MARTA E MARIA
Lucas 10.38-42; João 11.1-45
Introdução
Betânia era uma cidadezinha, ou melhor, um povoado, bem perto de Jerusalém. O Senhor ia sempre lá porque havia uma casa aberta para Ele. Ali Jesus passou os últimos momentos de tranquilidade e paz de Sua vida, ao lado de Seus grandes amigos: Marta, Maria e Lázaro.
São lindos os quadros inspirados por essa família, registrados nas páginas da Bíblia.
I. A visita de Jesus (Lc 10.38-42)
O primeiro quadro nos mostra Jesus chegando a Betânia, e Marta trazendo-O para hospedar-Se em sua casa. Ela apreciava muito o Mestre. Era hospitaleira e considerava uma honra receber o Senhor como hóspede.
Essa foi uma atitude correta de Marta. O escritor da carta aos hebreus recomenda que sejamos hospitaleiros, pois alguns, fazendo isso, hospedaram anjos. Marta hospedou o Filho de Deus, o Salvador! Hoje, Jesus bate à porta do nosso coração e diz: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e cearei com ele e ele comigo” (Ap 3.20).
1. A escolha de Marta
Marta fez tudo para oferecer uma boa acolhida ao seu hóspede. Era uma visita muito importante e merecia o melhor. Assim, ela se esmerou para apresentar-lhe uma calorosa recepção. Enquanto realizava um serviço, pensava em mais outro … mais outro … e foi ficando desanimada, inquieta, irritada, e começou a murmurar. O seu trabalho de amor estava se tornando uma tarefa pesada demais!
Aplicação
Esse é um alerta para nós. Não podemos deixar que isso aconteça conosco. Precisamos recusar o desânimo. Tudo que fazemos para o Senhor deve ser contado como alegria.
2. A escolha de Maria
Enquanto Marta se fatigava na labuta caseira, Maria, sua irmã, assentada aos pés de Jesus, totalmente absorta, ouvia os Seus ensinos. Bebia cada uma de Suas palavras. Ela sabia que o serviço era coisa secundária. Ela não podia perder a oportunidade de prestar adoração ao Mestre e receber Dele os ensinamentos.
3. A perda de Marta
Marta não podia saborear os ensinos de Jesus, pois estava muito preocupada com pormenores e coisas secundárias. Ela começou a se considerar vítima, e passou a acusar a irmã diante do hóspede amado. Sua irritação era tão grande que ela incluiu Jesus na acusação: “Senhor, não te importas de que minha irmã tenha deixado que eu fique a servir sozinha?” E foi além, atrevendo-se a dar ordens ao Mestre: “Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me” (Lc 10.40).
Então, a voz do Mestre se fez ouvir: “Marta! Marta! andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. Entretanto, pouco é necessário, ou mesmo uma só cousa” (Lc 10.41-42).
Essas poucas palavras continham sérias advertências:
a. Marta estava misturando o prioritário com o secundário;
b. Marta estava perdendo tempo com coisas de pouca importância;
c. Marta não compreendia que Cristo veio para servir e não para ser servido;
d. Marta não percebia que Jesus tinha mais interesse na sua pessoa do que no seu serviço.
Essas advertências são dirigidas a nós, hoje.
Há mais uma coisa que devemos notar: precisamos evitar a murmuração. Ela não agrada ao Senhor. Ela não edifica.
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4. O lucro de Maria
“Maria, pois, escolheu a boa parte e esta não lhe será tirada” (Lc 10.42). Maria escolheu estar aos pés de Jesus, numa atitude de adoração e como discípula. Ela não precisava ser repreendida, mas sim elogiada, pois havia feito a melhor escolha.
Aplicação
O tempo que passamos com Jesus é sempre muito bem empregado. Precisamos organizar a vida de tal forma aprender de Cristo seja o mais importante para nós.
II. A morte de Lázaro (Jo 11.1-45)
1. A tragédia da morte
O segundo quadro é anunciado por espessas mágoas. A morte roubou do lar feliz o irmão querido. Parecia injustiça da parte de Deus! Marta, Maria e Lázaro eram amigos íntimos de Jesus. O seu lar era Dele. Então, apesar do quanto tinham feito, a tragédia os alcançou. Parecia indiferença da parte de Jesus! Maria e Marta mandaram chamá-Lo. Esperaram que Ele viesse para curar Lázaro. Ele não veio a tempo, e Lázaro morreu.
Aplicação
Pode acontecer isso na nossa vida, também. Sofremos, nos desesperamos, oramos, clamamos… e o pior acontece. Ter amor por Jesus não nos imuniza contra tristezas e provas da vida, contudo nos garante forças e conforto para sairmos vencedores dessas experiências. Jamais podemos permitir que elas nos vençam.
