MARIDOS NÃO DESPREZEIS AS VOSSAS MULHERES.
1 Pedro 3.7
Introdução
O ponto que desejamos enfatizar nesta lição é que o marido tem o papel principal, primordial, para que o casamento funcione bem. Isso não significa que a mulher não tem nenhuma responsabilidade quando as coisas dão errado no relacionamento. O que estamos dizendo é que a responsabilidade primeira quanto ao bom andamento do casamento, de acordo com a Bíblia, é do marido.
Todos nós estamos familiarizados com o relato de Gênesis, de como Deus criou o homem e a mulher, colocou-os no jardim, e disse ao casal que não deveriam tocar no fruto do conhecimento do bem e do mal. Quem desobedeceu primeiro foi a mulher. Ela viu o fruto, pegou-o, comeu, e deu ao marido. Mas quando Deus veio apurar as responsabilidades, dirigiu-se ao marido. Ou seja, Deus colocou a responsabilidade em primeiro lugar sobre o marido.
O marido tem a responsabilidade maior de fazer com que o seu casamento e a sua família andem bem. No texto básico, Pedro dá orientações práticas aos maridos sobre como eles devem tratar as suas esposas. Vamos a elas.
I. Como viver bem no lar
A única ordem que aparece no texto pode parecer estranha ou desnecessária, mas na verdade é extremamente importante. Pedro determina aos maridos que vivam a vida comum do lar com a sua esposa.
Na sociedade moderna, geralmente o marido sai de casa pela manhã e só volta à noite. Quem praticamente faz com que as coisas andem bem no lar é a esposa, no caso em que a esposa trabalha em casa. É ela quem cria os filhos e quem resolve problemas domésticos; mas o marido deve compreender que a vida no lar é também responsabilidade dele. Ele deve viver a vida comum do lar com a esposa. Ele também tem responsabilidades no andamento da casa. Por isso, a primeira coisa que Pedro diz para os maridos é: vivam com a sua esposa a vida comum do lar. Que mandamento precioso e importante a ser obedecido hoje. Vejamos três maneiras de se viver bem no lar.
A. Viva com discernimento
A primeira, é que os maridos vivam com a esposa “com discernimento”. Essa palavra significa “conhecimento”. Pedro instrui os maridos a terem discernimento, ou seja, conhecimento no trato com sua esposa. Pedro não explica que conhecimento é este, mas evidentemente é tudo aquilo que o marido deve saber para que a relação com a sua esposa seja feliz. É um conhecimento que vai fazer com que o casamento seja bem-sucedido e certamente isto significa conhecer três coisas:
1. O marido deve conhecer a si mesmo. Ele tem de saber quais são os seus limites, quais são suas fraquezas (Pv 27.19). Ele tem de saber quais são suas áreas fortes, com as quais pode se envolver e ajudar a esposa. Para isso, o marido deve se conhecer. Ele precisa ter uma avaliação correta de si mesmo. Às vezes o marido não percebe as coisas com exatidão porque ele não está consciente de quem é e do seu papel no lar.
2. O marido precisa conhecer sua esposa. Conhecer a esposa é fundamental para não tratá-la com amargura (Cl 3.19). Quais são os seus sonhos, seus ideais, seus anseios e suas angústias, suas preocupações? Esse conhecimento da esposa é essencial para que o marido desempenhe o seu papel corretamente. Muitos dos problemas do casamento decorrem disso: os maridos não têm diálogo, comunicação e comunhão íntima com a esposa e, portanto, os anos se passam sem que ele venha a conhecê-la. Ela se torna para ele uma estranha em casa.
3. O marido precisa conhecer a Deus (Os 6.3). Se não conhecer a Deus e depender dele, o seu relacionamento com sua esposa dificilmente alcançará o nível de satisfação, de alegria e de realização como deve ser. Sem a presença de Deus não há felicidade plena (Sl 16.11). Casamento feliz tem de ser a três. O homem, a mulher e Jesus Cristo. É somente à luz do conhecimento divino que podemos entender quem somos e por que estamos aqui. Assim sendo, podemos interpretar as palavras de Pedro nesta passagem, como sendo primeiramente uma exortação aos maridos a que cresçam no conhecimento de Deus, o que fará que convivam com entendimento com sua esposa.
