QUANDO JUDAS
NOS BEIJA...
Na escuridão da noite, ele subiu ao monte até chegar ao jardim
onde Jesus havia ido orar. Guiando uma multidão armada (Lucas 22:47-48), Judas
se aproximou do Senhor e o beijou. Sem dúvida, em muitas outras ocasiões, Judas
havia beijado o seu Mestre; era a maneira típica de cumprimentar o seu
professor ou rabino.
Este beijo era
diferente. A multidão que seguia Judas pretendia prender Jesus e o beijo de
Judas o identificou para eles. Judas havia conspirado com os líderes judeus
para entregar Jesus em suas mãos e, sabendo que o jardim de Getsêmani era o
lugar favorito de Jesus, ele escolheu trair Jesus, entregando-o aos inimigos,
nesse lugar.
A perfídia de Judas não
era desconhecida para Jesus. Ele havia mandado Judas sair da última ceia com a
instrução de não demorar (João 13:37). Mas até Jesus ficou maravilhado com a
ousadia de um discípulo que traiu o seu mestre com um sinal de afeição.
Aparentemente, Judas não
beijou Jesus apenas perfunctoriamente. A palavra grega traduzida “beijo” indica
que Judas o beijou calorosamente...como se ele fosse o discípulo dedicado,
talvez planejado com a intenção de avisar Jesus a respeito do grupo que o seguia.
Se fosse a sua intenção, Jesus não foi enganado, pois ele perguntou sobre o
meio da traição!
Cuidado com o beijo de
Judas. É um carinho fingido que esconde os motivos verdadeiros da pessoa que o
oferece. Judas pode ter dado a aparência de carinho para um observador comum,
mas a verdade é que Satanás havia entrado em seu coração e nas suas trevas ele
havia vendido o seu Mestre por trinta moedinhas de prata.
Há pessoas hoje que usam
o beijo de Judas para ganhar vantagem ou porque não têm a coragem de mostrar os
seus verdadeiros sentimentos. Em algumas culturas, não se usa mais o beijo,
como é comum no Oriente Médio. Nestes lugares, o aperto de mão, sorriso
caloroso e cumprimento amigável que usam, contudo, nem sempre refletem os
verdadeiros sentimentos da pessoa que os oferece.
Pedro escreveu: “Tendo purificado a vossa alma, pela vossa obediência à verdade, tendo em
vista o amor fraternal não fingido, amai-vos, de coração, uns aos outros
ardentemente” (1 Pedro
1:22). O fato que Pedro menciona “amor não fingido” dos irmãos sugere a
possibilidade de amor insincero ou fingido entre irmãos. Devemos ser cautelosos
para não usarmos a “afeição” que temos um pelo outro como uma máscara pela
malícia ou ódio que na realidade sentimos. A malícia e o ódio são errados, mas
cobri-los com sentimentos fingidos não é uma solução!
Melhor que
o meu amigo me fira me contando a verdade a respeito de mim mesmo para que eu
possa mudar do que o meu inimigo me beije, desejando o meu fracasso o tempo
inteiro (Provérbios 27:6). João disse que o nosso amor deve ser em verdade e
ação, não apenas em palavra (1 João 3:18)...
Apóstolo.
Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciência da Religião Dr. Edson Cavalcante
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