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sexta-feira, 31 de julho de 2020

O CRISTÃO VERDADEIRO


O CRISTÃO VERDADEIRO
1 João 2.6
“Aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou”
Introdução

Uma das histórias contadas pelo Senhor Jesus que todos conhecemos muito bem é a “parábola do joio” (Mt 13.24-30). Descobrimos nessa parábola que não é tarefa fácil separar o crente verdadeiro do falso. São tão pa­recidos que há o risco de alguém tentar separá-los e se enganar, de modo que apenas no tempo de Deus, mediante a apresentação dos frutos, é que o julga­mento acontecerá.

A grande questão está no fato de que as características do crente verda­deiro não são externas, mas trata-se de uma atitude de coração, de uma mudança de mente, da maneira como se relaciona com o Senhor Jesus. O ver­dadeiro crente procura ser semelhante a Jesus. O texto da lição de hoje nos ajuda a examinar exatamente essa dimensão do caráter cristão que se manifesta no relacionamento do crente com Jesus.

I. Crentes sabem quem é Jesus (1Jo 2.1)

O conhecimento de Jesus tem múltiplas faces e implicações. Ele é muito mais do que aquilo que se pode revelar em apenas um verso da Bíblia. Da mesma forma como uma dona de casa tem muitas vasilhas e muitos temperos e, no momento de preparar um prato delicioso, não usa todas as vasilhas nem todos os temperos, mas apenas aqueles de que precisa para pro­duzir o sabor que deseja, assim também o crente conhece Jesus e é abençoado pela qualidade necessária a cada mo­mento de sua vida. Ele é o “socorro bem presente” (Sl 46) na hora da angústia, a força na fraqueza, a companhia na solidão, a paz em tempo de guerra. Ele é o Advogado junto ao Pai no momento do nosso pecado.

Enquanto fomos separados de Deus por causa de nossos pecados, Ele é aquele que está junto ao Pai. Enquanto somos injustos, Ele é “o justo”. Não ape­nas justo, mas Ele é também justo “para nos perdoar” (1Jo 1.9), é aquele que jus­tifica, pois “nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1). Ainda que nos reconheçamos pecadores, somos exortados a que não pequemos. Isso significa que, mesmo sendo pecador, o crente não vive na prática deliberada do pecado, porque o seu desejo é viver na luz e agradar Aquele que o chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz. Ainda assim, quem “pensa estar em pé veja que não caia” (1Co 10.12). Continuamos com a possibilidade de pecar.

A pessoa que não chegou ao co­nhecimento da verdade não tem solução para o problema do pecado. Ela ignora que está pecando ou continua no pecado, fazendo do ato pecaminoso uma prática natural de vida, ou luta contra o pecado com armas inúteis – recursos inade­quados como boas obras, rezas, esforço pessoal ou qualquer outro. O crente sabe que Jesus é o Advogado – aquele que é “chamado para o lado”, nosso intercessor junto a Deus ( Jo 14.16,25; 15.6; 16.7). Como “a intercessão de Cristo é a aplicação contínua de Sua morte para nossa salvação”. O crente sabe quem é Jesus!

II. Crentes confiam naquilo que Cristo fez (1Jo 2.2)

O justo, Jesus Cristo, é também a propiciação pelos nossos pecados. Foi o sangue de Jesus, vertido pelos nossos pecados, que tornou possível a propiciação.

1. Suficiente para o meu pecado

O termo propiciação é bastante ligado à ideia de propiciar, ou tornar possível. No caso bíblico, propiciatório é o lugar onde os pecados eram expiados ou removidos. Em Romanos 3.25, somos informados que “Deus propôs, no seu san­gue (de Jesus), como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos”. Deve-se observar novamente a íntima ligação en­tre a justiça ( Jesus é o justo – 1Jo 2.2) e a propiciação. Através da morte de Cristo, Deus remove os pecados do Seu povo, não apenas simbolicamente como no ritual de Levítico 16, mas em fato e realidade, limpando a consciência do homem e eliminando sua culpabilidade perante Deus (veja o comentário da Bíblia Vida Nova para Rm 3.25).

O crente honra a Deus não apenas no ato de buscar o Seu perdão, mas também na disposição consequente e continuada de perceber-se perdoado. Ainda que o inimigo use inúmeros ar­tifícios para fazer-nos lembrar de nossa indignidade (e de fato somos indignos!), ou mesmo de nossa história passada (inclusive maldições ou traumas), sabemos muito bem que, da mesma forma como o bode emissário (de Lv 16) era enviado para levar o pecado do povo para o deserto, também o Senhor levou sobre Si as nossas transgressões (Is 53.4) e lançou nossos pecados “no fundo do mar”. Sabemos que o sacrifício de Cristo é suficiente para remover toda a culpa, de modo radical e completo.

2. Suficiente para o pecado do mundo todo

O lembrete incluído no verso 2 é maravilhoso: “não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo in­teiro”. O fato insistentemente lembrado na Bíblia e pelo cristianismo em todos os tempos é que Deus amou ao mundo ( Jo 3.16), e que foi por isso que Ele deu o Seu Filho para morrer na cruz. Nós, os crentes em Cristo Jesus, precisamos ser relembrados constantemente de que o amor de nosso Senhor é maior do que nosso ego – que Ele ama também o descrente, aquele que mora perto de nós e aquele que está mais distante: “todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”! ( Jo 3.16)

O outro lado dessa verdade é que podemos e devemos proclamar essa mensagem para cada pessoa do mundo. Tendo confiança no que Ele fez, somos desafiados a um envolvimento absoluto com a obra de evangelização e de missões. Essa é a razão por que somos “evangéli­cos”: fomos alcançados pelo evangelho e pregamos o evangelho – as Boas-Novas de salvação de que Cristo morreu e ressuscitou, e de que Nele há salvação para todo pecador – do mundo todo.

III. Crentes fazem o que Cristo manda (1Jo 2.3-6)

O padrão de vida santa não é um preço pago para comprar a salvação, e nem mesmo um complemento para isso (já que Jesus é suficiente, e nada está faltando em Sua obra propiciató­ria). Do outro lado, essa vida santa é um resultado obrigatório da natureza da obra de Cristo na vida do crente. Guardar os mandamentos de Cristo é o sinal evidente que acompanha todo o crente verdadeiro – é o fruto que se espera como resultado da semente do evangelho que nasceu em nosso coração.