B. Viva com sensibilidade
A segunda orientação é que o marido viva com a esposa tendo consciência de que ela é a parte mais frágil. No original grego, Pedro refere-se à mulher usando a palavra “vaso”, metaforicamente referindo-se à personalidade humana em geral. O marido, portanto, tem de ter consciência de que a mulher é o vaso mais frágil. O homem também é frágil, mas a mulher é mais do que ele. O sentido da exortação é este: o marido não deve se aproveitar do fato de ser mais forte. Há alguns sentidos em que isso é verdade.
Primeiro fisicamente. Não é difícil para o homem sobrepujar fisicamente a sua esposa. A mulher por natureza é mais fraca do que o homem e às vezes o homem tira vantagem disso.
Em segundo lugar, a advertência de Pedro tem relação com o exercício da autoridade na família. Apesar de todos os esforços do movimento feminista, e de a sociedade ter mudado bastante neste sentido, ainda predomina o padrão tradicional da família em que o homem é o líder. É verdade que em alguns casamentos isso não é mais verdade, entretanto, o normal é que seja assim. Contudo, o homem não deve se valer disto e se aproveitar de sua esposa, por ela ser o vaso mais frágil.
Em terceiro lugar, a mulher é mais frágil emocionalmente. Ela é mais sensível, se machuca mais no conflito com o marido. Estamos dizendo isso não somente pela observação, mas também por haver um mandamento na Bíblia que diz exatamente isto: “maridos… não a trateis com amargura.” (Cl 3.19). Por quê? Porque ela é o vaso mais frágil. A sensibilidade dela é maior. A angústia dela é maior.
>> Últimas – sua revista semanal online | assine gratuitamente <<
C. Viva com dignidade
Pedro vai além e diz que os maridos devem viver a vida comum do lar com a sua esposa, com conhecimento, sabendo que ela é o vaso mais frágil e, por isso, devem tratá-la com dignidade. Esse é o terceiro aspecto da vida comum no lar.
Há vários modos pelos quais o marido pode tratar sua esposa dignamente. Um deles é tratá-la de modo respeitoso e digno em público, na presença de outras pessoas. Outro é reconhecendo e dizendo para ela todas as coisas boas, agradáveis e corretas que ela faz. É muito bom quando o marido reconhece o valor da sua esposa e afirma isso a ela e também em público, na presença dos amigos, com sinceridade. Infelizmente, às vezes, acontece o contrário. O marido provoca a esposa na presença dos amigos, humilhando-a na presença dos outros. É muito importante que o marido se lembre de tratá-la sempre com dignidade e honra. É o que diz a Palavra de Deus.
Aqui devemos ter cuidado para não ir ao outro extremo e pensar que honrar a mulher significa sempre fazer suas vontades, como Adão que deu ouvidos à Eva. Temos de amar, respeitar e apreciar a esposa, mas a nossa apreciação por Deus está acima de qualquer coisa.
II. Razões para viver bem no lar
Pedro dá duas razões para que os maridos tratem a esposa com conhecimento, sensibilidade e dignidade.
A. Iguais apesar de diferentes
A primeira razão é: se por um lado a esposa é o vaso mais frágil, por outro, ela é igual ao homem. As esposas vão receber a mesma vida que Deus dá aos maridos, explica Pedro. Elas são juntamente herdeiras da mesma graça divina (1Pe 3.7). A Bíblia ensina que há uma diferença fundamental entre o homem e a mulher. Essa diferença remonta ao tempo da Criação. A mulher é o vaso mais frágil. Foi assim que Deus a fez. Isso não quer dizer que ela não possa exercer determinadas atividades que tradicionalmente eram do homem, mas isso não diminui a diferença entre ambos. Por outro lado, a Bíblia ensina que o homem e a mulher são iguais em valor diante de Deus. As Escrituras nos ensinam a igualdade essencial do homem e da mulher bem como as diferentes atribuições de ambos em seus papéis na igreja e na família.
