JUSTIÇA NA HORA DO ARREBATAMENTO...
Quando Jesus prometeu aos Seus discípulos: “Eu voltarei” (João
14:3), Ele criou uma esperança que têm ardido no coração de quase todos os
cristãos por 2.000 anos. E, raras vezes desde o primeiro século dC tem
esta esperança queimada mais intensamente nos corações dos cristãos do que
hoje. Esta esperança é escurecida, no entanto, por uma sombra. Segundo a
Bíblia, um momento terrível de angústia, muitas vezes chamado de “tribulação” –
terá lugar na Terra pouco antes da segunda vinda de Cristo. Por quase
1.800 anos, os cristãos acreditavam que todo o povo de Deus iria passar por
essa tribulação. No entanto, cerca de 200 anos atrás, uma nova teoria foi
proposta – que Deus levará os verdadeiros cristãos para fora do mundo e os
transportará para o céu antes da Tribulação. Aqueles que ficarem para trás
passarão pela Tribulação, durante a qual milhões de judeus serão convertidos ao
cristianismo. A segunda vinda de Cristo ocorrerá no final da Tribulação. A
deportação dos santos para o céu antes da Tribulação é chamada de
“arrebatamento”. Segundo os que defendem essa teoria, o arrebatamento será
secreto no sentido de que, num primeiro momento, ninguém vai saber que ele
ocorreu. Aqueles que são deixados para trás na terra só irão perceber que isso
aconteceu quando eles se tornam conscientes de que muitas pessoas desapareceram
de repente, sem qualquer razão. Uma série de filmes religiosos tentou retratar
este arrebatamento nos últimos anos. Estes filmes mostram tipicamente pessoas
espantadas perguntando o que aconteceu com seus amigos e entes queridos. Outra
cena comum é a de carros desgovernados e aviões caindo, porque seus motoristas
e pilotos foram “arrebatados”. Em certo sentido, esta visão do fim do mundo
poderia ser chamada de uma teoria dupla da segunda vinda, porque divide o
retorno de Cristo para o nosso planeta em duas partes, o arrebatamento antes da
Tribulação e a Segunda Vinda na sua conclusão. Neste artigo, examinaremos a
evidência bíblica sobre o fim do mundo e a segunda vinda de Cristo. Quatro
razões para questionar o arrebatamento secreto Um estudo cuidadoso da Bíblia
sugere pelo menos quatro razões principais para questionar o ponto de vista de
uma segunda vinda de Cristo em duas fases: 1. O vocabulário do Segundo Advento
não oferece respaldo para tal ponto de vista Nenhuma das três palavras gregas
usadas no Novo Testamento para descrever o retorno de Cristo, ou seja,
parousia-vinda, apokalypsis-revelação, e epiphaneia-aparecimento, sugere um
arrebatamento secreto antes da tribulação (muitas vezes chamado de “arrebatamento
pré-tribulacionista”) como objeto da esperança cristã no Advento. Os
pré-tribulacionistas alegam que em 1 Tessalonicenses 4:15, Paulo usou a palavra
parousia-vinda para descrever o arrebatamento secreto. Mas em 1 Tessalonicenses
3:13, ele usou a mesma palavra para descrever “a vinda de nosso Senhor Jesus
com todos os seus santos” (NVI) – uma descrição, de acordo com os
pré-tribulacionistas, da segunda fase da volta de Cristo. Em 2 Tessalonicenses
2:8, Paulo de novo emprega o termo parousia para se referir à vinda de Cristo
que causará a destruição do anticristo – um evento que, de acordo com os
pré-tribulacionistas, supostamente ocorrerá na segunda fase da vinda de Cristo
(ver também Mateus 24:27, 38, 39). Da mesma forma, as palavras apokalypsis-revelação
e epiphaneia-aparecimento, são utilizadas para descrever tanto o que os
pré-tribulacionistas chamam de arrebatamento (1 Cor 1:7; 1 Tim 6:14) como o que
chamam de Retorno, ou segunda fase da Vinda de Cristo (2 Tess 1:7-8, 2:8).
