ADORADORES
EM ESPÍRITO E EM VERDADE...
JOÃO
4.21-24
Proposição: Levar a
Igreja, a adorar a Deus em Espírito e em Verdade!
Por que você adora a Deus? Qual o propósito da adoração? Pra responder essas
perguntas precisamos primeiramente saber o que é adoração? Pois como podemos
dizer que adoramos a Deus se não sabemos o que significa adorar.
Primeiramente quero dizer que de uma forma ou de outra a adoração esta
presente em nossas vidas mais do que damos conta. O mundo nos chama às suas
várias formas de adoração todos os dias. Anúncios nos chamam a gastar o nosso
dinheiro (a adoração de Mamon). De várias formas, somos chamados a dar o nosso
tempo aos esportes, televisão e outras diversões (a adoração do
prazer). Podemos planejar as coisas de tal forma que nos tornamos o centro
das nossas vidas (a adoração do eu).
O chamado para adoração no culto do Dia do Senhor é designado para nos
afastar de todas as outras adorações, para que nos foquemos no Deus vivo e
verdadeiro. Quando você vem adorar no domingo, você pode estar preocupado com
alguma coisa no percurso de carro. Você pode se sentir estressado após levar as
crianças ao banheiro, alimentá-las rapidamente, deixá-las na sala de escola
bíblica, e subir (em tempo!) ao auditório. Você pode estar cansado de uma
semana movimentada. Pode estar mal-humorado por inúmeras razões.
À adoração convida você a colocar todas essas coisas de lado, e entrar
solene e alegremente no alto privilégio da adoração. Deus mesmo, através do seu
ministro, chama você a dar-lhe a glória que é devida ao seu nome. Ouça
cuidadosamente as palavras do chamado à adoração:
"Entrai pelas portas dele com
gratidão, e em seus átrios com louvor" (Sl. 100:4). "Adorai o SENHOR
na beleza da santidade" (Sl. 29:2). "Cantai ao SENHOR um
cântico novo, porque fez maravilhas" (Sl. 98:1). "Ó, vinde, adoremos
e prostremo-nos" (Sl. 95:6)
Adoração é atribuir honra a alguém que é digno. O dever supremo daqueles
feitos à imagem de Deus é "atribuir dignidade" àquele em quem
vivemos, nos movemos e temos a nossa existência (Atos 17:28). A adoração cristã
tem sido corretamente definida como "a atividade da nova vida de um crente na qual, reconhecendo a
plenitude da Divindade como revelada na pessoa de Jesus Cristo e seus poderosos
atos redentores, busca pelo poder do Espírito Santo prestar ao Deus vivo a
glória, honra e submissão que lhe é devida" (Robert Rayburn). "Digno
é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e
força, e honra, e glória, e ações de graças" (Apocalipse 5:12).
Nossa adoração deve refletir a adoração do céu, na qual todos os que
estão ao redor do trono de Deus dão-lhe glória. "O Pai procura a tais
que assim o adorem" (João 4:23). A sua adoração pessoal, em sua família, e
especialmente quando reunido como uma igreja deveria ser a experiência mais
maravilhosa da sua vida. Deveria ser um antegozo de uma eternidade de adoração
àquele que nos salvou e nos abençoou com imensuráveis bondades.
Nós adoramos a Deus porque Deus nos criou para adorá-lo. Adoração está
no centro da nossa existência; no coração da nossa razão de ser. Deus nos criou
para ser sua imagem - uma imagem que refletiria sua glória. De fato, toda a
criação foi trazida à existência para refletir a glória divina. O salmista nos
diz que "os céus proclamam a glória de Deus; e o firmamento anuncia
as obras das suas mãos" (Salmos 19:1). O apóstolo Paulo na oração com que
ele inicia a epístola aos Efésios mostra claramente que Deus nos criou para
louvá-lo.
"Bendito o Deus e
Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de
bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, assim como nos escolheu,
nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante
ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de
Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor da glória de
sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado (...)" (Efésios
1:3-6).
Esta oração diz muita coisa sobre a adoração dos mais antigos Cristãos.
Ela mostra a consciência que os primeiros Cristãos tinham do significado último
de sua adoração. Eles entendiam a si mesmos como tendo sido destinados e
nomeados para viver para o louvor da glória de Deus (Efésios 1:12). Quando o Catecismo
de Westminster nos ensina, "O fim principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para
sempre", ele dá testemunho desse mesmo princípio básico; Deus nos
criou para adorá-lo. Realmente, é aqui que nós devemos começar quando, como
teólogos Reformados, nós perguntamos o que é adoração. Adoração deve, acima de
tudo, servir à glória de Deus.
