A LÍNGUA QUE ABENÇOA, MAS
TAMBÉM DESTRÓI VIDAS...
Tiago 1.19 “Sabeis estas coisas, meus amados irmãos. Todo
homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar”.
Tiago 3.5,6 “Assim, também a língua, pequeno órgão, se gaba
de grandes coisas. Vede como uma fagulha põe em brasas tão grande selva! Ora, a
língua é fogo; é mundo de iniqüidade; a língua está situada entre os membros de
nosso corpo, e contamina o corpo inteiro, e não só põe em chamas toda a
carreira da existência humana, como também é posta ela mesma em chamas pelo
inferno”
PV 18.21 “A morte e a vida estão no poder da língua; o que
bem a utiliza come do seu fruto”.
INTRODUÇÃO
Uma grande necessidade está no cuidado que devemos ter com
aquilo que falamos; pois como diz o Talmude: "a língua do homem é como
abelha; tem mel e tem ferrão".
I - Deus conclama a cada crente que seja pronto para ouvir.
1-Prontos para ouvir (Tg 1.19b)
A Bíblia dá mais valor a quem sabe ouvir do que a quem sabe
falar. O sábio Salomão nos aconselha: "inclina-te mais a ouvir" (Ec
5.1). Quando falamos sempre nos arriscamos a errar, e isto é natural. Mas
quando ouvimos sempre podemos aprender com os nossos interlocutores, tanto o
que é certo quanto o que é errado. A Bíblia ensina que todo crente seja pronto
para ouvir. O profeta Isaías ratifica essa verdade "inclinai os ouvidos e
vinde a mim; ouvi, e a vossa alma vivera" (Is 55.3ª). O próprio Jesus
advertiu aos crentes das sete igrejas da Ásia menor: "Quem tem ouvidos
ouça o que o Espirito diz às igrejas" (Ap. 2.17). "As palavras dos
sábios devem em silêncio ser ouvidas" (Ec 9.17; Jó 42.4,5). Habacuque em
sua oração disse: "ouvi, Senhor, a tua palavra e temi" (Hc 3.2). Deus
advertiu o povo de Israel. "agora, pois, se diligentemente ouvirdes a
minha voz, e guardardes o meu concerto, então sereis a minha propriedade
peculiar dentre todos os povos" Ex 19.5; Dt 4.10; 5.1; Sl 49.1-4; Is
1.2-3; Ap 1.3. Em Eclesiastes 7.5, está escrito: "Melhor é ouvir a
repreensão do sábio do que ouvir alguém a canção do tolo". Há um provérbio
popular que diz: "Se alguém quer ser um bom juiz, ouve o que o outro
diz".
2- Tardio para falar (Tg 1.19c)
Tiago recomenda que todo homem deve ser "tardio para
falar". Salomão nos adverte: "Não te precipites com a tua boca, nem o
teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Deus
está nos céus, e tu estais sobre a terra; pelo que sejam poucas as tuas
palavras" (Ec 5. 2,3,6,7). O velho adágio popular diz: "Quem muito
fala muito erra". E a Bíblia assevera solenemente em Provérbios 11.12:
"O homem de entendimento cala-se". E mais: "Até o tolo, quando
se cala, será reputado por sábio; e o que serra os seus lábios, por sábio"
(Pv. 17.28). "O que possui o conhecimento, retém as suas palavras. Os que
são sábios refreiam a língua e são cautelosos quanto àquilo que dizem. Não
exageram a verdade, e nem lesam o próximo enquanto falam; pelo contrario, tomam
cuidado em falar com exatidão e na edificação do próximo" (Sl 39.1,2). Em
Provérbio 10.19 esta escrito: "na multidão de palavras não falta
transgressão".
3 - Tardio para se irar (Tg 1.19c.)
Por causa da ira, amizades são perdidas, muitos ficam doentes
e deprimidos, acidentes acontecem, crimes são praticados e tantos outros males.
A Bíblia tem razão quando diz: "que todo homem seja tardio para se
irar". Em Efésios 4.26-32 está escrito: "irai-vos e não pequeis; não
se ponha o sol sobre a vossa ira..."
