ENTRE A RAZÃO E A LOUCURA
“Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, e sim como sábios, remindo o tempo, porque os dias são maus. Por esta razão, não vos torneis insensatos, mas procurai compreender qual a vontade do Senhor.” (Ef 5:15-17)
Amnésia, ansiedade, bipolaridade, confusão, depressão, desequilíbrio, esquizofrenia, histeria, hiperatividade, insensatez, loucura, neurose, obsessão, transtorno etc. Estes são alguns dos termos que muitas vezes ouvimos quando se tratam de enfermidades da mente e de suas consequências na vida de uma pessoa. Tratam-se de comportamentos tidos como “excessivamente fora do normal” que podem ser desenvolvidos ou adquiridos por uma pessoa ao longo da sua vida. Podem ter como causa a falta de educação adequada, indisciplina, trauma sofrido no passado, infecção, dano cerebral ao nascer, dano cerebral por choque mecânico, uso de entorpecentes, fatores genéticos, idade avançada, alteração hormonal, repouso inadequado, escassez de substâncias naturais para o bom funcionamento cerebral etc.
Os pacientes de enfermidades de natureza psíquica, são muitas vezes marginalizados; por isso, talvez, por comportamento defensivo da negação ou por receio de serem marginalizados, os pacientes não admitem o problema, tampouco procuram ajuda, o que pode piorar o seu quadro.
Comportamentos inadequados e inexplicáveis marcam a vida de um paciente com transtorno mental. Um ou mais dos seguintes sintomas podem ser detectados nos pacientes com transtorno mental, mas isto não significa necessariamente que quem age de tal forma é doente: agressividade, mudança repentina de humor, tristeza profunda, desequilíbrio emocional, falar sem parar, pânico, sentimento de vingança, falta de afeto ou afeto inapropriado, irritabilidade, obsessões, vícios, tiques, isolamento social, dificuldade de discernir, confusão mental…
Ao compartilhar a vida com algumas pessoas aparentemente normais, podem ser notadas algumas atitudes inadequadas. Essas atitudes podem se tornar prejudiciais a si mesmo e às pessoas com quem ela convive. A Pv 4 perda de amigos, ou mesmo ausência deles podem ser indícios de alguma anormalidade.
“Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele procedem as fontes da vida.” (Pv 4:23)
Coração, neste caso, refere-se ao sentimento. É sabido através das Escrituras Sagradas que o tentador age principalmente na mente humana. Foi por isso que o Senhor nos ensinou a orar: “Não nos deixe cair em tentação; mas livra-nos do mal” (Mt 6:13).
A mente é uma fábrica de pensamentos e o coração, de sentimentos. Se as máquinas que operam nestas fábricas não estiverem calibradas, produzirão peças defeituosas, podendo causar grandes desastres. A mente que envia mensagens ao corpo para fazer o bem ou o mal interpreta a mensagem que a ela vem através dos olhos e ouvidos, e ainda faz a boca falar o que ela pensa. Por isso, a Bíblia diz:
“Os teus olhos olhem direito, e as tuas pálpebras diretamente diante de ti.” (Pv 4:25)
“São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão!” (Mt 6:22)
“Ora, a língua é fogo, é mundo de iniquidade; a língua está situada entre os membros de nosso corpo, e contamina o corpo inteiro […]” (Tg 3:6)
“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?” (Jr 17:9)
Agora, preste atenção no que escreveu Pedro:
“Sede sóbrios e vigilantes. O Diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar” (1 Pe 5:8)
Note que o estado de sobriedade é fundamental para não cair na cilada do adversário. Vigilância é o seu resultado, porque ninguém pode vigiar se não estiver sóbrio. Se um animal ouve o rugido de leão, mas o interpreta como sendo miado de um gatinho, jamais entrará em estado de vigilância. Assim também, se a mente de um homem não estiver sóbria, estará mais vulnerável ao Diabo, tornando-se uma ferramenta do mal para o mal. Em casos mais graves isso poderá evoluir para completa possessão demoníaca. Cuidado!
“Porque de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Ora, todos estes males vêm de dentro e contaminam o homem.” (Mc 7:21-23)
Na Bíblia, dentre muitos, podemos observar casos como de Saul que:
foi homem escolhido por Deus para ser rei de Israel (1 Sm 10:1-8 e 1 Sm 11:12-15);
foi cheio de Espírito de Deus e esteve entre os profetas de Deus (1Sm 10:9-13);
não se esvaziou diante do Senhor, por isso, o velho fermento o fez crescer para o mal (1 Sm 13:8-14; 15:1-35);
foi possuído pelo espírito maligno (1 Sm 16:14-23);
perdeu o domínio próprio (1 Sm 18:6-17);
cometeu grandes pecados (1 Sm 28).
