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sexta-feira, 9 de abril de 2021

PROFETAS, PROFECIAS E PROFETADAS.

 

PROFETAS, PROFECIAS E PROFETADAS.


Desde a antiguidade, sabe-se e é notório que o sobrenatural exerce fascínio sobre a mente e coração do homem. Nos primórdios as civilizações antigas aspiravam com fervor às orientações divinas. Isto é inerente a raça humana e foi colocado no homem pelo criador. "Existe no homem um vazio do tamanho de Deus”.

Quando verdadeiramente este vazio é preenchido pelo próprio Deus, então a paz passa a reinar em nossos corações. A comunhão com Deus e a palavra de Deus são lâmpada e luz para o nosso caminho (Sl 119.105). Suas orientações divinas nos fazem andar em segurança. Mas quando nos afastamos da lâmpada somos atraídos pelo fascínio do sobrenatural, e por vezes, nos deixamos manipular e oprimir em nome da fé e passamos a trilhar o caminho que consequentemente nos levará ao abismo.

Ao longo da caminhada cristã e nos laboriosos anos pastorais tenho convivido com muitos crentes sinceros e fiéis. No entanto, alguns deles com as mentes perturbadas pelas falsas manifestações sobrenaturais. As falsas profecias, as supostas revelações e os enigmáticos sonhos e visões causaram estrago em suas vidas e se tornaram incapazes de discernir. Tornaram-se reféns dos “mistérios” que passou a ter autoridade superior ao da Bíblia Sagrada.

Por falta de discernimento, por desconhecer as Escrituras, por temer desagradar a Deus, por medo de ser amaldiçoado, pela preocupação de não ser considerado rebelde, estes crentes fiéis e sinceros são manipulados e oprimidos em nome da fé. A manipulação é exercida pelos seus líderes, grupos de oração, laços familiares e até por círculos de amizade.

O objetivo dos manipuladores é exercer domínio sobre a fé e a vida destas pessoas. Conheço um casal que nada faz sem consultar uma suposta profetiza. A tal profetiza é sustentada financeiramente por este casal. Eles pagam o aluguel, o condomínio, a feira e os remédios. Em troca ela os enche de profecias e revelações. Manipulados e oprimidos eles temem abandonar tal conduta e serem amaldiçoados.

O caso acima não é isolado, existem situações similares em todo o país e também pelo mundo. Igrejas há em que o líder é o manipulador. Profecias e revelações são frequentemente usadas para manter os crentes congregando e dar o ar de “espiritualidade” nos cultos. Quando alguém discerne que tem algo errado na igreja, surgem profecias para convencê-lo do contrário. Acuado, cheio de dúvidas e temeroso de ser rebelde permanece submisso ao sistema. O círculo vicioso perdura até que as amarras sejam soltas. Até que a palavra volte a ser a única lâmpada para o caminho que conduz a vida.

Para elucidar esta situação e auxiliar os que estão atemorizados e amedrontados em suas dúvidas, passaremos a análise de alguns dos tantos textos bíblicos pertinentes ao assunto:

a) O Espírito Santo não pode ser restringido, mas tudo deve ser examinado: “Não extingais o Espírito. Não desprezeis as profecias. Examinai tudo. Retende o bem” (1Ts 5.19-21

b) Não se pode crer em todo o espírito, mas tudo deve ser provado: “Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo” (1Jo 4.1)

c) As Profecias e seu conteúdo devem ser julgadas pela igreja: “E falem dois ou três profetas, e os outros julguem. E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas. Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos” (1Co 14.29-32,33)

d) É preciso discernir se a profecia não é resultado de suborno (ofertas, doações, vaidades e outros): “E percebi que não era Deus quem o enviara; mas esta profecia falou contra mim, porquanto Tobias e Sambalate o subornaram” (Ne 6.12)

e) É preciso discernir se o objetivo da profecia não é o de servir de cobertura a suposta autoridade espiritual de um líder (Muitos procedimentos contrários a palavra de Deus são autenticados por falsas profecias): “Os seus sacerdotes violentam a minha lei, e profanam as minhas coisas santas; não fazem diferença entre o santo e o profano, nem discernem o impuro do puro... E os seus profetas têm feito para eles cobertura com argamassa não temperada, profetizando vaidade, adivinhando-lhes mentira, dizendo: Assim diz o Senhor DEUS; sem que o SENHOR tivesse falado” (Ez 22.26,28

f) É preciso discernir se a igreja é guiada pela Palavra de Deus ou por revelações e profecias (Quando se ensina errado é possível contestar com a Palavra. E quando se diz que é profecia? Como contestar? Por isso muitos líderes preferem não ensinar a palavra e dominam o povo com supostas revelações): “Os profetas profetizam falsamente, e os sacerdotes dominam pelas mãos deles, e o meu povo assim o deseja; mas que fareis ao fim disto?” (Jr 5.31) “Porquanto fizeram loucura... e anunciaram falsamente, em meu nome uma palavra, que não lhes mandei, e eu o sei e sou testemunha disso, diz o SENHOR” (Jr 29.23)

g) É preciso perceber se a igreja ou o líder faz uso de todos os meios para angariar ofertas. Normalmente uma suposta revelação ou profecia confirma a ação. Quando a fé é usada como fonte de lucro somos orientados a nos apartar dos tais: “Contendas de homens corruptos de entendimento, e privados da verdade, cuidando que a piedade seja causa de ganho; aparta-te dos tais. Mas é grande ganho a piedade com contentamento. Porque nada trouxemos para este mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele” (1Tm 6.5-7)

h) É preciso discernir se o líder quer controlar a vida e as ações das pessoas para manter os fiéis sob cabresto de falsas revelações e assim garantir sua autoridade, seu prestígio, seu salário e conforto: “Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; Nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho. E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa da glória” (1Pe 5.2-4)

Diante do exposto fica evidenciado que quando uma pessoa profetiza não quer dizer necessariamente que suas palavras estão aprovadas por Deus. Os dons espirituais são concedidos pelo Espírito e não são obtidos por mérito. Portanto não se impressione com os que levantam a voz falando “mistérios” e entregando revelações. Peça a Deus discernimento e não se deixe manipular ou oprimir com falsas manifestações sobrenaturais.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante.

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