Aquele que se diz crente e vive em pecado é semelhante a um produto de marca falsificada que traz a etiqueta, imita o original, mas não tem a qua­lidade e a durabilidade dele. Além de enganar o comprador, esse produto depõe contra o controle de qualidade da marca falsificada. Essas pessoas, joio no meio do trigo, estão inevitavelmente no mesmo campo de ação dos crentes verdadeiros, são perfeitas imitações, mas vivem de forma pecaminosa. Paulo lembrava aos judeus que, devido à ma­neira desregrada como viviam mesmo na condição de “povo de Deus”, eles acabavam fazendo com que o nome de Deus fosse “blasfemado entre os gentios” (Rm 2.24). Infelizmente, ainda nos dias atuais, a vida indigna de muitos de nós acaba por desonrar o nome de nosso Senhor (e havemos de prestar contas a Deus por isso!).

O outro lado da verdade também é proclamado nesse texto: quando o crente obedece aos mandamentos de Cristo, ele demonstra de forma exuberante os feitos de Deus em sua vida. Na linguagem

bíblica, o amor de Deus é aperfeiçoado nele. Esse crente é “o bom perfume de Cristo”, “embaixador de Deus”, como se Deus falasse por intermédio dele. A evidência mais clara que o mundo pode ver como demonstração do poder do evangelho é a maneira santa e justa como você e eu vivemos. Nós somos as cartas vivas para o mundo! Crente que é crente de verdade permanece em Cristo. Cristo está junto ao Pai (v.1), e o crente tem de andar como Ele andou (v.6). Daí o texto bíblico dizer que a mensagem que ouvimos e anunciamos é para que mantenhamos comunhão com o Seu povo, e “a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo” (1Jo 1.3). En­quanto nossos pecados nos separam de Deus, o fato de estarmos em Cristo nos aproxima de Deus, “derrubando a parede da inimizade” e permitindo uma vida de comunhão com Deus (cf. Cl 1.21-23).

Conclusão

O crente verdadeiro tem inúme­ras razões para se alegrar. Não é sem motivo que ele louva e exalta o Senhor constantemente. Só aquele que sabe quem Cristo é, que conhece Suas obras e aprendeu a viver em obediência à Sua santa palavra pode entender a dimensão extraordinária do evangelho de Cristo Jesus.

Temos sido frequentemente en­sinados a separar uma nota falsa (di­nheiro) de uma verdadeira. Como crentes, não nos compete julgar os outros crentes, mas somos ensina­dos a examinarmos a nós próprios (1Co 11.31-32). Um exercício bastante saudável para concluir a lição de hoje será um exame pessoal de nossos atos e nossa maneira de viver para perceber se verdadeiramente demonstramos o fruto do Espírito de Deus em nossa vida. O texto de Gálatas 5.16-26 é uma excelente referência para nos ajudar nessa tarefa. A advertência final é sem­pre a mesma: “se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito” (Gl 5.25) – “aquele que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou” (1Jo 2.6).
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante.

quarta-feira, 29 de julho de 2020

A SUBSTANCIA DE CRISTO




                                                      A SUBSTANCIA DE CRISTO
A substância de Cristo é obediência à vontade do Pai celestial
O Deus encarnado é chamado de Cristo e Cristo é a carne vestida pelo Espírito de Deus. Essa carne é diferente de qualquer homem que é da carne. Essa diferença existe porque Cristo não é de carne e sangue, mas é a encarnação do Espírito. Ele tem tanto uma humanidade normal como uma divindade completa. Sua divindade não é possuída por nenhum homem. Sua humanidade normal sustenta todas as Suas atividades normais na carne, enquanto Sua divindade realiza a obra do Próprio Deus. Seja Sua humanidade ou divindade, ambas se submetem à vontade do Pai celestial. A substância de Cristo é o Espírito, isto é, a divindade. Portanto, Sua substância é a do Próprio Deus, essa substância não interromperá Sua própria obra e Ele não poderia fazer qualquer coisa que destrua Sua própria obra, nem jamais pronunciaria palavras que fossem contra Sua própria vontade. Portanto, o Deus encarnado absolutamente nunca realizaria nenhuma obra que interrompesse o Seu próprio gerenciamento. Isso é o que cada homem deve entender. A essência da obra do Espírito Santo é salvar o homem e é por causa do próprio gerenciamento de Deus. Da mesma forma, a obra de Cristo é salvar o homem e é para o bem da vontade de Deus. Dado que Deus Se torna carne, Ele alcança Sua substância dentro da Sua carne, de modo que ela é suficiente para cumprir Sua obra. Portanto, toda a obra do Espírito de Deus é substituída pela obra de Cristo durante o tempo da encarnação e no cerne de cada obra durante o tempo da encarnação está a obra de Cristo. Ela não pode ser misturada com a obra de qualquer outra era. E já que Deus Se torna carne, Ele opera na identidade de Sua carne; uma vez que Ele vem na carne, Ele termina, na carne, a obra que deve realizar. Seja o Espírito de Deus ou o de Cristo, ambos são o Próprio Deus e Ele realiza a obra que deve realizar e desempenha o ministério que Ele deve desempenhar.

