CANTARES
DE SALOMÃO O LIVRO QUE ENCANTA...
O nome do livro vem da
tradução para o latim, a Vulgata. Este livro foi colocado entre os livros de
sabedoria pois contém, implicitamente, instruções acerca do relacionamento
sexual correto entre homem e mulher . No judaísmo posteiro era lido na páscoa
em virtude da alegorização do amor divino por Israel.
A tradição judaica atribui
a autoria do livro a Salomão, embora alguns eruditos creditem a composição a
Ezequias devido à sua atitude em favor da preservação da literatura de
sabedoria (Pv. 25:1; 2 Cr. 32:27-29). A dúvida quanto à autoria salomônica tem
início no título, que em hebraico pode significar “de/para/sobre Salomão”.
Embora o conteúdo do livro identifique Salomão como o personagem principal,
nenhum trecho afirma sua autoria. Entretanto, os registros históricos de Israel
demonstram que Salomão era hábil na composição de cânticos (1 Rs. 4:32). Outro
fator que depõe a favor da autoria salomônica é o conhecimento da fauna e flora
de Canaã, que também era um interesse de Salomão que ficou registrado na
história (1 Rs. 4:33).
O livro de Cântico dos
cânticos é o livro que possui mais abordagens de interpretação em toda a
Bíblia. Estudiosos de diversas denominações e abordagens teológicas, tanto
cristãos como judeus, estão muito divididos quanto à maneira de interpretá-lo.
O quadro abaixo apresenta algumas dessas abordagens que têm sido sugeridas ao
longo dos anos de estudo em cima deste livro.
1. Dramática Esta abordagem considera o livro
como uma peça de teatro baseada nas antigas tragédias gregas. Esta teoria era
bastante comum na tradição da igreja a partir do século III d.C.A poesia do
livro é um roteiro para uma peça para encenação real, dividida em seis atos com
duas cenas cada um.
2. Tipológica A abordagem tipológica não
desconsidera a historicidade do livro, mas relaciona esta história com o
relacionamento da aliança de Deus com Israel, para os intérpretes judeus, ou o
relacionamento de Cristo com a Igreja, para os intérpretes cristãos.
3. Cúltica Esta linha de interpretação considera o
livro como uma adaptação hebraica de um mito mesopotâmico da fertilidade. Os
que adotam esta abordagem dizem que o amado é o deus Dode retratado numa
encenação que associa os personagens mitológicos da trama para aceitação na fé
hebraica.
4. Matrimonial Nesta abordagem supõe-se que o livro
retrate o ciclo matrimonial com coleções de poemas similares aos cânticos
árabes da antiguidade.
5. Didática A linha didática não rejeita a historicidade
do livro, porém considera os aspectos morais de simplicidade, fidelidade,
castidade e santidade no casamento acima das questões históricas.
6. Alegórica A abordagem alegórica difere da tipológica
desconsiderando totalmente a historicidade do livro. A alegoria acontece quando
o intérprete atribui um significado mais profundo ao conteúdo mesmo que o autor
nunca tenha pretendido isso. Este foi o método mais utilizado nas tradições
cristã e judaica na história.
7. Literal A interpretação literal considera a
poesia por si mesma, isto é, uma manifestação de amor sensual e erótica de dois
jovens apaixonados, combinando os elementos histórico e didático.Se Salomão não
foi de fato o autor do livro, pode ainda ser considerado uma ironia sobre a
exploração de Salomão sobre as mulheres e o caráter exemplar da Sulamita que
rejeitou o cortejo do rei sobre si demonstrando fidelidade ao pastor plebeu.
Se Salomão não foi de fato
o autor do livro, pode ainda ser considerado uma ironia sobre a exploração de
Salomão sobre as mulheres e o caráter exemplar da Sulamita que rejeitou o
cortejo do rei sobre si demonstrando fidelidade ao pastor plebeu.
Estrutura de Cântico dos
Cânticos
O conteúdo de pode ser
dividido da seguinte forma:
Cabeçalho – 1:1
A sulamita no harém de
Salomão – 1:2 – 3:5
Salomão galanteia a
sulamita – 3:6 – 7:9
A sulamita rejeita o rei
Salomão – 7:10 – 8:4
O reencontro da sulamita
com o pastor amado – 8:5-14
O estilo literário de
Cântico dos cânticos, por apresentar uma visão pastoril israelita do segundo
milênio a.C. nos parecem hoje indelicadas e até mesmo engraçadas (Ct. 4:2). Por
vezes nos constrangemos com sua linguagem e metáfora (7:8). Contudo, esta era a
linguagem literária para o amor nesta época, onde o jardim era retratado como
símbolo erótico e de mistério do amor sexual entre um homem e uma mulher.
Propósito e conteúdo
A mensagem do livro de
Cantares trata dos seguintes temas:
A perfeição do homem e da
mulher criados à imagem de Deus
A sexualidade humana
dentro dos limites estabelecidos por Deus
A integridade do amor
humano
A nobreza de manter-se
puro antes do casamento e da fidelidade após o casamento
O propósito do livro,
independente da dificuldade em identificar todos os personagens, é celebrar o
amor sexual entre um homem e uma mulher dentro do matrimônio instituído por
Deus (Ct. 2:3-7, 16; 7:9-12).
A mensagem de Cântico dos
cânticos está na contramão da perversão que se tornou o relacionamento sexual
entre um homem e uma mulher, e mostra a dignidade da afeição erótica
heterossexual dentro dos limites que Deus estabeleceu (Gn. 2:23-24; Rm.
1:24-32). Além disso o livro mostra que Deus criou o sexo também para o prazer
e não apenas para a procriação (Ct. 6:2-3; Ct. 7:10-13; Ct. 8:1-3).
O livro tem o propósito de
mostrar a diferença entre os tipos de afeição entre homem e mulher ao retratar
o comportamento vulgar, sensual e polígamo de Salomão com seu harém (Ct. 6:8)
com o amor simples, fiel, sincero e erótico da Sulamita por seu pastor amado.
O livro aborda a castidade
nos jovens apaixonados (Ct. 4:12; 6:3; 7:10-13; 8:10) indo contra os costumes
sexuais das sociedades da época. O livro mostra o caráter de um amor sincero e
genuíno por meio do compromisso e integridade dentro dos limites do casamento
ordenado por Deus.
Apóstolo. Capelão/Juiz.
Mestre e Doutor em Ciência da Religião Dr. Edson Cavalcante
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