Por que Davi foi perdoado, mas Saul, não?
Assim, você pode entender que é importante ao homem ter a mente e o coração calibrados na pureza e no amor de Deus:
“Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento. O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso praticai; e o Deus da paz será convosco.” (Fp 4:8-9)
“Pois aquele a quem estas coisas não estão presentes é cego, vendo só o que está perto, esquecido da purificação dos seus pecados de outrora” (2 Pe 1:9)
“Os teus olhos olhem direito, e as tuas pálpebras, diretamente diante de ti.” (Pv 4:25)
PECADO
mente e espirito Repare nos relatos bíblicos que o Mal tem preferido agir principalmente na mente e no coração do homem. Se olharmos os pecadores citados na Bíblia apenas sob ponto de vista de vítimas de distúrbio psicológico, poderíamos encerrar já o assunto. Porém, ocorre que, uma mente e/ou um coração desequilibrados são mais vulneráveis, e podem se tornar doentes. As atitudes tomadas sob o seu comando podem resultar em pecados. Ou você acha que os pecadores citados na Bíblia eram todos sãos mentalmente, e que sabiam o que estavam fazendo? Lembremos que a Bíblia cita pecados imperdoáveis (Mc 3:29; 1 Jo 5:16).
A NECESSIDADE DE INTERCEDER PELOS ENFERMOS
Quem padece de transtornos psicológicos, dependendo da sua gravidade, não conseguirá buscar solução por si só. Por isso, as palavras do Senhor nos ensinam a compreender a fraqueza alheia e orar uns pelos outros. Se tratarmos os doentes de igual para igual, o resultado será brigas. Por isso, a palavra de Deus nos recomenda tolerância (cf. Rm 2:4) e amor (cf. 1 Co 16:14).
“[…] Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de mim! Minha filha está horrivelmente endemoninhada.” (Mt 15:22)
“Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós; acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição.” (Cl 3:12-17)
DE QUEM É A CULPA?
Como foi citado no começo deste estudo, as principais causas de enfermidades psicológicas são:
traumas de vários tipos, dentre os quais cito: filhos de pais divorciados – Muitos casais ignoram a advertência do Senhor: “[…] O que Deus ajuntou não o separe o homem.” (Mt 19:6), e isto, de alguma forma acaba interferindo no desenvolvimento emocional dos filhos, podendo evoluir para algum distúrbio psicológico;
falta de disciplina e educação adequadas – “Não retires da criança a disciplina […], Tu a fustigarás com a vara e livrarás a sua alma do inferno.” (Pv 23:13-14) – Na sociedade moderna, pais que fustigam os seus filhos podem ser presos e até perderem a guarda dos filhos. Ora, concordo plenamente que: pais que chegam em casa alterados por uso de entorpecentes, e que agem com violência espancando a própria família devem ser presos; mas não é certo condenar pais e mestres que procuram educar proporcionalmente segundo a insistência dos seus educados. Isto é uma afronta direta à Palavra com consequências graves para todos.
Uso de entorpecentes – Salomão escreveu como uma bebida forte pode alterar os sentidos: – “Os teus olhos verão coisas esquisitas, e o teu coração falará perversidades.” (Pv 23:33).
“Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis, pois os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos prazeres que amigos de Deus, tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder.” (2 Tm 3:1-5)
Em suma, a grande parte dos casos, são consequências do pecado que acaba por gerar mais pecadores.
“[…] Cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte.” (Tg 1:14-15)
A SALVAÇÃO PELA GRAÇA
Talvez você esteja se perguntando: e os fariseus? Eles teriam culpa por terem agido contra o Salvador, tendo recebido desde cedo a rigorosa doutrina farisaica? E, em se falando dos dias atuais: alguns psicopatas que cometeram crimes de grande repercussão dizem estar convertidos ao evangelho e alguns são até pastores. Existem doenças psicológicas que tem como um dos sintomas a ausência de amor – o doente simplesmente desconhece o amor, por isso, não sente gratidão, e por conseguinte, não sente remorso, nem arrependimento, culpa ou vergonha.
