A LIÇÃO DE HUMILDADE E CARIDADE QUE O BOM
SAMARITANO NOS DÁ...
“Jesus, prosseguindo, disse: Um homem descia de Jerusalém a
Jericó, e caiu nas mãos de salteadores, os quais o despojaram e espancando-o,
se retiraram, deixando-o meio morto.
Casualmente, descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e
vendo-o, passou de largo. De igual modo também um levita chegou àquele lugar,
viu-o, e passou de largo.
Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou perto dele e,
vendo-o, encheu-se de compaixão; e aproximando-se, atou-lhe as feridas,
deitando nelas azeite e vinho; e pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para
uma estalagem e cuidou dele. No dia seguinte tirou dois denários, deu-os ao
hospedeiro e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que gastares a mais, eu to pagarei
quando voltar.
Qual, pois, destes três te parece ter sido o próximo daquele
que caiu nas mãos dos salteadores?
Respondeu o doutor da lei: Aquele que usou de misericórdia
para com ele. Disse-lhe, pois, Jesus: Vai, e faze tu o mesmo.” ( Lucas
10.10-37).
Um doutor da lei, entre os tantos que sempre tentavam fazer
Jesus Cristo cair em alguma contradição, para o acusarem de algum crime contra
as leis judaicas, questionou o mestre sobre os mandamentos e sobre quem é o
nosso próximo, ou seja, quem deve ser alvo de nosso amor.
Jesus, então, como resposta à indagação daquele líder, contou
a história que chamamos de “o bom samaritano”.
O homem que viajava de Jerusalém para Jericó, ao ser atacado
por ladrões, sofreu as seguintes violações: - foi roubado, espancado e deixado
meio-morto. Assim, ele perdeu os bens que estavam com ele e ficou à beira da
morte, torturado e miseravelmente abandonado.
Esta situação repete-se em nossos dias, tanto no plano
concreto quanto no mundo espiritual. As pessoas sofrem assédios, tanto dos
ladrões de carne e osso, como dos espíritos malignos, que têm o mesmo objetivo:
- matar, roubar e destruir. A mídia, em todas as suas formas, divulga,
diariamente, relatos de violências, em todos os níveis, contra homens,
mulheres, jovens e crianças, de todas as idades. As pessoas, como o homem que
foi roubado e espancado, estão meio mortas, com medo, ansiosas, sem esperança e
abandonadas à própria sorte.
Qual deve ser a nossa atitude, primeiro como seres humanos e,
depois, principalmente, como cristãos que colocam em prática a palavra de Deus?
Jesus deu-nos a resposta ao evidenciar, primeiro a omissão do sacerdote e do
levita – que passaram pelo mesmo caminho e se omitiram covardemente – e depois,
mostrou as atitudes do samaritano, um quase estrangeiro e considerado pelos
judeus da época como uma pessoa de segunda categoria. Vejamos o que o
samaritano fez:
1) Ele viu e chegou perto. Ele encheu-se de íntima compaixão
– ele se importou: ele viu e permitiu que aquela imagem lhe causasse um impacto
capaz de mudar sua atitude momentânea. Ele interrompeu o que estava fazendo, e
se aproximou do moribundo. Ele sentiu compaixão. Se quisermos ajudar alguém não
basta apenas olharmos e sentirmos dó ou pena. Isto não basta. É preciso
atitude!
O sacerdote e o levita representam a igreja, em seus
mistérios e poderes administrativos, que podiam ter feito alguma coisa e
deveriam ter feito, pois representavam eles a mão e a misericórdia de Deus. Mas
eles nada fizeram. Por que será? O que motivou aqueles homens a serem omissos,
indiferentes e inertes? Talvez eles partilhassem uma idéia fatalista, onde
entendessem que aquele homem estava cumprindo seu destino e nada pudesse mudar
sua situação. Quem sabe eles pensassem que aquele moço estava sofrendo
conseqüências de seus erros do passado, sendo vítima de alguma maldição e que,
por isso, não deveriam interferir. Quem sabe, ainda, seus corações estavam tão
endurecidos e cansados de ajudar tantas pessoas que, simplesmente, ignoraram
aquele miserável, baseados em sua justiça própria de que já fizeram tanto bem,
que aquele pequeno mal não lhes seria imputado.
Esqueçamos estes impiedosos, embrutecidos e desumanos
sacerdote e levita. Deus tratará com eles um dia. Façamos como o samaritano.
