ESTUDO VISÃO DE DEUS...
Visão do Reino! Quem nunca ouviu essa
expressão? Expressão de muita importância a todos, no entanto de minúsculo
entendimento da grande maioria, tenho certeza que são poucos os que compreendem
seu significado e correm atrás para obtê-lo. Quem tem, luta pra não perder,
pois conhece sua preciosidade, quem não tem está fadado a se afogar nas
aflições que esse mundo nos submete. Fico a pensar quantos de nós sofremos
quando nos desvencilhamos desta visão e aceitamos viver cegos e sem
comprometimento com o autor da vida. A visão do Reino de Deus é algo tão
refinado, que são poucas pessoas que conseguem assumi-lo, vale ressaltar, que
só assumimos verdadeiramente com práticas. É interessante que o fato de
alguém conhecer essa visão, não implica dizer que exerce tal visão, ou seja, a
velha questão da teoria e prática.
A IGREJA ATUAL VEM ENFRENTANDO
GRANDES DESAFIOS
Uma pesquisa realizada em 1995, na
América do Norte, envolveu 25 líderes de renome. Das respostas desses líderes,
surgiram oito grandes tendências que, segundo eles, caracterizariam os
evangélicos no século 21:
- Identidade incerta – confusão
disseminada acerca da definição do que é um evangélico.- Desilusão
institucional – percepção da ineficácia e da irrelevância do ministério.
- Falta de liderança – lamento pela
escassez de liderança bíblica na igreja.
- Pessimismo com respeito ao futuro –
crença de que o futuro dos evangélicos está ameaçado.
- Crescimento positivo, impacto
negativo – um paradoxo intrigante sem explicações claras e imediatas.
- Isolamento cultural – estamos em
plena era pós-cristã.
- Soluções políticas e metodológicas
são a resposta – surgem perspectivas não bíblicas de ministério.
- Troca da orientação bíblica pela
pesquisa de mercado no ministério – a preocupação com o eterno é
substituída pelo interesse no temporal, em um esforço para mostrar relevância.
O DESAFIO DA RELATIVIZAÇÃO
O maior de todos os pecados é negar
ao pecado.Não existe evangelho sem cruz, sem perder a vida, sem renúncia e sem
abandonar o pecado.Na relativização do pecado, como não considera Deus,
não reconhece também o que Deus chama de pecado. Algo pode deixar de ser
pecado se lhe for conveniente. Não crê que o Criador estabeleceu um padrão moral
para o homem.
O DESAFIO DA FEBRE PELO CRESCIMENTO
- ´Atualmente já se diz que:
Sem mídia nada podeis fazer”Deixamos de focar na salvação das almas e
estamos mais preocupados com o crescimento.- Benchmarking é um processo
contínuo de comparação dos produtos, serviços e práticas empresarias entre os
mais fortes concorrentes ou empresas reconhecidas como líderes. É um processo
de pesquisa que permite realizar comparações de processos e práticas
´companhia-a-companhia´ para identificar o melhor do melhor e alcançar um nível
de superioridade ou vantagem competitiva”.
- O nosso papel não é nos tornarmos o
melhor do melhor, mas nos tornarmos o menor do menor.
- O nosso papel não é achar que nosso
companheiro é um concorrente, mas um companheiro na missão de evangelizar o
mundo.
- Dada a individualidade com que Deus
nos trata, nosso papel não é copiar os melhores modelos, mas buscar em Deus o
que Ele tem de melhor para nós.
O DESAFIO DE OUTROS EVANGELHOS
O evangelho da prosperidade - O
evangelho da barganha, da superficialidade, o evangelho das tradições -O
evangelho de Judas (dos acordos, dos conchavos, das traições)
O DESAFIO DE NOVAS DOUTRINAS
A bíblia apresenta dois tipos de
doutrina, as fundamentais e as auxiliares, hoje, porém, temos vários tipos de
doutrinas, emanadas de homens cujos pensamentos estão voltados para interesses
pessoais e financeiros.A doutrina da maldição hereditária, da cura
interior; da confissão ositiva dentre tantas outras.
O DESAFIO DA SUPERFICIALIDADE DO
EVANGELHO
- Prega-se o que dá certo e não o que
é certo.
- Vidas sem profundidade não alcançam
a profundidade das escrituras
- Tornamo-nos uma ´Maria vai com as
outras” repetindo apenas o que os outros dizem sem uma análise mais profunda da
frase, do jargão, do pensamento.
- Deixamos de buscar a revelação de
Deus e ficamos em busca dos pensamentos dos melhores autores.
- Lemos mais livros do que a bíblia e
assim estamos cheio de mensagens, dos outros.
