AS
VISÕES QUE DEUS DEU AO PROFETA EZEQUIEL...
Ezequiel é conhecido como o profeta das visões. Quase um terço de suas mensagens foram recebidas por meio de visões. Embora muitos estudantes da Bíblia tenham lido sobre algumas destas visões, como a da roda dentro de outra roda, ou o vale de ossos secos, a maioria não entende o real significado das mensagens destas visões.
As revelações de Ezequiel, apesar de
parecerem muitas vezes estranhas e misteriosas, apresentam muita coerência
quando estudadas no contexto dos eventos históricos ocorridos durante a vida de
Ezequiel. O fundo histórico deste livro é o mesmo do de Jeremias. Daniel e
Jeremias foram dois famosos contemporâneos de Ezequiel. Jeremias exerceu seu
ministério profético na terra de Judá, advertindo o povo sobre a destruição de
Jerusalém. Daniel ministrou na corte em Babilônia, servindo como estadista e
profeta, e Ezequiel ministrou para os judeus exilados no cativeiro.
EZEQUIEL - O HOMEM E SUA MENSAGEM
Ezequiel tinha quando foi capturado e levado para a Babilônia no ano 597 a.C. Ezequiel estava entre os reféns levados como resultado da segunda rebelião de Judá contra a Babilônia.
Ezequiel tinha quando foi capturado e levado para a Babilônia no ano 597 a.C. Ezequiel estava entre os reféns levados como resultado da segunda rebelião de Judá contra a Babilônia.
Naquela ocasião, 10 mil judeus,
consistindo na maioria de artífices,líderes e militares, que ocupavam postos de
importância, foram levados cativos para Babilônia. Esta foi a segunda leva de
reféns.
OS TEMPOS
O primeiro grupo de reféns, que
incluiu Daniel e seus companheiros, passou a viver na corte, em Babilônia. O
segundo grupo, maior, foi levado para um acampamento ao Norte da Babilônia,
perto do rio Quebar (Ez 1.1). É
possível que devido a influência de Daniel, estes reféns tivessem permissão de
ficar juntos, recebendo terras para cultivo e certo grau de liberdade civil e
religiosa. Isto demonstra claramente o plano minucioso de Deus. Para purificar
a nação de Israel de suas práticas idolátricas, foi necessário manter o povo
separado dos babilônios. Da mesma maneira Deus manteve o Seu povo separado dos
egípcios durante o cativeiro naquela terra.
Infelizmente, existiam falsos
profetas entre os judeus, os quais persuadiam o povo a resistir a seus captores
babilônios. Estes falsos profetas prediziam uma queda iminente da Babilônia, e,
deste modo, os judeus poderiam regressar à sua terra. Por causa desse ensino o
povo recusou a “desfazer a bagagem” e fixar residência no novo ambiente da
Babilônia. Jeremias e Ezequiel ensinaram o povo a aceitar o cativeiro, em vez
de se rebelarem, uma vez que Jerusalém logo seria destruída e os cativos iriam
permanecer em Babilônia por muitos e muitos anos. (Veja Jr 29.)
O HOMEM EZEQUIEL
Ezequiel foi ao mesmo tempo sacerdote e profeta. Assim, sua mensagem é repleta de referências ao templo. Ele
condena o sacrilégio na casa do Senhor, prediz a destruição do templo e
vaticina a sua reconstrução. Sabemos muito pouco a respeito da vida particular
deste profeta. Ele era provavelmente membro de uma das famílias mais
importantes, pelo fato de ser levado cativo com o segundo grupo de
prisioneiros. Sabemos que os anciãos procuravam regularmente seus
conselhos (12.1; 14.1); e
que ele foi um homem feliz no seu casamento. Sua esposa morreu repentinamente
no dia da destruição de Jerusalém. As datas de suas profecias indicam que ele
ministrou por um período de quase 22 anos (592-570). As tradições afirmam que
seu ministério findou de repente, ao ser morto por um judeu irado, acusado pelo
profeta de praticar idolatria.
A MENSAGEM DE EZEQUIEL
As profecias de Ezequiel são
cuidadosamente datadas e bem organizadas. A primeira seção do livro registra a
visão que ele teve da gloria de Deus.
Seu trono. Esta visão, o profeta teve
logo após iniciar seu ministério (cap.
1-3). Ela revela a verdade fundamental que Deus está soberanamente
no controle de todos os eventos que ocorrem na terra. Nos capítulos 4 a 24,
vemos a glória de Deus saindo do templo e a iminente destruição do mesmo. Esta
seção é assinalada por sinais e parábolas que descrevem a destruição de
Jerusalém.
