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sábado, 15 de fevereiro de 2020

FAMÍLIA MISSIONÁRIA


                                                          FAMÍLIA MISSIONÁRIA
Jesus disse: “Vá para casa, para a sua família e anuncie-lhes o quanto o Senhor fez por você e como teve misericórdia de você.” (Marcos 5:19). 
 
Geralmente os crentes ficam fascinados com a figura do missionário que deixa a sua terra, seus parentes e sua igreja e vai para um lugar distante pregar o evangelho, mas não sentem a mesma empolgação pela missão de pregar o evangelho aos que lhe são próximos - sua família e seus vizinhos. O ser humano é sempre atraído por gestos heróicos, e parece que não há muito heroísmo no testemunho anônimo e perseverante em meio à rotina diária do lar. 
 
Muitos se impressionam e se preocupam com o mundo perdido, com a obra missionária, e contribuem financeiramente. Até existem alguns que, pagando suas próprias despesas, participam de esforços evangelísticos em outros locais não atingidos, e, no entanto, na sua própria família há pessoas não alcançadas pela graça de Deus, com as quais aparentemente não se preocupam. Alguns, até pelo contrário, dão um péssimo testemunho dentro do lar. São excelentes evangelistas fora de casa, mas não conseguem ganhar os seus próprios familiares. 
    
Ao ser curado de maneira tão maravilhosa por Jesus, o ex-endemoninhado de Gerasa sentiu-se imediatamente entusiasmado pela idéia de ser um participante do grupo que acompanhava o Senhor, mas este inverteu suas expectativas, ordenando-lhe que voltasse para a sua casa, para dar testemunho à sua família e aos seus conterrâneos. Por sinal que há neste incidente um detalhe interessante: a todos os que Jesus curava dentre o seu próprio povo, ordenava que não dissessem nada sobre o fato, mas a este geraseno, um estrangeiro, mandou que falasse abertamente. É que, por um lado, em terras estranhas, a obra de Jesus não correria o risco de ser discriminada como na Galiléia e Judéia, e, por outro lado, Jesus provavelmente não voltaria mais ali, pois precisava retornar para a sua gente e continuar seu ministério entre ela. Aquele homem tornou-se muito útil, levando o seu testemunho a uma região em que havia dez cidades (daí o nome Decápolis).               
 
Pode não ser muito fascinante, mas para Jesus, ser missionário em sua própria casa, tem a mesma importância que ser missionário em terras distantes. Neste último caso, é preciso ter uma chamada e um preparo especiais, mas para fazer missões em seu lar, basta ser uma testemunha fiel das maravilhas que Deus tem feito em sua vida.
 
O lar é o primeiro, o maior e o mais importante campo missionário. É também o lugar onde temos mais motivação, mais liberdade, e mais oportunidades de pregar o evangelho.
 
O lar é o primeiro campo missionário porque não é justo que você saia de casa para pregar aos outros, sem antes ter anunciado o evangelho aos de sua própria família. Eles devem ser os primeiros a ouvir o seu testemunho sobre Jesus Cristo, e geralmente o são.   
 
O lar é o maior campo missionário porque é dele que sai a maioria dos crentes. Basta dar uma olhada no rol de membros das nossas igrejas, e descobriremos que, no mínimo, 50% dos membros tiveram pais ou avós crentes. Uma pesquisa feita há muitos anos descobriu que 85% dos missionários, pastores e líderes evangélicos haviam aceitado a Cristo ainda na sua infância. A família é o celeiro da igreja, é de onde sai a maior parte dos seus membros.  São os filhos de crentes que constituem a maior parte da liderança. Igualmente são eles os que têm a melhor participação financeira na igreja. Portanto, sem a família cristã dificilmente teríamos a igreja.
      
O lar é o mais importante campo missionário porque é nele que vivem as pessoas que você mais ama neste mundo: sua esposa ou seu marido, seus filhos e outros também íntimos e próximos. Eu não poderia viver satisfeito se minha esposa e meus filhos não fossem crentes no Senhor Jesus. Não gostaria de pensar na possibilidade de ir para o céu sem eles. 
 
