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sábado, 12 de junho de 2021

A SUPREMA EXCELÊNCIA DO AMOR

 

A SUPREMA EXCELÊNCIA DO AMOR

"O amor de Deus está der­ramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado" (Rm 5.5).

O amor é a comprovação e o aferidor da espiritualidade; é o solo onde o Espírito Santo produz no crente a condição de verdadeiro filho de Deus.

O amor não é somente superior aos dons, mas é o elemento legi­timador de seu uso na edificação da igreja. Ele leva ao equilíbrio; é o grande princípio de toda ação; ele supera tudo.

O amor pode ser definido como "a mais profunda expressão pessoal possível". Nas palavras do Divino Mestre, é uma atitude que envolve o coração, a mente e a vontade (Mt 22.35-37). O amor não é um mero sen­timento; é o poder de Deus que atua na personalidade inteira do homem.

A EXCELÊNCIA DO AMOR

1. Sua base. Paulo termina o ca­pítulo 12 de sua primeira epístola aos coríntios com as seguintes palavras: "E eu vos mostrarei um caminho ain­da mais excelente" (1 Co 12.31b). Nas palavras do apóstolo, o exercício dos dons espirituais é algo exce­lente, mas existe algo "sobremodo" excelente. No texto de 1 Co 13.1-3, o autor afirma que sem amor nada teria valor.

A omissão ao amor anula tudo; nenhuma prática legalista pode substituir seu exercício. A Bíblia é a base de sua excelência.

2.Sua superioridade sobre o conhecimento. Os coríntios viviam num período de grande ênfase ao conhecimento, e se vangloriavam do seu grande saber. Entretanto, o do­mínio que eles tinham do conheci­mento não foi suficiente para arran­cá-los ao clima de facções, conflitos e confusões em que estavam envol­vidos, pois não tinham a sabedoria de que fala Tiago 3.17. A razão é simples: o conhecimento sozinho a nada conduz; mas, submisso ao amor, torna-se de grande utilidade. Por esta razão, Paulo resolveu fa­lar-lhes "de algo mais excelente ain­da." O amor desfaz as barreiras, supre o coração de bondade e dá ao homem a verdadeira sabedoria.

3. Sua superioridade sobre a imoralidade. É comum ver o erro que nossa sociedade comete ao ligar o amor às práticas deturpadas do sexo. A indiferença ao que ensina a Bíblia tem gerado um clima de promiscuidade e desrespeito. Coisas puras como a virgindade, namoro, noivado, fidelidade conjugal estão perdendo o valor. Como a igreja de Coríntios achava-se envolvida num clima de imoralidade, Paulo decidiu lançar mão do amor como meio de banir a malícia e a maldade. É o que o mundo atual está precisando.

4. O amor regulamenta o uso dos dons espirituais. A igreja de Corinto, além de não ser composta de pessoas familiarizadas com os ensinos do Antigo Testamento, ain­da não havia aprendido os princípi­os do Novo Testamento. Desta for­ma, o trabalho de Paulo tornava-se muito difícil.

O abuso em relação aos dons e a desordem no culto era uma característica marcante daquela igre­ja. Os dons eram manifestados sem base bíblica, causando grande con­fusão; tinha-se muito "poder" sem nenhuma ética. Eles viam nos dons espirituais o bem superior da vida cristã; por isso Paulo disse: "eu vos mostrarei um caminho mais excelente".

O amor deve conduzir os passos de toda igreja e de todo homem, pois prepara o coração de todos no senti­do de evitar partidarismos, exclusivismos e excessos na prática da Palavra de Deus.

5. O amor produz progresso espiritual. O crente se desenvolve e cresce espiritualmente quando se põe atento ao processo de transformação em que o Espírito Santo o colocou. Ele está sendo transformado a fim de alcançar a estatura de varão perfei­to, e isto tem tudo a ver com o amor derramado em nossos corações pelo Espírito Santo.
No jardim do Éden, o homem pecou, comprometendo a imagem de Deus recebida na criação; porém, quando é salvo e redimido no san­gue de Jesus, o Espírito Santo lhe ensina que a bandeira maior do Se­nhor sobre seus filhos é o amor. Des­ta forma, ele resgata progressiva­mente a natureza de Deus outrora perdida. Devemos duvidar de todo crescimento espiritual que não este­ja relacionado com o amor.

O crescimento é diretamente pro­porcional ao amor.

O ALCANCE DO AMOR

1. O amor de Deus aos homens. Em João 3.16, lemos que Deus amou o mundo; isto é, ele amou a humani­dade como um todo e por ela enviou seu Unigénito ao mundo. Os peca­dos e a infidelidade do homem entristeceram a Deus. Todavia, não impediram o efeito de seu amor pela humanidade. A razão é simples: O amor de Deus é espontâneo; não exige qualquer valor da pessoa amada. Ele poderia ter vivido eternamente sem ter criado o homem, pois é auto-suficiente; não precisava de nós para existir, mas Ele nos fez por amor e por amor resgatou-nos quando nos achávamos perdidos. Leia também 1 João 4.9,10.


2. O amor do homem a Deus. Em Mt 22.37, Jesus expõe o modo como Deus deve ser amado: "de todo teu coração, de toda tua alma, de todo teu pensamento". A adoração do homem a Deus deve ser com todo o seu ser, com toda sua personalida­de. Claro está que isto não significa a mera prática de algum ritual ou de leis cerimoniais, mas é, antes de tudo, o resultado da devoção pesso­al e da operação de Deus no coração humano. O amor a Deus é um su­mário de nossa comunhão e obediência a seus mandamentos (Js 22.5).