Os capítulos 25-32 foram escritos
durante o sítio de Jerusalém, período em que Ezequiel deixou de falar aos
judeus que ignoraram seus ensinamentos, passando a escrever sobre o futuro das
nações ao redor de Israel.
Na seção final de Ezequiel (caps.
33-48), seu tom que antes era de advertência e calamidade, muda agora para o de
conforto e esperança. Quando a cidade de Jerusalém e o templo foram destruídos
a maioria do povo foi levada cativa; o povo havia perdido a esperança e estava
pronto a reconhecer seus pecados.
Eles precisavam ouvir a mensagem de
perdão e restauração. Nesta seção Ezequiel prediz a conseqüente restauração do
templo e a volta da glória de Deus, como é mostrado a seguir:
I.A Glória de Deus Aparece (Ez 1-3).
II. A Glória de Deus se Retira (Ez
4-24)
III. Profecias Concernentes às Nações
(Ez 25-32).
IV. A Glória de Deus Retorna (Ez
33-48).
UMA VISÃO DE DEUS - (Ez 1)
UMA VISÃO DE DEUS - (Ez 1)
Ezequiel foi um dos poucos homens a
ter uma visão do céu e continuar vivo para contar esta tremenda experiência.
Ele ficou tão pasmo e admirado com a visão que permaneceu atônito por sete
dias. Neste Texto, estudaremos os detalhes da visão celestial de Ezequiel.
O Que Ele Viu
No trigésimo ano de Ezequiel, cinco
anos após ter sido levado cativo para a Babilônia, ele teve uma visão de uma
nuvem tempestuosa vinda do norte. Esta, tinha no centro algo como metal
brilhante e um resplendor ao seu redor.
Quando a nuvem se aproximou, ele viu
quatro seres viventes voando de um lado para outro dentro daquela luz
resplandecente.
Na descrição de Ezequiel, essas
criaturas tinham cada uma quatro rostos de homem, de boi, de Leão e de águia.
Além disto o aspecto dos seres viventes era como carvão em brasa, à semelhança
de tochas, e, ziguezagueavam à semelhança de relâmpagos. O movimento e suas
asas produzia um som como do rugido de muitas águas. Entre esses seres havia
como carvão em brasa e perto deles haviam grandes rodas que tocavam na terra e
alcançavam os céus.
As rodas podiam ir em quatro
direções, e não se viravam quando giravam. Nos aros das rodas haviam olhos
cintilantes. As rodas, como as criaturas de quatro rostos, eram ativadas e
controladas pelo espírito dos seres viventes, obedecendo instantaneamente a
cada ordem que lhes era dada. Todos esses objetos e criaturas estavam em
movimento e criando um som ensurdecedor, quando de repente tudo silenciou. O
silêncio total foi quebrado pelo som de uma voz que vinha do alto.
Ezequiel olhou em direção aonde vinha
a voz e viu, acima de uma expansão cristalina, um trono de safira azul.
No meio do trono encontrava-se a
glória de Deus na forma de fogo e metal incandescente, circundando o trono
havia um arco-íris com um resplendor multicor.
EXPLICANDO A VISÃO
Inicialmente a visão parece confusa e
misteriosa, mas a sua importante mensagem será esclarecida à medida em que a
estudarmos em profundidade. Para entendermos esta visão, é necessário
compreendermos o significado das palavras semelhança ou parecido com, que são
usadas 15 vezes neste capítulo. A visão é na verdade uma representação
simbólica do mundo espiritual invisível, de maneira que o significado não se
restringe aos objetos visíveis, mas no significado espiritual que eles
representam. Por exemplo, a nuvem tempestuosa representa a vinda do julgamento
divino sobre Jerusalém. Note que assim como a nuvem veio do Norte, o exército
da Babilônia igualmente procedeu do Norte.
Deus, pessoalmente, estava
entronizado no centro, diretamente acima da nuvem do juízo. Ele é aqui
retratado num trono com rodas, cercado de servos que o atendiam no que
desejasse. O símbolo do trono com rodas serve para demonstrar a universalidade
de Deus. Sua presença e Seu poder não estavam limitados ao templo em Jerusalém.
Ezequiel usou a visão do trono divino para assegurar aos judeus cativos que
Deus permanecia com eles até mesmo no cativeiro, e que estava sempre no
controle soberano de todos os eventos que acontecessem em suas vidas.
