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segunda-feira, 21 de outubro de 2019

EU NÃO MUDO, A IMUTABILIDADE DE DEUS


                                       EU NÃO MUDO,  A IMUTABILIDADE DE DEUS
“Porque eu, o Senhor, não mudo” Malaquias 3:6.
A mutabilidade pertence à toda criação, a imutabilidade pertence somente a Deus. Os céus que vemos constantemente mudam a aparência: às vezes estão limpos, outras vezes estão escuros por causa das nuvens e trevas. A face da terra muda a aparência de estação a estação. A terra sofreu grande mudança por causa do dilúvio, e mudará por causa do fogo. 2 Pedro 3:5-10. Os anjos em seu estado original eram sujeitos a mudança, como nos foi demonstrado pela grande apostasia que sobreveio a muitos. Os anjos eleitos não mudaram, pois eles foram confirmados em santidade, não devido à sua natureza, mas pela graça de Deus em Jesus que é o Cabeça de todos os principados e poder. 1 Timóteo 5:21. Colossenses 2:10. Enquanto consideramos o homem, o centro da criação, sua mutabilidade é tão evidente que nem precisamos prová-la. Quem de nós já não se entristeceu por causa da inconstância humana? Muitos de nós sabemos o que é ser louvado hoje e caluniado amanhã, pelos mesmos lábios.
“Fica comigo! Cedo cai a tarde; as trevas crescem… Senhor, fica comigo! Quando amigos me desertam socorro dos caídos, Ó fica comigo! Perto do fim aproxima-se o dia da vida; os gozos terrenos desvanecem, as glórias passam; mudança e corrupção em tudo vejo; ó Tu que não mudas, fica comigo”
O autor dos versos acima não era um tolo otimista que considerava este mundo uma “utopia”. Não era também um pessimista, que via o futuro sem esperança. Mas a base de sua esperança era o Deus imutável, que é o mesmo ontem, hoje e para sempre.
DEUS É IMUTÁVEL EM SUA NATUREZA
Deus é chamado “O Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação”. Tiago 1:17. Deus não pode mudar para pior, pois Ele é eternamente o Santo. Ele não muda para melhor, pois já é santo e perfeito. O tempo não efetua mudanças no Deus eterno. O Deus auto-existente, auto-suficiente e eterno não anda encurvando pela idade, nem um só de Seus passos é vacilante.
“Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos fins da terra, nem se cansa nem se fatiga? É inescrutável o seu entendimento”. Isaías 40:28.
DEUS É IMUTÁVEL EM SEUS ATRIBUTOS
O poder de Deus é sempre o mesmo, pois lemos na Bíblia do Seu eterno poder. Romanos 1:20. Não há aumento em Seu entendimento, pois “conhecidas são a Deus, desde o princípio do mundo, todas as suas coisas”. Atos 15:18. Seu amor é imutável (João 13:1; Romanos 8:35-39; Jeremias 31:3) Sua misericórdia dura eternamente (Salmo 136). Sua veracidade é imutável, pois Ele não pode mentir (Tito 1:2). Sua santidade não pode ser manchada, e Sua fidelidade nunca falha. Ainda que Suas bênçãos foram distribuídas a muitos, e muitas dádivas perfeitas foram dispensadas, Sua bondade permanece a mesma.
DEUS É IMUTÁVEL EM SEUS DECRETOS
Os propósitos de Deus são eternos. Novas resoluções não são formadas, nem decretos novos são feitos, pois Seus conselhos são antigos. Não há “próspero ano novo” com Ele, pois Ele é eternamente próspero e feliz. Seu propósito não pode ser frustrado, pois Seu conselho é eterno, e os pensamentos do Seu coração estendem-se a todas as gerações. Salmo 33:11. “Muitos propósitos há no coração do homem, mas o conselho de Deus permanecerá”. Provérbios 19:21. “O Senhor dos Exércitos jurou, dizendo: Como pensei, assim sucederá, e como determinei, assim se efetuará”. Isaías 14:24. “Mas, se ele resolveu alguma coisa, quem então o desviará? O que a sua alma quiser, isso fará”. Jó 23:13.
OBJEÇÕES CONSIDERADAS E RESPONDIDAS
I. Fala-se, em objeção à imutabilidade de Deus, que Ele mudou quando decidiu criar o mundo. Mas isto é confundir mudança e manifestação. Enquanto escrevo, o sol brilha pela janela de minha biblioteca; em breve seu brilho desaparecerá, mas isto não implica mudança no sol, ele continua o mesmo; há somente mudança na sua manifestação. Além disto, uma mudança na atividade não implica mudança de caráter ou natureza. Nada sabemos das atividades divinas anteriores à criação, mas desde que descansou de Sua obra na criação, Ele se ocupou na administração e salvação, e no futuro efetuará a obra de julgamento.
Este é o dia da salvação (2 Coríntios 6:2), mas virá o dia da ira e revelação do justo julgamento de Deus (Romanos 2:5). Um dia “em que com justiça há de julgar o mundo”. Atos 17:31. Este é o dia da paciência de Deus, dia em que Ele tolera os vasos da ira merecedores da destruição (Romanos 9:22); dia em que os homens desafiam a Deus e “aparentemente” escapam do julgamento.
