ESTUDO APRENDENDO A FAZER MISSÕES COM O APOSTOLO PAULO...
Aqui abordaremos questões referentes à pessoa do apóstolo Paulo, suas
viagens, sua obra, seu zelo e sua doutrina.
Suas viagens se revestem de fundamental importância e estão ligadas ao
propósito do seu ministério. Apóstolo significa "enviado". Sendo
assim, o apóstolo precisa ir. Suas viagens produziram uma obra, que foi o
estabelecimento de igrejas em diversas cidades do Império Romano. Após a
fundação das igrejas, Paulo poderia, simplesmente, seguir adiante sem se
importar com o rebanho. Entretanto, destaca-se o seu zelo, demonstrado pelo
envio de cartas às igrejas, inclusive a uma que não foi por ele fundada, à igreja
de Roma. Essa correspondência poderia conter apenas assuntos de interesse
pessoal do autor e dos destinatários. Entretanto, contêm a mais sublime
exposição da doutrina cristã.
Depois de todo esse trabalho, o apóstolo não recebeu recompensa humana.
Pelo contrário, foi perseguido, preso, açoitado e morto. As suas viagens e as
suas prisões foram necessárias para que hoje tivéssemos as epístolas paulinas
no Novo Testamento.
FAMÍLIA E INFÂNCIA
Paulo se chamava também Saulo (At.13.9), nome hebraico derivado de
"Saul", que significa "pedido". Nasceu em Tarso, na
Cilícia, no ano 1 d.C. (At.21.39). Era judeu por descendência e romano devido
ao status de sua cidade natal no Império (At.16.37; 22.25-30). Paulo era seu
nome romano, derivado do latim "Paulus", que significa
"pequeno" (At.13.9).
O livro "Atos de Paulo e Tecla" nos apresenta o apóstolo como
um homem de "baixa estatura, cabelos ralos, sobrancelhas ligadas e nariz
convexo."
Jerônimo escreveu que os antepassados de Paulo viviam na Galiléia e depois migraram para Tarso. Eram, portanto, judeus da diáspora. Não sabemos os motivos da mudança, já que eram várias as razões que faziam com que muitos judeus abandonassem a Judéia. O próprio crescimento do comércio no Império era motivo de muitos deslocamentos.
Jerônimo escreveu que os antepassados de Paulo viviam na Galiléia e depois migraram para Tarso. Eram, portanto, judeus da diáspora. Não sabemos os motivos da mudança, já que eram várias as razões que faziam com que muitos judeus abandonassem a Judéia. O próprio crescimento do comércio no Império era motivo de muitos deslocamentos.
Tarso era a principal cidade da Cilícia, célebre (At.21.39) e bela. Era
um centro cultural, religioso e filosófico. Possuía um templo dedicado a Baal e
uma universidade tão importante quanto às de Atenas e de Alexandria.
A família de Paulo pertencia à tribo de Benjamim. Não se sabe o nome dos
seus pais, mas apenas que eram da seita dos fariseus, à qual o próprio Saulo
aderiu. (At.23.6; Fp. 3.5 Rm. 11.1).
JUVENTUDE, EDUCAÇÃO, OFÍCIO E SEITA RELIGIOSA
Embora Tarso fosse uma ótima cidade, sua cultura e costumes eram
estranhos ao judaísmo. Os pais de Saulo parecem ter se preocupado com a
formação religiosa do filho. Por isso, Saulo foi morar em Jerusalém (At.26.4),
onde estavam sua irmã e seu sobrinho (At.23.16). Tal mudança deve ter ocorrido
por volta dos 13 anos de idade, quando todo judeu deveria se apresentar no
templo judaico. Daí em diante, o jovem Saulo passou a ser instruído pelo mestre
fariseu Gamaliel (At.5.34; 22.3). Tornou-se também um fariseu convicto e
extremamente zeloso (Gl.1.14). Pela análise de todos os textos mencionados,
entendemos que a família de Saulo era influente. Ele mesmo chegou a possuir
algum nível de autoridade política e religiosa em Jerusalém. Pode ter
participado do Sinédrio ou simplesmente de uma sinagoga, onde votava contra os
cristãos (At.26.10). Parte de sua instrução foi o aprendizado da confecção de
tendas, ofício que mais tarde lhe serviria como fonte de renda em algumas
viagens.
