ESTUDO
APRENDENDO COM OS DEZ LEPROSOS...
11 E aconteceu que, indo ele a Jerusalém, passou pelo meio da
Samaria e da Galileia; 12 E, entrando numa certa aldeia, saíram-lhe
ao encontro dez homens leprosos, os quais pararam de longe, 13 E
levantaram a voz, dizendo: Jesus, Mestre, tem misericórdia de nós.
14 E ele, vendo-os, disse-lhes: Ide e mostrai-vos aos sacerdotes. E
aconteceu que, indo eles, ficaram limpos.
15 E um deles, vendo que estava são, voltou, glorificando a Deu em
alta voz; 16 E caiu aos seus pés, com o rosto em terra, dando-lhe
graças; e este era samaritano.
17 E, respondendo Jesus, disse; Não foram dez os limpos? E onde
estão os nove? 18 Não houve quem voltasse para dar glória a Deus,
senão este estrangeiro? 19 E disse-lhe: Levanta-te, e vai; a tua fé te
salvou.
Introdução
Este acontecimento que acabamos de ler, da cura dos dez leprosos, deu-se
já nos últimos dias da vida do Mestre.
Lucas diz-nos que Jesus caminhava para Jerusalém e atravessou a Galileia
e a Samaria. Portanto ele caminhava para sul.
Esta informação, parece que não tem nada de especial. Jesus
atravessou a Galileia.
Mas atravessar a Samaria, é que não era habitual nessa época. Devido ao
tradicional ódio entre esses dois povos, geralmente os judeus só se aventuravam
a atravessar a Samaria se formassem um grupo grande e bem organizado e armado.
Se fosse um pequeno grupo como o de Jesus com os seus discípulos, seria muito perigoso
passar pela Samaria.
Mas o nosso Mestre, não só atravessou a Samaria, como até entrou em
aldeias de samaritanos.
Certamente que a fama de Jesus já era bem conhecida, e penso que nesta
época, o Mestre já se começava a demarcar da mentalidade judaica que esperava
um Messias judeu, para libertar os judeus, e estabelecer um grande império
em que os outros povos seriam subjugados, à semelhança dos
antigos reis de Israel.
Jesus entra em aldeias de samaritanos, pois o Messias veio para todos os
povos, não para dominá-los pela força, mas para morrer por eles.
Diz o texto bíblico, na tradução da Ferreira de Almeida, que quando
Jesus entrava em certa aldeia da Samaria, saíram-lhe ao encontro “dez homens
leprosos”. Noutras traduções, como a Boa Nova, está a expressão “dez doentes
com lepra”, na Jerusalém ou na TOB que é das melhores traduções em francês
aparece a expressão “dez leprosos” e na velha tradução de Matos Soares aparece
“dez homens com lepra”. Tentei investigar essa diferença pedindo ajuda a quem conhece
as línguas originais e afinal, no grego havia uma palavra para designar o homem
leproso, outra palavra diferente para a leprosa e ainda outra expressão que não
definia propriamente se era homem ou mulher. Mas é a primeira palavra, que
designa homens leprosos, que está nas cópias dos manuscritos.
Parece um pormenor um tanto estranho, pois na Samaria dessa época havia
certamente mais mulheres do que homens, não só porque nasciam mais mulheres,
como também porque os homens é que serviam na guerra e morriam mais cedo.
Não encontrei uma explicação para isto. Mas penso que o mais provável é
que, além dos dez homens haveria também mulheres e crianças, que de acordo com
essa cultura, não foram mencionadas. Aliás, isso acontece em muitas outras
passagens bíblicas, que referem tantos homens... Não contando a mulheres e
crianças... Assim, talvez o grupo fosse ainda maior que estes dez.
Também não sabemos quem eram estes homens. Temos somente esta
informação. Dez homens leprosos... Não há passagens paralelas, pois
somente Lucas nos descreve este acontecimento. Este é o Evangelho mais
pormenorizado, pois Lucas preocupou-se em investigar e registrar tudo o mais
metodicamente e o mais pormenorizadamente que lhe foi possível.