O vasto espaço azul entre Deus e Suas
criaturas, representa a santidade de Deus. (Veja o paralelo com o mar, Ap 4.)
Sua presença como a de um fogo ardente, representa Sua justiça, enquanto que o
arco-íris representa Sua misericórdia e fidelidade para com aqueles que O amam.
As rodas gigantescas simbolizam os
atributos da onisciência de Deus (olhos nos aros das rodas) e Sua onipresença
(rodas dentro das rodas). Nenhuma pessoa ou lugar está escondido da vista de
Deus, ou pode escapar da Sua presença. Os quatro seres junto ao trono possuem
uma aparência radiante porque refletem a glória dAquele a quem eles servem.
Eles são identificados com os querubins que ornamentavam o tabernáculo, dos
quais é feita referência no livro de Apocalipse (Ez 10.15,20; Ap 4.6-8). Suas características de
inteligência, atitudes de servo, poder e natureza celestial, são representadas
nas faces: do homem, do boi, do leão e da águia. Esses seres que tinham mãos
para servir e asas para mobilidade, moviam-se, ao impulso das ordens de Deus.
A aparência de fogo resplandecente
sobre a nuvem e os relâmpagos que dela saíram, falam do julgamento divino
prestes a acontecer. O propósito desta visão foi ensinar Ezequiel a importante
verdade de que o julgamento divino sobre Israel era iminente e inevitável, mas
Deus, que estava sentado sobre o trono, acima de tudo, estava no soberano
controle de cada detalhe, de cada evento que ocorreu na vida dos judeus.
Deus é um Deus universal que nunca
abandona o Seu povo, nem se esquece de Suas promessas para com eles. Assim como
Ezequiel viu o trono de Deus acima das nuvens tempestuosas e foi levado a
lembrar-se da autoridade suprema de Deus, nós também somos encorajados a
lembrarmos e reconhecermos o soberano controle de Deus sobre todos os eventos
de nossa vida.
A VOZ DE DEUS - (Ez 2-3)
A primeira parte da visão celestial
de Ezequiel foi caracterizada por barulho e movimento. Os querubins, brasas e
rodas que ziguezagueavam à semelhança de relâmpagos, criavam um tremendo som
como o rugido de muitas águas. Em seguida, todo movimento cessou e toda
criatura parou para ouvir com atenção a voz de Deus. Estudaremos a mensagem de
Deus a Ezequiel, registrada nos capítulos 2 e 3, prestando especial atenção aos
mandamentos que foram dados ao profeta, concernentes ao seu ministério.
Pregar com Coragem (Ez 2:1-7)
Deus não chamou Ezequiel para ser um
missionário aos estrangeiros, mesmo enquanto estava em Babilônia. Sua tarefa
especial era ministrar ao seu povo, os judeus (3.6). Ele foi enviado aos judeus rebeldes e endurecidos que
lhe faziam companhia durante o cativeiro em Babilônia. Deus avisou a Ezequiel
que o seu ministério não seria fácil. Os judeus, em sua rebelião, iriam
responder à mensagem de Ezequiel com palavras que iriam feri-lo como picadas de
“escorpiões”, “sarças e espinhos”. Apesar disto, Ezequiel foi encorajado a não
perder a esperança, mas ministrar fielmente a Palavra de Deus à sua geração.
“Mas tu lhes dirás as minhas palavras, quer ouçam quer deixem de ouvi,; pois
são rebeldes.” (2.7).
Alimentar-se da Palavra (Ez 2.8-33)
Deus deu um solene aviso a Ezequiel
de que ele mesmo seria tentado a rebelar-se contra Deus, e mostrou-lhe que a
única maneira de evitar este erro, seria fazer com que a Palavra de Deus se
tornasse parte do seu próprio ser. Isto é simbolizado pelo mandamento dado a
Ezequiel, de comer o pergaminho.
“Tu, Ó filho do homem, ouve o que eu
te digo,
não te insurjas como a casa rebelde;
abre a boca
e come o que eu te dou.” (2.8)
Esta admoestação para “devorar” a
Palavra de Deus é igualmente importante para os líderes cristãos de hoje. A
exemplo do que Deus mostrou a Ezequiel, até mesmo um dedicado obreiro pode ser
tentado pelos mesmos pecados que ele condena em outros. (Veja também Gl 6.5.)
Como Ezequiel, o obreiro cristão deve alimentar-se da Palavra de Deus até que ela
se tome uma parte de seu próprio ser (2 Tm 3.14,15).
