em chegar à presença do Senhor – ou pela morte dos fiéis (2 Timóteo 4:6-8) ou pela segunda vinda de Jesus (1 Tessalonicenses 4:16-18).

19:10 – Prostrei-me ante os seus pés para adorá-lo. Ele, porém, me disse: Vê, não faças isso; sou conservo teu e dos teus irmãos que mantêm o testemunho de Jesus; adora a Deus. Pois o testemunho de Jesus é o espírito da profecia.

Prostrei-me ante os seus pés para adorá-lo: A primeira de duas vezes que João prepara-se para adorar um anjo (cf. 22:8). Alguns sugerem que fosse o mesmo episódio relatado duas vezes. Há várias explicações deste ato do apóstolo: 1. Alguns comentaristas dizem que não foi um ato do próprio João, mas que ele se viu nas visões agindo desta maneira. Assim, o ato dele faz parte da cena e serve como advertência sobre o perigo da idolatria, sem sugerir qualquer erro real cometido pelo apóstolo; 2. Outros sugerem que João se confundiu, achando que o anjo fosse o próprio Jesus e, assim, merecedor de adoração; 3. Uma outra explicação é que João ficou tão maravilhado com a cena das bodas que caiu impulsivamente para dar homenagem ao anjo que lhe mostrou as coisas da visão; 4. A outra possibilidade é que João errou e, agindo sem refletir, começou a dar louvor impróprio ao anjo.

Enquanto todas estas explicações parecem plausíveis, e eu não tomaria uma posição dogmática, parece-me que a última – que João falhou e foi repreendido – seja a mais natural e menos complicada. Seria inteiramente natural, nas Escrituras, revelar as falhas de um bom homem. Noé, Abraão, Moisés, Gideão, Davi, Pedro e outros heróis bíblicos cometeram erros graves, e os relatos nas Escrituras não escondem estas falhas. Não esperaríamos um erro desta gravidade do apóstolo velho e fiel, mas não é fora de cogitação.

Ele, porém, me disse: Vê, não faças isso; sou conservo teu e dos teus irmãos que mantêm o testemunho de Jesus; adora a Deus: Independente do motivo ou da explicação dada às ações de João, a resposta do anjo reforça um fato importante. A adoração pertence exclusivamente a Deus (cf. Mateus 4:10; Atos 10:25-26; 14:11-18). O problema fundamental no Apocalipse é a tentação de adorar falsos deuses, especificamente a besta. Historicamente, os romanos aceitavam bem as diversas religiões dos povos sujeitos, pois estes meramente acrescentaram mais alguns deuses aos seus sistemas politeístas. Os judeus e os cristãos, porém, foram perseguidos, em alguns períodos da história, porque, como adoradores de um só Deus, rejeitaram os deuses dos romanos. Quando recusaram a louvar os deuses, foram vistos erroneamente como ateístas. Esse ato de João em se prostrar diante do anjo ilustra o perigo de qualquer um cair na idolatria de dar honra indevida a criaturas, e não ao Criador. Todos, até o próprio apóstolo, precisam da admoestação do final de sua primeira carta: “Guardai-vos dos ídolos”.

O anjo se viu como conservo. Ele é uma criatura, mais próximo, em natureza, do homem do que do Criador.

O testemunho de Jesus deve ser guardado. O evangelho não é apenas uma história interessante. É uma mensagem que exige uma reação. O evangelho deve ser obedecido (Romanos 10:16; 2 Tessalonicenses 1:8; 1 Pedro 4:17).

Pois o testemunho de Jesus é o espírito da profecia: Jesus é a essência de profecia, pois ela olha para o Senhor dos senhores e Rei dos reis. A importância não deve ser dada ao anjo ou a qualquer outro mensageiro. Jesus é o personagem principal da revelação do mistério de Deus. Ele, e não os anjos, merece a adoração. A aceitação de adoração por parte de Jesus e a ordem do Pai que ele fosse adorado (Hebreus 1:6) são algumas das provas da divindade dele. As palavras verdadeiras e as profecias que vêm de Deus nos levam a honrar e adorar a Jesus. Adoração de qualquer criatura, mesmo de um anjo, seria errado, uma forma de idolatria. Veremos nos próximos versículos o destino da besta – o objeto de louvor dos ímpios – e do falso profeta que induz os homens a adorá-la.

Conclusão

Uma mulher caiu, e a outra foi conduzida à grande celebração do seu casamento com o Cordeiro de Deus! Todo o seu esforço em se manter pura valeu a pena, porque agora ela recebe a recompensa da bênção da comunhão e proteção divinas.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante da Silva.

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