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quinta-feira, 2 de maio de 2019

SALVAÇÃO POR MEIO DE CRISTO


                                                SALVAÇÃO POR MEIO DE CRISTO.
Efésios 2.1-10
Hoje iniciamos um trimestre de estudos so­bre a salvação. Embora esse seja um dos temas centrais de toda a Bíblia, vários cristãos têm muitas dúvidas sobre o assunto. No intuito de apresentar com fidelidade e clareza o ensino bíblico sobre a obra da salvação, esmiuçamos o tema e vamos apresentá-lo detalhadamente ao longo das lições, mostrando cada um dos aspectos desta importante doutrina bíblica. Você sabe dizer o que é a salvação? Sabe como ela é adquirida? Aliás, você sabe dizer por que precisamos dela?

1. O que é a salvação?

A salvação é a maior de todas as bênçãos espirituais que o ser humano pode receber de Deus. Apesar disso, muitas pessoas não sabem o que ela é. Isso se deve, em parte, ao caráter simplório e superficial de boa parte da educação cristã ministrada em algumas denominações evangélicas e, em parte, pela ampla divulgação de algumas doutrinas massificantes que não chegam à essência da questão. Por isso, antes de vermos o que a salvação é, veremos o que ela não é. 
  1. Salvação não é a mesma coisa que filiação a uma denominação religiosa. Este é um pensamento popular muito comum. Muitas pessoas pensam que ser salvo significa perten­cer a uma igreja. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. É perfeitamente possível que uma pessoa seja membro de uma denominação religiosa por muitos anos e não tenha um rela­cionamento com Jesus baseado na graça.
  2. Salvação não é a mesma coisa que pros­peridade material. As denominações adeptas da chamada “teologia da prosperidade” falam tanto sobre a prosperidade financeira que se esquecem de anunciar o perdão de pecados e da salvação em Cristo. Assim acabam trans­mitindo a falsa noção de que Jesus morreu na cruz para nos dar boa saúde, um bom carro, uma boa casa e para salvar nosso negócio. A mensagem da cruz fica totalmente perdida em meio às questões materiais. Jesus não morreu para nos dar bênçãos materiais e sim para nos trazer a salvação. É certo que Deus nos abençoa financeira e materialmente, dando-nos o suficiente para nossa peregrinação neste mundo, mas o cerne das boas-novas não é um carro possante, mas a salvação eterna.
  3. Salvação não é a mesma coisa que par­ticipação em eventos religiosos. Este também é um pensamento comum. Muitas pessoas pensam que o fato de fazerem peregrinações e romarias é sinônimo de salvação. A ver­são evangélica mais comum deste engano é pensar que a participação em incontáveis atividades realizadas na igreja é sinônimo de salvação. Algumas atividades eclesiásticas são realmente proveitosas e edificantes. Ou­tras consistem apenas em um ativismo vazio. Salvação é um relacionamento piedoso com Deus baseado na graça mediante a fé e não em um ativismo religioso.
A esta altura, você deve estar se perguntan­do: mas afinal, o que é a salvação? Salvação é a mudança do estado de condenação em que o pecador se encontra, por causa do pecado, para o estado de bem-aventurança, para o qual é conduzido pela graça de Deus. O apóstolo Paulo menciona esta mudança de estado em sua carta aos crentes de Colossos: “Ele [Deus] nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados” (Cl 1.13-14).
De acordo com a Escritura, a pessoa que não é redimida, que chamaremos de homem natural, vive em trevas espirituais e é mere­cedor da condenação de Deus por causa de seu próprio pecado (Rm 3.23; 6.23). O apóstolo Pedro menciona esta mudança de estado ao dizer que “vós sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1Pe 2.9). Nós éramos trevas, porém, agora, somos luz no Senhor (Ef 5.8).