Como Jeremias, Ezequiel achou a
Palavra de Deus doce ao seu paladar (Jr 15.16; Ez 3.3).João teve uma experiência semelhante, mas
quando ele comeu a Palavra de Deus, simbolicamente, ele a achou doce ao
paladar, mas amarga no seu estômago. Isto não é uma contradição, e serve para
reforçar o fato de que a mesma mensagem que alegra o crente com esperança,
também o faz lembrar-se do amargo destino que aguarda o incrédulo (Ap 10.9-11).
Aborrecer o Pecado (Ez 3.4-14)
Havendo passado algum tempo na santa
presença de Deus, Ezequiel levantou-se com uma nova atitude a respeito do
pecado. Ele lamentou profundamente e ficou extremamente irado com este mal.
Através desta experiência, o profeta teve uma compreensão clara do horror e da
amargura que Deus sente por causa do pecado. Também o contraste entre a
santidade de Deus e a imoralidade do povo, deixou Ezequiel aborrecido com o
pecado. Isto pode ser visto no seguinte versículo: “Então, o Espírito me
levantou e me levou; eu fui amargurado na excitação do meu espírito...” (3.14).
Preocupar-se com o Pecador em Condenação ( Ez 3.15-23)
A visão de Deus foi tão grandiosa que
Ezequiel ficou mudo por um período de sete dias. Depois Deus falou a Ezequiel
uma segunda vez, lembrando-o de suas responsabilidades para com os pecadores e
incrédulos. Cabia ao profeta avisar ao pecador da necessidade de arrepender-se
dos pecados. Se ele falhasse nesta missão, teria de dar contas a Deus por sua
negligência. Da mesma maneira Ezequiel não deveria hesitar em responder ao
homem justo que porventura viesse a cair em pecado. Se este homem continuasse
em seus pecados porque não fora avisado da ira e da justiça de Deus, Ezequiel
seria responsável por isso diante de Deus (Ez 3.16-21).
Este ministério de advertência quanto
à justiça divina e o julgamento do pecador compara-se ao trabalho de um vigia
(atalaia) (3.17). O
guarda tinha que permanecer na torre, e ficar de olhos abertos para detectar
qualquer ataque que viesse do exército invasor. Tendo visto o inimigo, sua
responsabilidade era avisar sem demora o povo para que pudesse salvar sua vida.
Da mesma maneira o obreiro cristão deve permanecer como um vigilante para
avisar ao mundo do juízo divino que virá sobre cada um. O obreiro deve propagar
ao mundo a mensagem de Deus, para que o povo seja salvo da maldição eterna do
pecado.
Pregar Somente a Palavra de Deus (Ez 3.24-27)
Deus avisou a Ezequiel que, após a
visão, ele permaneceria parcialmente mudo. Poderia pregar somente quando Deus
lhe desse uma mensagem. Não poderia pregar suas próprias palavras ou
pensamentos, a tempo e à hora que quisesse (3.26). Imagine o efeito positivo se Deus limitasse os
pregadores de hoje da mesma maneira que fez com Ezequiel. Quão mais
proveitoso para o reino de Deus seria se todo pregador somente falasse sob a
convicção de estar entregando a mensagem da Palavra de Deus, e sob a direção do
Espírito Santo! Infelizmente muita pregação é feita sem esquadrinhamento do
coração, sem preparação e sem oração.
Há pregadores que, por terem sucesso
em suas pregações, poucos estudam a Bíblia, e passam a pregar de improviso,
para prejuízo do seu ministério. Mais eficiente seria a nossa pregação se ela
fosse sempre baseada na cuidadosa compreensão da Palavra de Deus, e, entregue somente
segundo a vontade do Espírito Santo de Deus.
A GLÓRIA DE DEUS AFASTA-SE - (Ez 4-11)
O tema central dos capítulos 4 a 24 é
a predição da destruição de Jerusalém. Ezequiel registra os detalhes da
iminente destruição e justifica esta ação do julgamento de Deus sobre os
pecados do povo. A visão predominante nesta seção é a saída da glória de Deus
do templo, marcando o início da destruição final do mesmo.