Diante dessa breve explicação agora podemos responder as perguntas
inicialmente feitas. Por que você adora a Deus? Porque voc simplesmente foi
criado para adora-lo, você nasceu pra isso... adorar a Deus faz parte de seu
DNA...
Qual propósito da adoração? O propósito da adoração é a Intimidade com
Deus, o propósito da adoração é de nos aproximar de Deus ao ponto de
desfrutarmos mais intimamente de sua presença. É interessante observar a
definição da palavra "intimidade", segundo o Dicionário
Aurélio: "Vida íntima;
vida particular"; "Que
está muito dentro; Que atua no interior; Muito cordial, afetuoso; Estreitamente
ligado por afeição e confiança". Ressalta-se aqui a definição
que diz que o íntimo "atua
no interior".
Ser íntimo de alguém requer tempo e esforço para conhecer e ser
conhecido por esse alguém como você realmente é. Intimidade é conhecer o outro
profundamente. É conhecer os anseios, os desejos e os segredos do coração do
outro, assim é a intimidade com Deus: é conhecê-lo profundamente, atendendo aos
desejos do Seu coração.
No entanto vemos por parte de muitos que se denominam cristãos atitudes
completamente opostas a esse propósito divino. O apostolo Paulo nos
adverte para evitarmos essas pessoas se dizem cristãs, vivem por fora como
adoradores, mas no fundo em seus corações negam essa adoração. 2 Timóteo 3.5 lemos: "tendo aparência de piedade, mas negando o seu poder.
Afaste-se também destes."
Eles agem como se estivessem servindo a Deus. Mas adoram sim o
sistema, a instituição, a si mesmos se se deixarem a ser transformados. Pois
quando há poder na adoração, há mudança de vida de valores, de atitudes, o
poder na adoração é reposta de uma vida de testemunho e discipulado, vida que
prega e faz diferença. O que não acontece, pois em 1 Timóteo 6.3-5
mostra que esse tipo de pessoa só trazem problemas.
Se alguém ensina falsas doutrinas e não concorda
com a sã doutrina de nosso Senhor Jesus Cristo e com o ensino que é segundo a
piedade, é orgulhoso e nada entende. Esse tal mostra um interesse doentio por
controvérsias e contendas acerca de palavras, que resultam em inveja, brigas,
difamações, suspeitas malignas e atritos constantes entre pessoas que têm a
mente corrompida e que são privados da verdade, os quais pensam que a piedade é
fonte de lucro.
A falta de
conhecimento na palavra de Deus, a falta de foco do ensino da palavra e a falta
de adoração distanciam as pessoas de uma vida de intimidade com Deus.
Que tipo de vida em adoração você tem tido com o Pai? Tem tido um propósito, um
foco, está dentro da palavra dos ensinamentos de Cristo? Que tipo de cristão
você é?
No evangelho segundo João 4.23,24 o Senhor Jesus, em seu clássico
diálogo com a mulher samaritana, declara:
Mas vem a hora e já chegou em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em
espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores.
Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em
verdade. Hoje, há quase dois mil anos após aquela declaração, Deus
continua contando com verdadeiros adoradores. Através desse texto, Jesus
nos ensinou 3 coisas sobre a adoração
1º A essência da adoração não depende do espaço:
A essência da adoração não depende de como, onde e quando é feita, mas
do conhecimento do próprio Deus (vs 21-22); Os verdadeiros adoradores são
aqueles que conhecem a Deus e são conhecidos por Deus. Deus não vive numa busca desenfreada por qualquer tipo de
adorador que o adore de qualquer maneira. Ele é e sempre será adorado de
verdade por aqueles que verdadeiramente lhe pertencem. O verbo grego zhte/w (procurar,
buscar) sugere exatamente isso. O Pai busca seus eleitos com o intuito de
torná-los seus adoradores.
A verdadeira adoração é prestada a Deus somente por
aqueles que nasceram do Espírito de Deus. "Aquele
que é nascido da carne, é carne",
disse Jesus, e, portanto, toda assim chamada adoração feita por pecadores não
regenerados é carnal. Somente um coração regenerado pode cantar a nova canção
(Salmo 40:3).
A verdadeira adoração surge a partir de um contínuo andar com Deus. Um homem que dificilmente pensa em Deus
durante os seis dias da semana, não está apto a adorá-lo corretamente no sétimo
dia. Se tal pessoa fala quanto está se "regozijando" na
adoração, alguma coisa está errada com ele! Ele está se entretendo ou está
recebendo aquela vaga sensação de desafio que o homem natural desfruta. Por
outro lado, em meio à verdadeira adoração, tal pessoa deveria sentir quanto
está afastada de Deus e sentir uma tristeza santa por sua negligência para com
a glória do Senhor.