Por causa dessa tendência de pecar com a língua Tiago exorta
a todo o ser humano a estar pronto para ouvir e tardio para falar, tardio para
se irar. (Tg 1.19).
a) A ira priva o crente da graça de Deus
A ira, se não for controlada se transforma em cólera cega e
incontrolável (Hb 12.15). O salmista nos aconselha no salmo 37.8 "Deixa a
ira e abandona o furor; não te indignes, para fazer o mal" (Pv 14.17;
19.3,19;.25.23; 29.22; 30.33; Lv 19.17,18). "Não te apresses no teu
Espirito a irar-te, porque a ira abriga-se no seio dos tolos" (Ec. 7.9)
b) A ira é fruto da carne (Gl 5.19-21).
Paulo nos ensina que todo crente deve ter vida santa, sem ira
nem contenda (I Tm 2.8). Em Provérbios 15.1-2 está escrito: "A resposta
branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira. A língua dos sábios
adorna a sabedoria, mas a boca dos tolos derrama estultícia".
O nosso irmão Lucas inspirado pelo Espirito Santo nos ensina
em Lc 17.3,4. "Olhai por vós mesmo. E, se teu irmão pecar contra ti,
repreende-o; e, se ele se arrepender, perdoa-lhe".
No tocante à declaração de Jesus a respeito do perdão ao
próximo, observamos o que se segue:
a) Jesus deseja que o crente queira sempre perdoar e ajudar
os que o ofende em vez de abrigar um espirito de vingança e ódio (Mt 5.44-48).
b) O ofendido deve
estar disposto a continuar perdoando se o culpado se arrepender sinceramente.
Quanto a perdoar "sete vezes no dia"
Jesus não está justificando a prática do pecado habitual. Nem está Ele
dizendo que o crente deve permitir que alguém o maltrate ou abuse dele indefinidamente.
Seu ensino é que devemos estar sempre dispostos a ajudar e a perdoar o ofensor.
O escritor aos Hebreus escreve: "Segui a paz com todos e a santificação,
sem a qual ninguém verá o Senhor" (Hb12.14)
4 - Cada crente deve saber refrear a sua língua (Tg 1.26)
Para alguém ser verdadeiro religioso precisa saber dominar a
língua, do contrário "A religião desse é vã". É o tipo de
religiosidade sem valor, sem vida, sem poder, sem salvação, visto que a pessoa
é conhecida pelo que expressa com a língua, pois Jesus disse que: "da
abundância do coração fala a boca" (Lc 6.45). Como crentes, nossas
palavras, no dia a dia, tem causado mais benefícios ou malefícios a quem nos
ouve? Cada crente deve se auto-examinar. Em Tiago 1.22 está escrito: "E
sede cumpridores da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos com falso
discursos". No salmo 141.3 o salmista na sua oração pediu a Deus.
"põe, ó Senhor, uma guarda à minha boca; guarda a porta dos meus
lábios". Em Provérbios 13.3 está escrito: "O que guarda a sua boca
conserva a sua alma". A conversa descuidada e a língua desenfreada podem
estragar nossa motivação pela retidão, leva-nos a pecar (Ec 5.6) e afeta nosso
relacionamento com Deus (Ec 5.7). Um crente com total maturidade deve controlar
com cuidado as suas palavras (Pv 8.6-8). Devemos orar para que Deus nos ajude a
controlar nossa língua (Pv. 10.14,19; 18.7; Tg 3.2-13; Sl 17.3-5; Sl 39.1-2,9;
Jó 40.4; Pv.30.32,33). Não te precipites em falar desenfreadamente, "põe a
mão na boca, guarda a tua língua do mal e teus lábios de falarem enganosamente"
(Sl 34.11-16). Que Deus nos ajude a disciplinarmos a nossa língua para que
sirva de instrumento à sua exaltação. "põe ò Senhor, um guarda à minha
boca; guarda a porta dos meus lábios (Sl.141.3).
II – Os males provenientes da língua (Tg 3.3-6)
1 - A língua é um fogo (v.6)
Tiago usa esta figura para mostrar que, assim, como um
pequeno fogo podo incendiar um grande bosque (v.5), "a língua também é um
fogo" (Pv 16.27). "Como um mundo de iniquidade, posta entre os nossos
membros, e contamina todo o corpo, e inflama o curso da natureza, e é inflamada
pelo inferno". Realmente, na vida cotidiana, vemos que a língua serve de
instrumento para propagação de mentiras, das falsas doutrinas, da intriga, da
inveja, das agressões verbais, da fofoca, que tantos males têm causado às igrejas.
