GUERRAS
E RUMORES DE GUERRAS...
"Guerras e Rumores de Guerras"
Entendendo a Profecia de Mateus 24
Mateus 24 é citado frequentemente para explicar eventos atuais.
Muitas pessoas sugerem que as notícias de hoje foram preditas por Cristo, para
nos falar de sua volta. De acordo com tais interpretações deste texto, cada
terremoto ou outro desastre natural, e cada conflito entre nações ou ameaça de
guerra, em qualquer canto do mundo, é mais uma prova de que Jesus estará
voltando logo.
Mas a profecia de Mateus 24 está se cumprindo agora? Para
entender este texto, precisamos lê-lo cuidadosamente e, com mente aberta, pondo
de lado nossas ideias preconcebidas e o sensacionalismo dos modernos
"especialistas em profecias." Neste artigo, consideraremos brevemente
o conteúdo de Mateus 24 e 25. (Marcos 13 e Lucas 21 também registram a mesma
profecia básica. Este artigo segue o testo de Mateus 24)
O Ambiente e as Circunstâncias
Jesus estava em Jerusalém, durante sua semana final. Os chefes
judeus já haviam desafiado sua autoridade, mas não tinham tido sucesso em suas
tentativas para desacreditá-lo. Frustrados, começaram a planejar sua morte.
Jesus lamentava a infidelidade daqueles que residiam na "Cidade
Santa" (Mateus 23:37-39).
A Profecia Básica da Destruição do Templo (Mateus 24:1-3)
Quando Cristo estava saindo do templo, predisse que ele seria
totalmente destruído: "Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre
pedra que não seja derribada" (24:2). Os apóstolos perguntaram sobre esta
profecia:" Dize-nos quando acontecerão estas cousas e que sinal haverá da
tua vinda e da consumação do século" (24:3).
A Resposta de Jesus (Mateus 24:4-39)
É possível que os apóstolos tenham concluído que a destruição do
templo e o fim do mundo aconteceriam ao mesmo tempo, mas nesta resposta a sua
pergunta, Jesus fez uma distinção entre estes dois acontecimentos. Podemos
saber com certeza que os sinais mencionados nos versículos 4-33 não estão
falando das notícias de hoje ou de acontecimentos futuros, por causa das claras
palavras de Jesus no versículo 34: "Em verdade vos digo que não passará
esta geração sem que tudo isto aconteça." Jesus falou mais ou menos no ano
30 d.C. O templo foi destruído pelo exército romano em 70 d.C. Alguns daqueles
que ouviram a profecia viveram para ver seu cumprimento. Jesus esclareceu que
os sinais que ele deu guerras, terremotos, falsos Cristos, grande tribulação,
etc. iriam acontecer durante a vida de alguns dos seus ouvintes.
Jesus disse que o templo seria destruído depois da vinda de
falsos Cristos e de falsos profetas (24:4-5,11,23-26), e depois de terríveis
calamidades (guerras, fomes e terremotos - 24:6-8). Ele também disse que haveria
perseguição (24:9-10) e aumento de pecado (24:12-13), e que o evangelho seria
pregado por todo o mundo (24:14), antes que Jerusalém chegasse ao seu fim.
Deste modo, Jesus estava dando algum conforto aos seus apóstolos, dizendo que a
queda de Jerusalém não aconteceria imediatamente. Eles teriam tempo para
cumprir sua missão antes da destruição de Jerusalém.
Estas coisas aconteceram antes de 70 d.C.? Sabemos que sim,
porque Jesus disse que aconteceriam! Além desta profecia, a História nos fala
de catástrofes naturais, perseguições e guerras, nesse tempo. De maior
importância do que a evidência histórica, podemos nos voltar para a própria
Bíblia. O Novo Testamento fala do sofrimento da fome (Atos 11:27-30), de falsos
profetas (2 Pedro 2) e da perseguição contra os fiéis (Atos 8:1-3; etc.). E,
exatamente como Jesus predisse, os zelosos discípulos levaram o evangelho a
todo o mundo. Alguns anos antes da destruição do templo, Paulo dizia que o
evangelho ". . . foi pregado a toda criatura debaixo do céu" (Colossenses
1:23). Todas estas coisas tinham que acontecer antes da destruição do templo.
Na profecia de Mateus 24, Jesus também falou dos sinais que
mostrariam aos discípulos alertas que o tempo da queda de Jerusalém tinha
chegado. Ele falou especialmente do "abominável da desolação"
(24:15). Aqui, ele usa a mesma linguagem que Daniel usava para falar dos
exércitos gentios entrando na cidade santa e no templo (veja Daniel 9:27;
11:31; 12:11). A profecia paralela de Lucas 21:20-24 torna claro que este é o
significado desta linguagem. Jesus advertiu seus seguidores que estivessem
prontos para fugir quando isto acontecesse. Ele disse que eles deveriam orar
para que sua fuga não fosse complicada por mau tempo ou restrições do dia do
sábado (24:20)
Algumas pessoas interpretam esta referência ao sábado como
evidência de que os cristão têm que continuar a observar esta lei do Velho
Testamento, que era realmente um sinal da aliança entre Deus e os israelitas
(Êxodo 31:12-18). Uma explicação melhor deste texto é encontrada em Neemias
13:15-22, onde Neemias instituiu a prática de fechar as portas da cidade no
sábado para evitar violações da lei, durante o tempo do Velho Testamento.
