Mateus 12.15-32; Marcos 3.20-30
No relacionamento do crente com o Espírito Santo, há um ponto que não é muito trabalhado, pouco atraente, nem um pouco contagiante e escassamente emocionante – A Blasfêmia contra o Espírito Santo.
A expressão "Blasfêmia" contra o Espírito Santo foi proferida pelo Sr. Jesus para qualificar o pecado dos fariseus, Mateus 12.22-33.
Acredita-se que I João 5.16 também se refere a esse tipo de pecado: "Se alguém vir a seu irmão cometer pecado não para a morte, pedirá, e Deus lhe dará vida, aos que não pecam para a morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que rogue."
ANALISANDO O TEXTOO QUE É A BLASFÊMIA CONTRA O ESPÍRITO SANTO?
1. Blasfêmia (Marcos 12.29) – no grego, esta palavra significa dizer "coisas abusivas" e é usada para indicar esse tipo de declaração contra os homens (Apocalipse 2.9); contra o Diabo (Judas 9) e contra Deus (Ezequiel 32.12).
2. Palavra contra o filho do homem (Mateus 11.32) – o perigo maior não era a blasfêmia contra o nome de Cristo, pois tal pecado embora sério, pode ser perdoado.
3. Blasfemar contra o Espírito Santo (Marcos 12.29) – O texto indica que aqueles homens deveriam ter reconhecido o fato de que as obras operadas por Jesus, eram realizadas pelo Espírito Santo; mas, em seu ódio, consciente ou inconsciente preferiram atribuía-las a Satanás, resultando em um processo de rebeldia contra Deus.
4. Não tem perdão para sempre (Marcos 12.29) – Fica claro esta expressão indicando a impossibilidade do perdão tanto nesta vida, como a vida depois da morte. A interpretação verdadeira, por conseguinte é que o pecado imperdoável não pode ser perdoado durante a vida física, na terra, e nem na vida de além túmulo.
Há muita confusão sobre o que é na verdade a blasfêmia contra o Espírito Santo. Isto se deve ao fato das diversas correntes de interpretação do assunto.
Uns dizem que a blasfêmia contra o Espírito santo é o cair da graça, ou seja, perder a salvação (teologia pentecostal).
Na história da Igreja Primitiva, muitos estudiosos emitiram seus pareceres neste assunto:
Irineu – era a rejeição do evangelho;
Atanásio – era a negação da divindade de Cristo, a qual foi evidenciada ao homem pela concepção do Espírito Santo;
Orígenes – era toda a quebra da lei após o batismo.
Agostinho – era a dureza do coração humano rejeitando a obra de Cristo.
Burge – era atribuir as coisas boas de Deus a um ato de Satanás;
Davis – atribuir os milagres de Cristo a influência de Satanás.
Nos textos bases, o Sr. Jesus está dizendo a seus antagonistas que atribuir a Satanás tudo que tem sido operado pelo poder do Espírito Santo, é demonstrar uma visão moral tão distorcida que já não existe mais nenhuma esperança de recuperação.
Os milagres eram claras demonstração de que o Reino de Deus (o poder e a soberania) estavam atuante no mundo. A negação deste fato não tinha origem na ignorância, mas na recusa voluntária em crer.
"Portanto a descrença é imperdoável. O único pecado que Deus não pode perdoar é a recusa do perdão. Então, o "pecado imperdoável é o estado de insensibilidade moral causada pela contínua recusa em crer no poder de Deus" (Robert H. Mounce, Novo Comentário Bíblico Contemporâneo, pag. 129).
QUANDO ACONTECE A BLASFÊMIA CONTRA O ESPÍRITO SANTO?
O que torna diferente dos outros o "pecado imperdoável" é a sua relação com o Espírito Santo.
A obra do Espírito Santo é:
1. Iluminar a mente dos pecadores, Efésios 1.17-18;
2. Revelar e ensinar o evangelho, João 14.26;
3. Persuadir as almas a arrepender-se e a crer na verdade, cf. Atos 7.51.
4. Abre a mente de modo que a Palavra de Deus possa ser entendida.
Quando a influência do Espírito Santo é deliberada e conscientemente recusada, em oposição à luz, então o pecado irreversível pode ser cometido como um ato voluntário e deliberado de malícia.
Em resposta a essa atitude, há endurecimento do coração, vindo da parte de Deus, que impede o arrependimento e a fé (Romanos 9.17; Hebreus 3.12-13). Neste caso, Deus permite que a decisão da vontade humana seja permanente.
Deus não faz isso levianamente e sem causa, mas em resposta a um ultraje cometido contra o seu amor.
Louis Berkhof afirma que: "O homem de forma voluntária, maliciosa e intencionalmente atribui o que com clareza se reconhece como obra de Deus à influencia e operação de Satanás" (Louis Berkhof, Teologia Sistemática, pag. 255).
A BLASFÊMIA CONTRA O ESPÍRITO SANTO RESULTA EM CONDENAÇÃO ETERNA
O texto que nos serve de base faz alusão aos resultados imediatos e vindouros de tal pecado. Tal pecado, disse Jesus, nunca seria perdoado, nem neste mundo nem no porvir. Quem o comete é réu de pecado eterno (Marcos 3.29; cf. Mateus 12.22-32).
Este pecado leva o homem a estado incorrigível de embotamento moral e espiritual, porque pecou voluntariamente contra a sua própria consciência.
Na linguagem de João, este pecado é para a morte, ou seja, separação final da alma e Deus (I João 5.16), que é segunda morte, reservada para aqueles cujos nomes não estão inscritos "no livro da vida" (Apocalipse 20.15; 21.8).
Para concluir este estudo é necessário algumas informações que trará tranqüilidade.
Freqüentemente pessoas sinceras expressam o temor de haverem cometido o pecado imperdoável. Lembramos que:
1. Enquanto alguém crê de todo o coração que Jesus é filho de Deus e o salvador do mundo, enquanto anela a salvação, pode estar certo de que não cometeu o pecado imperdoável.
2. "Qualquer que esteja preocupado com sua rejeição de Cristo, obviamente não cometeu este "pecado imperdoável". Porque este pecado elimina uma consciência preocupada com qualquer tipo de pecado" (Bíblia de Estudo Scofield, pag. 964).
3. Uma pessoa que quer se arrepender, isto é, quer se desfazer dos seus pecados que tenha cometido, não sofreu o endurecimento e não cometeu o profundo ato que Deus determinou que não será perdoado.
Qualquer pessoa que nasceu de novo não cometerá esse pecado, porque o Espírito Santo que vive nele é Deus, e Deus não está dividido contra si mesmo: "Aquele que é nascido de Deus não peca habitualmente; porque a semente de Deus permanece nele, e não pode continuar no pecado, porque é nascido de Deus. I João 3.9...
BISPO/JUIZ.PHD.THD.DR.EDSON CAVALCANTE
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