A própria substância de Deus exerce autoridade, mas Ele é capaz de submeter-Se plenamente à autoridade que vem Dele. Seja a obra do Espírito ou a da carne, nenhuma entra em conflito com a outra. O Espírito de Deus é a autoridade sobre toda a criação. A carne com a substância de Deus é também possuída de autoridade, mas Deus na carne pode realizar toda obra que obedece à vontade do Pai celestial. Isso não pode ser alcançado ou concebido por qualquer homem. O Próprio Deus é autoridade, mas Sua carne pode submeter-se a Sua autoridade. Esse é o significado interior das palavras: “Cristo obedece a vontade de Deus, o Pai”. Deus é um Espírito e pode realizar a obra da salvação, da mesma forma que Deus pode tornar-Se homem. De qualquer maneira, Deus Mesmo realiza Sua própria obra, Ele não interrompe nem interfere, muito menos realiza obras que são mutuamente conflitantes, pois a substância da obra realizada pelo Espírito e a carne são semelhantes. Seja o Espírito ou a carne, ambos operam para cumprir uma vontade e gerenciar a mesma obra. Embora o Espírito e a carne tenham duas qualidades díspares, Suas substâncias são as mesmas; ambas têm a substância e a identidade do Próprio Deus. Deus Mesmo não tem elementos de desobediência; Sua substância é bondade. Ele é a expressão de toda beleza e bondade e também de todo amor. Mesmo na carne, Deus não realiza nada que desobedece a Deus, o Pai. Ainda que fosse à custa de sacrificar Sua vida, Ele Se comprometeria de todo coração e não faria qualquer outra escolha. Deus não tem elementos de presunção e de importância, ou prepotência e arrogância; Ele não tem elementos de desonestidade. Tudo que desobedece a Deus vem de Satanás; Satanás é a fonte de tudo que é feio e toda maldade. A razão pela qual o homem tem qualidades iguais às de Satanás é porque o homem foi corrompido e trabalhado por Satanás. Cristo não foi corrompido por Satanás e por isso Ele tem apenas as características de Deus e nenhuma de Satanás. Não importa quão árdua a obra ou fraca a carne, Deus, enquanto vive na carne, nunca realizará qualquer coisa que interrompa a obra do Próprio Deus e muito menos abandonará a vontade de Deus, o Pai, em desobediência. Ele preferiria sofrer as dores da carne do que ir contra a vontade de Deus, o Pai; como Jesus disse na oração: “Pai, se for possível, afasta de Mim esse cálice: mas não seja como Eu quero, mas como Tu queres”. O homem escolherá, mas Cristo não. Embora Ele tenha a mesma identidade do Próprio Deus, Ele ainda procura a vontade de Deus, o Pai, e cumpre o que Lhe foi confiado por Deus, o Pai, da perspectiva da carne. Isso é algo inalcançável para o homem. O que vem de Satanás não pode ter a substância de Deus, apenas uma substância que desobedece e resiste a Deus. Ele não pode obedecer completamente a Deus, muito menos voluntariamente obedecer à vontade de Deus. Todo homem separado de Cristo é capaz fazer o que resiste a Deus e ninguém pode empreender diretamente a obra confiada por Deus; ninguém pode considerar o gerenciamento de Deus como sua própria obrigação a desempenhar. Submeter-Se à vontade de Deus, o Pai, é a substância de Cristo; a desobediência contra Deus é característica de Satanás. Essas duas qualidades são incompatíveis e qualquer que tenha as qualidades de Satanás não pode ser chamado de Cristo. A razão pela qual o homem não pode realizar a obra de Deus em Seu lugar é porque o homem não possui nenhuma substância de Deus. O homem trabalha para Deus por causa de seus interesses pessoais e de suas perspectivas futuras, mas Cristo opera para fazer a vontade de Deus Pai.
A humanidade de Cristo é regida por Sua divindade. Embora Ele esteja na carne, Sua humanidade não é inteiramente semelhante à de um homem de carne. Ele tem Seu próprio caráter único e isso também é regido por Sua divindade. Sua divindade não tem fraqueza, a fraqueza de Cristo refere-se à Sua humanidade. Até certo ponto, essa fraqueza restringe Sua divindade, mas esses limites estão dentro de um certo escopo e tempo e não são ilimitados. Quando chega a hora de realizar a obra de Sua divindade, ela é feita independentemente de Sua humanidade. A humanidade de Cristo é inteiramente dirigida por Sua divindade. Além da vida normal de Sua humanidade, todas as outras ações de Sua humanidade são influenciadas, afetadas e dirigidas pela divindade de Deus. Embora Cristo tenha uma humanidade, ela não interfere na obra de Sua divindade. Isso é precisamente porque a humanidade de Cristo é dirigida por Sua divindade e embora Sua humanidade não seja madura em Sua conduta perante os outros, não afeta a obra normal de Sua divindade. Quando digo que a humanidade Dele não foi corrompida, quero dizer que a humanidade de Cristo pode ser diretamente dirigida por Sua divindade e que Ele possui um sentido superior ao do homem comum. Sua humanidade é mais adequada para ser dirigida pela divindade em Sua obra; Sua humanidade é a mais capaz de expressar a obra da divindade, além de ser a mais capaz de Se submeter a essa obra. Enquanto Deus opera na carne, Ele nunca perde de vista a obrigação que um homem na carne deve cumprir; Ele é capaz de adorar a Deus no céu com um coração verdadeiro. Ele tem a substância de Deus e Sua identidade é a do Próprio Deus. É só que Ele veio à terra e Se tornou um ser criado com a casca exterior de um ser criado, porém, agora tendo uma humanidade que Ele não tinha antes, Ele é capaz de adorar a Deus no céu. Esse é o ser do Próprio Deus e é inimitável para o homem. Sua identidade é o Próprio Deus. É da perspectiva da carne que Ele adora Deus e, portanto, as palavras “Cristo adora Deus no céu” não estão incorretas. O que Ele pede ao homem é precisamente o Seu próprio ser; Ele já alcançou tudo o que pede dos homens antes de o pedir a eles. Ele nunca faria demandas dos outros enquanto Ele Próprio Se liberta delas, pois tudo isso constitui Seu ser. Independentemente de como Ele realiza Sua obra, Ele não agiria de uma maneira que desobedecesse a Deus. Não importa o que Ele peça ao homem, nenhuma demanda excede o que o homem é capaz de alcançar. Tudo o que Ele faz é fazer a vontade de Deus para o bem de Sua gestão. A divindade de Cristo está acima de todos os homens, portanto Ele é a mais alta autoridade de todos os seres vivos. Essa autoridade é Sua divindade, isto é, o caráter e o ser do Próprio Deus que determina Sua identidade. Portanto, não importa quão normal seja Sua humanidade, é inegável que Ele tem a identidade do Próprio Deus; não importa de que perspectiva Ele fala e de