Tendo nascido no ano 1, Paulo era contemporâneo de Jesus. Contudo, não
sabemos se chegaram a ter algum contato antes da crucificação. Isso é bastante
possível, mas, por falta de provas, torna-se apenas objeto de especulação. Os
versículos de II Co.5.16 e I Co.9.1 podem indicar esse conhecimento, mas isso
não é absolutamente certo. Mesmo que tenha tomado conhecimento a respeito de
Jesus, Paulo, como fariseu, não via em Cristo a realização de suas esperanças,
uma vez que os fariseus aguardavam a emancipação política de Israel. Assim, o
cristianismo, que anunciava um reino espiritual, apresentava-se como abominação
aos olhos de Paulo, o qual se tornou um perseguidor implacável dos
cristãos (Gl. 1.13; I Cor. 15.9). Não satisfeito com as perseguições dentro de
Jerusalém, Paulo os perseguia em outras cidades, procurando prendê-los afim de
que fossem mortos. Notamos nisso um ímpeto "missionário" às avessas.
Nesse tempo de perseguidor, Saulo ainda era um jovem, conforme está escrito em
At.7.58; 8.1-3.
CONVERSÃO
A conversão de Saulo se deu por volta dos anos 33 ou 34 d.C.. Converteu-se sem a pregação do evangelho por parte de outro homem (Gl.1.11-12). Afinal, quem pregaria para Saulo? O próprio Ananias ficou temeroso quando Deus lhe enviou a orar por aquele que era conhecido como o grande perseguidor da igreja (At.9.13). Uma conversão sem pregação constitui-se exceção. O normal é que alguém pregue o evangelho para que outros se convertam (Rm.10.14).
A conversão de Saulo se deu por volta dos anos 33 ou 34 d.C.. Converteu-se sem a pregação do evangelho por parte de outro homem (Gl.1.11-12). Afinal, quem pregaria para Saulo? O próprio Ananias ficou temeroso quando Deus lhe enviou a orar por aquele que era conhecido como o grande perseguidor da igreja (At.9.13). Uma conversão sem pregação constitui-se exceção. O normal é que alguém pregue o evangelho para que outros se convertam (Rm.10.14).
PRIMEIRAS VIAGENS APÓS A CONVERSÃO
Em Gálatas 1, Paulo apresenta seu itinerário após a conversão para
mostrar que não aprendeu de nenhum apóstolo a doutrina cristã:
Damasco (At.9.8)
Deserto da Arábia - Gl. 1.17
Damasco - Gl 1.17
Jerusalém - 3 anos depois da conversão, onde esteve 15 dias com Pedro,
(Gl. 1.18). Seu objetivo nesse ponto era deixar claro que não esteve com Pedro
tempo suficiente para aprender com ele as doutrinas do cristianismo.
Síria e Cilícia - Gl. 1.21 - Esteve, por aproximadamente 10 anos, morando em sua cidade natal, Tarso. Talvez tenha passado esse período sozinho. Tinha sido rejeitado pela família, pelos judeus e encontrava dificuldades entre os cristãos, pois estes tinham receio dele. Por suas epístolas, entendemos que muitos não aceitavam seu apostolado pelo fato de não ter vivido com Jesus. Em Atos 1, na hora de escolher o substituto de Judas Iscariotes, Pedro apresentou os requisitos: o candidato deveria ter acompanhado Jesus desde o batismo de João até a ressurreição (At.1.21-22). Portanto, se Paulo estivesse ali, não seria escolhido para ser apóstolo.
Antioquia - Por fim, Barnabé foi até Tarso à procura de Paulo e logo
depois o conduziu a Antioquia da Síria, onde passou a participar da igreja
(At.11.25-26). Antioquia foi o oásis de Paulo. Barnabé foi aquele irmão de que
Paulo tanto necessitava para introduzi-lo no convívio cristão. Em Antioquia
Paulo permaneceu um ano.
Jerusalém - Depois disso, Paulo foi a Jerusalém com Barnabé e Tito a fim
de levar a ajuda enviada pelos irmãos de Antioquia (At.11.27-30). Era então o
ano 47 ou 48, 14 anos depois de sua conversão, conforme Gálatas 1.18.
Antioquia - Paulo volta para Antioquia, que passou a ser um tipo de
"quartel-general".
De acordo com os Atos e as epístolas, entendemos que Paulo era um homem
muito instruído, tanto em relação ao judaísmo quanto na filosofia grega.
Contudo, seu conhecimento espiritual sobre os mistérios de Deus sobrepujava a
tudo isso. Era também homem impetuoso, disposto e extremamente zeloso em tudo.