A Profecia da Destruição (Ez 4-7)
As mensagens sobre a destruição de
Jerusalém jamais seriam bem recebidas, por isto Ezequiel procurou falar sobre o
assunto por meio de “sermões ilustrados”. Como exemplo, ele gravou o mapa da
cidade de Jerusalém num tijolo e colocou ao redor do desenho da cidade uma
cerca em miniatura, feita de armas usadas naquele tempo. Tomou também uma sertã
de ferro e colocou-a por muro de ferro entre ele (o profeta) e a cidade. Quando
os curiosos lhe fizeram perguntas a respeito deste cenário ele explicou que a
destruição de Jerusalém era iminente; e sendo a sertã um muro de ferro, os
pecados dos judeus os separavam de Deus.
Em outro sermão ilustrado, ele cortou
seu cabelo e dividiu-o em três partes. Uma parte foi queimada, outra foi
cortada com uma espada e a terceira parte foi espalhada ao vento. Uma pequena
porção dos cabelos foi separada e colocada nas abas da veste de Ezequiel.
Quando lhe perguntaram o significado daquele ato, Ezequiel explicou-lhes que
Jerusalém iria sofrer um cerco muito prolongado. Um terço dos habitantes da
cidade iria morrer em consequência de doenças e por falta de alimentação (o
cabelo queimado); um terço seria morto pelos agressores (cabelo cortado) e um
terço seria espalhado no cativeiro (cabelo espalhado ao vento). Os cabelos que
foram guardados nas abas de sua veste representavam pequeno grupo dos pobres
que permaneceriam na terra.
O Quarto Secreto (Ez 8-9)
Cerca de um ano após a visão do trono
de Deus, Ezequiel teve outra visão, na qual a mesma pessoa que estava sobre o
trono apareceu novamente e o levou a Jerusalém. Lá foi mostrado ao profeta a
profanação do templo e da cidade.
É muito provável que esta personagem
tenha sido o próprio Cristo. Sua descrição é exatamente igual à da pessoa que
estava sentada no trono. (Veja Ez
1.27 e 8.2.) A cena aqui apresenta exatamente um paralelo com a
visão de Isaías, que viu Cristo sobre o Seu trono. (Veja Is 6e Jo 12.40,41.).
Nesta visão Ezequiel foi levado a um
quarto secreto, no lugar mais reservado do templo, e ordenado a cavar um buraco
na parede. O buraco que foi cavado revelou um número de líderes judeus que,
secretamente, adoravam ídolos, dizendo: “... O SENHOR não nos vê...”(8.12).
Esta visão nos faz lembrar novamente
que não existe pecado algum que possa ficar escondido de Deus. Vemos ainda que
a resposta de Deus a uma vida de hipocrisia é o julgamento. Deus declarou que o
juízo sempre começará com os líderes religiosos que comprometem Sua chamada divina,
por causa de pecados ocultos. Note que os homens usados por Deus para punir
Israel foram instruídos a começar com os anciãos que eram religiosos, mas,
cheios de hipocrisia:
“... começai pelo meu santuário.
Então, começaram pelos anciãos que estavam diante de casa.” (9.6,7). (Veja 1 Pe 4.17.) Aqueles
que continuaram fazendo a vontade de Deus, formavam um marcante contraste ante
os anciãos hipócritas. Os que lamentaram os pecados de Jerusalém receberam uma
marca na testa, para que fossem salvos do juízo divino.
“e lhe disse: Passa pelo meio da
cidade, pelo meio de Jerusalém,
e marca com um sinal a testa dos
homens que suspiram e gemem
por causa de todas as abominações que
se cometem no meio dela.”
(Ez 9.4). (Compare 2 Tm 2.19 e Ap 7.3,4.)
A Glória de Deus Afasta-se (Ez 10-11)
O afastamento da glória do Senhor do
templo, é o evento-chave da primeira metade do Livro de Ezequiel. Este evento
significa a condenação dos pecados de Israel que resultou na retirada da
presença de Deus e da Sua proteção. Este foi o último passo antes da total
destruição de Jerusalém. Ezequiel relata a glória de Deus afastando-se, fato
este simbolizado na nuvem que se afasta do templo. Acompanhe a seqüência deste
fato.
1. A glória divina se deslocou para a
entrada do templo, mas retornou para a arca do concerto(9.3).
2. A glória do Senhor se levantou
sobre a arca novamente, deslocando-se para a entrada da casa do Senhor (10.4).
3. A glória saiu pela porta oriental
da casa (10.19).
4. A glória saiu para o monte das
Oliveiras, e depois foi embora (11.23).
Note que a glória de Deus é retratada
como saindo do templo, com relutância. Como um amante rejeitado, esperando
ansiosamente uma resposta de sua amada.