"A boca do tolo é a sua própria destruição, e seus
lábios, um laço para a sua alma" (Pv. 18.7). A Bíblia diz que "a
língua do ímpio intenta o mal, como uma navalha afiada, traçando enganos. Tu
amas mais o mal do que o bem e mais a mentira do que o falar conforme a
retidão. Amas todas as palavras devoradoras, ó língua fraudulenta" (Sl
52.2-4). Que Deus nos guarde de tal coisa.
2 - A dubiedade da língua ( Tg 3.9,10)
"A sua garganta é um sepulcro aberto; com a língua
tratam enganosamente; peçonha de áspides está debaixo de seus lábios cuja boca
está cheia de maldição e amargura" (Rm 3.13,14). Por isso é preciso muito
cuidado no falar, pois com a mesma língua com que "bendizemos a Deus e
pai" "amaldiçoamos os homens, feito a semelhança de Deus" (v.9).
"Ainda que de uma mesma fonte não saia água doce e água amargosa" (Tg
3.11) ou "de uma figueira saia azeitona, ou da videira saia figos"
(Tg 3.12). Infelizmente, da mesma língua pode sair a benção e a maldição. Não
nos esqueçamos de que um dia cada um prestará conta a Deus, porque por suas
palavras será justificado e por tuas palavras será condenado (Mt 12.36,37; Rm
14.12; II Co 5.10; Ec 12.14).
A mensagem final do livro de Eclesiastes faz-nos lembrar de
uma verdade solene e inalterável: a prestação de contas do ser humano perante
Deus, por todos os seus atos. O Senhor julgará a todos nós, crentes e
incrédulos, isto é, todos os nossos atos, bons e maus. Jesus advertiu:
"seja, porém o vosso falar sim, sim; não, não, porque o que passa disso é
de procedência maligna" (Mt 5.37;Tg 5.12).
3 - O justo aborrece a palavra de mentira (Pv 13.5)
Prefere sofrer por falar a verdade do que evitar o sofrimento
usando de mentira (Dn 3.16-18). Tais pessoas sabem que mentir por hábitos é
pecar contra o Senhor (Pv 12.22), que viver desse modo é excluir-se do Reino de
Deus. No evangelho segundo São João 8.44 está escrito: "O diabo é
mentiroso e pai da mentira e não se firmou na verdade". A mentira é uma
destacada característica do diabo. Ele é a fonte geradora de toda a falsidade
(At 5.3-5; II Ts 2.9-11; Pv 12.22; 14.5; 18.21; Sl 5.4-6; 109.2; 119.69; Jr
9..5-8; Sl 101.7; Ap 22.15 ). "Qualquer que ama e comete a mentira".
Note como os dois últimos capítulos da Bíblia destacam o caso da mentira. Os
praticantes da mentira são mencionados três vezes:
a. Todos os mentirosos, "a sua parte será no lago que
arde com fogo e enxofre (Ap 21.8)
b. Os que cometem mentira não entrarão na cidade eterna de
Deus (Ap. 21.27)
c. Os que amam e comentem mentira estarão fora do Reino
eterno de Deus
A mentira é o pecado final condenado na Bíblia, possivelmente
porque foi uma mentira que levou à queda a raça humana (Gn 3.1-5). Estas
palavras solenes devem servir de advertência a todos que, inclusive na igreja
acham que Deus tolera a mentira e o engano.
Oremos ao Senhor para que o querido Espirito Santo santifique
e controle a nossa língua, para abençoar os que nos ouvem (Gn 12.3).
4- A difamação. (Lv 19.16; Pv 16.28-30; Pv 25.18)
A difamação é crime contra a honra previsto no código penal
brasileiro. É perigoso o tropeço na palavra, falar contra a honra de alguém. Se
alguém fuma é cortado da comunhão. Fumar é pecado contra o corpo, mas será isto
mais grave do que difamar alguém?
Uma jovem contou que seu pastor a excluiu da igreja porque um
irmão disse que ela estava namorando com um incrédulo, quando isto não era
verdade. Nem sequer teve oportunidade de defesa. Enquanto isso o difamador
ficou normalmente nas atividades da congregação. A Bíblia diz: " Irmãos,
não faleis mal uns dos outros. Quem fala mal de um irmão, e julga a seu irmão,
fala mal da lei, e julga a lei; ora, se julgas a lei, não és observador da lei,
mas juiz. Há um só legislador e juiz, aquele que pode salvar e destruir; tu,
porém, quem és, que julgas ao próximo?" (Tg 4.11,12). É desprezar a lei
declinar do amor em relação a uma pessoa que está sendo acusada de algo:
1º - Não procurar conhecer os detalhes da situação;
2º - Não falar com a própria pessoa que está sendo acusada;
3º - Difamar essa pessoa.