Mas Lucas era médico. Ele sabia muito bem o que era a lepra. Para quê
acrescentar mais pormenores?
Que interesse teria dizer que, por exemplo, um era
um corajoso zelote, outro um intelectual saduceu, outro um consagrado fariseu.
Isso eram coisas do passado. Lucas regista
a realidade quando se deu o encontro com Jesus.
Se havia no grupo algum rico saduceu, este deixara já a sua casa, para
onde nunca mais iria voltar...
Se havia algum fariseu habituado a isolar-se dos impuros, já não havia
motivo para isso, agora que ele próprio se tornara um leproso, de quem até os
mais impuros se afastavam....
1 E falou o Senhor a Moisés, dizendo: 2 Ordena aos filhos
de Israel que lancem fora do arraial a todo o leproso, e a todo o que padece de
fluxo, e a todos os imundos por causa de contato com algum
morto. 3 Desde o homem até à mulher os lançareis; fora do arraial os
lançareis, para que não contaminem os seus arraiais, no meio dos quais eu
habito.
Hoje em dia, graças a Deus, já é possível controlar o alastramento da
lepra e em certos casos mesmo a sua cura, mas nessa época a medicina ainda não
estava tão desenvolvida e a lepra não podia ser controlada. A única solução era
isolar o doente de lepra, para que esta não contagiasse as outras pessoas e o
doente, coitado, tinha de ir para lugares desérticos à espera da morte.
A única ajuda possível... não era a dos seus
familiares ou amigos mais íntimos. Muito menos seria a ajuda dos religiosos,
que de acordo com a Lei de Moisés os mandavam escorraçar para irem morrer em
lugares desérticos.
A única ajuda possível era a de outros leprosos como ele.
Segundo uma antiga descrição, as úlceras vinham gradualmente nas
diferentes partes do corpo, o cabelo caía, as sobrancelhas desaparecem, as
unhas amolecem e caem e mais tarde os dedos das mãos e dos pés apodrecem e
caem, as gengivas contraem-se e os dentes desaparecem, os olhos, o nariz, a
língua, pouco a pouco desaparecem.
Diz ainda a mesma antiga descrição, que certo dia, ao entrar em
Jerusalém pela porta de Jafa, viu um grupo de mendigos sem olhos, sem narizes,
sem cabelos, erguendo braços sem mãos, emitindo sons inarticulados, saídos de
gargantas desfeitas pelas úlceras.....
A descrição de Lucas está correta. Eram dez homens na horrível situação
de leprosos, com tudo que a palavra leproso significava na cultura
dos judeus.
Como os irmãos sabem, o leproso era escorraçado para fora dos lugares
habitados. Não podia chegar ao pé de outras pessoas, e quando se aproximava
tinha de parar ao longe e gritar “Imundo... Imundo...”
Penso que esta passagem pode ser examinada sob dois aspectos:
1) Aspecto doutrinário.
Vejamos em primeiro lugar o aspecto doutrinário.
Qual foi a reação de Jesus?
Temos aqui no versículo 14: E ele, vendo-os, disse-lhes: Ide e
mostrai-vos aos sacerdotes....
Certamente que muitos teólogos fundamentalistas ferrenhos, serão
capazes de dizer: Estão a ver ?!!! Jesus aponta para a Lei do
Antigo Testamento, pois a Lei é eterna e imutável... Jesus não veio destruir
Lei... Ai de quem não cumprir a lei do dízimo, do sábado e outras que estão, e
sempre estarão em vigor.
Que podemos pensar desta afirmação do Mestre?
Realmente, parece que o Mestre apoia a Velha Lei.
Mas o que determinava a Lei de Moisés para estes casos?
4 Mas, se a empola na pele da sua carne for branca, e não parecer
mais profundo do que a pele, e o pelo não se tornou branco, então o sacerdote
encerrará o que tem a praga por sete dias; 5 E ao sétimo dia, o
sacerdote o examinará; e eis que, se a praga, ao seu parecer, parou e a praga
na pele se não estendeu, então o sacerdote o encerrará por outros sete
dias; 6 E o sacerdote, ao sétimo dia, o examinará outra vez; e eis
que, se a praga se recolheu, e a praga na pele se não estendeu, então o
sacerdote o declarará por limpo; apostema é; e lavará os seus vestidos, e será
limpo.
