ESTUDO PROFUNDO SOBRE O LIVRO DO PROFETA OBADIAS...
Deus não se esquece do
seu povo como também não esquece aqueles que guardam rancores do seu próximo.
Obadias é o quarto
livro dos profetas menores depois de Oséias, Joel, Amós e Obadias. Pela ordem
dos livros o próximo é o profeta Joel. Como Obadias e Joel, segundo alguns
estudiosos foram contemporâneos vamos pô-los juntos. Alguns datam século V,
outros, século VIII, cerca do ano de 840 A.C. Vamos ficar com esta data.
Ocorre que houve cinco
invasões em Jerusalém:
• Por Sisaque, egípcio,
em 926 A.C. Durante o reinado de Roboão – I Rs 14. 25, 26.
• Pelos Filisteus e
árabes no reinado de Jorão, entre 848 e 841 a.C. – II Cr 21. 16, 17.
• Pelo rei Joás de
Israel no reinado de Amazias, em 790 a.C. – II Cr 13. 13, 14.
• Por Senaqueribe, rei
da Assíria, no reinado de Ezequias, em 701 a.C. – II Rs 18. 13.
• Pelos babilônicos
entre 605 e 586 A.C. – II Rs 24; 25.
Acredita-se que Obadias
profetizou ou na segunda ou quinta invasão. Vamos ficar com a segunda porque se
fosse a quinta o profeta se referiria a Nabucodonosor e não usaria o termo
“forasteiros” e “estranhos” (v.11), como também a destruição completa de
Jerusalém ou da deportação de seus habitantes, deveria ser relatada pelo homem
de Deus, coisa que não aconteceu.
Crês-se então que a
data mais provável tenha sido entre 848 a 841, mais precisamente no ano 840
onde ocorreu a pilhagem de Jerusalém, no reinado de Jorão, pelos filisteus e
árabes.
Obadias, “servo do
Senhor”, foi levantado por Deus por causa do “ressentimento”. A nação de Edom,
fundada por Esaú, sempre foi um tropeço para Israel. À maior herança deixada
pelo “pai”, Esaú, foi o ódio que cega e intriga, destrói a amizade e o
relacionamento mais sagrado, entre famílias, entre irmãos. Foi o que aconteceu
entre Jacó e Esaú, passando este “rancor” aos seus descendentes.
Enquanto Esaú
transmitiu as gerações futuras à maldição do ódio, Jacó reservou o melhor aos
seus filhos, o temor a Deus.
ONDE COMEÇOU ESTE RANCOR?
• No ventre de rebeca –
Gn 25. 22, 23: “E os filhos lutavam dentro dela; então, disse: Se assim é, por
que sou eu assim? E foi-se a perguntar ao Senhor. E o Senhor lhe disse: Duas
nações há no teu ventre, e dois povos se dividirão das tuas entranhas: um povo
será mais forte do que o outro povo, e o maior servirá o menor.” – Deus
mostrava que Eles já lutavam entre si.
• No nascimento – Gn
25. 25, 26: “E saiu o primeiro, ruivo e todo como uma veste cabeluda; por isso,
chamaram o seu nome Esaú. E, depois, saiu o seu irmão, agarrada a sua mão ao
calcanhar de Esaú; por isso, se chamou o seu nome Jacó...”. – Eles continuaram
competindo.
• No momento oportuno –
Gn 25. 27 a 34 – Jacó aproveitou o momento oportuno para ascender o ódio do seu
irmão. Jacó foi esperto e Esaú extremamente carnal. Ambos erram. A Bíblia não
nos ensina a esperteza ou a carnalidade, pelo contrário sermos puros de
coração. Por não obedecer a seus pais Esaú foi enganado pelo seu irmão esperto
e se deixou convencer pelo ronco do estomago que lhe traiu perdendo com isto a
sua primogenitura. Por um prato de lentilha Esaú perdeu a maior benção da sua
vida, mesmo que com lágrimas buscasse recuperar não alcançou. Aqui se dá o
inicio do rancor de Edom.
I. AS CONSEQUÊNCIAS DE
UM RESSENTIMENTO NÃO CURADO.
• No livro de Números
está registrado o resultado de um rancor em “carne viva”. No momento mais
necessitado de Israel seu irmão lhe negou ajuda – V 20, 21: “Porém ele disse:
Não passarás. E saiu-lhe Edom ao encontro com muita gente e com mão forte.
Assim, recusou Edom deixar passar a Israel pelo seu termo; pelo que Israel se
desviou dele".
• No ano 930 A.C.
Israel se divide em dois blocos, Reino do Sul e reino do Norte. Depois disso as
rixas continuaram, entre o Edom e o Reino do Sul.
• 85 anos depois da
divisão do reino de Israel Deus levanta Obadias para falar da sua vingança, que
é o tema deste livro, contra Edom, mas também para trazer conforto a Judá,
indicando que Deus não se esquece do seu povo como também não esquece aqueles
que guardam rancores do seu próximo.
O LIVRO DE OBADIAS
O Livro de Obadias ou Abdias faz parte da
Bíblia hebraica, da qual é o menor livro, com apenas um capítulo, vem depois do
Livro de Amós e antes do Livro de Jonas. Sua autoria geralmente é atribuída a
um indivíduo chamado Obadias ("servo (ou fiel) do Senhor"),
classificado como um "profeta menor" na Bíblia cristã, devido à
brevidade de seu texto (apenas 21 versículos) e do seu conteúdo (material
profético). Um profeta, no Antigo Testamento, não era apenas uma pessoa tida
como capaz de ter visões divinas dos eventos futuros, mas também uma pessoa que
Deus utilizava para declarar sua palavra.
Os primeiros nove
versículos do livro prevêem a destruição total na terra de Edom, pela mão de
Deus. Obadias escreve que esta destruição será tão completa que será ainda pior
que um ladrão que comete seu crime à noite, pois nem mesmo um ladrão destruiria
tudo. Deus permitirá que todos os aliados da nação de Edom não só a abandonem
como se voltem contra ela, ajudando a expulsar seu povo. Os versículos 10-14
explicam que quando Israel, o povo de Deus, foi atacado, Edom recusou-se a
ajudá-lo, agindo assim como um inimigo. O fato complicante é que Edom e Israel
partilham a mesma linhagem sanguínea, pelos seus fundadores - que eram dois
irmãos, Jacó e Esaú. Por este tratamento inaceitável a um parente, Edom será
coberta de vergonha e destruída para sempre. Os últimos versículos, do 15 ao
21, relataram a restauração de Israel e a aniquilação dos edomitas. O versículo
18 afirma que "ninguém mais restará da casa de Esaú". Israel se
tornará um lugar santo, e seu povo retornará do exílio e habitará a terra que
foi habitada pelos edomitas. O versículo final da profecia coloca Deus como o
rei que governará sobre todas as montanhas de Edom.
Conteúdo
Esses vinte e um
versículos abordam uma questão muito séria e importante: a necessária
solidariedade entre os mais fracos diante de um opressor. O país estava sendo
pilhado e destruído pelos babilônios. Então Abdias reparou que Edom, país-irmão
(cf. Gn 25:19-28; 36:1), ao invés de ajudar o mais fraco, bandeou para o lado
do mais forte. E Edom estava gostando do que acontecia: aproveitava para
conquistar terras, participar da pilhagem, matava, perseguia e dedurava os que
estavam escondidos e pediam proteção (11-14). E fazia tudo isso por vingança:
não perdoava as brigas passadas (cf. 2Rs 8:20-22). Como diz Ezequiel: Edom
guardou um ódio eterno (Ez 35:5).
Além disso, os edomitas
eram descritos como arrogantes, considerando-se invencíveis (v. 3) e orgulhosos
de sua sabedoria e da valentia de seus guerreiros. O profeta mostra que a
sabedoria se torna insensatez e a valentia se transforma em covardia, quando
aliadas ao opressor contra um país-irmão desprotegido e atacado (vv. 5-9).
Abdias reconhece que Judá também não é inocente e, por isso, está sofrendo uma
das situações mais trágicas de sua história. No entanto Edom é mais culpado,
porque não foi fraterno nesse momento crucial da história.
Pode-se estranhar a
conclusão do profeta (v. 18), já que Edom não deveria guardar rancor de seu
irmão nem tomar parte, com alegria selvagem, da destruição de Jerusalém; outros
escritos bíblicos ensinam que não só deve-se esperar o perdão de nossos irmãos,
mas também perdoá-los.
A primeira parte de
Abdias (1-14) profetiza a queda de Edom (ver Idumeia), tradicional inimigo de
Judá.
Segundo alguns
documentos foi o primeiro bispo da Babilónia.
O escrito é pouco
posterior a 587 AC.
INTRODUÇÃO AO LIVRO DE OBADIAS
O livro de Obadias é o
mais curto do Antigo Testamento; possui apenas 21 versículos. A biografia de
Obadias ainda é um tema discutido entre os estudiosos, pois quase nada se sabe
sobre o profeta. A tradição judaica de que o autor do livro foi o mordomo do
rei Acabe não se apoia em nenhuma evidência ou confirmação histórica (Talmude:
Sanhedrin 39b; 1 Rs. 18:3-16).
A dificuldade se
encontra na identificação do personagem, pois os oráculos apresentados não
identificam o profeta nem a época em questão. Seu nome significa servo de Javé,
um nome bastante comum em Israel. Este nome está associado a mais de uma dezena
de personagens no Antigo Testamento em diferentes momentos da história.
O assunto principal do
livro de Obadias é a sua reação diante do crime e oportunismo de Edom para com
Judá, seu irmão. Os crimes descritos por Obadias podem ser situados em dois
períodos entre 850 acc. e 400 acc.:
Os filisteus e árabes
invadem Jerusalém por volta de 844 acc. no reinado de Jeorão: 2 Rs. 8:16-20 e 2
Cr. 21:16-17
Os babilônios sitiam,
invadem e destroem Jerusalém em 587 acc: 2 Rs. 25:1-12 e Ez. 25:1-3
A segunda opção parece
ser mais plausível do ponto de vista do verso 11. Portanto, as profecias de
julgamento contra Jerusalém se cumpriram. A Babilônia invadira a terra, levara
cativo o rei, devastara o templo, levando milhares de hebreus para o exílio.
Embora o castigo de Judá fosse merecido, as nações ao redor, especialmente
Edom, aproveitaram-se da fragilidade momentânea de Judá para promover saques e
o massacre étnico contra os seus habitantes.
Outras características
que reforçam a datação pós exílica são os paralelos que Obadias faz com
Jeremias 49:7-22 citando uma tradição mais primitiva e o termo exilados no
verso 20 referindo-se aos israelitas.
A gravidade destes
oráculos contra Edom reside no parentesco entre Edom e Israel, que foram respectivamente
os patriarcas Esaú e Jacó, filhos de Isaque e Rebeca (Gn. 25:23-26). A nação de
Edom vivia nas montanhas e tinham uma organização social estruturada desde a
época dos patriarcas (Gn. 36:1-30) e adotaram o governo monárquico antes do
Êxodo dos hebreus do Egito. Nesta época os edomitas negaram a passagem dos
israelitas pelo leste mostrando seu potencial militar (Nm. 20:14-21; 21:4).
A data da destruição de
Edom não pode ser precisada, mas, no tempo do profeta Malaquias (500 – 400
A.C.) a nação já estava arruinada (Ml. 1:2-4). Por volta de 312 A.C. (domínio
grego) os árabes nabateus tomaram as terras edomitas e expulsaram os
sobreviventes para a Iduméia, ao norte. No Novo Testamento o representante mais
famoso desse povo foi Herodes, o grande.
Estrutura de Obadias
Obadias pode ser
esboçado da seguinte forma:
Cabeçalho – 1a
Oráculo contra Edom –
1b – 14
O julgamento é
anunciado – 1b – 9
Acusação de crueldade
contra seu irmão Judá – 10 – 14
A descrição dia do
Senhor – 15 – 21
O julgamento de todas
as nações – 15 e 16
O livramento de Judá –
17 e 18
O estabelecimento do
Reino de Javé – 19 – 21
Obadias não é o único
com profecias dirigidas a Edom. Outros oráculos estão registrados em: Is.
21:11-12; 34:5-17; Jr. 49:7-22; Ez. 25:12-14; 35:1-15; Am. 1:11-12. A
recorrência aos edomitas nas profecias do Antigo Testamento surge desde a
bênção de Isaque para Esaú (Gn. 27:39-40) até a confirmação da destruição total
de Edom em Malaquias (Ml. 1:2-4) .
O termo visão que
Obadias usa pode se referir ao processo de comunicação entre Deus e o profeta
bem como ao método propriamente dito. A brevidade da mensagem de Obadias pode
ser explicada pela visão que o Senhor lhe dera; desta maneira, o destino de
Edom, visto com antecedência, pouparam-lhe as palavras.
Conforme visto anteriormente,
Obadias repete um trecho já citado por Jeremias (compare Ob. 1b, 4-6 e Jr.
49:9-10,14-16). A explicação mais adequada é que ambos os profetas tenham
utilizado uma fonte comum antiedomita mais antiga.
Do ponto de vista
literário, Obadias constrói sua mensagem com a tradicional estrutura profética,
contendo:
As acusações dos
pecados
O julgamento divino
A promessa de
restauração
A mensagem de Obadias
pode ser organizada em quatro partes:
Primeira parte:
descrição da ruína total de Edom. Mesmo as fortificações mais inacessíveis
serão aniquiladas. Seu motivo de orgulho, os guerreiros e sábios, seriam
destruídos. Edom será saqueada pelas nações nas quais confiava.
Segunda parte:
descrição dos crimes contra a humanidade de Edom. A violência injustificada e a
falta de compaixão de Edom contra Judá são as causas do julgamento de Edom.
Terceira parte: anúncio
do dia do Senhor como um dia de julgamento contra Edom. Essa mensagem para Edom
servia para todas as demais nações inimigas de Israel.
Quarta parte: descrição
da ruína de Edom e restauração de Israel.
Propósito e conteúdo
O profeta Obadias trata
dos seguintes assuntos:
A soberania de Javé sobre as nações
A restauração de Israel
O conceito de
retribuição
Obadias, como mensageiro de Javé, tratou sobre
a restauração de Israel e o julgamento de todas as nações que cometeram crimes
contra a humanidade. Obadias utilizou-se do tema do Dia do Senhor, comum aos
profetas, para predizer o livramento de Jerusalém e declarar o domínio
universal do Senhor sobre todos os povos. A punição de Edom serviria de aviso a
todas as demais nações acerca da retribuição que teriam pela maneira injusta à
qual submeteram os israelitas.
Mais importante do que
a punição a Edom o livro de Obadias mostra o amor e cuidado do Senhor pelo povo
da Aliança.
Orgulho
O orgulho foi uma das
grandes tragédias do povo edomita. Sua confiança se baseava inteiramente em
seus sábios e guerreiros. Obadias demonstra que esses mesmos sábios não
livrariam Edom da pilhagem de sua colheita e tesouro (Ob. 5-6). Esse orgulho
transformou-se em crueldade e impediu a compaixão, por isso o Senhor
condena os orgulhosos (Pv. 16:18).
Enfim, toda a sabedoria de Edom foi inútil diante do julgamento pelo qual passou. O Novo Testamento confirma
esse conceito afirmado que isso acontecerá com todos aqueles que usarem da
sabedoria humana em confronto com Deus (1 Co. 1:18-31).
O dia do Senhor
A partir do verso 15 há
a mudança de ênfase do julgamento individual de Edom para todas as nações. Esta
mudança pode ter dois objetivos básicos à luz da teologia do Antigo Testamento:
Atender à expectativa de Israel com relação à
sua vindicação por justiça naquele momento.
Renovar a esperança de
Israel em relação ao triunfo final de Javé sobre as nações com o estabelecimento
de seu Reino. Este é um tema recorrente no Antigo Testamento que foi trabalhado
por outros profetas (Is. 24 – 27; Jr. 29 – 33; Ez. 33 – 35; Os. 13 – 14; Am.
9).
O tema do dia do Senhor traz o ensinamento de
que Javé é um Deus que exige justiça; não apenas em um futuro escatológico, mas
também nesta era. Embora seja
Misericordioso, que
estende sua paciência fica claro que ele não tolera a injustiça para sempre.
Ele pune a desobediência.
Restauração de Israel
Seguindo a tendência
teológica de outros profetas, Obadias também trata sobre a restauração do
remanescente de Israel (Jl. 3:17-21; Am. 9:11-15; Mq. 7:8-20). Obadias cita os
nomes dos patriarcas para promover a esperança de que os exilados veriam as
promessas cumpridas, reforçando, desta maneira, a fé do povo judeu em Javé como
um Deus fiel à sua Palavra (Sl. 115; Mq. 7:20).
Este ensino é intensificado por outros
profetas que trabalham o tema do domínio eterno de Javé por meio do Messias
vindo no Dia do Senhor (Ez. 37:24-28; Dn. 2:44,45; Zc. 12:3 – 13:6)...
Bispo. Capelão/Juiz.
Mestre e Doutor em Ênfase e Divindades Dr. Edson Cavalcante
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