JESUS A ROSA DE SARON...
EU sou a
rosa de Saron,o lírio dos vales. Cantares 2:1 – Jesus é freqüentemente chamado
de Rosa de Saron nos hinos, entendemos este significado?
Em que
consiste o conteúdo de Cantares? Poemas “profanos”? Será um cântico erótico
proclamado por um cancioneiro litúrgico? Não há motivos para assombros, pois, a Bíblia, de forma belíssima, descreve a paixão e o
amor como expressões sensíveis, honestas e transparentes, revelando, no sincero
amor humano, um Deus do carinho, da ternura, da relação íntima.
Que
outros dados podem ser acrescentados?
Ao longo
da história, nasceram várias interpretações, ou seja, caminhos diferentes que
trouxeram considerações distintas com relação à intenção do texto.
Uma linha
de interpretação, denominada de alegórica, ressalta Cantares como descrição da
história de amor entre um homem e uma mulher, comparado com o amor de Deus pelo
seu povo (de Cristo pela Igreja). Essa é a que resgatamos com maior freqüência,
comparando o amor à labareda de Javé (Ct. 8, 6), porém vamos aqui neste estudo
ver também um pouco do contexto histórico.
A Rosa de
Saron e O Lírio dos Vales Como Tipo de Cristo.
(e um conseqüente reflexo em nossa vida)
(e um conseqüente reflexo em nossa vida)
A Origem de Saron.
Saron é
uma região da Palestina entre montanhas do Efraim e Mar Mediterrâneo. Esta
região era anos antes de Cristo de solo seco, rochoso e de água escassa.
Entretanto, como plano de Deus, foi colocado ali o povo por Ele escolhido ( Is.
33:1,2) e a partir daí houve abundancia.
Esse
povo, vendo a promessa de Deus se cumprindo em suas vidas, não se cansavam de
contemplar, exaltar e adorar ao Deus vivo, pois viram a Glória do
Senhor.Passaram a viver na terra que emanava vida e vida abundante, onde este
povo passou a cultivar as rosas mais belas do mundo.
Rosa
esta, que exala o mais puro perfume e beleza sem igual, nunca visto até os dias
de hoje. Por tamanha beleza e perfeição, Jesus Cristo é chamado de A Rosa de
Saron. (ct 2:1) Além das rosas eles também cultivam ervas e especiarias desta
região onde se extrai aromas da terra, vejamos o Lírio:
“Qual o
lírio entre os espinhos, tal é a minha querida entre as donzelas.” (Cantares
2:2)
“Sim você
é um lírio entre os espinhos. Essa é uma boa comparação entre a minha amada e
as outras moças”. (Bíblia Viva)
A Igreja
é como um lírio entre espinhos para Jesus. O que o Senhor está nos ensinando
com isso?
Essa
comparação, sem dúvida, destaca a beleza do lírio. Jesus vê a beleza da Sua
Igreja. Em meio a tanta sujeira, destruição, violência e miséria, há algo que
enche os olhos do Senhor. Há algo que O agrada. Há algo que chama a Sua
atenção.
E esse algo é a beleza da Sua Igreja. É a beleza da nova criação = você. Você tem a beleza da santidade de Cristo. Você tem a beleza da justiça de Cristo.
E esse algo é a beleza da Sua Igreja. É a beleza da nova criação = você. Você tem a beleza da santidade de Cristo. Você tem a beleza da justiça de Cristo.
Jesus, ao
morrer por nós, nos tornou justiça de Deus. Isso significa que, aos olhos de
Deus, não somos mais considerados pecadores, mas sim justos – nós que recebemos
Jesus como nosso Senhor e Salvador e aceitamos o Seu sacrifício. Veja 2
Coríntios 5:21 = “Aquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós;
para que nele fôssemos feitos justiça de Deus”. Romanos 5:19 nos diz que pela
obediência de Cristo, fomos constituídos justos.