O salmista nos adverte: "Aquele que difama o seu próximo
às escondidas, eu o destruirei; aquele que tem olhar altivo e coração soberbo,
não o suportarei." (Sl 101.4-8). E continua o mesmo salmista:
"Senhor, quem habitará no teu tabernáculo? Quem morará no teu santo monte?
Aquele que anda sinceramente, e pratica a justiça, e fala verazmente segundo o
seu coração"; "É aquele que não difama com a sua língua, nem faz mal
a seu próximo, nem aceita nenhuma afronta contra o seu próximo" (Sl
15.1-3; Jo 15.5,6).
Em Provérbios (16.27-30) está escrito: "O homem vão cava
o mal, e nos seus lábios se acha como que um fogo ardente. O homem perverso
levanta a contenda, e o difamador separa os maiores amigos. O homem violento
persuade o seu companheiro e guia-o por caminho não bom, fecha os olhos para
imaginar perversidade; mordendo os lábios, efetua o mal".
Jesus também nos advertiu no seu sermão da montanha:
"Qualquer que lhe chamar de louco será réu do fogo do inferno" (Mt
5.22- 23, 44-48). E continua o nosso mestre: "Não julgueis..." (Mt
7.1-6). Jesus condena o hábito de criticar os outros, sendo nós mesmo faltosos.
O crente deve primeiramente submeter-se ao justo padrão de Deus antes de pensar
em examinar e influenciar a conduta de outros cristãos. Em muitas igrejas só
são punidos aqueles que adulteram ou roubam, mais ficam totalmente impunes os
caluniadores, os injuriadores e os difamadores. Alguém responderá pois no juízo
de Deus!
III - Os crimes cometidos com a língua
1. A calúnia (Lv 19.11; Pv 30.10; II Tm 3.3)
A calúnia pode ser feita através da mentira, falsidade e
invenção contra alguém. O código penal brasileiro prevê penas contra os
caluniadores.
Não é de admirar que em muitas igrejas, quem calunia não
sofre qualquer ação disciplinar, e por isso o mal se avoluma, pois o caluniador
é assim estimulado na sua tarefa maligna e destruidora dos valores alheios.
Outros da mesma índole têm prazer em relembrar, comentar e espalhar fraqueza,
imperfeições e pecados a outros, servindo-se da língua.
A Bíblia condena a calúnia (Ex 20.16). "Não dirás falso
testemunho contra o teu próximo". O novo mandamento protege o nome e a
reputação do próximo. Ninguém deve fazer declarações falsas a respeito do
caráter ou dos atos de outra pessoa. Devemos falar de modo justo e honesto a
respeito de quem quer que seja (Ex 23.1-2,7). "A falsa testemunha não
ficará impune; e o que profere mentira perecerá" ( Pv 6.16-19;19.9).
Cada crente deve estar todo o dia vigiando e orando e pedindo
ao Senhor a sua graça para ser instrumento de benção e não de maldição.
2. O boato
Originalmente boato vem do latim, significando "mugido
ou berro de boi". Hoje significa "notícia anônima que corre
publicamente sem confirmação; balela, rumor, zunzunzum". Há um demônio
espalhando esse tipo de coisa em muitas igrejas.
É o "ouvi dizer", "o disse-me-disse"
sinônimo de mexerico (Lv 19.16). Em Provérbios 24.28 está escrito: "não
sejas testemunhas sem causa contra o teu próximo; porque enganarias com os teus
lábios"? O salmista também condena este tipo de gente, quando disse:
"porque não há retidão na boca deles; o seu intimo são verdadeiras
maldades; a sua garganta é um sepulcro aberto; lisonjeiam com a sua
língua" (Sl 5.9). Já é conhecida a história do homem que espalhou boato
contra outro. Este, abatido, ficou doente, depois, ficou provado que o fato não
era verdade. O boateiro foi pedir perdão ao atingido pela má notícia. Este lhe
disse: "Eu perdôo se você fizer duas coisas". O outro indagou:
"O que?" "Primeiro que você pegue este saco de penas suba a um
monte bem alto e deixe o vento levá-las". O boateiro disse: " Sim,
isto é fácil. Faço logo". E o fez. Ao retornar a homem ofendido lhe disse.