Assim, o vocabulário da Bendita Esperança não propicia base alguma para uma
distinção da volta de Cristo em duas fases. Seus termos são utilizados para
descreverem um único, indivisível, pós-tribulacional Advento de Cristo que vai
trazer salvação aos crentes e retribuição aos descrentes. 2. O Novo Testamento
não contém traços de um secreto e invisível arrebatamento instantâneo da
Igreja. Na verdade, 1 Tessalonicenses 4:15-17, que dá a descrição mais notória
do Segundo Advento, sugere exatamente o oposto. Ela fala que o Senhor desce do
céu “dada a Sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a
trombeta de Deus” . . . “os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois
nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatado juntamente com eles, entre
nuvens, para o encontro do Senhor nos ares”. “(versículos 16, 17).
A ”palavra de ordem”, ”a trombeta”, e o grande
ajuntamento dos vivos e santos ressurretos dificilmente
sugeriria um evento secreto, invisível e instantâneo. Pelo
contrário, como tem sido frequentemente apontado, essa talvez
seja a passagem mais barulhenta
da Bíblia. As referências a uma trombeta
ressoando em paralelo com as passagens de
Mateus 24:31 e 1 Coríntios
15:52 corroboram a natureza pública do Segundo
Advento. Nenhum traço de um arrebatamento secreto pode ser
encontrado em qualquer uma destas passagens. 3. As Passagens bíblicas sobre a
Tribulação não oferecem suporte para um
arrebatamento pré-tribulacional da Igreja.
Em seu discurso no Monte das Oliveiras, Jesus
falou da grande tribulação que irá preceder
imediatamente a Sua vinda, prometendo que “por causa dos
escolhidos tais dias serão
abreviados”(Mateus 24:22). Argumentar que ”os eleitos” são apenas
os crentes judeus e não membros da igreja
é ignorar o fato de que Cristo estava se dirigindo a
Seus apóstolos que representavam não só o Israel nacional,
mas também a igreja em geral. Isto
é confirmado pelo fato de que tanto Marcos como
Lucas, que escreveram seus evangelhos para a
Igreja gentílica, relatam o mesmo discurso (Marcos 13:20,
Lucas 21). Notável também é a semelhança entre a
descrição de Cristo da Sua segunda vinda
em Mateus 24:30, 31 e a de Paulo em 1 Tessalonicenses 4:16,
17. Ambos os textos mencionam a descida do Senhor, a trombeta que soa, os
anjos acompanhantes e a reunião do povo de Deus. No entanto, os
pré-tribulacionistas dizem que a passagem de 1 Tessalonicens
descreve o arrebatamento antes da Tribulação, mas
a passagem de Mateus descreve a segunda vinda de
Cristo após a tribulação. O paralelismo entre as duas passagens
indica claramente que o arrebatamento da Igreja não precede, mas, pelo
contrário, segue-se à grande tribulação. 4. Por fim, Paulo e o
livro do Apocalipse negam a noção de um
arrebatamento secreto pré-tribulacional. Em 2 Tessalonicenses 2, Paulo refutou um
equívoco que era predominante entre os cristãos de
Tessalônica. Aparentemente, eles acreditavam que o dia do Senhor já
tinha
chegado. Para refutar esse equívoco, Paulo citou dois grandes
eventos que devem ocorrer antes
da vinda do Senhor, ou seja, a rebelião e
o aparecimento do ”homem da iniqüidade” que perseguirá
o povo de Deus (2 Tessalonicenses 2:3). Se Paulo esperasse que a
Igreja fosse arrebatada deste mundo antes da tribulação causada pelo
aparecimento do anticristo, ele dificilmente teria ensinado que os crentes veriam
tal evento antes da vinda do Senhor. O livro
de Apocalipse trata dos eventos associados com a
grande tribulação em maior detalhe do
que qualquer outro livro do Novo Testamento, eventos tais
como o aparecimento de uma besta que