como Ele obedece a vontade de Deus, não se pode dizer que Ele não é o Próprio Deus. Homens insensatos e ignorantes geralmente consideram a humanidade normal de Cristo como uma falha. Não importa como Ele expressa e revela o ser de Sua divindade, o homem é incapaz de reconhecer que Ele é Cristo. E quanto mais Cristo demonstra Sua obediência e humildade, mais os homens tolos consideram a Cristo levianamente. Existem até aqueles que adotam uma atitude de exclusão e desprezo em relação a Ele, porém colocam aqueles “grandes homens” de imagens sublimes sobre o pedestal para serem adorados. A resistência e a desobediência do homem a Deus vêm do fato de que a substância do Deus encarnado Se submete à vontade de Deus, bem como da humanidade normal de Cristo; aqui reside a fonte da resistência do homem e da desobediência a Deus. Se Cristo não tivesse a aparência de Sua humanidade nem buscasse a vontade de Deus, o Pai, da perspectiva de um ser criado, mas fosse revestido de uma super-humanidade, então não haveria desobediência em homem algum. A razão pela qual o homem está sempre disposto a acreditar em um Deus invisível no céu é porque Deus no céu não tem humanidade e não possui nenhuma qualidade sequer de ser criado. Portanto, o homem sempre O considera com a maior estima, mas mantém uma atitude de desprezo em relação ao Cristo.
Embora Cristo na terra seja capaz de operar em nome do Próprio Deus, Ele não vem com a intenção de mostrar a todos os homens Sua imagem na carne. Ele não vem para que todos os homens O vejam; Ele vem para permitir que o homem seja conduzido por Sua mão, entrando assim na nova era. A função da carne de Cristo é para a obra do Próprio Deus, isto é, para a obra de Deus na carne e não para permitir que o homem compreenda plenamente a substância de Sua carne. Não importa como Ele opere, ela não excede o que a carne é capaz de alcançar. Não importa como Ele opere, Ele o faz na carne com uma humanidade normal e não revela completamente ao homem o verdadeiro semblante de Deus. Além disso, Sua obra na carne nunca é tão sobrenatural ou inestimável como o homem concebe. Embora Cristo represente o Próprio Deus na carne e execute pessoalmente a obra que o Próprio Deus deve realizar, não nega a existência de Deus no céu, nem proclama febrilmente as Suas próprias obras. Em vez disso, Ele permanece humildemente oculto dentro de Sua carne. Exceto Cristo, aqueles que afirmam falsamente ser Cristo não têm Suas qualidades. Quando justaposto contra o caráter arrogante, que exalta a si mesmo, daqueles falsos cristos, torna-se evidente que tipo de carne é verdadeiramente a de Cristo. Quanto mais falsos, mais esses falsos cristos se exibem, e mais capazes são de realizar sinais e maravilhas para enganar o homem. Os falsos cristos não têm as qualidades de Deus; Cristo não está contaminado por qualquer elemento pertencente aos falsos cristos. Deus Se torna carne apenas para completar a obra da carne, não apenas para permitir que todos os homens O vejam. Em vez disso, Ele deixa Sua obra afirmar Sua identidade e permite que o que Ele revela comprove Sua substância. Sua substância não é sem fundamento, Sua identidade não foi tomada pela mão Dele, ela é determinada por Sua obra e Sua substância. Embora Ele tenha a substância do Próprio Deus e seja capaz de realizar a obra do Próprio Deus, Ele ainda é, apesar de tudo, carne diferente do Espírito. Ele não é Deus com as qualidades do Espírito; Ele é Deus com a casca da carne. Portanto, não importa quão normal e quão fraco Ele seja e de que maneiras busque a vontade de Deus, o Pai, Sua divindade é inegável. No Deus encarnado, existe não apenas uma humanidade normal e suas fraquezas; existe ainda mais a maravilha e a insondabilidade de Sua divindade, assim como todos os Seus feitos na carne. Portanto, tanto a humanidade quanto a divindade existem de fato e praticamente dentro de Cristo. Isso não é de nenhuma forma vazio ou sobrenatural. Ele vem à terra com o objetivo principal de executar uma obra; é imperativo ser revestido de uma humanidade normal para realizar a obra na terra; caso contrário, por maior que seja o poder de Sua divindade, Sua função original não pode ser bem utilizada. Embora Sua humanidade seja de grande importância, não é Sua substância. Sua substância é a divindade e, portanto, o momento em que Ele começa a realizar Seu ministério na terra é o momento em que Ele começa a expressar o ser de Sua divindade. Sua humanidade é unicamente para sustentar a vida normal de Sua carne, de modo que Sua divindade possa executar uma obra igualmente normal na carne; é a divindade que norteia inteiramente Sua obra. Quando Ele completar Sua obra, Ele terá cumprido Seu ministério. O que o homem deve conhecer é a totalidade de Sua obra e é por meio dessa obra que Ele permite ao homem conhecê-Lo. Ao longo de Sua obra, Ele expressa plenamente o ser de Sua divindade, que não é um caráter manchado pela humanidade, ou um ser manchado pelo pensamento e comportamento humano. Quando chegar a hora em que todo o Seu ministério terá chegado ao fim, Ele já terá expressado perfeita e plenamente o caráter que deveria expressar. Sua obra não é instruída por nenhum homem; a expressão de Seu caráter é também bastante livre, não é controlada pela mente ou processada pelo pensamento, mas é revelada naturalmente. Isso não pode ser alcançado por nenhum homem. Mesmo que o ambiente não seja favorável ou as condições não permitam, Ele pode expressar Seu caráter no momento apropriado. Aquele que é o Cristo expressa o ser de Cristo, enquanto os que não são, não têm o caráter de Cristo. Portanto, mesmo que todos resistam a Ele ou tenham noções Dele, ninguém pode negar, com base nessas noções, que o caráter expressado por Cristo é o de Deus. Todos aqueles que buscam a Cristo com um coração verdadeiro ou buscam Deus com intenção, admitirão que Ele é Cristo de acordo com a expressão de Sua divindade. Eles nunca negariam a Cristo com base em qualquer aspecto Dele que não esteja de acordo com as noções do homem. Embora o homem seja muito tolo, todos sabem exatamente qual é a vontade do homem e o que é originário de Deus. É simplesmente que muitas pessoas intencionalmente resistem ao Cristo, por suas próprias intenções. Se não fosse por isso, nenhum homem teria razão para negar a existência de Cristo, pois a divindade expressa por Cristo realmente existe e Sua obra pode ser testemunhada por todos a olhos nus.