3. O amor do homem a si mes­mo. Em Mt 22.39, Jesus, completan­do sua resposta ao doutor da lei, acrescentou: "e o segundo, seme­lhante a este, é: Amarás o teu próxi­mo como a ti mesmo". A expressão "como a ti mesmo", significa que o amor a nós mesmos deve ser a refe­rência para o nosso amor aos nossos semelhantes. Há nisso dois pontos a destacar: primeiro, é preciso cuida­do com o egoísmo e narcisismo co­muns aos homens, amando-se mais do que deveriam; segundo, quem não se ama, como é que poderá amar o seu irmão? Ter auto-estima, gostar de si mesmo, é fundamental ao ser humano; o crente não pode viver a reclamar da vida, como alguém a quem Deus não olhasse, um desvalido. Deus não faz acepção de pes­soas, somos todos amados e abenço­ados na mesma proporção.

4. O amor ao próximo. Deus nos deixou como mandamento que nos amássemos uns aos outros assim como Ele nos amou. Deste mandamento dependem toda lei e os pro­fetas. O nosso amor a Deus mani­festa-se através de nosso amor aos nossos semelhantes. Quando ama­mos ao próximo, estamos amando também ao Criador. O texto de 1 Jo 4.7,11,12,20,21 deixa claro que a relação do homem com o Todo-Poderoso está intimamente ligada às suas atitudes para com os que con­vivem com esse homem na mesma igreja, família, cidade ou país.

Ser indiferente e tratar com des­prezo as necessidades do semelhan­te é também colocar-se à margem de qualquer relação de amor com o Pai, pois dele temos esta advertência: "aquele que não ama a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê" (1 Jo 4.20). Esse amor não deve ser apenas um sentimento abstrato, mas há de comprovar-se através de obras e de fatos, conforme 1 João 3.16,17.

AS QUALIDADES DO AMOR (vvs. 4-7)
1. O amor é sofredor (v. 4).

Esta expressão desmente o que en­sinam os "teólogos da prosperida­de", quando eles relacionam o so­frimento, unilateralmente, à falta de fé ou à prática de pecados. E nos leva a pensar na situação real dos que vi­vem nas camadas altas da sociedade onde o bem maior da vida é a busca do prazer (hedonismo), não impor­tando se tais práticas são certas ou erradas diante de Deus. O amor é sofredor, isto é, aceita confiantemen­te as adversidades da vida sem res­sentimentos contra Deus ou contra os homens. Ensina-nos a "lançar so­bre o Senhor todas as nossas ansiedades, porque Ele tem cuidado de nós 1 Pe 5.7". O amor tudo sofre, tudo espera, tudo suporta (v. 7).

2. O amor é benigno (v. 4). A benignidade implica numa atitude constante de misericórdia e bonda­de. Este é um dos aspectos do fruto do Espírito Santo (Gl 5.22). Neste sentido, o crente deve ser sempre alguém útil e gentil. Útil no sentido de estar pronto a demonstrar amor ati­vo ao próximo, alimentando os fa­mintos, dando água aos sedentos, hospedando a quem necessita, ves­tindo ao que está nu, visitando os enfermos e encarcerados (Mt 25.35, 36). Gentil, no sentido de mostrar cortesia e boas maneiras no trato com as pessoas em geral.

É inaceitável, no crente, a falta de educação e a prática de grosseri­as. O amor não se irrita (v.5), não suspeita mal (v. 5).

3. O amor não é invejoso (v. 4). Inveja e despeito são vícios co­irmãos do ciúme. Os crentes de Corinto estavam totalmente contami­nados pelo vírus da inveja. Quando notavam que um irmão tinha mais talentos, ou dons, desprezavam-no. Era assim que agiam os menos do­tados.

A atitude de inveja é absoluta­mente carnal e diabólica, jamais pode caminhar com quem é "mora­da do Espírito Santo". Normalmen­te, a pessoa invejosa se entristece quando alguém tem algo que ela gostaria que fosse seu; entretanto, o verdadeiro amor produz no crente uma atitude altruísta; ele regozija-se com a felicidade e o sucesso do irmão, como se fossem dele mesmo (Rm 12.9,10,15).

CONCLUINDO
O amor é a virtude principal da vida cristã; é fruto do Espírito San­to. O divino agricultor é quem o cul­tiva no homem, tornando-o cada vez mais parecido com o Divino Mes­tre.

O que é o amor? Eis a definição que lhe podemos dar:

"Um dos mais altos e sublimes atributos comunicáveis de Deus. Através deste vocábulo, dá-nos o evangelista João esta definição es­sencial do Supremo Ser: 'Deus é amor' (1 Jo 4.8). No âmbito das Sagradas Escrituras, o amor é o sentimento que mais possui impli­cações teológicas. Sem ele, nenhu­ma aliança teria sentido; nenhum testamento seria firmado sem ele, pois todos os atos de Deus são atos de amor.

"Somente o amor foi capaz de predispor a Deus a buscar o bem de uma humanidade corrompida, e que só procurava quebrantar-lhe as leis. Aliás, é como podemos definir o amor: é a predisposição de alguém em buscar o bem de seu semelhante. Cabe-nos, pois, dedicar-lhe absolu­ta devoção e fidelidade, para que o seu amor para conosco seja sempre correspondido.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante.

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