Por isso, o lar é o lugar onde mais queremos pregar o evangelho. Sim, porque desejamos ver nossos queridos sendo salvos pela fé em Cristo, assim como nós já o fomos. Um das nossas grandes alegrias é poder dizer: “Eu e a minha casa servimos ao Senhor”.
     
Por outro lado não há lugar onde tenhamos tanta liberdade e tantas oportunidades de pregar o evangelho. Um grande exemplo disso é a história recente da igreja de Cristo na China comunista. Quando começaram a perseguir as igrejas, elas tornaram-se clandestinas, passaram a funcionar nos lares. Ao haver abertura para que novamente se reunissem em templos, descobriu-se que havia dezenas de milhões de crentes na China. Hoje fala-se em 100 milhões de cristãos. E o governo chegou a pensar que tinha esmagado completamente as igrejas!
 
Sem dúvida, não há melhor lugar para fazer missões que o lar. 
 
No capítulo 15 do Evangelho de Lucas, Jesus contou três parábolas muito bonitas, todas elas com o fim de apresentar a verdade de que Deus tem um grande prazer por um só pecador que arrependa e seja salvo. Essas parábolas foram uma resposta aos fariseus e escribas, homens extremamente orgulhosos da sua pretensa santidade, que criticaram a Jesus por “comer e beber com pecadores”.  
 
Porém, sem perder de vista a verdade principal de que Deus tem prazer em que reconheçamos o nosso pecado e nos arrependamos, porque só assim ele pode exercer para conosco a sua imensa misericórdia, há outras facetas muito interessantes nessas parábolas, das quais destacamos a da Moeda Perdida.         
 
Trata-se da história de uma mulher que possuía dez moedas de prata, cujo valor unitário estaria hoje entre R$ 20,00 e R$ 30,00. E ela perdeu uma das moedas dentro de sua própria casa! Depois de uma busca demorada e minuciosa, que incluiu acender a luz e varrer toda a casa, encontrou sua preciosa moeda e compartilhou sua alegria com as amigas e vizinhas. 
 
Nas entrelinhas dessa história temos um recado de Jesus para os fariseus e escribas, que se achavam justos e salvos simplesmente por pertencerem por nascimento ao povo de Deus (Israel). O recado é que eles, na verdade, estavam “perdidos dentro de casa” e, a menos que se arrependessem, não seriam salvos. A história está se repetindo hoje. É freqüente ouvirmos alguém que percebemos claramente não ser convertido de fato, afirmar: “Eu nasci num lar evangélico, fui criado na igreja tal”. Também é freqüente existirem pessoas extremamente dedicadas às suas igrejas, cujos familiares são incrédulos. 
 
Façamos como a mulher da parábola: vamos “acender a luz”, “varrer toda a casa” e “procurar diligentemente” até podermos comemorar a salvação dos nossos queridos. A verdadeira pregação do Evangelho começa em casa.
 
Queiramos ou não, testemunhar no lar é inevitável. Poderá ser de forma positiva ou negativa, mas sempre estaremos testemunhando daquilo que cremos.  Já que é assim, busquemos, então, a graça de Jesus e o poder do Espírito Santo, para fazê-lo cada vez melhor.
 
Sabemos que o motivo do fracasso não é tanto o falar, mas o viver. Isto é, não estamos ganhando os nossos familiares para Jesus porque, quando eles olham para a nossa vida, percebem que não confere com a nossa pregação. Esta é uma das principais razões porque muita gente acha mais fácil evangelizar fora de casa, pois dentro do lar não tem autoridade de falar do Evangelho.
 
Entretanto, queremos aqui fazer uma ressalva, pois alguns irmãos estarão perguntando: Mas, e aqueles irmãos que dão um testemunho fiel e mesmo assim os seus parentes não se convertem? A resposta é dupla: em primeiro lugar, não são muitos esses casos; em segundo lugar, a conversão de seu parente pode demorar anos, mas você não deve perder a esperança. Continue dando o seu testemunho. No mínimo você estará cumprindo o seu dever.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante

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