A obra e a expressão de Cristo determinam Sua substância. Ele é capaz de completar, com um coração verdadeiro, o que Lhe foi confiado. Ele é capaz de adorar a Deus no céu com um coração verdadeiro e com um verdadeiro coração buscar a vontade de Deus, o Pai. Tudo isso é determinado por Sua substância. E assim também é Sua revelação natural determinada por Sua substância; a razão pela qual Sua revelação natural é assim chamada é porque Sua expressão não é uma imitação ou o resultado da educação dada pelo homem ou o resultado de muitos anos de cultivo pelo homem. Ele não a aprendeu e nem Se adornou com ela, ao contrário, é inerente a Ele. O homem pode negar Sua obra, expressão, humanidade e a vida inteira de Sua humanidade normal, mas ninguém pode negar que Ele adora Deus no céu com um coração verdadeiro, ninguém pode negar que Ele veio para cumprir a vontade do Pai celestial e ninguém pode negar a sinceridade com que Ele busca a Deus, o Pai. Embora Sua imagem não seja agradável aos sentidos, Seu discurso não possua um ar extraordinário e Sua obra não surpreende nem abale os céus tanto quanto o homem imagina, Ele é de fato Cristo que cumpre a vontade do Pai celestial com um coração verdadeiro, Se submete completamente ao Pai e é obediente até a morte. Isso é porque Sua substância é a substância de Cristo. É difícil para o homem acreditar nessa verdade, porém, ela realmente existe. Quando o ministério de Cristo for completamente concluído, o homem poderá ver a partir de Sua obra que Seu caráter e Seu ser representam o caráter e o ser de Deus no céu. Naquele dia, a soma de toda Sua obra poderá declarar que Ele é de fato a carne em que o Verbo Se torna, e não é semelhante àquela de um homem de carne e sangue. Cada etapa da obra de Cristo na terra tem seu significado representativo, mas o homem que experimenta a obra verdadeira de cada etapa é incapaz de compreender o significado de Sua obra. Isso é especialmente assim para às várias etapas da obra realizada por Deus em Sua segunda encarnação. A maioria daqueles que só ouviram ou viram as palavras de Cristo, mas nunca O viram, não tem noção de Sua obra; aqueles que viram Cristo e ouviram Suas palavras e também experimentaram Sua obra, acham difícil de aceitá-la. Isso não é porque a aparência e a humanidade normal de Cristo não são agradáveis ao homem? Aqueles que aceitam Sua obra depois que Cristo Se foi, não terão tais dificuldades, pois apenas aceitam Sua obra e não entram em contato com a humanidade normal de Cristo. O homem não consegue abandonar suas noções de Deus e, em vez disso, O examina intensamente; isso é porque o homem se concentra apenas em Sua aparência e é incapaz de reconhecer Sua substância com base em Sua obra e Suas palavras. Se o homem fechar os olhos para a aparência de Cristo ou evitar discutir a humanidade de Cristo e falar apenas de Sua divindade, cuja obra e palavras são inalcançáveis por qualquer homem, então, as noções do homem diminuirão pela metade, a ponto de que todas as dificuldades do homem serão resolvidas. Durante a obra do Deus encarnado, o homem não pode tolerá-Lo e está cheio de muitas noções sobre Ele e os casos de resistência e desobediência são comuns. O homem não pode tolerar a existência de Deus, mostrar leniência para com a humildade e ocultabilidade de Cristo, ou perdoar a substância de Cristo que obedece ao Pai celestial. Por isso, Ele não pode ficar com o homem por toda a eternidade depois que terminar a Sua obra, pois o homem não está disposto a permitir que Ele viva ao lado deles. Se o homem não pode Lhe demonstrar leniência durante o período da Sua obra, então como eles poderiam tolerá-Lo vivendo ao lado deles depois que Ele cumprisse Seu ministério, observando-os experimentar gradualmente Suas palavras? Não cairiam muitos por causa Dele? O homem permite que Ele apenas opere na terra; essa é a maior extensão da leniência do homem. Se não fosse por Sua obra, há muito tempo o homem O teria expulsado da terra, então quanto menos Lhe mostraria leniência quando Sua obra for concluída? Então, o homem não O mataria e O torturaria até a morte? Se Ele não fosse chamado de Cristo, então Ele não poderia agir entre os homens; se Ele não operasse com a identidade do Próprio Deus e em vez disso operasse apenas como um homem normal, então o homem não toleraria uma única frase proferida por Ele e muito menos a menor de Suas obras. Então, Ele só pode levar essa identidade Consigo Mesmo em Sua obra. Dessa forma, Sua obra é mais poderosa do que se Ele não tivesse feito isso, pois todos os homens estão dispostos a obedecer a uma identidade elevada e grandiosa. Se Ele não carregasse a identidade de Deus Mesmo enquanto realizasse a obra ou aparecesse como o Próprio Deus, então Ele não teria a oportunidade de realizar obra alguma. Apesar do fato de Ele ter a substância de Deus e o ser de Cristo, o homem não facilitaria e permitiria que Ele realizasse a obra com facilidade entre os homens. Ele carrega a identidade do Próprio Deus em Sua obra; embora tal obra seja dezenas de vezes mais poderosa do que aquela realizada sem essa identidade, o homem ainda não é totalmente obediente a Ele, pois o homem se submete apenas à Sua posição e não à Sua substância. Em caso afirmativo, quando talvez um dia Cristo descer de Sua posição, poderia o homem permitir que Ele continue vivo por um dia sequer? Deus está disposto a viver na terra com o homem para que Ele veja os efeitos que a obra de Suas mãos trará nos próximos anos. No entanto, o homem não consegue tolerar Sua estadia nem por um dia, então Ele só pode desistir. Já é a maior extensão da leniência e da graça do homem permitir que Deus realize entre os homens a obra que Ele deve realizar e cumpra Seu ministério. Embora aqueles que foram pessoalmente conquistados por Ele mostrem-Lhe tal graça, eles só permitem que Ele permaneça até que Sua obra tenha terminado e nem um minuto a mais. Se é assim, o que dizer dos que Ele não conquistou? Não é a razão pela qual o homem trata o Deus encarnado dessa maneira o fato de Ele ser Cristo na casca de um homem normal? Se Ele tivesse apenas divindade e não uma humanidade normal, então, as dificuldades do homem não seriam resolvidas com a maior facilidade? O homem reconhece relutantemente Sua divindade e não mostra nenhum interesse em Sua casca de um homem comum, apesar do fato de Sua substância ser exatamente a de Cristo que Se submete à vontade do Pai celestial. Como tal, Ele só poderia cancelar Sua obra de estar entre os homens para compartilhar com eles tanto alegrias como tristezas, pois o homem não podia mais tolerar a Sua existência.

Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante
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terça-feira, 28 de julho de 2020

AMIZADE VERDADEIRA NÃO TEM PREÇO


AMIZADE VERDADEIRA NÃO TEM PREÇO

Amizades são uma parte importante da nossa vida. Desde a criação do primeiro casal, Deus mostrou a necessidade do companheirismo na vida humana. Em famílias, igrejas e comunidades criamos laços de amizade. Precisamos compartilhar a vida com outras pessoas.

Na Bíblia, Deus nos orienta sobre amizades. Ele fala do valor dos bons amigos e adverte-nos sobre os perigos dos companheiros errados. Ele oferece instrução e apresenta exemplos que nos ensinam. Estas orientações valem para os jovens que ainda estão escolhendo o seu rumo, e também ajudam os adultos no seu caminho pela vida.

Instruções sobre amizades

As Escrituras nos orientam sobre a escolha e o tratamento dos nossos amigos. Amigos têm muita influência em nossas vidas: "O justo serve de guia para o seu companheiro, mas o caminho dos perversos os faz errar" (Provérbios 12:26). Por este motivo, a escolha de companheiros é um assunto de grande importância: "Quem anda com os sábios será sábio, mas o companheiro dos insensatos se tornará mau" (Provérbios 13:20). No final de contas, nossas escolhas não envolvem apenas pessoas, mas decidem a nossa direção na vida e na eternidade. Tiago frisou bem este fato quando perguntou: "Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus" (Tiago 4:4). O mesmo livro fala de um homem de grande fé que rejeitou os caminhos errados de outros homens e mostrou a sua lealdade ao Senhor. O resultado desta escolha de Abraão? "Foi chamado amigo de Deus" (Tiago 2:23). Devemos escolher bons amigos que nos ajudarão, especialmente em termos espirituais.

É fácil escolher mal. Muitas pessoas que não amam a Deus e não respeitam a palavra dele nos oferecem a sua amizade. Às vezes, podemos influenciar tais pessoas pela nossa fé e o exemplo de uma vida reta. O próprio Jesus fez questão de ter contato com pecadores, oferecendo-lhes a palavra eterna da salvação (Lucas 15:1; Mateus 9:10-13). O perigo vem quando não confessamos a nossa fé no meio de uma geração perversa (Marcos 8:38). Ao invés de conduzir outros a Cristo, deixamos as más influências nos corromperem.

Algumas pessoas querem nos induzir a pecar contra Deus. "Filho meu, se os pecadores querem seduzir-te, não o consintas. Se disserem: Vem conosco, embosquemo-nos para derramar sangue, espreitemos, ainda que sem motivo, os inocentes; traguemo-los vivos, como o abismo, e inteiros, como os que descem à cova; acharemos toda sorte de bens preciosos, encheremos de despojos a nossa casa; lança a tua sorte entre nós; teremos uma só bolsa. Filho meu, não te ponhas a caminho com eles; guarda das suas veredas os pés; porque os seus pés correm para o mal e se apressam a derramar sangue" (Provérbios 1:10-16). Infelizmente, observamos a mesma tragédia espiritual na vida de muitas pessoas hoje. Quantos jovens são induzidos a usar drogas, ou até de se tornar traficantes, pela influência de "amigos"? Quantos se integram a gangues e acabam cometendo vários tipos de crime?

Algumas amizades precisam ser totalmente evitadas:"Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores" (Salmo 1:1). Quando outros querem nos conduzir ao erro, precisamos sair correndo: "Foge da presença do homem insensato, porque nele não divisarás lábios de conhecimento. A sabedoria do prudente é entender o seu próprio caminho, mas a estultícia dos insensatos é enganadora. Os loucos zombam do pecado, mas entre os retos há boa vontade" (Provérbios 14:7-9).

Alguns dos amigos mais perigosos são aqueles que sempre concordam conosco, apoiando-nos mesmo nas coisas erradas. "Melhor é ouvir a repreensão do sábio do que ouvir a canção do insensato" (Eclesiastes 7:5). O amigo verdadeiro nos corrige, e a pessoa sábia procura ter amigos com coragem e convicção para a repreender quando for necessário. Por outro lado, o insensato evita pessoas que corrigem e criticam, procurando aprovação acima de sabedoria. "O escarnecedor não ama àquele que o repreende, nem se chegará para os sábios... O coração sábio procura o conhecimento, mas a boca dos insensatos se apascenta de estultícia" (Provérbios 15:12,14). Ninguém gosta de ser corrigido, mas todos nós precisamos de amigos que nos amam tanto que mostram os nossos erros: "Melhor é a repreensão franca do que o amor encoberto. Leais são as feridas feitas pelo que ama, porém os beijos de quem odeia são enganosos" (Provérbios 27:5-6).

Paulo mostrou aos coríntios que, mesmo entre pessoas religiosas, é necessário evitar influências negativas: "Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes" (1 Coríntios 15:33). No caso dos coríntios, alguns irmãos estavam espalhando doutrinas falsas, negando a ressurreição dos mortos. O fato de alguém participar de uma igreja ou se dizer cristão não é garantia de uma amizade saudável e edificante. Alguns aproveitam a amizade para induzir outros a aceitar doutrinas e religiões falsas. Moisés avisou sobre parentes e amigos que incentivam os servos de Deus a servir outros deuses e mandou que não concordassem, nem ouvissem, nem olhassem com piedade para aqueles falsos professores (Deuteronômio 13:6-8). Temos que julgar a árvore pelos frutos (Mateus 7:15-20), retendo o que é bom e nos abstendo de toda forma de mal (1 Tessalonicenses 5:21-22).

Uma vez que escolhemos bons amigos, devemos ser bons amigos! As Escrituras nos aconselham sobre as responsabilidades de companheiros fiéis. Amigos contam com a presença uns dos outros: "Mais vale o vizinho perto do que o irmão longe" (Provérbios 27:10). "O olhar de amigo alegra ao coração; as boas-novas fortalecem até os ossos" (Provérbios 15:30). Por outro lado, não devemos abusar da amizade, causando aborrecimentos: "Não sejas freqüente na casa do teu próximo, para que não se enfade de ti e te aborreça" (Provérbios 25:17). Não devemos abandonar nem trair os nossos amigos (Provérbios 27:10). Amigos verdadeiros não são interesseiros, mas aqueles companheiros fiéis que ficam nos bons tempos e nos maus: "Em todo tempo ama o amigo, e na angústia se faz o irmão" (Provérbios 17:17). A amizade verdadeira traz benefícios mútuos: "Como o ferro com o ferro se afia, assim, o homem, ao seu amigo" (Provérbios 27:17).

As orientações bíblicas são valiosas para nos guiar em fazer e manter boas amizades.

Exemplos de amizades boas e más

Deus nos ensina, também, por exemplos. Três gerações da mesma família servem como exemplos de amizades boas e más. Considere estes casos:

Davi e Jônatas. Talvez a mais conhecida amizade na história seja a de Davi com Jônatas, filho do rei Saul. O ciumento rei tentou matar o jovem Davi, escolhido por Deus como seu sucessor. Pelo mesmo motivo, Jônatas poderia ter olhado para Davi com inveja ou ódio. Se Deus não tivesse nomeado Davi, o próprio Jônatas seria rei depois da morte de Saul. Mas Jônatas não mostrou tais atitudes. Ele manteve uma amizade especial com Davi durante toda a sua vida. Quando Saul tentou matar Davi, foi Jônatas quem protegeu o seu amigo (1 Samuel 20). Davi lamentou amargamente a morte deste amigo excepcional (2 Samuel 1:17-27). Mesmo depois da morte de Jônatas, Davi mostrou bondade para com seu filho aleijado, Mefibosete (2 Samuel 9).