Na passagem que estamos estudando, Pedro ensina que ambos, homem e mulher, têm o mesmo valor diante de Deus, sendo participantes da mesma graça da vida. O homem não é melhor que a mulher em nenhum aspecto, espiritual, moral, intelectual ou emocional, pelo contrário, ambos são pecadores que precisam da graça (Rm 3.10,23; 5.12,18).
Quando o marido reconhece que ele é diferente da sua mulher, conscientiza-se de que tem determinados papéis a cumprir por causa destas diferenças, e os assume. Quando ele reconhece que a esposa vai herdar com ele a mesma vida eterna que Jesus Cristo prometeu, passa a tratá-la com dignidade e respeito. Aí temos o equilíbrio.
B. Não ter a oração interrompida
A segunda razão que Pedro apresenta aos maridos para que tratem a esposa como convém é que o relacionamento conjugal influencia diretamente na vida de oração. Ele diz “para que não se interrompam as vossas orações” (3.7b).
A advertência de Pedro pode ser entendida de duas maneiras. Primeira, Pedro adverte que conflitos, gritarias e coisas do gênero por parte dos maridos fazem com que Deus interrompa as respostas às suas orações. Se os maridos falharem em seu papel, haverá reflexos em sua vida espiritual. A força do argumento de Pedro repousa no fato de que todo marido cristão sabe da importância de manter sempre ativo e vivo o seu relacionamento com Deus. Este argumento não valeria para maridos descrentes. A interrupção das orações é parte da disciplina que Deus impõe ao marido faltoso.
Muito embora Pedro não afirme explicitamente, subentende-se que quem vai interromper as orações é o próprio Deus. Na verdade, podemos dizer que não são as orações que serão interrompidas, mas as respostas que Deus daria a elas. Deixar de ter as orações respondidas é de fato um castigo severo para qualquer cristão. É uma indicação de quão seriamente Deus vê o tratamento que os maridos devem dar a sua esposa.
A segunda explicação para a advertência de Pedro é que ele pode estar dizendo que os conflitos e agressões separam o marido e a esposa, de modo que as orações domésticas ficam interrompidas. A forma de ameaça de Pedro, neste caso, é exatamente a importância das devoções familiares para a manutenção da vida doméstica. A ameaça de ter as orações com a esposa interrompidas deveria levar os maridos a refletir nas consequências de suas atitudes. Pedro destaca o valor da vida de oração do marido e da esposa. Oração mútua não pode existir onde não há amor e perdão mútuos.
Conclusão
O marido deve amar sua esposa e buscar viver bem dentro do seu lar, com discernimento, conhecendo a si mesmo, a sua esposa e a Deus, tratando a esposa com sensibilidade, como parte mais frágil, com dignidade e com toda honra. Por fim, o marido deve agir assim dentro do seu lar porque ambos são iguais diante de Deus, e para que não tenha suas orações interrompidas.
Marido cristão, você deve tratar bem a sua esposa, como parte mais frágil, dentro e fora do seu lar. Procure saber quais são as suas atitudes que causam ira ou tristeza na sua esposa e evite-as. Ao mesmo tempo, procure conhecer mais a sua esposa, seus gostos, desejos, vontades, aquilo que a agrada e a torna mais feliz. Jamais levante um dedo para a sua esposa. Trate-a com carinho e respeito. Lembre-se que palavras machucam mais do que gestos, então, seja delicado nas palavras. Faça elogios à sua esposa, em família e em público. Evite chamar a atenção de sua esposa, discutir com ela ou ofendê-la em público. Resolva as suas diferenças entre vocês dentro de sua casa, com muita sabedoria. Não exponha sua esposa a uma situação ridícula, como brincadeiras ou piadas de mau gosto. Seja um marido meigo, romântico, doce, simpático, afetuoso, compassivo e perdoador. Principalmente, seja um marido crente, de oração e cheio do Espírito Santo.
Além destas ações, o que mais você pode fazer para demonstrar seu amor por sua esposa?
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante.
0 comentários :
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.