Ele também avisou que seria mais difícil para as mulheres
grávidas e mães de crianças pequenas (24:19).
Para fixar sobre seus ouvintes o significado deste terrível dia
de destruição, Jesus usou linguagem como a que encontramos nas profecias do
Velho Testamento, de total destruição de nações e povos. Quando lemos os
versículos 29-31, dois pontos nos ajudam a perceber que Jesus ainda está falando de Jerusalém, e não do fim do mundo:
1. O limite de tempo que Jesus determinou em sua profecia, no
versículo 34. Tinha que ser cumprido naquela geração.
2. O fato que as profecias do Velho Testamento usam a mesma
linguagem para falar da destruição de reinos e cidades terrestres. Jesus disse:
"Logo em seguida à tribulação daqueles dias, o sol escurecerá a lua não
dará a sua claridade, as estrelas cairão do firmamento, e os poderes dos céus
serão abalados" (24:29). À primeira vista, isso pode soar como o fim
literal do mundo. Mas tal linguagem é usada em outros lugares, para falar da
extinção de reis e reinos aqui na terra: Faraó do Egito (Ezequiel 32:2,7-10),
nações gentias (Joel 3:12-15), Babilônia (Isaías 13:9,10,13). É claro que tal
linguagem não profetiza, necessariamente, o fim do mundo, mas pode ser usada
para falar dos julgamentos físicos contra nações, que ocorreram há muito tempo.
Jesus continuou, nos versículos 30 e 31, com figuras de
julgamento do que se encontram no Velho Testamento. Ele disse que o Filho do
homem viria nas nuvens, para julgar e salvar. Encontramos linguagem semelhante
em passagens que falam do julgamento contra povos físicos, tais como Joel 3:16
e Amós 5:17-20. O Dia do Senhor não é necessariamente a segunda vinda de
Cristo. Tal linguagem pode descrever a vinda de Deus em julgamento contra uma
nação ou cidade.
Por que Jesus deu aos seus seguidores tais sinais detalhados
sobre o julgamento contra Jerusalém? É claro, pela linguagem dos versículos
32-33, que ele queria que estivessem alertas e vigilantes. Se pudessem ver os
sinais que ele tinha predito, teriam oportunidade para fugir e evitar serem
destruídos (24:15-20).
Depois de afirmar que a destruição do templo seria acompanhada
por claros sinais e que seria cumprida naquela geração (24:34-35), Jesus falou,
nos versículos 36-39 ". . . a respeito daquele dia . . ." que viria
sem aviso. Ele não deu uma data, nem sinais para identificar sua segunda vinda.
De fato, nos versículos seguintes, ele mostra que sua segunda vinda ser súbita,
inesperada e sem sinais de advertência.
Parábolas do Julgamento Final (Mateus 24:40 - 25:30)
Depois de falar de coisas que tinham que acontecer naquela
geração (até os versículos 34-35), Jesus falou de sua segunda vinda, como algo
que aconteceria no momento escolhido pelo Pai, porém não revelado a ninguém
(24:36-39). Ele ressalta este ponto com uma série de parábolas que descrevem
sua segunda vinda. Estas parábolas todas enfatizam à importância de se estar preparado
para sua volta. Jesus falou dos trabalhadores no campo (24:40-42), do ladrão na
noite (24:43-44), da diferença entre os servos bons e os maus (25:45-51), do
contraste entre os tolos e os prudentes (25:1-13) e da importância de
preparar-se para a volta do Mestre, como é explicado na parábola dos talentos
(25:14-30).
Descrição do Julgamento Final (Mateus 25:31-46)
A parte final do capítulo 25 descreve o julgamento final,
mostrando que Jesus se sentará no trono do julgamento, separando os servos
desobedientes dos fiéis. Essa separação será final: "E irão estes para o
castigo eterno, porém os justos, para a vida eterna"(25:46).
Aplicações
Entre as muitas lições que podemos aprender, no estudo deste
texto, é importante que lembremos duas:
1. Que o cuidadoso estudo dos trechos bíblicos em seu contexto
pode ajudar- nos a evitar que sejamos desencaminhados por doutrinas humanas
sensacionalistas, tais como o pré-milenismo. Deveríamos sempre começar pela
Bíblia, e não pelas últimas manchetes dos jornais.
2. Que precisamos estar sempre preparados para a volta de
Cristo. Ele não enviará sinais para nos avisar da sua volta. Pode acontecer
daqui a milhares de anos, ou pode acontecer hoje à noite. Ladrões não mandam
cartas com antecedência para avisar suas vítimas, e Deus não mandará aviso
antecipado da volta de Cristo. Aqueles que estão preparados, nada têm a temer.
Os despreparados enfrentam o trágico futuro de eterno sofrimento, separados de
Deus. Que cada um se prepare para estar com Cristo na eternidade.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciência da Religião
Dr. Edson Cavalcante
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