Amnon e Jonadabe. Amnon, um dos filhos de Davi, não escolheu seus amigos como o fez o seu pai. Ao invés de cultivar amizades boas e saudáveis, ele escolheu como companheiro seu primo Jonadabe (2 Samuel 13:3). Quando Amnon falou com este amigo sobre os seus desejos errados pela própria irmã, Jonadabe teve uma oportunidade excelente para corrigir e ajudar o seu primo. Infelizmente, ele fez ao contrário. Ele "ajudou" Amnon a descobrir uma maneira de estuprar a própria irmã! Além de levar Amnon a humilhar e odiar a moça inocente e a magoar profundamente o seu pai (2 Samuel 13:4-21), o conselho de Jonadabe levou, afinal, à morte do próprio Amnon (2 Samuel 13:22-36). Jonadabe até teve coragem de tentar confortar Davi depois da morte de Amnon! Que amigo!

Roboão e seus colegas. Roboão, neto de Davi, se tornou rei depois da morte de Salomão. No início do seu reinado, ele procurou conselho de várias pessoas antes de tomar uma decisão importantíssima. Ele valorizou a amizade com seus colegas acima da sabedoria dos homens mais velhos e experientes (1 Reis 12:7-11). A "ajuda" destes amigos contribuiu para a divisão do reino e diminuiu muito a influência de Roboão. Nossos amigos podem falar coisas que nos agradam, mas devemos dar ouvidos à sabedoria de pessoas mais sábias!

O que aprendemos?

De tudo que a Bíblia fala sobre amizades, devemos aproveitar algumas lições importantes. Entre elas:

1. Escolher cuidadosamente os nossos amigos, evitando amizades que nos levariam ao pecado.

2. Valorizar amigos que nos corrigem quando erramos.

3. Cortar amizades que prejudicam a nossa vida espiritual, especialmente quando os "amigos" incentivam o pecado e participação em religiões falsas.

4. Ser amigos fiéis e de confiança, especialmente nos momentos difíceis quando os amigos mais precisam de nós.

5. Sempre manter nossa relação com Deus acima de qualquer amizade humana, confessando a nossa fé no meio de uma geração perversa.

Quando se trata de amizade, devemos valorizar qualidade, e não quantidade: "O homem que tem muitos amigos sai perdendo, mas há amigo mais chegado do que um irmão" (Provérbios 18:24).
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante.

DEUS ENDURECE O CORAÇÃO DE FARAÓ


                                            DEUS ENDURECE O CORAÇÃO DE FARAÓ
Êxodo 1–18 é uma parte super intensa da história bíblica, que levanta algumas questões teológicas pesadas. O confronto épico entre Deus e o Faraó sobre o destino dos israelitas escravizados é um virar de páginas. O faraó é um homem realmente mau — na verdade, a pior pessoa que conhecemos na Bíblia até agora. Ao ler essas histórias, você pode ficar tentado a perguntar: quem está realmente dando as ordens aqui? É Deus? Em caso afirmativo, por que ele permitiria isso? E, por que esse confronto se torna tão violento e intenso? (…)
Faraó com uma “F” maiúsculo
O faraó não é um único rei no Êxodo. Se você prestar atenção, verá que esse título real se refere a uma sequência de reis egípcios ao longo de muitas gerações. Isso levanta a questão interessante de por que o autor realmente não nomeia o faraó que se opôs a Moisés (ele era Thutmose II ou III, ou Ramsés I ou II?). É quase certo que isso foi de propósito. O autor não quer que nos concentremos em um único rei. Em vez disso, ele quer que vejamos o Faraó como um arquétipo do padrão de rebelião humana que começou no jardim e que culminou na Babilônia (Gênesis 3–11). Este rei, ou sequência de reis, é o epítome do mal humano. Ele encarna a trilha estranha e trágica que o coração humano pode tomar quando uma pessoa ou sociedade coloca seus próprios valores e bem-estar acima de outra pessoa ou sociedade. Faraó é o que acontece quando uma nação inteira redefine o bem e o mal, para além da sabedoria de Deus. Você tem um Egito edificando sua riqueza e segurança nas costas de um Israel maltratado, oprimido e escravizado. À medida que a história se desenvolve, o Faraó coloca sua própria reputação e orgulho acima do bem-estar de seu próprio povo. Esta é uma situação horrível, e é o diagnóstico da Bíblia sobre a condição humana em termos corporativos. O império egípcio e seu faraó são a Babilônia de Gênesis 11 em esteroides. Deus precisa responder.
O mal de cabeça para baixo