A EVANGELIZAÇÃO DOS GENTIOS.
Pedro iniciou a evangelização dos gentios em Atos 10, mas isso não foi
algo natural para ele que era um judeu de Jerusalém. Somente após um
arrebatamento, uma visão e uma palavra direta de Deus, é que Pedro admitiu a
idéia de pregar aos gentios. Paulo, porém, era um judeu romano. Isso facilitava
sua visão rumo aos povos não judeus. Deus o escolheu para essa missão: ser
apóstolo aos gentios (At.22.21; Gl. 2.2,8).
Nas cidades em que chegava, Paulo normalmente ia primeiro às sinagogas
(At.13.13-14, 42-48; 14.1; 17.1-2). Ainda não havia igrejas ou templos cristãos
nesses lugares. Por outro lado, ele ainda honrava os judeus com a primazia no
anúncio da fé cristã. Entretanto, eles não viam por essa ótica. As pregações
nas sinagogas terminavam com a revolta dos judeus. Paulo era expulso, agredido
e muitos queriam até apedrejá-lo. Desse modo, ocorria um escândalo em público,
mas a essa altura, alguns judeus já haviam se convertido. Até as disputas em
praça pública eram proveitosas para que os gentios ouvissem a palavra de Deus.
Com esse grupo de convertidos se formava a igreja e as reuniões mudavam de
local (At.18.4-7).
PRIMEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA - Entre os anos 47 e 49 (At.13 e 14)
PRIMEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA - Entre os anos 47 e 49 (At.13 e 14)
Paulo esteve durante algum tempo participando da igreja em Antioquia. Esta cidade era muito importante. Chegou a ser uma grande metrópole ainda nos tempos dos reis gregos da Síria, os selêucidas. Após a conquista por Roma, continuou como capital da província e ali se encontravam os governadores romanos. Era bela, com muitos palácios e templos, dentre os quais se destacava o Santuário de Apolo. Nessa cidade havia uma grande colônia judaica, correspondendo à sétima parte da população.
Estando reunido com os irmãos em Antioquia, Paulo recebeu uma direção do
Espírito Santo para empreender sua primeira viagem missionária juntamente com
Barnabé. Partiram então, levando João Marcos.
Eis o roteiro da primeira viagem missionária de Paulo: Antioquia da
Síria; Ilha de Chipre (Salamina e Pafos); Antioquia da Psídia; Icônio, Listra,
Derbe; Perge; Antioquia da Síria.
No meio da viagem, Marcos abandonou o grupo e voltou para Jerusalém. Por
esse motivo, Paulo não quis levá-lo em sua próxima viagem (At.13.13).
TERCEIRA VISITA A JERUSALÉM
TERCEIRA VISITA A JERUSALÉM
Após a primeira viagem missionária, Paulo faz sua terceira visita a
Jerusalém, por volta do ano 49. Nessa oportunidade ocorre a famosa discussão
dos apóstolos sobre o que deveria ser exigido dos gentios convertidos no que se
refere à observância da lei mosaica. (At.15)
SEGUNDA VIAGEM MISSIONÁRIA - Entre os anos 50 e 52 d.C. (At.15.40 a 18.22)
SEGUNDA VIAGEM MISSIONÁRIA - Entre os anos 50 e 52 d.C. (At.15.40 a 18.22)
Terminado o concílio de Jerusalém (At.15), Paulo e Barnabé voltaram para Antioquia, levando consigo Judas, chamado Barsabás, e Silas. Alguns dias depois (At.15.36), Paulo inicia sua segunda viagem missionária, em companhia de Silas, com o principal propósito de visitar as igrejas estabelecidas nas cidades anteriormente visitadas.
Eis o roteiro da segunda viagem: Antioquia da Síria; Cilícia; Listra;
Frígia; Galácia; Trôade; Macedônia/Grécia: Filipos; Tessalônica; Beréia; Acaia;
Atenas; Corinto; Éfeso; Jerusalém; Antioquia da Síria.
Em Listra, Timóteo entrou na equipe de Paulo. Em Trôade foi a vez do
médico Lucas. Paulo ficou um ano e meio em Corinto, ocasião em que estabeleceu
a igreja. Daí escreveu aos Tessalonicenses.
TERCEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA - 53 a 58 d.C. (At.18.23 a 20.38).
Tendo ficado "algum tempo" em Antioquia (At.18.23), Paulo
parte para sua terceira viagem missionária.