Deus não estava querendo deixar o
santuário do Seu templo, mas os pecados do povo forçaram-nO a fazê-lo.
Com paciência, Deus esperou que eles se arrependessem, mas ao invés de
arrependimento, o número de ídolos aumentou a ponto de não haver mais lugar para
adoração a Deus. Note que o símbolo da presença de Deus partiu em direção a
Leste. Esta foi a direção para onde os cativos foram levados para Babilônia.
Somente lá, em uma terra longínqua e forasteira, é que o povo de Deus renovaria
a sua comunhão com Ele, recebendo assim um coração e espírito renovados.
“Dar-lhes-ei um só coração, espírito
novo porei dentro deles; tirarei
da sua carne o coração de pedra e
lhes darei coração de carne.”
(Ez 11.19)
SERMÕES EM FORMA DE PARÁBOLAS - (Ez 12-19)
Pelas notícias que chegavam a
Babilônia vindas de Jerusalém, o povo judeu exilado ficou sabendo dos planos do
povo da sua terra natal, de rebelar-se contra Babilônia, ao mesmo tempo que os
falsos profetas estavam enganando o povo, fazendo-lhes crer que a rebelião teria
êxito (13.10). Os
cativos judeus em Babilônia acataram as ilusões de vitória e liberdade, e se
colocaram contra o profeta Ezequiel. Ele tornou-se cada vez menos popular e
menos influente e, para ter a atenção do povo, o profeta começou a dramatizar e
ilustrar mensagens como dramas e parábolas.
Mudanças de Residência (Ez 12)
O profeta Ezequiel dramatizou um dos
seus sermões tirando toda a sua mobília para fora da sua casa e abrindo um
buraco na parede. Às escuras, ele saiu de sua casa e transportou a sua bagagem
à vista do povo.
Quando o povo o questionou sobre esta
conduta estranha, ele explicou que estava ilustrando uma profecia ao vivo. O
profeta estava demonstrando como Zedequias, o rei de Judá, procuraria escapar
das mãos dos babilônios, cavando um buraco no muro da cidade, tentando passar
entre as fileiras do inimigo. Porém, como estava predito, o rei de Judá seria
tomado cativo, e levado a Babilônia como prisioneiro (12.13,14). É marcante notar que
esta profecia teve o seu fiel cumprimento em Jeremias 39.4-7.
Ídolos no Coração (Ez 14)
É possível que as notícias acerca da
rebelião de Zedequias tenham induzido alguns dos líderes judeus exilados a
procurar Ezequiel para ouvir os seus conselhos. Tudo indica que estes homens
tinham deixado a idolatria, e se tornado piedosos. Porém, Deus que vê os
corações, avisou ao seu servo Ezequiel: “... estes homens levantaram os seus
ídolos dentro do seu coração ...“ (14.3). Esta
mensagem é típica dos escritos de Ezequiel. O profeta constantemente enfatizava
a necessidade de uma mudança de coração, bem como uma mudança de ações. Mais
tarde ele lhes entregou a seguinte mensagem:
“... Convertei-vos e desviai-vos de
todas a vossas
transgressões;
e a iniquidade não vos servirá de tropeço. Lançai de vós todas
as vossas transgressões com que
transgredistes e criai em
vós coração novo e espírito novo;
pois, por que morreríeis,
ó casa de Israel?” (Ez 18.30,3 1)
A Parábola da Órfã (Ez 16)
Nos capítulos l5-16, Ezequiel usou duas parábolas
para ilustrar a condição desviada de Israel, e a sua necessidade de castigo.
A segunda parábola (cap. 16) conta a história de um
homem bondoso que encontrou uma criancinha abandonada num deserto. A pequena
menina estava destinada à morte, mas o homem a amou, socorrendo-a e criando-a
como se fosse sua própria filha. Com o passar dos anos, a menina tornou-se uma
bela mulher, e o seu benfeitor casou-se com ela (16.8).Infelizmente, a mulher não foi fiel ao seu marido. Ela caiu
em adultério e, à medida que seus pecados aumentaram, até seus amantes passaram
a odiá-la. Um dia, eles roubaram-na e apedrejaram-na. Apesar de tudo isto, o marido não perdeu o amor pela esposa.
Ele lembrou-se dos seus votos e trouxe-a para casa.
