DÍZIMOS E OFERTA A FIDELIDADE E A FÉ DO VERDADEIRO SERVO (A) DE DEUS... É Esta, Hoje em Dia, a Vontade de Deus?
As pessoas
religiosas, hoje em dia, ouvem muita coisa a respeito do dízimo. Os pregadores,
frequentemente, citam Malaquias 3:10 para encher os cofres de suas igrejas.
Nesta passagem, o profeta de Deus disse:
"Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja
mantimento na minha casa, e provai-me nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu
não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós bênção sem
medida."
Que texto de
pregação poderoso! Mandamento de Deus. Obrigação clara. Teste de fidelidade.
Garantia de bênção. Não é surpresa que esta seja uma passagem favorita de
muitos pregadores modernos.
Mas estariam estes
pregadores tratando corretamente a palavra de Deus (veja 2 Timóteo 2:15)? Deus
exige nossos dízimos hoje em dia? Ele está prometendo bênçãos materiais
abundantes em retribuição? Examinemos estas questões de acordo com a Bíblia
para determinar o que Deus realmente quer (veja Atos 17:11).
Deus exige nossos
dízimos, hoje em dia?
Não há dúvida que
Deus exigiu o dízimo na Bíblia. Mas, para entender sua vontade para os dias de
hoje, precisamos examinar as passagens que discutem o dízimo. Pesquisemos
brevemente o ensinamento bíblico sobre este assunto.
O dízimo antes da lei de Moisés
Antes que Deus
revelasse uma lei escrita a Moisés, para governar os descendentes de Israel,
encontramos duas ocasiões quando homens deram ou prometeram dízimos a Deus.
Depois do resgate de pessoas e de bens que tinham sido tomados de Sodoma numa
guerra, Abraão deu um dízimo a Melquisedeque, o sacerdote de Deus (Gênesis
14:18-20). Mais tarde, Jacó (o neto de Abraão) prometeu devolver a Deus 10% de
sua prosperidade (Gênesis 28:22). Estes dízimos parecem ter sido voluntários.
Não há registro de qualquer mandamento de Deus a respeito do dízimo antes do
tempo de Moisés. Certamente, o dízimo de Abraão não é mais um padrão para hoje
na mesma forma que o exemplo de Noé não exige que nós construirmos uma arca
hoje em dia. Pela mesma razão que pregadores hoje em dia não têm o direito de
exigir que você construa um grande barco, eles não têm base para usar os
exemplos de doações de dízimo do livro de Gênesis para exigir que você dê 10%
de sua renda a uma igreja.
O dízimo na lei de Moisés
É indiscutivelmente
claro que Deus ordenou o dízimo na lei que ele deu através de Moisés. Muitas
passagens mostram essa exigência (por exemplo, Levítico 27:30-33; Números
18:21-32; Deuteronômio 12:1-19; 26:12-15). O dízimo era uma característica da
relação especial entre Deus e o povo escolhido de Israel (Deuteronômio
14:22-29). Nenhum estudante da Bíblia pode negar a necessidade do dízimo, sob a
lei de Moisés.
Sempre que as
pessoas se referem à lei de Moisés, é importante lembrar que Deus deu essa lei
aos israelitas, descendentes de Abraão especialmente escolhidos. A manutenção
dessa lei era necessária para mostrar que eles eram um povo separado, escolhido
(Êxodo 19:1-6; Deuteronômio 26:16- 19). Estes mandamentos a respeito do dízimo
foram parte "da lei de Moisés, que o Senhor tinha prescrito a Israel"
(Neemias 8:1).
Malaquias viveu no
mesmo tempo que Neemias. Ele era um judeu que pregava aos judeus (Malaquias
1:1). Ele viveu sob a lei de Moisés e encorajou outros israelitas a serem
obedientes a essa lei (Malaquias 2:4-8, 10; 4:4). Ele usou pensamentos dessa
lei para prever as responsabilidades e bênçãos espirituais, ainda por vir,
através de um descendente de Abraão, mas não impôs sobre todas as pessoas de
todos os tempos a obrigação de dar o dízimo. Qualquer esforço para voltar à lei
de Moisés, hoje em dia, é um esforço para reconstruir o muro de separação que
Jesus morreu para destruir (Efésios 2:11-16). Certamente, os verdadeiros
seguidores de Jesus não quererão anular seu sacrifício só para acumular
dinheiro no tesouro de uma igreja!
O dízimo no Novo Testamento
Todas as pessoas
agora vivem sob a autoridade de Cristo, como foi revelada no Novo Testamento
(Mateus 28:18-20; João 12:48; Atos 17:30- 31). Sua vontade entrou em vigor
depois de sua morte (Hebreus 9:16-28). Estes fatos nos ajudarão a entender as
passagens do Novo Testamento, a respeito do dízimo.