Então, quantos dias é que eles teriam de lá ficar em
observação, antes do milagre de Jesus ser confirmado pelo sacerdote? Seria pelo
menos duas semanas.
Parece que de início, todos eles obedeceram, possivelmente com pouca
convicção. Mas depois se sentem curados e é nessa altura que se lhes coloca a
grande decisão. Que fazer nessa altura?!!
Cumprir todos os preceitos da Velha Lei, que os iria manter ocupados
durante essas duas semanas, para depois oferecer sacrifícios de aves a quem não
os pudera curar? Ou esquecer a velha Lei e voltar para dar glória ao Mestre?
Afinal, o samaritano parece que foi o único que transgrediu os preceitos
da Velha Lei, que os outros, tudo nos indica que foram cumprir
escrupulosamente.
Parece que estamos perante duas atitudes possíveis do crente. Ou o
caminho da Lei, ou o da liberdade que Jesus nos oferece... Liberdade até para
ultrapassar a Velha Lei, em obediência a outros valores muito superiores.
Nada conseguiu impedir que o samaritano voltasse para Jesus, louvando a Deus
em alta voz.
E qual foi a atitude do Mestre, perante esse leproso que não cumpriu os
preceitos da sua purificação e que em vez de parar ao longe para gritar:
Imundo... imundo, se aproximou, dando glória ao verdadeiro Deus, ao Pai
revelado por Jesus?
Penso que Jesus apoiou a atitude do samaritano, que afinal, foi o único
que não cumprindo a Lei de Moisés, seguiu outra Lei.
Mas que Lei é essa? Podem certamente perguntar. Onde está
escrita essa nova Lei?
Penso que temos a resposta, até mesmo no Antigo Testamento, em Jeremias 31:33 Mas este é o concerto que farei com a casa de Israel, depois
daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei
no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo.
Tinha chegado o momento de Deus cumprir a sua promessa e de se tornar
conhecido a todo o povo e a todos os povos... Incluindo os samaritanos. As
antigas expressões “Casa de Israel” e “Povo do Senhor” teriam de ser interpretada
no novo contexto neotestamentário.
2) Aspecto humano
Mas, penso que não podemos ficar por estas considerações teológicas, um
tanto teóricas e indiferentes à realidade vivida pelos leprosos.
Já mencionamos o horror que era a vida dos leprosos, mas gostaria de
alertar os prezados irmão para outro pormenor, porque há um aspecto positivo no
meio de todo este horror.
Vemos aqui um autêntico milagre. Pois aquilo que a religião não
conseguiu fazer, afinal a lepra conseguiu.
É que os leprosos, apesar de afastados de seus familiares e amigos,
apesar de divididos pela sua raça, divididos pela sua genealogia, divididos
pela própria teologia, eles eram muito unidos entre si.
Talvez pudéssemos dizer que estavam unidos pela desgraça. Aqueles que
viviam separados por pertencerem a seitas diferentes e que anteriormente até se
odiavam, constituíam agora uma nova família. Tinham de se ajudar
mutuamente.
Principalmente quando a doença se agravava e as mãos se desfaziam mais
dependentes ficavam dessa interajuda. Para onde quer que fosse algum deles,
todos os outros o acompanhavam. Eram muito unidos, porque não tinham outros
amigos, não tinham outra família. Eles eram escorraçados por todos os puros. Só
outro leproso, só outro imundo os poderia ajudar.
Sabemos, por esta descrição de Lucas, que um dos
leprosos até era samaritano!!!. ...
Como sabemos, entre judeus e samaritanos havia um ódio que já vinha de
várias gerações. Todos os dias, ao por do sol, os judeus mais piedosos
voltavam-se na direção de Samaria para amaldiçoar os samaritanos. Mas parece
que tudo isso foi esquecido pela triste realidade do presente. É que já não
havia mais judeus nem samaritanos. Eram todos leprosos.
