ASAFÉ ENTRE A DEPRESSÃO E A
GRAÇA DO SENHOR...
SALMO 73:1-28
"Tu me guias com o teu conselho e depois me recebes na
glória"
Asafe era diretor de música nos dias de Davi e Salomão. Crente no
Senhor, compôs 12 hinos que passaram a fazer parte dos Salmos. Da sua
experiência com o Senhor, podia dizer "com efeito, Deus é bom" (v.1).
Porém, durante uma fase de sua caminhada com o Senhor, enfrentou uma crise
espiritual muito grande, a ponto de declarar "quase me resvalaram os pés;
pouco faltou para que se desviassem os meus passos" (v.2). Como Asafe,
você pode estar vivendo momentos de dúvidas e quem sabe até tenha pensado em se
afastar dos caminhos do Senhor. Vendo o que levou esse levita à beira do precipício
e como ele saiu de sua crise espiritual, você descobrirá que mesmo em meio a
lutas, vale a pena servir ao Senhor.
Comecemos com os motivos que quase levaram Asafe à descrença.
I. ASAFE OLHOU PARA O HOMEM
O erro de Asafe foi deixar de olhar para o Senhor para analisar o
que acontecia com as pessoas à sua volta. Ao fixar os olhos na experiência dos
homens, tirou conclusões que o levaram para muito perto da apostasia.
1. Asafe invejou os descrentes, (v.3-12)
O próprio Asafe confessa que "invejava os arrogantes, ao ver a
prosperidade dos perversos" (v.3). O que ele viu nos seus dias é a mesma
coisa que você vê ao reparar no estilo de vida dos descrentes de hoje. Os
descrentes viviam sem preocupações com doenças, "o seu corpo é sadio e
nédio" (v.4). Além disso, "não são afligidos" (v.5). A
conseqüência dessa vida despreocupada é "a soberba que os cinge como um
colar, e a violência que os envolve como manto" (v.6). Chegam a blasfemar,
"contra os céus desandam a boca, e a sua língua percorre a terra"
(v.9). Asafe também notou que os descrentes geralmente são pessoas populares.
Quanto mais ímpios forem, mais "o seu povo se volta para eles e os tem por
fonte de que bebe a largos sorvos" (v.10). Ao invés de serem castigados,
os descrentes, estão "sempre tranquilos, aumentam suas riquezas"
(v.12). Isso deixava Asafe arrasado.
Mas então, ele volta sua atenção para os crentes. E o que ele
percebeu, não o fez sentir-se melhor.
2. Asafe lamentou a sorte dos crentes (v.13-14)
Olhando para si mesmo, ele concluiu tristemente que "inutilmente
conservei puro o coração e lavei as mãos na inocência" (v.13). A sua
avaliação era de que a santidade não compensava, pois apesar de manter-se fiel
"de contínuo sou afligido e cada manhã, castigado" (v.14). Talvez
você tenha chegado à mesma conclusão de Asafe, de que enquanto os descrentes
prosperam no mundo, os crentes vivem uma vida de aflição. Quem sabe você
concorda que quanto mais se consagra, mais dificuldades enfrenta.
Antes de prosseguir, gostaria de dizer que você e Asafe não estão
sozinhos. Cada um em seu tempo, tanto Jó, Davi, Isaías, Jeremias, Habacuque,
Paulo como muitos outros observaram que poucos ricos serviam a Deus e no
entanto pareciam prosperar cada vez mais. Enquanto que os crentes eram, nas
palavras de Paulo, a "escória do mundo". Cada uma dessas pessoas
reagiram a seu modo diante disso. A reação de Asafe quase o levou para longe da
fé. E a sua? Qual a sua reação diante da prosperidade dos descrentes e do seu
sofrimento?
II. ASAFE TORNOU-SE AMARGURADO
A reação de Asafe, como dissemos, quase o levou para fora do
arraial da fé. Ele se tornou um crente amargurado com o que via à sua volta e
dentro de si.
1. Não conseguia compreender, (v.16)
Primeiro, ele não conseguia compreender como as pessoas descrentes
viviam melhores que os crentes. Nas suas palavras, "em só refletir para
compreender isso, achei mui pesada tarefa para mim" (v.16). Quanto mais
pensava sobre o assunto, mais angustiado ficava. Como poderia um Deus justo
deixar impune o perverso e diariamente submeter os crentes a uma disciplina
rígida? Isso não entrava na cabeça de Asafe.
2. Não conseguia falar (v.15)
Como um líder na congregação, Asafe não podia compartilhar suas
dúvidas com seus companheiros, pois poderia semear a dúvida em seus corações.
Aquilo que esmagava o seu coração não podia ser divido com outros, que poderiam
desviar-se. Asafe até pensava em se abrir com alguém, mas então pensava que
isso seria trair a fé de seus irmãos. Dizia ele, "se eu pensara em falar
tais palavras, já aí teria traído a geração de teus filhos" (v.15). É bom
destacar que a atitude de Asafe foi louvável, pois visava poupar a fé de irmãos
mais fracos. Porém, ao se calar, foi cada vez mais consumido pela dúvida.