Na aplicação desta história a
Si mesmo, Deus diz:
“Mas eu me lembrarei da aliança
que fiz contigo nos dias da tua
Mocidade e estabelecerei contigo uma
aliança eterna. ” (Ez 16.60)
A Alma Que Pecar, Morrerá (Ez 18; 19)
Para os exilados, era conveniente
atribuir seu cativeiro aos pecados de seus pais. Eles recusaram admitir sua
culpa pessoal, e assim, não viram nenhuma necessidade de arrependimento. Seu
provérbio predileto era: “... Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos
filhos é que se embotaram?” (18.2). Ezequiel
criticou a atitude irresponsável deles, explicando-lhes que cada pessoa dará
conta de si mesmo a Deus. Assim como o bom pai não pode, por si mesmo, salvar
seu filho, o pai pecador não traz, necessariamente, condenação sobre seu filho.
O filho tem que fazer sua própria decisão diante de Deus (18.20).
Do mesmo modo, o homem que vive em
pecado, pode arrepender-se, por livre arbítrio, escolher o arrependimento. “Mas
se o perverso se converter de todos os pecados ... certamente, viverá; não será
morto. De todas as transgressões que cometeu não haverá lembrança contra
ele...” (18.21,22). A
mensagem que este trecho ensina, é bem clara e aplicável para os nossos dias.
Ninguém precisa sentir-se condenado e destinado a uma vida pecaminosa, devido
os pecados dos seus pais.
Da mesma forma, uma pessoa criada num
lar piedoso, não pode alegar que é salva pela simples razão de seus pais serem
salvos e tementes a Deus. Cada indivíduo tem responsabilidade pessoal perante
Deus quanto à salvação da sua alma (18.20). É
igualmente animador saber que o pecador não é escravo do seu passado. Se,
sinceramente, ele voltar-se para Deus, terá uma nova vida, livre da escravidão
do pecado.
Apesar dos muitos apelos de Ezequiel
para o povo voltar a servir a Deus e viver em santidade, a tragédia da
destruição causada pelo pecado continuou em Judá. O capítulo 19 é um lamento na
forma de parábola, acerca de três homens que enfrentaram o juízo divino por
causa dos seus pecados: O rei Joacaz (o primeiro filhote de leão), o Rei
Joaquim (segundo filhote) e Zedequias (o galho queimado). Estes homens
tomaram-se exemplos vivos da declaração de Deus. “A alma que pecar essa
morrerá...” (18.20).
“PROCUREI POR UM HOMEM E NÃO ACHEI” - (Ez 20-24)
Os capítulos 20 a 24 de Ezequiel dão
uma vívida descrição dos pecados de Jerusalém e descrevem Deus procurando um
homem que pudesse ser colocado entre Ele e o povo, para que não tivesse que
destruir a cidade (22.30). Infelizmente,
Deus não achou ninguém para preencher tal lacuna e a cidade de Jerusalém caiu
nas mãos dos babilônios.
O Catálogo dos Pecados (Ez 20.21)
A profecia do capítulo 20 é datada
como sendo do sétimo ano do cativeiro de Ezequiel. Isto ocorreu dois anos antes
do começo do cerco de Jerusalém. Naquela época os exilados estavam animados
pela notícia de que Zedequias iria se aliar com o Egito numa rebelião contra a
Babilônia. Preocupados com os iminentes eventos, alguns dos líderes exilados
vieram pedir conselhos a Ezequiel. Eles estavam ansiosos por causa da incerteza
do futuro, mas não queriam admitir a necessidade de arrependimento de seus
pecados. O profeta Ezequiel condenou seus pecados e deu-lhes uma “lição de
história”, catalogando os pecados de Israel desde a fundação da nação, até
aquela época.
O problema básico de Israel era o seu
amor para com o mundo e sua obstinação em não se separar dos outros povos: “...
isto que dizeis: Seremos como as nações, como as outras gerações da terra,
servindo às árvores e às pedras.” (Ez
20.32). Este estilo hipócrita de vida havia se tomado tão comum em
Jerusalém, que era comum uma pessoa oferecer sacrifício humano a um deus pagão
e, logo a seguir, ir ao templo “adorar” ao Deus verdadeiro (20.3 1).Era uma atitude religiosa
pagã e hipócrita.
Deus a Procura de Um Homem (Ez 22)
Na revelação dos pecados de
Jerusalém, Deus declara ter procurado em vão um homem para salvar a cidade.