" Agora peço que faça a segunda coisa: vá e junte todas as penas que
espalhou". O mentiroso disse: "Há! Isso é impossível!". A
palavra de Deus condena este tipo de mal uso da língua (Ex 23.1). Tenhamos
cuidado com esse mugido de boi. Paulo avisou os crentes de Corinto do seu
receio a esta má conduta (II Co 12.20).
- Mexeriqueiros. A Bíblia condena os pecados da língua que
prejudicam o próximo, como sendo ofensas graves contra a lei cristã do amor.
- Qualquer tipo de conversa que rebaixa o próximo ou que
difama seu caráter deve ser reprovada. A conversa ou menção de delitos do
próximo deve ser feitos somente com o motivo sincero de ajudar tal pessoa, ou
de proteger os outros e o Reino de Deus. Pedro nos adverte desta má conduta (I
Pe 2.1).
3. A murmuração (Ex 16.2,7-8; Nm 14.2; 10.33; 14.28-38)
Murmurar significa "Dizer em voz baixa, censurar
disfarçadamente; conversar, difamando ou desacreditando".
a) O povo de Israel murmurou contra Moisés (Ex 16. 2,7,8; Nm
10.33;14.2)
Depois de apenas três dias de viagem o povo começou a
murmurar e a queixar-se porque as condições não eram excelentes. Quão
rapidamente se esqueceram do livramento do Egito e dos atos poderosos de Deus
em seu favor. Não quiseram confiar em Deus e deixar com Ele sua vida e seu
futuro.
b) A nação de Israel murmurou contra o próprio Deus (Nm
14.27).
"Até quando sofrerei esta má congregação que murmura
contra mim? Tenho ouvido as murmurações dos filhos de Israel, com que murmuram
contra mim" (Nm 14.27). Apesar de ter sido redimido e alvo da graça de
Deus, o povo murmurou contra Ele (Nm 14.3,27); endureceu o coração (Hb. 3.8),
rebelou-se contra o Senhor; desconsiderou o Senhor e recusou-se a ouvir a sua
voz (Nm 14.11,23); tentou ao Senhor (Nm 14.22), deixou de obedecer aos seus
mandamentos (Nm 14.24) e desviou-se de seguir o Senhor (Nm 14. 43).
c) Os murmuradores não vão entrar no céu (Nm 14:28-38)
Por conseqüência da desobediência dos israelitas, veio sobre
eles a ira de Deus (I Co 10.5-10; Hb 3.10,17), a morte e a destruição (Nm
14.29,35); deixaram de entrar na terra de Canaã (Nm 14.22,23), perderam o
direito ao repouso com Deus (Sl 95.7-11; Hb. 3.11,18).
O Novo Testamento declara explicitamente que Deus ordenou seu
julgamento sobre Israel por sua desobediência e incredulidade, para que isso
servisse de advertência a todos os crentes (I Co 10.11). Considerando o
fracasso de Israel no deserto, temos para os crentes em Cristo a seguinte
advertência: "vede irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração
mau e infiel para se apartar do Deus vivo e verdadeiro" (Hb 3.12). Rogamos
ao Senhor a sua graça e misericórdia sobre as nossas vidas, para que Satanás
não venha corromper os nossos sentidos e nos apartar da simplicidade que há em
Cristo (II Co 11.1-3; Rm 12.1,2; Fp 2.5-11).
d) Nunca se levante contra um líder constituído por Deus.
Alguém pode até morrer se assim proceder (Nm 12.2,8-10; 21.4-9; 16.11,42,48-49;
II Sm 1.5-16).
O pecado de Miriam e de Arão ao questionarem a autoridade de
Moisés foi falta de temor de Deus e desacato à sua Palavra. Moisés foi o
mediador do antigo concerto, assim como Jesus é o mediador do novo (Hb 3.2-6).
Deus falava diretamente com Moisés (Nm 12. 8), e a palavra que Moisés
transmitia ao povo era a palavra autêntica de Deus. Embora Miriam e Arão fossem
líderes em Israel, não tinham o direito de contestar a autoridade de Moisés.
Assim como Deus lhes mostrou que não tinham o mesmo grau de autoridade de
Moisés.
Coré e aqueles demais homens Datã, Abirão e 250 homens
maiorais dos filhos de Israel pensavam que poderiam escolher por conta própria
os dirigentes do povo. Deus, porém, deixou claro que Ele estava no governo.
Segundo o Novo Testamento, é Deus quem continua decidindo que tipo de pessoas
devem pastorear a sua igreja (I Tm.3.1-12; Tt 1.5-9; At 13.1-3).