O apóstolo muda então sua "base" para Éfeso, que passa a ser sua cidade de retorno. Ali esteve durante dois anos (At.19.10). O versículo mencionado diz que toda a Ásia foi evangelizada naquele período. Portanto, parece certo que Paulo fez diversas viagens às cidades da Ásia Menor, voltando sempre para Éfeso.
O itinerário da terceira viagem foi: Antioquia da Síria, Galácia,
Frígia, Éfeso, Macedônia, Grécia, Trôade, Mileto, Tiro e Cesaréia.
VIAGEM A JERUSALÉM
Percebe-se na história de Paulo seu amor pelo seu povo e pela cidade de
Jerusalém (At.20.16). Agora, esse amor se dirigia, mais especialmente, aos
cristãos daquela cidade. Ali chegando, o apóstolo foi recebido com alegria
pelos irmãos. Vinha trazendo uma oferta para eles (I Co.16.3; II Cor.9;
Rm.15.25; At.21.17). Afinal, todo o receio contra o ex-perseguidor estava
dissipado. A igreja havia finalmente abraçado o apóstolo. Contudo, a fúria dos
judeus continuava crescendo contra aquele que consideravam um traidor da pátria
e da religião judaica. Com esse espírito de ódio, os judeus prenderam Paulo em
Jerusalém e o espancaram. O grande tumulto que se formou chamou a atenção das
autoridades romanas, que prenderam Paulo. Aproveitando a oportunidade, o
apóstolo pediu para falar à multidão que se ajuntou. Nesse momento, ele deu seu
testemunho de conversão até ser interrompido por aqueles que queriam sua morte
(At.22.1-22).
PRISÃO EM CESARÉIA
PRISÃO EM CESARÉIA
Os judeus de Jerusalém decidiram matar Paulo. Por isso, as autoridades
romanas o conduziram em segurança até Cesaréia, onde esteve preso durante dois
anos (At.23.23 a 26). Nesse período, ele se apresentou a várias autoridades: ao
governador Félix e sua mulher Drusila, ao governador Pórcio Festo, sucessor de
Félix, e ao rei Agripa e sua mulher Berenice. Diante deles, o apóstolo proferiu
suas defesas, que foram verdadeiros testemunhos e pregações do evangelho. Estas
autoridades não viam motivos para matar Paulo. Resolveram então devolvê-lo aos
judeus para que eles mesmos resolvessem o problema. Diante dessa possibilidade,
Paulo, sabendo que os judeus o matariam, apelou para César, ou seja, o
imperador Nero.
PRISÃO EM ROMA
Sendo cidadão romano, Paulo tinha o direito de ser julgado em Roma. Foi
então enviado para lá. Afinal, convinha que chegasse à capital do Império e ali
pregasse o evangelho (At.19.21; 23.11). Após uma viagem conturbada e um
naufrágio, Paulo finalmente chega a Roma (At.27). Ali permanece preso em uma
casa alugada por ele mesmo durante dois anos (At.28). Nesse tempo, pregou o
evangelho a todos quantos se interessavam por ouvi-lo.
A MORTE DE PAULO
As últimas palavras bíblicas sobre a vida do apóstolo Paulo encontram-se
em At.28 e II Tm.4.6-8. Informações extrabíblicas dão conta de que ele teria
sido solto em 63 d.C.. Talvez tenha visitado a Espanha e outros lugares (de
acordo com epístola de Clemente, Cânon Muratoriano e Atos de Pedro.).
Finalmente, a tradição nos informa que o apóstolo Paulo foi preso e decapitado
pelo imperador Nero em 67 d.C.
Resumindo a cronologia da vida de Paulo:
Data aproximada, Fato ou localidade visitada:
Ano 1 d.C. Nascimento de Paulo
Ano 33 ou 34 d.C. Conversão
Entre 33 e 36 Deserto da Arábia
Ano 36 Primeira visita a Jerusalém
Entre 36 e 46 Síria, Cilícia (principalmente Tarso)
Entre 46 e 47 (Atos 11.25-26) Antioquia da Síria
47 Segunda visita a Jerusalém
47 Antioquia da Síria
47 a 49 Primeira viagem missionária
49 (Atos 15) Terceira visita a Jerusalém
50 a 52 Segunda viagem missionária
53 a 58 Terceira viagem missionária
58 Quarta visita a Jerusalém
58 a 59 Prisão em Cesaréia
60 a 62 Prisão em Roma
63 a 66 Liberdade e viagens diversas (???)
67 Morte em Roma...
Bispo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciência da Religião Dr. Edson
Cavalcante.
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