AS LÁGRIMAS DO APÓSTOLO PEDRO
“Então, voltando-se o Senhor, fixou os olhos em Pedro, e Pedro se lembrou da palavra do Senhor, como lhe dissera: Hoje, três vezes me negarás, antes de cantar o galo. Então, Pedro, saindo dali, chorou amargamente.” (Lucas 6.62.)
“Então, Judas, o que o traiu, vendo que Jesus fora condenado, tocado de remorso, devolveu as trinta moedas de prata aos principais sacerdotes e aos anciãos, dizendo: Pequei, traindo sangue inocente. Eles, porém, responderam: Que nos importa? Isso é contigo. Então, Judas, atirando para o santuário as moedas de prata, retirou-se e foi enforcar-se.” (Mateus 27.3-5.)
Relacionamentos saudáveis, não são relacionamentos recheados de lindas palavras de amor ou de manifestações, ostentadoras ultrapassando limites físicos, psicológicos, financeiros etc. etc. etc. Relacionamentos saudáveis são relacionamentos em que as pessoas são verdadeiramente valorizadas, não pelo que têm ou pelas situações que podem proporcionar por meio de suas beneficies peculiares.
Nós, seres humanos, somos dotados pelo intenso desejo de valorização, não gostamos de detectar sanguessugas pendurados em nós, uma das piores conclusões que chegamos é a que nos mostra, através de provas práticas, que as pessoas não estão a nosso redor porque nos amam, ou pelo bem estar de nossa presença, mas porque temos alguma coisa a oferecer, alguma condição melhor a proporcionar através de posses intelectuais, financeiras, políticas etc. etc. etc. Não gostamos de ser usados, mas… Gostamos de usar, muitas e não poucas vezes já estivemos ao lado de alguém não pelo que a pessoa era, mas pelo que ela nos ofereceu. Certa vez estive muito infeliz dentro de uma situação circunstancial, tinha um líder que, dentro da proposta bíblica de liderança, estava totalmente empenado, “era uma liderança ministerial”. Em um determinado momento detectei que era prezo àquela liderança não por amor, fidelidade, mas, sim, pelas minhas expectativas ministeriais futuras; me senti verdadeiramente mal quando conclui o raciocínio que nem sempre o que quero pra min é o que quero para os outros, “como quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles” (Lucas 6.31). Nesse momento resolvi ser honesto comigo mesmo e com meu antigo líder, deixando aquela caminhada, não porque me julgo bom, mas porque quis chorar o choro do arrependimento, e não me suicidar por consequencia do peso de consciência, um choro que graças a Deus me trouxe para o caminho certo, a dependência exclusiva de Deus.
A questão amor-interesse nos relacionamentos humanos é muito intensa, o principio é a honestidade, precisamos nos olhar sem mascaras, e reconhecer que muitas vezes e em muitas situações, já usamos as pessoas, criamos e arquitetamos colocando nossos “amigos” como peças de um jogo de xadrez, para podermos subir os degraus de nossa escalada ambiciosa, pelas beneficies do poder, porém como toda nuance obscura nas personalidades humanas pode ser corrigida ou intensificada, quando somos confrontados, e a essência que está no mais profundo de nosso ser é que vai definir o benefício ou malefício que a dor vai nos gerar… O mesmo sol que amolece o plástico, endurece o barro.
Ao direcionarmos nossos olhos para Palavra de Deus, vemos o exemplo claro dessa relação, interesse-confronto, correção-desastre. Na vida de Pedro e Judas, pois ambos cometeram um erro semelhante, negaram o Cristo vivo, tanto amado e admirado por ambos. Porém, no momento do confronto a essência de cada um definiu o seu destino. Pedro, após três negativas incisivas ao nome de Jesus, foi alcançado pelo olhar penetrante do Cristo, porém o texto diz que ele saiu e foi chorar amargamente. Judas ao ficar sabendo da condenação de Jesus, procurou seus comparsas na traição para se justificar. Após receber a negativa de sua autopiedade não conseguiu aliviar sua consciência pesada e foi suicidar-se. Há uma verdade explicita no suicídio, é a maior declaração de que não se pode suportar o peso do momento. Há também uma verdade explicita no choro, é a maior declaração de que reconheço e não justifico meu limite, mas não quero desistir de melhorar. Entretanto, se choraremos ou nos suicidaremos ante aos confrontos de nossos erros, será definido por nossa essência mais profunda.
Deus quer ser amado e não usado, Judas usou Jesus durante todo seu ministério, pois roubava a sacola. Pedro também usou a Cristo, pois o quis impedir de ir para cruz porque esperava a libertação do império Romano e nesse momento se assentar na cadeira de honra dos fieis escudeiros do Rei; porém quando ambos viram sua perversidade tiveram a oportunidade de buscar a cura ou a fuga. A história de Judas é finalizada com os anciãos alocando as moedas fora do templo… A história de Pedro vai além dele mesmo, pois após a noite de lágrimas surge um novo homem, já não mais um pescador intrépido, mas, sim, um Apóstolo para todos os tempos, que chama a nós que desejamos o arrependimento de: Sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus.
Não sei qual o seu conflito, mas sei que como eu você ainda não é perfeito. Porém, se amarmos ao SENHOR unicamente pelo que ele é, jamais viveremos sob as bases do remorso (sofrimento por perdas que os nossos erros nos geraram), mas viveremos pelas bases do arrependimento (sofrimento pela dor que nosso erro gerou naqueles que amamos) e assim seremos restaurados. A dor vai corrigir nosso caminho e não intensificar nossa perda.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante
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