Diz aqui que eles pararam a certa distância o que era habitual, e era
obrigatório pela Velha Lei, pois se tratava de leprosos, mas em vez de gritarem
“Imundos... imundo”, a sua exclamação foi outra. Jesus, Mestre, tem
misericórdia de nós. Podemos dizer que isto foi a oração dos leprosos.
Eles eram judeus, e tinham uma antiga tradição litúrgica. Essa era uma
das diferenças entre o povo de Israel e os outros povos. Enquanto os outros
povos davam mais ênfase aos sacrifícios, por vezes até sacrifícios humanos e
não há muita informação sobre as suas orações, sabemos que os judeus oravam ao
nascer do sol e ao por do sol, antes e depois das refeições, mas estava quase
tudo normalizado. Eram mais rezas do que orações, embora muitas dessas orações
tivessem chegado aos nossos dias através dos Salmos.
Os leprosos, como judeus que eram, deviam saber de cor muitos dos Salmos
que temos nas nossas bíblias, mas nessa altura, quando viram a Jesus, parece
que nada disso servia para expressar os seus pensamentos.
Eu sinto que não sou a pessoa indicada para falar nisto. Mas, perguntem
a quem já esteve muito doente no hospital, quando é que orou com mais
convicção, se foi num culto na igreja ou se foi quando esteve sozinho na cama
do hospital, quando sentiu as forças a faltar e não sabia quando é que iria à
presença do Senhor.
Quando o homem descobre sua doença física ou espiritual, quando sente a
sua fraqueza, não necessita que ninguém o venha ensinar
a orar. Apesar de serem judeus e de tantas vezes terem recitado
os Salmos, eles nunca tinham orado assim. Jesus, Mestre, tem
misericórdia de nós.
Vale a pena meditar na resposta de Jesus.
Às vezes o Senhor responde sim, outras vezes é não, e outras vezes manda
esperar. Mas, parece que desta vez temos ainda outra resposta possível.
O Senhor manda-os ao sacerdote, que nessa cultura correspondia mais ou
menos ao nosso médico delegado de saúde. Eram os levitas que exerciam essas
funções, de zelar pela saúde pública.
Podemos imaginar o que devem ter pensado alguns dos leprosos. Talvez
inicialmente tivessem ficado desiludidos, e nessa altura Satanás deve ter
insinuado as maiores dúvidas. Para que é que vocês vão ao sacerdote, se
ainda estão doentes?... É para serem mais uma vez escorraçado
pelos sacerdotes?... Isso não vai dar resultado... Afinal, esse Jesus
é como os outros. Não orou nem receitou nenhum medicamento ou
lavagem ritual... Mandar ao sacerdote é uma maneira de nos afastar...
Mas, apesar de tudo, eles foram aos sacerdotes.
Diz aqui... E aconteceu que, indo eles, ficaram limpos.
Muitas vezes o Senhor atua com colaboração humana. Só depois de
eles iniciarem o caminho para o sacerdote, só depois dessa prova de fé e
de obediência, mesmo que a fé fosse fraca... é que se manifesta o poder do
Senhor.
Mas vejamos o que aconteceu depois que os dez leprosos foram curados. É
que esta é a parte mais estranha.
Eu bem gostaria de saber desenvolver este pormenor, e de apresentar uma
boa exortação sobre o assunto... Mas afinal, é melhor dizer que não consigo
compreender o que se passou em seguida e queria compartilhar com os irmãos a
minha admiração e a minha desilusão.
A descrição de Lucas conta o caso estranho de um dos leprosos voltar
sozinho. Não era natural. Os leprosos andavam sempre juntos até à morte. Que se
terá passado?
Depois de o Senhor os curar, quando seria de esperar que eles
manifestassem a sua fé, desse glória a Deus e fossem mais unidos do que
nunca. Parece...... que a união entre eles desapareceu, porque
já não havia mais os dez leprosos. Em seu lugar estava o aguerrido zelote Senhor
A, o intelectual saduceu Senhor B ou o consagrado fariseu Senhor C...