Durante sua vida,
Jesus reconheceu a autoridade da lei de Moisés. Ele era um judeu, nascido sob a
lei (Gálatas 4:4) e com a missão de cumprir essa lei (Mateus 5:17-18). Jesus
criticou os judeus hipócritas, que negligenciavam outros mandamentos divinos,
enquanto zelosamente aplicavam a lei do dízimo (Mateus 23:23; Lucas 11:42;
18:9-14). Jesus não ensinou que a lei do dízimo seria uma parte de sua nova
aliança, que entraria em vigor após sua morte.
O livro de Hebreus
fala do dízimo, para mostrar a superioridade do sacerdócio de Jesus, quando
comparado com o sacerdócio levítico da Velha Lei (Hebreus 7:1-10). Esta
passagem não está ordenando o dízimo para hoje em dia. De fato, o mesmo
capítulo afirma claramente que Jesus mudou ou revogou a lei de Moisés (Hebreus
7:11-19). O dízimo não é ordenado na lei de Cristo, que é o Novo Testamento.
Que lei se aplica
hoje?
Não vivemos sob a
lei de Moisés, hoje em dia. Jesus aboliu essa lei por sua morte (Efésios
2:14-15). Estamos mortos para essa lei para que possamos estar vivos para
Cristo (Romanos 7:4-7). A lei gravada nas pedras, no Monte Sinai, extinguiu-se
e a nova aliança permanece (2 Coríntios 3:6-11). A lei funcionou como um tutor
para trazer o povo a Cristo, mas não estamos mais sob esse tutor (Gálatas
3:22-25). Aqueles que desejam estar sob a lei estão abandonando a liberdade em
Cristo e retornando à escravidão (Gálatas 4:21-31). As pessoas que voltam a
essa lei estão decaindo da graça e se separando de Cristo (Gálatas 5:1-6). Não
temos o direito de retornar a essa lei, para obrigar que guardem o sábado, a
circuncisão, os sacrifícios de animais, as regras especiais sobre roupas, a
pena de morte para os filhos rebeldes, o dízimo e qualquer outro mandamento da
lei de Moisés.
Vivemos sob a
autoridade de Cristo e temos que encontrar a autoridade religiosa na nova
aliança que ele nos deu através de sua morte. Ele é o mediador desta nova
aliança (Hebreus 9:15). Seremos julgados por suas palavras (João 12:48-50).
Desde que Jesus tem toda a autoridade, temos a responsabilidade de obedecer
tudo o que ele ordena (Mateus 28:18-20).
O que o Novo
Testamento diz a respeito das dádivas?
Jesus, através de
Paulo, ensina que as igrejas devem fazer coletas nas quais os cristãos darão de
acordo com sua prosperidade (1 Coríntios 16:1- 2). Temos que dar com amor,
generosidade e alegria, conforme tencionamos em nossos corações (2 Coríntios
8:1-12; 9:1-9). Portanto, podemos dar mais do que 10% ou menos do que 10%.
Temos que usar nossos recursos financeiros, e todos os outros recursos, no
serviço de Deus. Não somos mandados por Deus para darmos uma porcentagem
especial.
E a respeito das
bênçãos?
Malaquias pregou a
uma nação carnal que estava sofrendo as conseqüências carnais do pecado. Ele
prometeu bênçãos materiais de Deus para aqueles que se arrependessem de sua
desobediência. Não encontramos esta importância material no Novo Testamento.
Deus garante aos fiéis que eles não precisam se preocupar com as necessidades da
vida (Mateus 6:25-33).
Mas o Novo
Testamento não promete luxo, conforto e riquezas. Jesus sofreu nesta vida, e
assim seus seguidores sofrerão (Marcos 10:29-30; Lucas 9:57-62). A preocupação
com a prosperidade material nos distrai da meta celestial e nos arrasta à
idolatria da cobiça (Colossenses 3:1-5). Tais motivos não têm nenhum lugar
entre os cidadãos do reino de Deus.
Destorcendo
Malaquias 3:10
Aqueles que citam
Malaquias 3:10 para exigir o dízimo, e prometem prosperidade material, estão
destorcendo a palavra de Deus. Eles estão enchendo os tesouros das igrejas ao
desviarem a atenção de seus seguidores das coisas espirituais para darem
atenção às posses materiais. Pedro advertiu sobre tais mestres: "Também, movidos pela avareza, farão
comércio de vós, com palavras fictícias; para eles o juízo lavrado há longo
tempo não tarda, e a sua destruição não dorme" (2 Pedro
2:3).
Mirando a meta
celestial
Deus oferece uma
coisa muito melhor aos seus seguidores: um prêmio eterno no céu. Paulo nos
desafia a mirar essa meta: "Portanto,
se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as cousas lá do alto,
onde Cristo vive assentado à direita de Deus. Pensai nas cousas lá do alto, mas
não nas que são da terra" (Colossenses 3:1-2)...
Apóstolo.
Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciência da Religião Dr. Edson Cavalcante.
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