persegue os santos de Deus e
o derramamento das sete últimas
pragas (Apocalipse 8-16). Embora João descreva
estes eventos tribulacionais em grande detalhe, ele nunca
menciona ou sugere um Advento de Cristo secreto e pré-tribulacional para levar
embora a Igreja. Isto é tanto mais surpreendente tendo em conta
o expresso propósito de João de instruir as igrejas a
respeito dos eventos finais. Na
verdade, João explicitamente menciona uma incontável
multidão de crentes que passarão pela grande tribulação:
“Estes são os que vieram da grande tribulação, e
lavaram as suas vestes e as branquearam no
sangue do Cordeiro” (Apocalipse 7:14). Os
pré-tribulacionistas argumentam que esses crentes são todos
da raça judaica, supostamente porque, durante os
eventos descritos em Apocalipse 4 à19, a igreja não
está mais na terra mas no céu. Este
raciocínio é desacreditado, em primeiro
lugar, pelo fato que em nenhum lugar João faz uma
distinção entre os santos judeus e gentios, na Tribulação. Ao
contrário, João afirma explicitamente que os
crentes vitoriosos da Tribulação vêm
“de toda nação, tribo, povo e língua “(Apocalipse
7:9). Esta frase ocorre repetidamente no Apocalipse para designar não
exclusivamente os judeus mas inclusivamente muitos membros da família
humana, independentemente da sua origem étnica ou nacional (Apocalipse 5:9;
10:11, 13:07, 14:6). Obviamente, Cristo não resgatou somente judeus, mas
pessoas de todas as raças. Em Apocalipse 22:16 Jesus reivindica ter enviado o
Seu anjo a João “para testificar estas cousas à Igreja”. É difícil ver como as
mensagens dadas pelo anjo a João poderiam ser um testemunho para as Igrejas se
a Igreja não está diretamente envolvida nos eventos descritos nos capítulos 4 à
19, em outras palavras – na maior parte do livro. O fato é que o Apocalipse
descreve a Igreja como sofrendo perseguição por poderes satânicos durante a
tribulação final mas não como sofrendo a ira divina. Como os antigos israelitas
desfrutaram da proteção de Deus durante as dez pragas (Êxo. 11:7), assim o povo
de Deus será protegido quando Sua ira divina cair sobre os ímpios. O Apocalipse
representa essa divina proteção através de um anjo que sela os servos de Deus
em suas testas (Apoc. 7:3) para que sejam protegidos quando a ira de Deus
sobrevir sobre os impenitentes (Apoc. 9:4). Por fim, o povo de Deus será
resgatado pelo glorioso Retorno de Cristo (Apoc. 16:15; 19:11-21). O apocalipse
então, não retrata um arrebatamento pré-tribulacional da Igreja, mas um Retorno
pós-tribulacional de Cristo. Em face das razões aqui discutidas, concluímos que
o ensino popular de uma Vinda Secreta de Cristo para arrebatar a Igreja antes
da tribulação final é desprovida de qualquer apoio bíblico. Tal crença torna a
Deus culpado de dar tratamento preferencial à Igreja removendo-a da terra,
deixando os crentes judeus a sofrer a tribulação final. As Escrituras ensinam
que a Segunda Vinda de Cristo é um evento único que ocorre após a grande
tribulação e será experimentada pelos crentes de todas as eras e de todas as
raças. Esta é a Bendita Esperança que une “toda nação, e tribo, e língua e
povo” (Apoc. 14:6). Arrebatamento Atrasado Quanto tempo se espera que levará
para o desaparecimento maciço dos verdadeiros cristãos de todas as nações?
Muitos acreditam que esse evento está iminente porque sua principal
pré-condição, ou seja, o restabelecimento do Estado de Israel e a posse da
antiga Jerusalém, já tiveram lugar...
Bispo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciência da Religião Dr.
Edson Cavalcante.
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