2. Por que o ser humano precisa de salvação?

Outra pergunta que precisa ser respondida no início de nossos estudos sobre a salvação diz respeito à sua necessidade: por que pre­cisamos ser salvos? A resposta é simples: precisamos desesperadamente de salvação porque esta é a única maneira de termos nossa comunhão com Deus restaurada e, também, de escaparmos da condenação do inferno.
A Escritura afirma com muita clareza que todos os seres humanos são pecadores (Rm 3.23; 5.12). Portanto, todos nós somos igual­mente merecedores da retribuição correspon­dente ao pecado. De acordo com a Escritura, esta justa retribuição é a morte (Rm 6.23) no seu sentido mais profundo e abrangente: morte física, morte espiritual e morte eterna. Isso implica no total rompimento de nossa comunhão com Deus.
  1. Morte física. Desde tempos imemoriais, as pessoas nascem, crescem e morrem. Devi­do à regularidade desse processo, já devíamos estar acostumados com a morte física. No entanto, ela continua sendo motivo de tristeza e dor. Ela sempre nos abate, causando o mais profundo pesar. Isso se explica pelo fato de o ser humano ter sido criado para viver, não para morrer. A morte é uma invasora em nosso sistema, por isso sempre a vemos com estranheza e dor. O ser humano foi criado para desfrutar da vida abundante que Deus havia preparado para ele no jardim, em plena comunhão com seu Criador. O pecado, po­rém, fez com que ele se tornasse merecedor da morte, que era o castigo previsto no caso de desobediência. Pela sua misericórdia, o Senhor não tirou a vida física de Adão e Eva imediatamente depois da realização do pri­meiro pecado. Ele permitiu que aquele casal vivesse por muitos anos depois disso e visse seus filhos e netos. Contudo, no momento em que o primeiro pecado foi cometido, a morte entrou no mundo (Gn 3.1-19).
  2. Morte espiritual. Paulo começa o re­lato de nosso texto básico dizendo que “ele [Cristo] vos deu vida, estando vós mortos em vossos delitos e pecados” (Ef 2.1). O pecado provoca uma separação entre nós e Deus. Morte espiritual é exatamente isso: separação de Deus (Is 59.2). Certamente essa é a mais terrível de todas as consequências. Deus é a única fonte de toda luz, de todo bem e de toda vida. Por isso, quando nos separamos dele por causa do nosso pecado, entramos em um estado de morte espiritual. A reversão deste estado de morte para a vida que há em Cristo Jesus é o que chamamos de salvação.
  3. Morte eterna. Este é um dos ensinos bíblicos mais combatidos em nossa época. A mentalidade pós-moderna de nossos dias não suporta a ideia de um castigo eterno. No entanto, a existência do inferno é um claro ensino bíblico. A pessoa que permanece es­piritualmente morta durante toda a sua vida, isto é, o pecador que não recebe a salvação, vai para o inferno. A condenação ao inferno é o modo como a Escritura descreve a realidade além-túmulo daqueles que morrem sem se renderem ao amor e à justiça de Deus. Para descrever esta realidade terrível, a Escritura usa uma linguagem figurada, termos simbó­licos, que retratam os horrores da punição mais severa que se pode imaginar. No entanto, embora a linguagem seja figurada (ranger de dentes, lago de fogo e enxofre, etc.), o fato que ela descreve é real. O inferno é um lugar real onde os que não forem salvos estarão eternamente separados de Deus. O próprio Jesus fala sobre a realidade do inferno muitas vezes (Mt 5.22,29-30; 10.28; 11.23; 16.18; 18.9; 23.15,33).

3. A salvação é um dom de Deus

Outra pergunta que surge imediatamente quando abordamos o tema da salvação é: Como a salvação acontece? A salvação é um dom de Deus, algo que ele dá de graça. Aqui também precisamos mencionar algumas opiniões bem populares que não encontram fundamento na Bíblia.
  1. A salvação é uma recompensa que recebemos de Deus pelas boas obras que praticamos. Esta é uma opinião muito co­mum, especialmente entre os espíritas. Ela se baseia em uma ideia de mérito entre a pessoa que pratica as obras e o oferecimento da salvação. No entanto, quando Deus nos dá o que merecemos, ele nos dá a punição eterna, afinal de contas, todos nós somos pecadores. Ao nos dar a salvação, Deus não nos trata como merecedores dela, mas nos concede uma bênção à qual não temos direito. Esse é exatamente o conceito de “graça de Deus”. Paulo afirma isso ao dizer: “pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.8-9).
  2. A salvação pode ser comprada. Esta tam­bém é outra opinião muito comum. Ela se ba­seia na ideia, consciente ou não, de que quem dá a salvação não é Deus, mas uma instituição chamada igreja. Ninguém pensaria em com­prar de Deus a salvação, pois ele já tem tudo, mas comprar da igreja. Essa prática foi muito comum na Idade Média, quando vendedores de indulgências saíam pela Europa vendendo documentos eclesiásticos que supostamente asseguravam o perdão de pecados em troca de uma quantidade de dinheiro. A ideia era pagar na terra por uma bênção celestial a ser desfrutada depois da morte.
João Tetzel, um monge dominicano que se destacou como o maior vendedor de indulgên­cias da Europa, tem uma frase famosa que diz: “Assim que a moeda bate no fundo do cofre, uma alma sai do purgatório”. Esta prática de trocar dinheiro por bênçãos tem suas rami­ficações também nas igrejas evangélicas de nossos dias. Não se trata mais de pagar pelo perdão e pela salvação, mas por bênçãos terrenas. A prática é pagar aqui para que, do céu, sejam enviadas bênçãos temporais. É essa ideia que está por trás, por exemplo, das “banquinhas de oração”. O cliente/fiel paga uma quantia em dinheiro (geralmente de 5 a 10 reais) e a pessoa faz uma oração por ela e ainda anota o nome dela para orar depois, na companhia de outros membros da igreja ou dos pastores. Isto é venda de orações!
De acordo com nosso texto básico, a salvação é um dom de Deus (Ef 2.8). Ela é oferecida graciosamente, é de graça. Não podemos merecê-la com nossas obras nem pagar por ela com nossos recursos financeiros. Ela é dada graciosamente por Deus. Tudo o que precisamos fazer é aceitá-la pela fé, que também é dada por Deus.

Conclusão

A salvação é a ação de Deus que nos tira do império das trevas e nos conduz gracio­samente ao reino de seu Filho. Esta salvação oferecida graciosamente por Deus em Cristo é a única solução para o problema do pecado e o único recurso dado por Deus para que o homem não seja condenado ao inferno, mas desfrute da eterna e gloriosa comunhão com seu Senhor.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante

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