Talvez depois desta experiência, o zelote se tenha tornado o mais
valente entre os da sua seita. Talvez o saduceu se tenha tornado o mais
estudioso entre todos os intelectuais saduceus e o fariseu o mais religioso e o
mais consagrado entre todos os fariseus. Eles voltaram para os seus, e talvez
tenham agradecido a Deus de acordo com as suas tradições.
Mas será que me devo admirar com esta passagem? Afinal, não é isto que
se passa mais ou menos, nas enfermarias dos nossos hospitais?
A amizade e solidariedade que se cria entre doentes do mesmo quarto,
também desaparece quando são curados, quando têm alta do hospital, quando
voltam para os seus e normalmente nunca mais sabem uns dos outros nem se
lembram dos médicos e dos enfermeiros que os trataram.
Não é isto que se passa com muitas igrejas, que inicialmente são
pequenos grupos de crentes, por vezes sem pastor e sem um edifício apropriado,
mas em que há amor e união e que mais tarde, quando conseguem construir o seu
templo e arranjar um Pastor, quando tudo parece que está bem é que surgem os
problemas e divisões entre os crentes?
Mas houve um leproso que voltou... e Jesus
perguntou: Não foram dez os limpos? E onde estão os nove?
Vemos também, como a gratidão é rara. Mas, não é isso
que se passa conosco? Dos dez leprosos só voltou um... Um para dez,
ou somente dez por cento se preocupa em agradecer.
Se nos lembrarmos das nossas orações... o que é que predomina nas nossas
orações? São os pedidos ou é o louvor e o agradecimento pelo que temos?
Lucas não nos diz, porque é que só o samaritano é que voltou. O que terá
acontecido quando se sentiram já curados?
Será que nessa altura ele foi afastado do grupo por ter voltado o antigo
ódio entre judeus e samaritanos?
É natural que a primeira reação dos leprosos fosse a de procurar as suas
famílias e amigos para dizer: Alegrem-se porque voltei e estou curado.
O samaritano também tinha certamente a sua família, mas ele deu
prioridade a outra família. Procurou em primeiro lugar o Messias que o tinha
curado.
Conclusão
Vamos terminar, deixando este exemplo para nossa meditação.
A unidade dos membros duma igreja depende disto afinal. Pois também
entre nós, quanto mais importantes formos, mais desunida e mais fraca será a
Igreja do Senhor.
Sempre tive medo dos crentes importantes. Quando no nosso íntimo nos
sentimos importantes, ou por termos mais estudos, ou por termos contribuído
mais para a igreja, ou por sermos os crentes mais antigos... É sinal
de que a igreja está doente. É sinal de que nos esquecemos do que somos na
realidade e que na Igreja só há Um que é importante.
Os leprosos não tinham culpa de terem sido atacados pela lepra, mas nós
somos culpados do nosso pecado. Dentro de cada um o homem velho, como diz Paulo
ainda não está dominado.
É verdade que a igreja (edifício) não é um lugar especial, um lugar
diferente como acontecia no Velho Testamento, não é o Templo do Velho
Testamento com o seu lugar santo. O nosso Deus não está limitado ao templo.
Mas, se em vez de entrarmos nas nossas igrejas como membros de pleno
direito, como pastores, presbíteros ou diáconos, como diretores disto e
daquilo... se tivéssemos de parar ao longe, antes de entrar na casa do Senhor e
gritar... Não digo: imundo... Imundo... mas bem pior do
que isso se tivesse de gritar: pecador... Pecador... Senhor tende
piedade de nós.
Se tivéssemos de aguardar que o Senhor nos convidasse a entrar, se
sentíssemos que estamos na casa do Senhor não por mérito próprio mas só pela
misericórdia do Senhor, se víssemos em cada irmão, outro leproso, outro pecador
como nós que necessita da nossa ajuda e que só nós podemos ajudar.
Então a Igreja poderia ser mais unida, eficiente e poderosa, se nos
lembrarmos daquilo que somos.
É só pela misericórdia do Senhor que Ele nos recebe e nos transforma
para seu serviço...
Bispo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciência da Religião Dr. Edson
Cavalcante
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