No
versículo 1 deste capítulo, Jesus diz que Ele é o lírio dos vales e, em
seguida, diz que ela também é comparada a um lírio. Quando contempla Sua
Igreja, Jesus vê a Si mesmo (lírio). Jesus Se vê em você. Ele vive em você e
através de você. Você é como Cristo. Mas, a sua forma de agir tem mostrado que
você se parece com Cristo ou que você tem se parecido mais como uma pessoa que
não conhece o Senhor? O lírio é muito diferente dos espinhos. A Igreja se
parece com Cristo, ela é diferente de todo o resto.
Aonde
estivermos, podemos manifestar as qualidades de Jesus, pois somos como Ele. O
pecado não precisa tirar a tua beleza de lírio. O pecado não pode ferir a
justiça de Deus em você. Não deixe que esses espinhos firam a tua santidade em
Jesus. Nenhuma tentação será maior do que aquilo que você pode suportar. Isso é
promessa de Deus. Então, aguente firme, você já tem a habilidade para resistir
ao pecado. Você pode dominá-lo.
Lírio tem
perfume. Exale o bom perfume de Cristo em seu modo de viver. Você tem toda a
habilidade que precisa para ser santo e continuar a encher os olhos do Senhor
de alegria com a tua beleza. O mundo precisa sentir esse perfume, o mundo
precisa enxergar a tua beleza. Deixe que tua beleza e teu perfume atraiam as
pessoas a Cristo.
Você é
lírio e não espinho. Você é justo e não pecador. Você é diferente, então seja
diferente.
Contexto Histórico:
O livro
de Cantares, em uma interpretação popular ou histórica do povo de Israel, pode
ser contextualizado num clima pós-exílio (depois do exílio da Babilônia), em
450 a.C.
Este
período é fortemente marcado pela emergência de projetos de reconstrução –
redistribuição e ocupação da terra. Assim, questões referentes à Lei do puro e
impuro; projetos de exclusão dos estrangeiros; o aprofundamento da Lei do
Resgate e do Levirato (amparo da mulher, em caso de morte do marido);
E etc, são próprias deste tempo de reestruturação e reformas. No entanto, estas leis foram utilizadas como forma de exploração.
E etc, são próprias deste tempo de reestruturação e reformas. No entanto, estas leis foram utilizadas como forma de exploração.
Aproximemo-nos
de alguns versículos do capítulo oitavo:
“O amor é
forte como a morte – 5 “Quem é essa que sobe do deserto , apoiada no seu
amado?” 6.Grava-me, como um selo em teu coração,como um selo em teu braço; pois
o amor é forte, é como a morte.
7. Quisesse alguém dar tudo o que tem para comprar o amor… Seria desprezado”.
7. Quisesse alguém dar tudo o que tem para comprar o amor… Seria desprezado”.
Neste
contexto, em que o sexo e o amor eram manipulados em vista de outros
interesses, este livro reafirma o valor e a dignidade da sexualidade e do amor
como elementos constitutivos e inalienáveis do ser humano. A mulher que sobe do
deserto, representa este resgate, pois o deserto simboliza o lugar da gestação
da esperança, da decisão e do cultivo das memórias populares.
Ao lado
dos livros de Rute, Judite e Ester, Cantares reafirma, a dignidade da mulher no
período pós-exílio, marcado pelo machismo e discriminação:
8 “Que
faremos de nossa irmã, no dia em que nela se falar? 10 Sou mesmo um baluarte e
meus seios são torres de verdade?! Então, sou a seus olhos como a que encontra
a paz”.
Em
Cantares aparece a determinação, um amor apaixonado de uma mulher em busca de
seu amado pelos campos, pelas vinhas, macieiras fugindo dos irmãos que a
perseguem (Ct. 8, 8), que querem comercializar seu corpo.
Em
resumo, em Ct 8, 8-14, encontramos a denúncia da exploração do corpo de menina,
associado à moeda, mercadoria e comércio. A amada está dizendo que a prata não
compra a sua sexualidade. A casa dos irmãos é o lugar do comércio da
sexualidade.
O valor
da mulher está relacionado com os seios. No texto, a jovem grita e protesta não
aceitando a comercialização de seu corpo.
Cantares,
(cânticos), está voltado para a palavra SHALOM (PAZ), que significa estar por
inteiro, alegria em todos os sentidos na relação com o outro, paz como
plenitude do conhecimento mútuo. É um canto de paixão e rebeldia que valoriza a
sexualidade como processo de aprendizado.
Tendo
percorrido estes trechos de Cantares, fica a certeza de que o amor é celebrado
em toda a sua alegria física. O amor humano é bom. Não precisa ser justificado
por argumentos moralistas, que o desqualifiquem ou argumentos liberais, que o
transformem em edonismo, fazendo do semelhante objeto para se obter interesses
egoístas. O amor é poder que exige entrega total e relacional. É uma eterna
tensão em busca da unidade.
Na lógica
do mercado globalizado, a exploração econômica do amor é ainda mais intensa. Se
outrora a mulher não podia escolher quem seria seu companheiro, hoje a mulher
é, violentamente, reduzida à mercadoria sexual.
A
realidade sócio-cultural, na qual estamos inseridos, faz um forte apelo ao
pornográfico, usurpando de forma grotesca a sexualidade, coisificando o
erótico, o sensual e promovendo uma exploração do corpo, especialmente do corpo
feminino. Nossa linguagem é carregada de preconceitos e risos sarcásticos
quando falamos de sexualidade, de amor, até mesmo porque estas dimensões
humanas são compreendidas apenas como genitalidade. O amor foi reduzido a
mercadoria, cujo consumo é estimulado e direcionado pela publicidade. Os
pecados contra a sexualidade estão ligados às discriminações, explorações do
trabalho, ao uso do outro, para se obter vantagens pessoais e à negação do
lazer.
O livro
dos Cânticos na história foi muito discutido. Alguns dos reformadores não viam
o menor sentido de este texto estar na Bíblia.
Muitos
estudiosos ainda hoje vêem no livro nada mais do que uma coleção de poemas
eróticos. Uma celebração do amor. Bem, na verdade não resta dúvida de que são
mesmo poemas de amor. Mas eles estão na Bíblia porque há uma riqueza nestes
poemas que os tornam importantes para todos nós. Porque o amor não é algo a ser
vivido apenas por jovens apaixonados. Mas também entre os cristãos e seu Deus.
O nosso relacionamento com Deus, deve ser um relacionamento de amor. A ausência
física de Cristo não pode transformar o nosso relacionamento com ele num mero
lembrar de suas palavras.
É preciso
ver nele alguém com quem podemos conversar. Alguém que podemos sentir,
experimentar.
Apocalipse
fala do fim escatológico do mundo como sendo um casamento. “A noiva, a esposa
do cordeiro” somos nós, Igreja de Cristo. Somos nós, membros da Igreja que
somos a noiva. Somos nós que devíamos estar apaixonados por Cristo. Ansiosos
pelo casamento. Sonhando com o dia, com a festa, com a noite de núpcias.
É verdade
que nem sempre nos sentimos prontos para o casamento. O próprio texto de Cântico
nos diz que a noiva vem do deserto.
Depois de
uma peregrinação, depois de uma caminhada difícil, dura.
O amado
vem nos abraçar, mas ele nos encontra no deserto, na terra seca, árida, onde
não há vida, onde há calor que consome. Algumas traduções usam a expressão:
“aquela que vem encostada ao seu amado?” Encostada talvez ajuda dar mais a
idéia de apoiada, sustentada. A caminhada foi difícil e cansativa. Ela precisa
de apoio, de um ombro onde se encoste. No capítulo 1. 5 lemos: “Eu estou
escura, mas sou bela”.
Escura de
tão queimada no sol do deserto. Uma pele que já mudou a sua cor de tanta
exposição ao sol. Ainda que continue bela e seja descrita como muito bela está
desfigurada. Esta é Igreja e este,s somos nós. Passamos pelo sol forte da vida,
que nos seca e nos envelhece. Viemos do deserto, onde nada se produz, onde a
sede castiga.
Mas somos
a bela e formosa noiva de Deus. Nós nos vemos sozinhos no deserto mais o amado
está nos dando o braço.
A sua
suavidade é confundida por ausência. Mas Ele está lá.
Olhar
para o Cristo subindo, também é ansiar pelo Cristo descendo por entre as nuvens
para a arrebatar a sua Igreja (noiva) para o Céu...
Bispo.
Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciência da Religião Dr. Edson Cavalcante.
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