Como poderá uma pessoa assim ser salva, se o amor é fundamental para a salvação? Quando um intérprete da Lei perguntou o que fazer para herdar a vida eterna, o Senhor respondeu que era necessário amar. Amar a Deus, em primeiro lugar, e amar o próximo (cf. Lc 10:25-27). Já em 1 Ts 5:18, está: “Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco” – mas certos doentes são incapazes de sentir gratidão. Finalmente, em At 2:37-41, vemos a importância do arrependimento para a salvação.
Assim, fica inevitável raciocinarmos: Será que aquele psicopata que atirou a própria filha pela janela do prédio; a moça que tramou o assassinato dos seus próprios pais enquanto dormiam; o ator da TV que matou a colega de elenco… todos eles dizem ter se convertido, e alguns são pastores. Será isso possível, se estudos indicam que não há cura para alguns distúrbios psíquicos? Estariam eles fingindo para terem as suas penas aliviadas ou para conseguirem algum benefício na prisão?
Para responder a estas dúvidas, a Bíblia nos ensina claramente que o homem é salvo pela graça, e não pelas suas obras. Podemos achar em várias páginas das Escrituras Sagradas, casos de fariseus como Nicodemos; samaritanos como em Jo 4:1-30; publicanos como Mateus e Zaqueu; pecadoras como Raabe, endemoninhadas como Maria Madalena e o Gadareno que vivia entre os sepulcros (cf. Mc 5:1-14). Todos eles poderiam ter como desculpa, a educação e formação que receberam, no entanto, podemos observar claramente que a salvação destes não dependeu das suas obras, e sim da obra redentora do nosso Senhor JESUS Cristo. Em Rm 6:1 diz: “Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado para que seja a graça mais abundante?” É óbvio que não. A resposta está no mesmo capítulo de Romanos, um pouco mais adiante:
“Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus. Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões; nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de iniquidade, mas oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como instrumentos de justiça. Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça.” (Rm 6:11-14)
O NOVO NASCIMENTO
Como você deve ter visto na postagem anterior, o novo nascimento requer uma grande mudança – e nisto inclui principalmente mudar a maneira como um convertido encara as coisas. Não se trata apenas de “pensar positivo”, ou de procurar ser o “mais certinho possível”, mas uma vida de obediência e reverência a Deus. Portanto, quem foi chamado das trevas para a maravilhosa luz do Senhor não deve andar a dizer coisas como: “Eu não mudo”; “sempre fui assim, ninguém vai me mudar”; “eu sei que estou errado, mas é difícil mudar”; “fui criado assim”; “sou doente” etc. Estas coisas não passam de velho fermento e devem ser atiradas para bem longe das nossas vidas a fim de não atrapalharem no desenvolvimento da nossa salvação mediante o temor no SENHOR, nosso Deus.
“Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte, lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.” (1 Pe 5:6-7)
“Despojando-vos, portanto, de toda maldade e dolo, de hipocrisia e invejas e de toda sorte de maledicências, desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação” (1 Pe 2:1-2)
Segundo Rm 12:1-2, o nascido de novo, agora homem de Deus, não deve mais se conformar com este mundo, mas transformar-se pela renovação da mente. Só assim será possível obter testemunhos da perfeita vontade do SENHOR.
Gn 4:7 – “[…] Mas a ti cumpre dominá-lo.”
Ef 6:10-20 – “Porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra […] os dominadores deste mundo tenebroso […]”
1 Tm 4:7-9 – “Exercita-te pessoalmente, na piedade.”
2 Tm 2:22-26 – “[…] Com os que, de coração puro, invocam o Senhor”
1 Pe 5:7-9 – “[…] Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.”
Se você tiver dúvidas sobre o seu nível de entendimento e discernimento, observe os resultados das suas obras, porque o Senhor disse: “Pelos seus frutos conhecereis a árvore.” (Mt 7:16).
“O fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio […]. E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito” (Gl 5:22-25)
“Eu, o SENHOR, esquadrinho o coração, eu provo os pensamentos; e isto para dar a cada um segundo o seu proceder, segundo o fruto das suas ações.” (Jr 17:10)
Se toda vez que você age, as coisas terminam em brigas, dissensões, ofensas, ciúmes, invejas, ameaças, descrença, vontade de se afastar da igreja etc., certamente, algo não está bem. Está na hora de se reavaliar na palavra de Deus.
“Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida.” (Tg 1:5).
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante.
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