3. Não conseguia aceitar (v.21-22)
Asafe não conseguia aceitar em seu coração essa situação. A
amargura invadiu a sua alma. Mais tarde ele descreveria a sua situação nas
seguintes palavras "quando o coração se me amargou e as entranhas se me
comoveram, eu estava embrutecido e ignorante; era como um irracional à tua
presença" (v.21-22). Você já veio alguma vez ao culto e de tão angustiado
não conseguiu sentir a presença de Deus? Ao invés de prestar atenção ao que era
ministrado, ficava remoendo sua situação? Então você entende como Asafe se
sentia. Ele estava se tornando insensível às coisas de Deus.
Mas então aconteceu algo que o tirou da situação em que se
encontrava. Preste atenção, pois é isso que precisa acontecer com você, para
que todas as dúvidas se dissipem e você possa se regozijar na presença de Deus.
III. ASAFE ENTROU NA PRESENÇA DE DEUS
Até quando durou a crise espiritual de Asafe? Ele nos responde:
"até que entrei no santuário de Deus" (v.17). Como ministro do
louvor, é certo que ele estava sempre no templo. Porém, dessa vez, ele
realmente se colocou diante de Deus. Ao invés de ficar olhando para o estilo de
vida dos ímpios, olhou para o Senhor. Ao invés de procurar uma explicação
racional para seu sofrimento dentro de si, voltou sua atenção para o seu Deus,
e então as coisas se desanuviaram. Não é comparando a vida do descrente com a
vida do crente que você encontrará as explicações que procura, mas colocando-se
aos pés do Senhor, para aprender de Suas palavras.
1. Compreendeu o fim dos descrentes, (v.17-20; 27)
Após entrar no santuário, Asafe disse "atinei com o fim deles"
(.v17), referindo-se aos descrentes. Até então, Asafe tinha reparado apenas na
situação presente dos ímpios, mas agora o Senhor lhe mostrava o fim deles.
Aparentemente seguros, na verdade os ímpios viviam sob um perigo mortal, pois
"Tu certamente os pões em lugares escorregadios e os fazes cair na
destruição" (v.18). Deus não os deixará impunes em sua iniquidade, mas
"ficam de súbito assolados, totalmente aniquilados de terror!"
(v.19). Embora a sua prosperidade pareça nunca acabar "como ao sonho,
quando se acorda, assim, ó Senhor, ao despertares, desprezarás a imagem
deles" (v.20). Deus não esqueceu nem relevou a maldade dos ímpios, mas os
está reservando para o dia do juízo, quando então terão a retribuição de sua
maldade. Asafe comprendeu então que a longanimidade do Senhor não deve ser
confundida com injustiça, pois "os que se afastam de ti, eis que perecem;
tu destróis todos os que são infiéis para contigo" (v.27)
2. Descobriu a segurança dos crentes, (v.23-26; 28)
Porém, a maior descoberta de Asafe não foi saber como os ímpios
acabam, mas como os justos permanecem para sempre. Ele lembrou-se de algo que
só o crente pode dizer: "todavia, estou sempre contigo, tu me seguras pela
minha mão direita" (v.23). Em meio ao sofrimento, o crente não está
sozinho nem desamparado. Na estrada íngrime da fé, só o crente pode dizer
"Tu me guias com o teu conselho e depois me recebes na glória" (.24).
Ao pensar nessas verdades, Asafe só podia exclamar "quem mais tenho eu no
céu? Não há outro em quem eu me compraza na terra" (v.25). Ah! meu irmão,
Deus te basta! O Senhor te é suficiente! Se você tem Deus no céu e se deleita
dele na terra, então nem a maior prosperidade dos ímpios nem o maior sofrimento
irá te tirar a alegria da salvação! O segredo que Asafe descobriu é que
"ainda que a minha carne e o meu coração desfaleçam, Deus é a fortaleza do
meu coração e a minha herança para sempre" (v.26).
O que é melhor, possuir todas as riquezas do mundo ou viver na
presença de Deus? Depois de encontrar-se com Deus no santuário, Asafe não teve
mais dúvidas: "quanto a mim, bom é estar junto a Deus; no Senhor Deus
ponho o meu refúgio, para proclamar todos os seus feitos" (v.28). Você
trocaria uma vida na presença de Deus e uma eternidade na glória por
prosperidade material na terra e uma eternidade no inferno? Tenho certeza que
não, logo, não há motivo para você duvidar da bondade de Deus e menos ainda
para invejar a sorte dos que seguem a maldade.
CONCLUSÃO
Agora eu preciso falar de uma coisa muito séria. O que Asafe fez
foi muito grave, pois quase o mergulhou na descrença. Mas foi ainda mais grave
porque colocou em dúvida a bondade e a justiça de Deus. Se você, como ele,
pensava que Deus agia de forma errada ao permitir que os ímpios prosperassem
enquanto os crentes eram afligidos, também pecou contra o Pai. Por isso,
precisa pedir perdão ao Senhor. Faça isso agora. E na mesma oração, confesse a
Deus que Ele é teu socorro no céu e alegria na terra, e que tendo Ele em sua
vida, nada lhe fará falta. Oremos a Deus.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciência da Religião Dr.
Edson Cavalcante
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