A história mais triste que este autor já ouviu lhe foi contada por uma jovem, cujo pai havia cometido duplo homicídio e suicídio, matando o marido e a mãe desta moça, e depois tirando a própria vida. De acordo com a história este homem, anos antes, havia renunciado a sua fé cristã, e se tornado estudante de “magia negra” (Feitiçaria). Confessando ter-se vendido a Satanás, muitas vezes desafiava a Deus na presença da família, dizendo que Deus “não era bastante forte para ele!” Pelas aparências ele escapava da ira de Deus, mas no dia do julgamento, Deus julgará todos os rebeldes e jactanciosos. Naquele dia Sua ira, agora restringida, será manifestada. Mas as mudanças nas atividades divinas não significam mudanças no caráter e propósito divinos.
2. Já se argumentou que a encarnação de Cristo envolveu mudança na natureza divina. Mas a encarnação foi apropriação da natureza humana pela segunda pessoa da Divindade. A natureza divina não foi de modo algum mudada. A natureza divina não foi mudada em natureza humana, nem as duas naturezas transformadas em uma terceira diferente das duas outras. Na encarnação Cristo assumiu o que Ele não era, mas permaneceu o que Ele era. A encarnação foi necessária para que Ele efetuasse a obra da remissão. A natureza divina não pode, como tal, sofrer, portanto Cristo assumiu a natureza humana de modo que pudesse sofrer. Mas no Seu sofrer não houve mudança na natureza Divina.
3. Objeta-se que as Escrituras atribuem mudança na natureza de Deus pelo Seu arrependimento em Gênesis 6:6, I Samuel 15:35; Salmo 106:45; Amós 7:3; Jonas 3:10. Mas existem outras Escrituras que negam o fato de que Deus Se arrepende. Veja Números 23:19; I Samuel 15:29. Não contradiremos uma Escritura com outra, mas unindo as diversas passagens, concluímos que arrependimento para Deus não é a mesma coisa que arrependimento para os homens. O arrependimento para os homens é por causa do pecado e implica mudança de mente e propósito, mas com Deus, tal não pode ser, pois Ele não peca, e consequentemente não implica mudança de pensamento nem de vontade. O arrependimento para Deus indica mudança na manifestação e atividade, e esta mudança está sempre em harmonia com Seu caráter e propósito imutável. A imutabilidade da santidade de Deus requer uma mudança na atitude e no tratar quando o justo torna-se perverso. O sol não é mutável porque derrete a cera ou endurece o barro… a diferença jaz não no sol, mas na natureza dos objetos sobre os quais brilha.
“A imutabilidade de Deus não é abalada no fato que Suas promessas e ameaças não são sempre cumpridas. Pois, deve-se notar que todas as promessas são absolutas ou condicionais. Das promessas absolutas ou incondicionais não encontramos ocasião quando não foram cumpridas. Em todos os casos onde Deus não fez o que prometera, uma condição é expressa ou implicada. Veja Jeremias 18:8; 9-10. Deus prometeu habitar em Sião, em Jerusalém, no templo, e lá estaria eternamente. (Salmo 132:13, 19), e o povo de Israel habitaria na terra prometida e comeria dela; entretanto foi dito também que eles deveriam obedecer a Deus, continuar em Seu serviço e adoração guardando Suas leis e ordenanças. Isaías 1:19. Mas Israel falhou da sua parte. Deus se afastou deles e deixou que fossem levados cativos. Houve mudança na dispensação, mas não em Sua vontade. Ele ameaçou os ninivitas de destruí-los em quarenta dias, se não se arrependessem. Eles se arrependeram e foram salvos da destruição. Deus Se arrependeu de Sua ameaça; mudou Sua conduta aparente para com eles, mas não da Sua vontade; pois o arrependimento e o escape estavam de acordo com Sua imutável vontade. Jonas 3:4,10. No caso de Ezequias, a declaração exterior ordenada a ele, era que morreria, o que teria acontecido logo devido a doença, mas o segredo de Deus era que ele deveria viver mais quinze anos, como de fato sucedeu. Tal acontecimento não indica contradição ou mudança. A declaração exterior foi feita para humilhar a Ezequias e fazê-lo orar, fazendo assim com que a imutável vontade de Deus fosse efetuada”. 
“A imutabilidade de Deus não é a igual a uma pedra, que não tem experiência interna, antes é como o mercúrio no termômetro que sobe e desce com cada mudança de temperatura”. O mercúrio não muda, mas reflete a mudança da temperatura, “Quando alguém que pedala a bicicleta contra o vento, dobra e pedala com o vento, a força do vento parece ter mudado, embora esteja soprando ainda como antes”. 
4. Diz-se que, às vezes, a oração muda o pensar de Deus. Certamente concordamos com a verdade de que Deus ouve as orações e as responde, mas negamos o fato de que oração efetua mudança em Deus. Isto, se verdade, faria do homem o soberano no lugar de Deus. Isto faria da oração um mandado e não um pedido. A oração é um meio de graça, cujos resultados estão sempre na vontade de Deus. “Se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve”. 1 João 5:14. Na oração parece que conquistamos a Deus, mas na verdade é Ele que nos vence. Não sabemos por que devemos orar nem como (Romanos 8:26), portanto, o Espírito Santo faz intercessão por nós de acordo com a vontade de Deus. Nós até dizemos ao orar: “Seja feito a tua vontade e não a nossa”.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante

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