2. A vitória sobre a morte
Quando Jesus chegou a Betânia, Lázaro já tinha sido sepultado. Nesse incidente vemos a diferença de temperamento entre as duas irmãs – Marta, extrovertida e ativa, não pôde esperar e saiu correndo ao encontro do Senhor, enquanto Maria, mais introvertida e calma, ficou em casa, sentada. Marta desafiou a amizade do Mestre: “Se o Senhor estivesse aqui meu irmão não teria morrido!” (v.21). Marta tirou de Jesus a mais conformadora declaração sobre a Sua Pessoa: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá” (v.25). Mas no versículo 29 lemos que quando Marta disse a Maria: “O Mestre chegou e te chama” (v.28), Maria “levantou-se depressa”. É interessante notar que ela disse a Jesus exatamente as mesmas palavras que Marta tinha dito (v.32), mas a reação de Jesus foi diferente. Com Marta, Jesus manteve um diálogo teológico, mas Maria recebeu do Senhor o mais belo gesto de solidariedade: “Jesus chorou” (v.35). É tão bom saber que Jesus nos conhece pessoalmente e trata Seus filhos individualmente! Ambas presenciaram a glória de Deus e receberam o irmão de volta: vivo e saudável!
Com esse fato, Marta adquiriu:
a. uma nova compreensão de fé (v.22);
b. uma nova compreensão da verdade (v.25-26);
c. uma nova compreensão do Senhor (v.27).
Maria compreendeu melhor o significado da morte (Jo 12.3) e do sepultamento de Jesus (Jo 12.7). Muitos judeus que tinham ido visitar Maria viram o que Jesus fez, creram Nele, e o Filho de Deus foi glorificado. Todos foram beneficiados por meio dessa experiência dolorosa.
Aplicação
Precisamos achar um propósito nas experiências difíceis pelas quais passamos, e, mesmo sem achá-lo, devemos confiar no Senhor. Não podemos tirar conclusões precipitadas a respeito dos acontecimentos. No fim, tudo concorre para o bem, conforme Romanos 8.28.
III. Uma refeição de amor (Jo 12.1-8)
1. Uma manifestação de amor
O terceiro quadro se deu num banquete em Betânia, seis dias antes da paixão de Cristo. Foi uma ocasião muito especial. Lázaro, que tinha sido ressuscitado, estava à mesa com o Mestre. Marta, como sempre, servindo. As qualidades de hospitalidade e de prontidão em servir continuam em evidência em sua vida. Maria, pela terceira vez, se encontra aos pés de Jesus. Ela quebrou todas as etiquetas e presta uma homenagem ao Senhor: derrama um precioso perfume nos Seus pés e os enxuga com os cabelos. Foi a manifestação da sua alma, efeito de uma profunda afeição.
2. Uma manifestação de crítica
“Que extravagância! Que desperdício!” disse Judas. E os demais discípulos concordaram (Mt 26.8).
Talvez nós tivéssemos, também, criticado Maria, se ali estivéssemos. Não é assim que fazemos? Criticamos a igreja, criticamos o pastor, criticamos os oficiais, criticamos os velhos, os moços, as crianças … A oferta que a mulher ofereceu a Jesus, inspirada pelo amor, mal interpretada pelos homens, foi bem recebida pelo Senhor e recompensada pela história. Maria se imortalizou e, por isso, estamos a falar dela, hoje (Mt 26.13). O seu desejo era mostrar amor e simpatia ao Senhor. Ele compreendeu, aceitou e recompensou o gesto condescendente.
Aplicação
Temos feito alguma coisa extraordinária para o Senhor, que realmente prove o nosso amor a Ele? Não por dever, mas por amor? Somos, hoje, gratos a Maria por essa lição de desprendimento?
Conclusão
Marta procurou agradar ao Senhor por meio dos seus próprios esforços. Maria ofereceu-Lhe o melhor que tinha. Isto nos faz lembrar de Caim e Abel. Marta possuía personalidade ativa e extrovertida. O seu amor pelo Senhor revelava-se em serviço. Ela era uma mulher que agia rapidamente. Maria era introvertida e calma por natureza. Das três vezes que seu nome é citado na Bíblia, encontramo-la aos pés de Jesus. E Jesus amava tanto uma como a outra! (Jo 11.5)
Aplicação
Ao examinarmos o contraste entre Marta e Maria, devemos avaliar as nossas próprias relações com o Senhor. Temos mais de Marta ou temos mais de Maria?
1. Se Jesus disse que devo ser um bom samaritano e ajudar aos outros, por que não mandou Maria ajudar sua irmã? (Lc 10.41-42)
2. Em que aspectos Marta é um exemplo ou uma advertência para mim?
3. Ajudar os outros não substitui o tempo que devo passar com Jesus, alimentando-me da Sua Palavra.
4. Quando o serviço cristão é realizado só com as minhas forças, será que os resultados são: cansaço, desânimo, frustrações, mal-entendidos, lamúrias?
5. Para nós, crentes, a morte é um breve dormir em paz. Assim como Lázaro, eu, também, ouvirei a voz do Senhor. Posso gritar "Aleluia!”?
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante.
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