Quando os membros de uma igreja deixam de lado os padrões
divinos para o ministério pastoral e procuram eles mesmos dirigir esse assunto,
desprezando a Palavra de Deus, estão manifestando a atitude rebelde de Coré e
dos demais que se ajustaram a ele. A direção da obra de Deus deve basear-se na
sua vontade revelada à Igreja.
IV - A postura ideal de um verdadeiro cristão
1 - A sua palavra seja temperada com sal (Cl 4.6)
Paulo escrevendo aos nossos irmãos colosenses aconselhou-os:
"a vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que
saibais como vos convém responder a cada um" (Cl 4.6). A conversa do
crente deve ser agradável, cativante, amável e graciosa. Deve ser uma linguagem
originada na graça de Deus operando em nosso coração, que contém a verdade com
amor (Ef 4.15), "temperada com sal" que significa conversa apropriada
e marcada pela pureza. O salmista disse: "o meu coração ferve com palavras
boas..." (Sl 45.1,2). Jesus disse a seus discípulos. "vós sois o sal
da terra" (Mt 5.13-16) . Os cristãos são "o sal da terra"; Dois
dos valores do sal são: o sabor e o poder de preservar da corrupção.
2 - O crente tem que ter cuidado com as suas palavras e
comportamento (I Tm 4.11-13; Mt 4.14-16; II Rs 4.8).
Paulo advertiu os crentes de Corinto dizendo: "Antes
subjugo o meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu
mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado" ( I Co 9.27). O
crente precisa ter muito cuidado naquilo que vai se expressar tanto para os de
dentro como para os de fora (I Tm 4.12; II. Rs 4. 8-9; Pv 24.25-27).
3 - O cristão maduro deve manter a sua língua sobre o
controle do Espírito Santo (II Co 10.5)Mediante a ajuda do Espírito Santo que
leva cativo todo o entendimento à obediência de Cristo (II Co 10.5). Cada
cristão deve vigiar controlando a sua língua e pensamentos (Fp 4.8,9; II Ts
2.17). A boca do crente é para falar da justiça e louvar a Deus todo dia (Sl
35.28). "O cristão sábio retém as suas palavras, e o que possui o
conhecimento é sábio" (Pv 17.27). Não exageram a verdade, nem lesam o
próximo enquanto falam; pelo contrário, tomam cuidado em falar com exatidão e
na edificação do próximo (Sl 39.1). Salomão inspirado pelo Espírito de Deus
escreveu: "como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita
no seu tempo certo" (Pv 25.11-13).
"A boca do justo é manancial de vida" (Pv 10.11ª ).
"O justo profere a verdade, ama a justiça em todas as suas palavras"
(Pv 8.6-14). O salmista Davi orou ao Senhor e com muita alegria disse: "E
pois um novo cântico em minha boca, um hino em minha boca (Sl 40.3; 96.1; Cl
3.16). Devemos orar para que Deus nos ajude a controlar nossa língua. Que
possamos dizer como o salmista Davi: "sonda-me ò Deus e conhece o meu coração; prova-me e
conhece os meus pensamentos. E vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo
o caminho eterno (Sl 139.23,24). O mesmo salmista continua a sua oração e pediu
ao Senhor: "põe, ò Senhor, um guarda à minha boca; vigia a porta dos meus
lábios" (Sl 141.3). Que possamos dizer como disse Davi: "Bendize, ó
minha alma ao Senhor, e tudo o que há em mim bendiga o seu santo nome" (Sl
103.1; Ec 12.13).
CONCLUSÃO – O crente só pode combater o tropeço na palavra
lendo a Palavra de Deus (Sl 1.1,2; Js1.8). Deixando-se dominar pelo Espírito
Santo, vigiando e disciplinando o falar. Usemos a língua para o bem (Fp 4.19)
pois somos cidadãos dos Céus e não devemos descer a linguagem ao nível
diabólico. Devemos usar a língua para encorajar outros, louvar a Deus (Cl 3.16)
e levar a mensagem do evangelho aos perdidos. Se fizermos assim, dificilmente
tropeçaremos em palavras. Que Deus nos ajude a manter a nossa língua no
controle do Espírito Santo. "Antes, seguindo a verdade em caridade,
cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo" (Ef 4.15)...
BISPO/JUIZ. MESTRE E DOUTOR EM ÊNFASE E DIVINDADES DR.EDSON
CAVALCANTE
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