O DESAFIO DA FALTA DE CONVICÇÃO
- A instabilidade espiritual, o medo
e a falta de certeza do que se quer diante de Deus e para Deus, têm levado
muitos a uma convicção falsa do que é o verdadeiro cristianismo. A nossa
convicção é a convicção dos outros
- Confundimos fé com aventura, amor
com paixão, revelação com imaginação ou suposição.
- O será que é de Deus? É a
nossa maior convicção
- As instituições têm gerado
paradigmas, modelos, liturgias que tememos romper
- Somos mais afeitos aos modelos
ultrapassados do que a Visão do Reino
- A gente quer continuar comprando na
quitanda do ´Seu Manoel” e na venda do ´ Seu Chico” do que ir direto ao
grande supermercado.
O CENÁRIO EVANGÉLICO NO BRASIL
ESTÁ VIVENCIANDO ´7” TIPOS DE CRISE:
1. CRISE DE AUTENTICIDADE
- A igreja está se tornando parecida
com o mundo
2. CRISE DE AUTORIDADE
- Estamos sucumbindo às pressões
culturais implementadas pela sociedade pós moderna
3. CRISE DE COMODIDADE
- A igreja se acomodou em relação às
escrituras sagradas
4. CRISE DE FRATERNIDADE
- O Amor entre os irmãos está se
esfriando mais e mais (Mt 24:12; 2 e Tm 3:2-5)
5. CRISE DE IDENTIDADE
- Estamos perdendo a semelhança
de Cristo e nossa identidade
6. CRISE DE INTEGRIDADE
- Estamos corrompendo o nosso caráter
com a secularização do cristianismo e a relativização do pecado
7. CRISE DE PRIORIDADE
- Jesus está perdendo o primeiro
lugar na vida de muitos
ENTENDENDO UM POUCO A MARCA
REGISTRADA DO HOMEM PÓS-MODERNO
Pluralidade: Não existe um
padrão, uma forma, uma uniformidade, uma antropologia, mas projetos
antropológicos, uma variedade de projetos, resultando em contradições e
fragmentos.
´A tolerância, ao lado do
pluralismo, é outro valor básico”.
Novidade: O homem pós-moderno é
aberto, criativo, não preso a formas e tradições, identificadas como ´velhas” e
´ultrapassadas”.
A novidade não está somente em dar
forma nova ao tradicional, mas criar algo genuinamente autêntico e com tom
moderno.
Secularização: O homem moderno não
procura acabar com Deus e as formas religiosas. Simplesmente desloca para
o universo amplo de realidades que o circunda. Não é Deus, não é o universo,
mas ele é o centro. Tudo passa a existir e ter valor enquanto serve de resposta
às suas necessidades e desejos.
Racionalidade: Uma racionalidade
pragmática, onde vale a experiência e se busca compreender sempre melhor a
realidade das coisas, a partir dos ditames da razão. Somente existe aquilo que
foi decifrado e decodificado pelo microscópio. A técnica aperfeiçoa a natureza
e a molda para os fins e interesses humanos.
QUAL DEVE SER O NOSSO PAPEL
DIANTE DE TAIS DESAFIOS?
Ao lermos o texto de II Samuel 23,
cuja epígrafe diz: ´ ´As ultimas palavras de Davi”, creio que ele está
profetizando, falando de tipos de geração assim descritas:
- Filho de Davi - aqui ele está
falando da geração humana
- O homem que foi levantado em
alturas – Aqui ele está falando da geração real
- O ungido do Deus de Jacó – Aqui ele
está falando da geração espiritual
- O suave em Salmos de Israel – Aqui
ele está falando da Geração de adoradores
- Se mantivermos os nossos olhos para
o reino o Senhor está buscando:
a) Homens que não abram mão de seu
território, que sejam conquistadores e que não voltem atrás.
b) Que governem - Acredite que deve
você deve continuar semeando, pois a colheita virá em breve.
c) Que tenham uma vida espiritual
comprometida com o reino – Mantenha limpo o céu de sua vida. A santidade é meio
eficaz para você vencer.
d) Que sejam adoradores - Continue
declarando que os desafios serão superados, pois é chegado o templo da colheita
e da multiplicação.
A DIMENSÃO DA VISÃO DO REINO
´A identidade da igreja precisa ser
tanto bíblica como contextual baseada no alicerce da revelação de Deus, mas
voltada para a realidade do hoje.
Nesse sentido, a identidade eclesial
precisa ser relacionada com a pessoal, e ambas para serem relevantes no mundo
pós-moderno devem priorizar todas as dimensões do humano, manifestando as
seguintes características:
Dimensão relacional – ´Existem duas
coisas que você não consegue fazer sozinho: uma é casar a outra é ser cristão.”