A verdadeira adoração requer preparação. Um homem não pode simplesmente
achegar-se à presença de Deus sem qualquer preparação de coração e alma, e
esperar, então, por uma "adoração instantânea". Davi disse: "Ao
meu coração me ocorre: buscai a minha presença; buscarei, pois, Senhor, a Tua
presença" (Salmo 27:8). A verdadeira adoração, no dia do Senhor,
surge de uma mente preparada para Deus.
No diálogo com aquela mulher, Jesus percebeu que pra ela, Adorar a Deus
dependia de um espaço e não uma atitude do coração. John Piper, em seu livro
Desejando Deus diz que: "Adoração
não é apenas um ato de força de vontade que nos leva a atitudes exteriores. Sem
que haja envolvimento de coração, não há adoração verdadeira. Envolver o
coração significa dar vida a sentimentos, emoções e afetos. Onde os sentimentos
de Deus estiverem mortos, morta também estará a adoração".
2º A essência da
Adoração é ter comunhão em espírito e em verdade (vs23,24);
Nosso Senhor ensinou à samaritana que quem conhece Deus de fato, só pode
adorá-lO em espírito e em verdade. Estudiosos da Bíblia têm dado diversas
interpretações para a expressão "em espírito e em verdade" de
João 4.23,24. Parece razoável entendermos que ao estabelecer o modo correto de
adorar a Deus, isto é, em espírito e em verdade, Jesus estava criticando o
culto judaico e o culto samaritano.
Os samaritanos acreditavam que adoravam o mesmo Deus dos judeus, mas não
aceitavam as mesmas Escrituras dos judeus, a não ser os cinco primeiros livros,
o Pentateuco de Moisés. Como não aceitavam os demais livros da revelação divina
(por acharem que eram invenções dos judeus), o culto dos samaritanos era
defeituoso. Por isso Jesus disse à mulher:
"Vós adorais o que não
conheceis, nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos
judeus" (v22).
Os samaritanos adoravam "em espírito", isto é, adoravam aquele
que eles não conheciam "com alegria e verdadeiro entusiasmo". Mas e
daí? Não adoravam "em verdade" porque rejeitavam 34 livros do Velho
Testamento, a Bíblia de então. A revelação de Deus nas Escrituras é
progressiva; portanto, é impossível conhecê-lO verdadeiramente ficando apenas
com os cinco primeiros livros da Bíblia. Por outro lado, os judeus aceitavam
toda Escritura. Por isso conheciam Deus e tinham tudo para adorá-lO
corretamente. "Tinham tudo", mas não o faziam. Os judeus se limitavam
à formalidade de um culto onde o espírito não estava presente. Faltavam emoção,
vida e alegria no culto judaico.
Contudo, uma nova era estava surgindo para a adoração. Logo, logo tanto
judeus como samaritanos compreenderiam que para adorar a Deus o que menos
importava era o espaço físico. O que conta "não é onde se deve adorar, mas
a atitude do coração e da mente, e a obediência à verdade de Deus quanto ao
objeto e o método de adoração. Não é o onde, mas o como e o quê o que realmente
importa". Deus quer homens e mulheres que O adorem com o espírito dos
samaritanos e a verdade dos judeus.
3º A
essência da adoração é a adoração procurada por Deus (v23)
A adoração que Deus procura é a adoração
que é caracterizada pelo esquecimento de si mesmo e pela ausência de qualquer
concentração no homem. O publicano permaneceu em pé, distante, abaixou sua
cabeça e orou: "Ó Deus, sê misericordioso comigo, pecador". Em nossos
cultos, dirigidos pelas Escrituras e dependentes de Cristo, estamos
verdadeiramente adorando a Deus; não deixamos simplesmente que as coisas
caminhem, mas unicamente queremos adorar; nós adoramos o Deus vivo em espírito
e em verdade, sabendo que o Pai está buscando ativamente tais pessoas que O
adorem! O ato de Deus achar em nós adoradores, não por uma
necessidade e sim pelo fato da criatura chegar mais próximo do seu criador, e
ainda de estarmos mais próximos a semelhança de seu filho Jesus Cristo.
A adoração que Deus procura é a adoração
que é sempre um produto e uma perspectiva da grandeza de Deus e da nossa
pequenez. O profeta Isaías vê a grandeza de Deus e clama: "Ai de mim! Estou perdido! porque sou homem de
lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos
viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!" (Isaías 6:5). João, na ilha de Patmos, vê o Senhor e nos diz: "Quando O vi, caí a
seus pés, como morto" (Apocalipse
1:17). Qualquer coisa de novo que introduzimos na adoração, que não tenha como
objetivo exaltar a Deus, é simplesmente uma concessão ao desejo por novidade
que, caracteriza todos os homens naturais...
Bispo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciência da
Religião Dr. Edson Cavalcante.
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