Uma questão comum que os leitores têm sobre essa história diz respeito ao tema repetido do “coração duro” do Faraó. Às vezes, nos dizem que Faraó endurece seu coração contra Deus, mas outras vezes lemos que Deus endurece seu coração. Quem está realmente por trás de todo esse mal? E o que essa história nos conta sobre o relacionamento de Deus com o mal em outros momentos da história ou em nossas próprias vidas?
Para responder a esta pergunta você precisa ser paciente e ler a história lentamente e em sequência. Caso contrário, você abortará a experiência pela qual o autor deseja que você passe. No envio de Moisés (Êxodo 3–6), Deus primeiro diz que “sabe” que o Faraó resistirá à exigência de deixar os israelitas ir (3: 19–20), e assim Deus diz que ele endurecerá o coração do Faraó (4:21) e 7: 3). Então, Deus conhece os corações dos homens e pode antecipar suas respostas, um pensamento sóbrio ecoado em toda a Bíblia (veja Jeremias 17:10). Deus transformará o mal do Faraó completamente, mas isso significa que Deus é responsável pela rebelião do faraó do começo ao fim? Você tem que continuar lendo e ficar alerta.
Endurecimento de corações
No primeiro encontro de Moisés e Faraó (Êxodo 7: 13–14), o coração do Faraó “se endureceu”. Agora, há um problema de tradução aqui que, infelizmente, complica as coisas, então pegue seu chapéu de nerd da Bíblia! O verbo hebraico para “tornou-se difícil” (pronunciado, khazaq) não é passivo, nem indica quem está iniciando a ação (é chamado de verbo “estativo”, o que significa que não diz se é Faraó ou Deus). Se você está lendo na NVI, está ambíguo, o que parece ser o ponto. No entanto, algumas outras traduções modernas, infelizmente, inseriram sua interpretação no texto e traduziram este verbo como “foi endurecido”. Em outras palavras, eles o transformam em um verbo passivo, para que você se afaste do capítulo 7 pensando que Deus estava endurecendo o coração do faraó desde o princípio, o que não é o que o texto diz. Enquanto você lê, você notará que um padrão fascinante surgiu. Nas cinco primeiras pragas que Deus envia ao Egito, o endurecimento do coração do Faraó acontece por sua própria vontade, ou é novamente ambíguo, assim como vimos na cena de abertura. Nas últimas cinco pragas, o padrão muda.
As Dez Pragas e o Coração d Faraó
Sangue: o coração do Faraó “se endureceu” (7:22).
Rãs: O Faraó “endureceu seu próprio coração” (8:15).
Piolhos: o coração do Faraó “se endureceu” (8:19).
Moscas: “Faraó endureceu seu próprio coração” (8:32).
O Gado morre: o coração do Faraó “se endureceu” (9: 7)
Feridas Infeccionadas: “O Senhor endureceu o coração do Faraó” (9:12)
Saraiva: O Faraó “endureceu seu próprio coração” (9:34)
Gafanhotos: Deus anuncia que “endureceu o coração do Faraó” (10: 1,10: 20)
Escuridão: Deus “endureceu o coração do Faraó” (10:27)
Morte dos primogênitos: Deus “endureceu o coração do Faraó” (11:10)
Aqui podemos tirar várias conclusões. Antes de tudo, nas pragas 6–10, ouvimos quatro vezes que Deus endureceu o coração do Faraó. Você pode ver como isso é diferente das pragas 1–5? Nessas histórias, Faraó endureceu explicitamente seu próprio coração (pragas 2 e 4), ou a fonte do endurecimento era ambígua (pragas 1, 3 e 5). Curiosamente, na 7ª praga da saraiva, primeiro vemos o faraó endurecer seu próprio coração (9:34), mas depois o narrador usa o verbo ambíguo “endureceu” para descrevê-lo. Isso significa que todos os outros usos do verbo ambíguo (pragas 1, 3 e 5) não implicam que Deus endureceu o coração do Faraó, mas o contrário!
Deus chamou Faraó para se humilhar e reconhecer que Deus é sua autoridade e que não pode redefinir o bem e o mal em termos egípcios.
O Ponto
Por que o autor usa essa técnica de ida e volta para descrever o coração do Faraó? Tudo faz parte do brilhante diagnóstico da condição humana nesta história, que trata da natureza misteriosa do mal humano. Deus chamou Faraó para se humilhar e reconhecer que Deus é sua autoridade e que não pode redefinir o bem e o mal em termos egípcios. A resposta do faraó (ver 5: 1–2) é confrontar o Deus de Israel. Depois disso, Deus oferece a Faraó cinco oportunidades para se arrepender e se humilhar, e cinco vezes ele endurece seu coração. O autor quer que vejamos que mesmo as formas mais hediondas e absurdas do mal humano não são uma verdadeira ameaça para os propósitos de Deus. Ele pode dirigir até esse tipo de maldade em direção a seu plano para abençoar a humanidade através da família de Abraão.
O Clímax
Em última análise, se foi Deus ou o Faraó, no final de dez pragas, Faraó quer que os israelitas desapareçam. Depois de perder seu próprio filho, o Faraó libera os israelitas. Não surpreendentemente, porém, o faraó tem outra mudança de coração, e retrata sua decisão de deixar os israelitas irem (14: 5). O faraó reúne seu exército, e nos é dito que Deus “endurece seu coração” (14: 8). Sabemos como esta história acaba. A mudança do coração do Faraó se volta contra si mesmo, resultando em uma catástrofe em todo o império.
A Resposta de Romanos 9
Romanos 9 é a referência mais longa que Paulo faz ao Êxodo no Novo Testamento. Muitos apontam para este capítulo para dizer que Deus estava por trás do mal do faraó desde o início. Romanos 9:18 diz: “Portanto, ele tem misericórdia de quem quer e endurece a quem quer.” Paulo vê no coração duro do Faraó um padrão que estava novamente em operação em seu próprio tempo, ou seja, a rejeição de Jesus, o Messias por muitos do seu próprio povo judeu. Nesta passagem, Paulo não está oferecendo um comentário sobre o complicado tema do coração duro do Faraó, nem diz que só Deus foi o responsável. Ele está resumindo o ponto principal do diagnóstico da história do Êxodo acerca do mal do Faraó (o propósito de Deus de abençoar não pode ser frustrado pelo mal humano) e aplicá-lo a uma tragédia aparente em seu próprio tempo. A execução de Jesus era realmente parte do plano de Deus para trazer bênção a todas as nações. É a exploração de Paulo da justiça e da misericórdia de Deus. O fato de que Deus pode dirigir o mal para seus propósitos não significa que ele o tenha projetado. O faraó é responsável por seu próprio mal, assim como os irmãos de José. No entanto, não há força no mal humano que possa resistir ao propósito de Deus de trazer salvação e bênção a todas as nações.
O que isso significou para o Faraó, e o que isso significa para mim?
Quando o mal humano não é controlado, coisas ruins acontecem e as pessoas más podem às vezes se transformar em monstros. O autor de Êxodo está nos mostrando que o Faraó era responsável pelo mal em seu coração, e em um ponto claro da história (após a 5ª praga), ele se aproximou do ponto de não retorno. Neste ponto, Deus re-propõe este “vaso” (como Paulo coloca em Romanos 9) para seus próprios propósitos. O ponto da história não é dizer-nos que Deus engendra o mal, antes, é um aviso cauteloso para você, o leitor, dizendo: “Não seja como Faraó!” Coisas estranhas acontecem no coração e na mente humana quando deixamos que os impulsos do mal da nossa natureza quebrada não sejam controlados. Deus sempre nos oferece graciosamente oportunidades de voltar (você teria dado a Faraó tantas chances ?!), mas às vezes uma pessoa pode se consolidar em um caminho destrutivo e alcançar um ponto de não retorno. Deus pode, às vezes, permitir que nosso mal nos destrua. MAS, a boa notícia é que, se essa última te assusta, você não é Faraó! O fato de você estar se preocupando com a questão significa que seu coração é mole e quer fazer o que é certo. À medida que progredimos através do restante da narrativa bíblica, você verá que este tema do coração duro versus mole se desenvolve mais. Por enquanto, consideremos a misteriosa justiça e a misericórdia de Deus, a qual deseja nos salvar de nós mesmos
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante.