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domingo, 8 de junho de 2014

ESTUDO PROFUNDO SOBRE O LIVRO DE OBADIAS...


                    ESTUDO PROFUNDO SOBRE O LIVRO DO PROFETA OBADIAS...
Deus não se esquece do seu povo como também não esquece aqueles que guardam rancores do seu próximo.
Obadias é o quarto livro dos profetas menores depois de Oséias, Joel, Amós e Obadias. Pela ordem dos livros o próximo é o profeta Joel. Como Obadias e Joel, segundo alguns estudiosos foram contemporâneos vamos pô-los juntos. Alguns datam século V, outros, século VIII, cerca do ano de 840 A.C. Vamos ficar com esta data.
Ocorre que houve cinco invasões em Jerusalém:
• Por Sisaque, egípcio, em 926 A.C. Durante o reinado de Roboão – I Rs 14. 25, 26.
• Pelos Filisteus e árabes no reinado de Jorão, entre 848 e 841 a.C. – II Cr 21. 16, 17.
• Pelo rei Joás de Israel no reinado de Amazias, em 790 a.C. – II Cr 13. 13, 14.
• Por Senaqueribe, rei da Assíria, no reinado de Ezequias, em 701 a.C. – II Rs 18. 13.
• Pelos babilônicos entre 605 e 586 A.C. – II Rs 24; 25.
Acredita-se que Obadias profetizou ou na segunda ou quinta invasão. Vamos ficar com a segunda porque se fosse a quinta o profeta se referiria a Nabucodonosor e não usaria o termo “forasteiros” e “estranhos” (v.11), como também a destruição completa de Jerusalém ou da deportação de seus habitantes, deveria ser relatada pelo homem de Deus, coisa que não aconteceu.
Crês-se então que a data mais provável tenha sido entre 848 a 841, mais precisamente no ano 840 onde ocorreu a pilhagem de Jerusalém, no reinado de Jorão, pelos filisteus e árabes.
Obadias, “servo do Senhor”, foi levantado por Deus por causa do “ressentimento”. A nação de Edom, fundada por Esaú, sempre foi um tropeço para Israel. À maior herança deixada pelo “pai”, Esaú, foi o ódio que cega e intriga, destrói a amizade e o relacionamento mais sagrado, entre famílias, entre irmãos. Foi o que aconteceu entre Jacó e Esaú, passando este “rancor” aos seus descendentes.
Enquanto Esaú transmitiu as gerações futuras à maldição do ódio, Jacó reservou o melhor aos seus filhos, o temor a Deus.
 ONDE COMEÇOU ESTE RANCOR?
• No ventre de rebeca – Gn 25. 22, 23: “E os filhos lutavam dentro dela; então, disse: Se assim é, por que sou eu assim? E foi-se a perguntar ao Senhor. E o Senhor lhe disse: Duas nações há no teu ventre, e dois povos se dividirão das tuas entranhas: um povo será mais forte do que o outro povo, e o maior servirá o menor.” – Deus mostrava que Eles já lutavam entre si.
• No nascimento – Gn 25. 25, 26: “E saiu o primeiro, ruivo e todo como uma veste cabeluda; por isso, chamaram o seu nome Esaú. E, depois, saiu o seu irmão, agarrada a sua mão ao calcanhar de Esaú; por isso, se chamou o seu nome Jacó...”. – Eles continuaram competindo.
• No momento oportuno – Gn 25. 27 a 34 – Jacó aproveitou o momento oportuno para ascender o ódio do seu irmão. Jacó foi esperto e Esaú extremamente carnal. Ambos erram. A Bíblia não nos ensina a esperteza ou a carnalidade, pelo contrário sermos puros de coração. Por não obedecer a seus pais Esaú foi enganado pelo seu irmão esperto e se deixou convencer pelo ronco do estomago que lhe traiu perdendo com isto a sua primogenitura. Por um prato de lentilha Esaú perdeu a maior benção da sua vida, mesmo que com lágrimas buscasse recuperar não alcançou. Aqui se dá o inicio do rancor de Edom.
I. AS CONSEQUÊNCIAS DE UM RESSENTIMENTO NÃO CURADO.
• No livro de Números está registrado o resultado de um rancor em “carne viva”. No momento mais necessitado de Israel seu irmão lhe negou ajuda – V 20, 21: “Porém ele disse: Não passarás. E saiu-lhe Edom ao encontro com muita gente e com mão forte. Assim, recusou Edom deixar passar a Israel pelo seu termo; pelo que Israel se desviou dele".
• No ano 930 A.C. Israel se divide em dois blocos, Reino do Sul e reino do Norte. Depois disso as rixas continuaram, entre o Edom e o Reino do Sul.
• 85 anos depois da divisão do reino de Israel Deus levanta Obadias para falar da sua vingança, que é o tema deste livro, contra Edom, mas também para trazer conforto a Judá, indicando que Deus não se esquece do seu povo como também não esquece aqueles que guardam rancores do seu próximo.
 O LIVRO DE OBADIAS
 O Livro de Obadias ou Abdias faz parte da Bíblia hebraica, da qual é o menor livro, com apenas um capítulo, vem depois do Livro de Amós e antes do Livro de Jonas. Sua autoria geralmente é atribuída a um indivíduo chamado Obadias ("servo (ou fiel) do Senhor"), classificado como um "profeta menor" na Bíblia cristã, devido à brevidade de seu texto (apenas 21 versículos) e do seu conteúdo (material profético). Um profeta, no Antigo Testamento, não era apenas uma pessoa tida como capaz de ter visões divinas dos eventos futuros, mas também uma pessoa que Deus utilizava para declarar sua palavra.
Os primeiros nove versículos do livro prevêem a destruição total na terra de Edom, pela mão de Deus. Obadias escreve que esta destruição será tão completa que será ainda pior que um ladrão que comete seu crime à noite, pois nem mesmo um ladrão destruiria tudo. Deus permitirá que todos os aliados da nação de Edom não só a abandonem como se voltem contra ela, ajudando a expulsar seu povo. Os versículos 10-14 explicam que quando Israel, o povo de Deus, foi atacado, Edom recusou-se a ajudá-lo, agindo assim como um inimigo. O fato complicante é que Edom e Israel partilham a mesma linhagem sanguínea, pelos seus fundadores - que eram dois irmãos, Jacó e Esaú. Por este tratamento inaceitável a um parente, Edom será coberta de vergonha e destruída para sempre. Os últimos versículos, do 15 ao 21, relataram a restauração de Israel e a aniquilação dos edomitas. O versículo 18 afirma que "ninguém mais restará da casa de Esaú". Israel se tornará um lugar santo, e seu povo retornará do exílio e habitará a terra que foi habitada pelos edomitas. O versículo final da profecia coloca Deus como o rei que governará sobre todas as montanhas de Edom.
 Conteúdo
Esses vinte e um versículos abordam uma questão muito séria e importante: a necessária solidariedade entre os mais fracos diante de um opressor. O país estava sendo pilhado e destruído pelos babilônios. Então Abdias reparou que Edom, país-irmão (cf. Gn 25:19-28; 36:1), ao invés de ajudar o mais fraco, bandeou para o lado do mais forte. E Edom estava gostando do que acontecia: aproveitava para conquistar terras, participar da pilhagem, matava, perseguia e dedurava os que estavam escondidos e pediam proteção (11-14). E fazia tudo isso por vingança: não perdoava as brigas passadas (cf. 2Rs 8:20-22). Como diz Ezequiel: Edom guardou um ódio eterno (Ez 35:5).
Além disso, os edomitas eram descritos como arrogantes, considerando-se invencíveis (v. 3) e orgulhosos de sua sabedoria e da valentia de seus guerreiros. O profeta mostra que a sabedoria se torna insensatez e a valentia se transforma em covardia, quando aliadas ao opressor contra um país-irmão desprotegido e atacado (vv. 5-9). Abdias reconhece que Judá também não é inocente e, por isso, está sofrendo uma das situações mais trágicas de sua história. No entanto Edom é mais culpado, porque não foi fraterno nesse momento crucial da história.
Pode-se estranhar a conclusão do profeta (v. 18), já que Edom não deveria guardar rancor de seu irmão nem tomar parte, com alegria selvagem, da destruição de Jerusalém; outros escritos bíblicos ensinam que não só deve-se esperar o perdão de nossos irmãos, mas também perdoá-los.
A primeira parte de Abdias (1-14) profetiza a queda de Edom (ver Idumeia), tradicional inimigo de Judá.
Segundo alguns documentos foi o primeiro bispo da Babilónia.
O escrito é pouco posterior a 587 AC.
 INTRODUÇÃO AO LIVRO DE OBADIAS
O livro de Obadias é o mais curto do Antigo Testamento; possui apenas 21 versículos. A biografia de Obadias ainda é um tema discutido entre os estudiosos, pois quase nada se sabe sobre o profeta. A tradição judaica de que o autor do livro foi o mordomo do rei Acabe não se apoia em nenhuma evidência ou confirmação histórica (Talmude: Sanhedrin 39b; 1 Rs. 18:3-16).
A dificuldade se encontra na identificação do personagem, pois os oráculos apresentados não identificam o profeta nem a época em questão. Seu nome significa servo de Javé, um nome bastante comum em Israel. Este nome está associado a mais de uma dezena de personagens no Antigo Testamento em diferentes momentos da história.
O assunto principal do livro de Obadias é a sua reação diante do crime e oportunismo de Edom para com Judá, seu irmão. Os crimes descritos por Obadias podem ser situados em dois períodos entre 850 acc. e 400 acc.:
Os filisteus e árabes invadem Jerusalém por volta de 844 acc. no reinado de Jeorão: 2 Rs. 8:16-20 e 2 Cr. 21:16-17
Os babilônios sitiam, invadem e destroem Jerusalém em 587 acc: 2 Rs. 25:1-12 e  Ez. 25:1-3
A segunda opção parece ser mais plausível do ponto de vista do verso 11. Portanto, as profecias de julgamento contra Jerusalém se cumpriram. A Babilônia invadira a terra, levara cativo o rei, devastara o templo, levando milhares de hebreus para o exílio. Embora o castigo de Judá fosse merecido, as nações ao redor, especialmente Edom, aproveitaram-se da fragilidade momentânea de Judá para promover saques e o massacre étnico contra os seus habitantes.
Outras características que reforçam a datação pós exílica são os paralelos que Obadias faz com Jeremias 49:7-22 citando uma tradição mais primitiva e o termo exilados no verso 20 referindo-se aos israelitas.
A gravidade destes oráculos contra Edom reside no parentesco entre Edom e Israel, que foram respectivamente os patriarcas Esaú e Jacó, filhos de Isaque e Rebeca (Gn. 25:23-26). A nação de Edom vivia nas montanhas e tinham uma organização social estruturada desde a época dos patriarcas (Gn. 36:1-30) e adotaram o governo monárquico antes do Êxodo dos hebreus do Egito. Nesta época os edomitas negaram a passagem dos israelitas pelo leste mostrando seu potencial militar (Nm. 20:14-21; 21:4).
A data da destruição de Edom não pode ser precisada, mas, no tempo do profeta Malaquias (500 – 400 A.C.) a nação já estava arruinada (Ml. 1:2-4). Por volta de 312 A.C. (domínio grego) os árabes nabateus tomaram as terras edomitas e expulsaram os sobreviventes para a Iduméia, ao norte. No Novo Testamento o representante mais famoso desse povo foi Herodes, o grande.
 Estrutura de Obadias
Obadias pode ser esboçado da seguinte forma:
Cabeçalho – 1a
Oráculo contra Edom – 1b – 14
O julgamento é anunciado – 1b – 9
Acusação de crueldade contra seu irmão Judá – 10 – 14
A descrição dia do Senhor – 15 – 21
O julgamento de todas as nações – 15 e 16
O livramento de Judá – 17 e 18
O estabelecimento do Reino de Javé – 19 – 21
Obadias não é o único com profecias dirigidas a Edom. Outros oráculos estão registrados em: Is. 21:11-12; 34:5-17; Jr. 49:7-22; Ez. 25:12-14; 35:1-15; Am. 1:11-12. A recorrência aos edomitas nas profecias do Antigo Testamento surge desde a bênção de Isaque para Esaú (Gn. 27:39-40) até a confirmação da destruição total de Edom em Malaquias (Ml. 1:2-4) .
O termo visão que Obadias usa pode se referir ao processo de comunicação entre Deus e o profeta bem como ao método propriamente dito. A brevidade da mensagem de Obadias pode ser explicada pela visão que o Senhor lhe dera; desta maneira, o destino de Edom, visto com antecedência, pouparam-lhe as palavras.