A nossa identidade é formada em relação com os outros.
Somos seres relacionais, feitos para
vivermos em comunidade, no diálogo e na amizade.
Cristianismo vivido em isolamento é
qualquer outra religião, menos a de Jesus.
A fidelidade institucional não existe
mais, o que permanece é a fidelidade relacional.
Dimensão espiritual – Todo ser humano
tem fome do transcendente, do eterno e do infinito. A característica do cristão
e da igreja nos tempos pós-modernos deve incluir uma saudável vida de adoração,
oração, contemplação e comunhão com Deus.
Dimensão lúdica – A modernidade
enfatizou demais o trabalho como a realização plena do homem, criando assim a
civilização industrial que transformou o ser humano em um mero equipamento de
produção.
Mas, o ser humano não foi feito para
o trabalho e sim o trabalho para o ser humano.
Nós fomos criados para a felicidade e
Jesus foi um pregador da felicidade (Mt 5).
A vida cristã pode ser identificada
por uma vida de descanso, diversão e alegria.
A igreja deve fugir do ativismo que
sobrecarrega as famílias
Dimensão racional – Apesar de não ser
somente doutrinas e dogmas que precisam ser aprendidas, a fé cristã envolve
também estes elementos essenciais, ou seja, é preciso estudar e muito para ter
uma compreensão adequada do cristianismo. O testemunho da revelação de Deus na
história está em um livro (ou 66 livros em um), e é imprescindível para
qualquer cristão que deseja crescer o conhecimento bíblico.
´Uma igreja que quiser ser relevante
e fiel na atualidade deve ter e ministrar um forte ensino bíblico, teológico e
doutrinário aos seus participantes.”
AS PIMENTAS DO REINO
1º. Na visão do reino o modelo de
teologia que nos foi empurrado goela a baixo deve ser analisado, estudado e
pensado com isenção seminarista, sabedoria e com direção de Deus;
2º. Na visão do reino não podemos
admitir que somente nossos primeiros pais tivessem uma iluminação e que esta
cessou a ponto de ter que admitir seus ensinos como doutrina e conseqüentemente
o meu fracasso como homem de Deus que sou;
3º. Na visão do reino eu tenho que
buscar conteúdo bíblico, mas do que repetir tudo o que me disseram acerca do
jejum, da vontade de Deus, dos costumes e de tantas outras ´revelações”:
4º. Não visão do reino eu tenho que
me assentar, chorar,lamentar,jejuar e orar pela minha Jerusalém que está
fendida e suas portas queimadas, ao invés de comemorar índices de crescimento;
5º. Na visão do reino eu tenho que
atuar como igreja de Cristo e não como instituição, denominação e partir para
ajudar a obra missionária afim de que o Evangelho alcance a maior parte deste
planeta, independentemente de que o ajudado seja da minha ou de outra
denominação;
6º. Na visão do reino eu tenho que
denunciar os acordos espúrios, as trocas de favores, o consentimento ao pecado
e a ingerência política nas igrejas denominacionais;
7º. Na visão do reino eu tenho que
pensar no reino, antes de pesar em mim, eu tenho que pensar no reino, antes de
pensar na igreja, eu tenho que pensar no reino antes de pensar em reinar;
8º. Na visão do reino eu tenho que
melhorar meu relacionamento com meus co-irmãos, buscar a unidade e conviver com
as diferenças, afinal de contas, viver é conviver;
9º. Na visão do reino quem se omite
na gestão, não deve se intrometer na administração e quem usa máscara saiba que
ela um dia vai cair, pois tudo o que Deus quer de nós é termos visão;
10º. Na visão do reino, os laços que
me devem prender, são os laços da fraternidade, da comunhão, da pregação
universal, da quebra de barreiras, da teologia empírica, do evangelho do ´ainda
quê”, da simplicidade, da unidade do corpo de Cristo e da visão universal.
CONCLUSÃO,
"O mundo no qual vivemos está
passando por mudanças profundas. Idéias, conceitos, sistemas, religiões e
cultos estão sendo alterados. Porém cremos na Providência divina e sabemos que
o Senhor Jesus está edificando a sua Igreja na terra, por isso, estas mudanças
provocadas pela pós-modernidade podem ser oportunidades para as igrejas
abandonarem estruturas e conceitos antibíblicos que a deformaram nos últimos
anos e se aproximar mais da identidade de Igreja que o Senhor deseja que ela
seja...”
Bispo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor
em Ciência da Religião Dr. Edson Cavalcante
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