Ele parou e se aproximou.
Hoje os relacionamentos são superficiais. Quase ninguém tem
paciência para ouvir. Ninguém quer realmente se aproximar do outro, pois isto
requer tempo, compromisso, transparência e envolvimento. Mas é exatamente isso
que uma atitude de amor cristão requer – aproximação. Aliás, foi o que Deus fez
a nosso favor. Ele viu nossa miséria e se importou. Deixou sua glória celestial
e se humanizou, ele se importou conosco.
2) Ele tratou das feridas do moribundo - O samaritano não
ficou apenas observando o sofrimento daquela vítima. Ele agiu prontamente e
rápido. Usou os meios que dispunha no momento para diminuir a dor daquele que
estava ferido.
O que fazemos quando vemos alguém ferido física ou
emocionalmente, triste, doente, cabisbaixo, desanimado e falando em abandonar
tudo e desistir? Precisamos agir rápido e cuidar das feridas, trazendo uma
palavra de ânimo, ouvindo, usando os meios que temos para diminuir a dor física
e emocional daqueles que estão ao nosso redor.
3) Ele colocou em sua cavalgadura - Ele assumiu
responsabilidade sobre aquele homem. Ele entendeu que precisava fazer algo
mais. Precisa tirar aquela pessoa daquela situação crítica, perigosa e
lastimável. Há momentos que Deus coloca sob nossa responsabilidade pessoas em
situação de risco, o que exige de nós uma ação imediata, contínua e eficaz.
4) Ele levou para uma estalagem – Ele conduziu o ferido para
um lugar seguro, de repouso e de restauração. Há situações que requerem um
hospital de primeiros socorros; ás vezes, é preciso uma clínica de terapia
psicológica ou psiquiátrica. Há casos em que a pessoa precisa ser lavada para
uma clínica de reabilitação, por causa de dependência de álcool ou outras
drogas. Em muitos casos, o fato da pessoa ser levada a uma igreja já resolve. O
poder de Deus, através da palavra e do amor da comunidade cristã, tem mudado a
história de milhões de pessoas, no Brasil e em todo o mundo.
5) Ele cuidou do ferido na estalagem - ele não tratou,
apenas, superficialmente. Ele continuou a cuidar. Muitas vezes socorremos
alguém, ou visitamos a pessoa uma vez e, depois, a deixamos abandonada. O
samaritano nos ensina que é preciso investir tempo e recursos.
6) Ele tomou providências para a continuidade do socorro –
Jesus contou que o Samaritano, antes de seguir seu caminho, deixou dinheiro e
ordens expressas para que o ferido fosse cuidado até o seu restabelecimento
total.
Jesus contou esta história para nos ensinar sobre o amor ao
próximo. Não é sentimento, é atitude; não é emoção vazia e contemplativa, é
ação que exige tempo, recursos, aproximação e envolvimento.
O Pastor Batista Martin Luther King, assassinado por causa de
sua fé militante, afirmou: “O que me assusta não são as ações e os gritos das
pessoas más, mas a indiferença e o silêncio das pessoas boas”. É verdade, a
omissão da igreja, daqueles que se dizem cristãos – salvos e libertos por Jesus
Cristo e que professam o nome do Deus vivo e verdadeiro - dá lugar á
manifestação da maldade, da violência e da corrupção.
Levantemo-nos e façamos a nossa parte. A luz deve brilhar; o
sal deve temperar. Coloquemos em prática o que disse Jesus. Façamos como fez o
samaritano. Só assim, estaremos amando de verdade. Então, o mundo ouvirá o que
temos a dizer.
“Livra os que estão sendo levados à morte, salva os que vão
tropeçando para a matança. Se disseres: Eis que não o sabemos; porventura
aquele que pesa os corações não o percebe? e aquele que guarda a tua vida não o
sabe? e não retribuirá a cada um conforme a sua obra?” (Provérbios 24.11,12).
“Mas vós, amados, edificando-vos sobre a vossa santíssima fé,
orando no Espírito Santo, conservai-vos no amor de Deus, esperando a
misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo para a vida eterna. E apiedai-vos de
alguns que estão na dúvida, e salvai-os, arrebatando-os do fogo; e de outros
tende misericórdia...
BISPO/JUIZ.MESTRE E DOUTOR EM ÊNFASE E DIVINDADES DR.EDSON
CAVALCANTE
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