“Busquei entre eles um homem que
tapasse o muro e se colocasse na brecha perante mim, a favor desta terra, para
que eu não a destruísse; mas a ninguém achei. Por isso, eu derramei sobre eles
a minha indignação...” (22.30,3 1)
Isto é uma descrição exata de um
ponto vulnerável no sistema de defesa da cidade, necessitando conserto. A menos
que alguém tomasse providência imediata no sentido de alertar o povo a reparar
as defesas, o inimigo viria e causaria destruição total. Deus estava declarando
aqui que haveria salvação para a cidade, se apenas um homem se colocasse
corajosamente no meio dela e repreendesse o povo dos seus pecados. Se apenas um
homem convocasse o povo a voltar para Deus, a cidade seria salva
À medida que lemos esta descrição,
duas perguntas nos vêm à mente: Primeiro, porque não poderia Jeremias ser este
homem? A resposta encontra-se na expressão “entre eles”. Deus tinha enviado
diversos profetas “para Jerusalém”, mas Ele estava à procura de alguém entre o
próprio povo, que os chamasse ao arrependimento. Um habitante da própria
cidade. A segunda pergunta relaciona-se com aqueles que recebem as marcas nas
suas testas, indicando a sua tristeza pelos pecados da cidade (Ez 9.4). Aparentemente, havia um
certo número de justos na cidade; se havia pessoas justas, por que Deus exigia
ainda mais um justo? O fato claro aqui é que Deus estava procurando alguém que
tivesse mais a oferecer do que a sua própria justiça.
Deus estava procurando um homem para
“tapar a brecha”, “preencher a lacuna”, para, ousadamente, falar contra o
pecado e a hipocrisia. Naquele período de pecado aberto e aceito, muitos
crentes, indubitavelmente, acharam prudente permanecer em silêncio em vez de
condenar abertamente os crimes e a imoralidade de seus amigos e concidadãos.
Devido a negligência desses crentes em proclamar a mensagem de Deus, a cidade
inteira foi destruída. Semelhantemente, hoje Deus está procurando crentes que
se aflijam, se entristeçam por causa do pecado, e que tenham a coragem de
“tapar a brecha” diante de Deus perante seus companheiros, proclamando-lhes a
necessidade de viverem uma vida sincera, santa e separada do mundanismo.
As Irmãs e a Panela (Ez 23; 24)
Esta porção do livro do profeta Ezequiel termina com uma parábola revelando a real situação espiritual do seu povo. A parábola trata de duas irmãs. A primeira, chamada “Oolá”, que significa “sua tenda”. Ela simbolizava o Reino do Norte que tinha como capital a cidade de Samaria. Desde seu começo, este reino rejeitou o templo de Deus (a tenda), e escolheu a seguir sua própria religião.
A parábola descreve Oolá caindo na prostituição e por fim fala da sua destruição por seus amantes.
Esta porção do livro do profeta Ezequiel termina com uma parábola revelando a real situação espiritual do seu povo. A parábola trata de duas irmãs. A primeira, chamada “Oolá”, que significa “sua tenda”. Ela simbolizava o Reino do Norte que tinha como capital a cidade de Samaria. Desde seu começo, este reino rejeitou o templo de Deus (a tenda), e escolheu a seguir sua própria religião.
A parábola descreve Oolá caindo na prostituição e por fim fala da sua destruição por seus amantes.
A irmã mais nova chamava-se
“Oolibá”. Esta representava o Reino do Sul, que tinha sua capital em Judá. Seu
nome significa “a minha tenda se encontra nela”, e falava da presença do templo
em Jerusalém. Lamentavelmente Oolibá também se prostituiu de modo pior que sua
irmã Oolá (23.11). Portanto,
o profeta Ezequiel prediz que Oolibá encontraria o mesmo fim trágico que sua
irmã (23.22).
O capítulo 24 é um aviso de que o
cerco de Jerusalém tinha finalmente começado. Ezequiel descreve Jerusalém como
uma panela fervendo, tendo seus cidadãos presos lá dentro e o fogo de
julgamento divino ardendo do lado de fora e ao redor da cidade. Certamente
alguns habitantes da cidade condenada, recordavam amargamente os vãos conselhos
recebidos dos falsos profetas, que ensinavam o povo a zombar das palavras dos
profetas de Deus.
Sem dúvida, um dia, no futuro,
após a repentina volta do Senhor Jesus, outra geração pecaminosa também
lembrará com amargura os falsos profetas que diziam com escárnio, “... de está
a promessa da sua vinda? Porque, desde que os pais dormiram, todas as coisas
permanecem como desde o princípio da criação.” (2 Pe 3.4)...
Bispo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciência da Religião Dr. Edson
Cavalcante.
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