Conforme visto anteriormente, Obadias repete um trecho já citado por Jeremias (compare Ob. 1b, 4-6 e Jr. 49:9-10,14-16). A explicação mais adequada é que ambos os profetas tenham utilizado uma fonte comum antiedomita mais antiga.
Do ponto de vista literário, Obadias constrói sua mensagem com a tradicional estrutura profética, contendo:
As acusações dos pecados
O julgamento divino
A promessa de restauração
A mensagem de Obadias pode ser organizada em quatro partes:
Primeira parte: descrição da ruína total de Edom. Mesmo as fortificações mais inacessíveis serão aniquiladas. Seu motivo de orgulho, os guerreiros e sábios, seriam destruídos. Edom será saqueada pelas nações nas quais confiava.
Segunda parte: descrição dos crimes contra a humanidade de Edom. A violência injustificada e a falta de compaixão de Edom contra Judá são as causas do julgamento de Edom.
Terceira parte: anúncio do dia do Senhor como um dia de julgamento contra Edom. Essa mensagem para Edom servia para todas as demais nações inimigas de Israel.
Quarta parte: descrição da ruína de Edom e restauração de Israel.
 Propósito e conteúdo
O profeta Obadias trata dos seguintes assuntos:
 A soberania de Javé sobre as nações
A restauração de Israel
O conceito de retribuição
 Obadias, como mensageiro de Javé, tratou sobre a restauração de Israel e o julgamento de todas as nações que cometeram crimes contra a humanidade. Obadias utilizou-se do tema do Dia do Senhor, comum aos profetas, para predizer o livramento de Jerusalém e declarar o domínio universal do Senhor sobre todos os povos. A punição de Edom serviria de aviso a todas as demais nações acerca da retribuição que teriam pela maneira injusta à qual submeteram os israelitas.
Mais importante do que a punição a Edom o livro de Obadias mostra o amor e cuidado do Senhor pelo povo da Aliança.
 Orgulho
O orgulho foi uma das grandes tragédias do povo edomita. Sua confiança se baseava inteiramente em seus sábios e guerreiros. Obadias demonstra que esses mesmos sábios não livrariam Edom da pilhagem de sua colheita e tesouro (Ob. 5-6). Esse orgulho transformou-se em crueldade e impediu a compaixão, por isso o Senhor condena  os orgulhosos (Pv. 16:18). Enfim, toda a sabedoria de Edom foi inútil diante do julgamento  pelo qual passou. O Novo Testamento confirma esse conceito afirmado que isso acontecerá com todos aqueles que usarem da sabedoria humana em confronto com Deus (1 Co. 1:18-31).
 O dia do Senhor
A partir do verso 15 há a mudança de ênfase do julgamento individual de Edom para todas as nações. Esta mudança pode ter dois objetivos básicos à luz da teologia do Antigo Testamento:
 Atender à expectativa de Israel com relação à sua vindicação por justiça naquele momento.
Renovar a esperança de Israel em relação ao triunfo final de Javé sobre as nações com o estabelecimento de seu Reino. Este é um tema recorrente no Antigo Testamento que foi trabalhado por outros profetas (Is. 24 – 27; Jr. 29 – 33; Ez. 33 – 35; Os. 13 – 14; Am. 9).
 O tema do dia do Senhor traz o ensinamento de que Javé é um Deus que exige justiça; não apenas em um futuro escatológico, mas também nesta era. Embora seja
Misericordioso, que estende sua paciência fica claro que ele não tolera a injustiça para sempre. Ele pune a desobediência.
 Restauração de Israel
Seguindo a tendência teológica de outros profetas, Obadias também trata sobre a restauração do remanescente de Israel (Jl. 3:17-21; Am. 9:11-15; Mq. 7:8-20). Obadias cita os nomes dos patriarcas para promover a esperança de que os exilados veriam as promessas cumpridas, reforçando, desta maneira, a fé do povo judeu em Javé como um Deus fiel à sua Palavra (Sl. 115; Mq. 7:20).
 Este ensino é intensificado por outros profetas que trabalham o tema do domínio eterno de Javé por meio do Messias vindo no Dia do Senhor (Ez. 37:24-28; Dn. 2:44,45; Zc. 12:3 – 13:6)...

Bispo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ênfase e Divindades Dr. Edson Cavalcante

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