PASTORES QUE APASCENTAM OVELHAS OU
CUIDA DE PORCOS E BODES...
A igreja cristã, em
suas comunidades locais, têm sido invadidas na atualidade por pessoas que
jamais conheceram a nova vida que Cristo dá. A cada dia que passa, igrejas
outrora zelosas da conduta de seus membros se deixam infiltrar por gente que
nunca provou o verdadeiro arrependimento, nem jamais apresentou qualquer evidência
da transformação que advém da verdadeira fé.
A tentativa dos
incrédulos de participar da igreja não é nova. Sempre foi assim. Em todas as
épocas, por razões que a lógica humana não consegue explicar, pessoas de baixa
qualidade moral, portadores de uma fé fingida, sempre quiseram fazer parte do
rol de membros de igrejas sérias. O porquê disso é um intrigante mistério e
talvez a explicação resida no trabalho de Satanás que sempre tenta plantar joio
no meio do trigo (Mt 13.24-30). Seja qual for, porém, a fonte do problema, o
fato é que o quadro tem se agravado e isso por razões que nenhum servo de
Cristo pode tolerar.
Sim, as razões pelas
quais a presença de incrédulos da pior espécie tem crescido nas igrejas são
inaceitáveis. Uma delas, talvez a mais comum, é a mensagem propagada por muitos
pastores de que a igreja deve abrir as portas para todos, sem exceção. Esse
discurso parece amoroso e cheio de compaixão, mas é falso, tendo nascido no
coração do diabo a fim de destruir o povo de Deus. De acordo com a Bíblia, a
igreja deve abrir as portas para todos os arrependidos (2Co 2.5-8) Se não
houver esse critério, ela acolherá em seu meio o velho fermento do pecado,
capaz de levedar toda a massa (1Co 5.6-8). Para saber quais são as evidências
fornecidas pelo verdadeiro arrependido, devem-se observar textos como
Provérbios 28.13; Lucas 19.8 e 2Coríntios 7.11. Só quem demonstra o que é
apontado nesses textos deve ser acolhido na igreja. Os demais não podem ser
recebidos.
Outro discurso que
parece piedoso é o de que a igreja tem de ser paciente e tolerante com os maus,
tratando-os com carinho e esperando que, com isso, um dia eles mudem de vida.
Nada, porém, está mais longe do ensino apostólico. Na verdade, Paulo ensina que
pessoas más que se revelam obstinadas e incorrigíveis devem ser expulsas da
igreja (1Co 5.2,13). Ele explica que isso deve ser feito porque tolerar gente
assim no aprisco de Cristo implica destruir a santidade e a legitimidade da
igreja (1Co 5.7), além de revelar um grau de insensatez nos crentes próprio dos
ímpios que não se importam com o dever de julgar entre o bem e o mal (1Co
5.12).
Infelizmente, sob esses
discursos de “compaixão, paciência e amor”, muitos líderes agem como o pastor
da igreja de Tiatira e toleram várias “Jezabéis” em seu meio (Ap 2.20). Por
conta disso, veem-se membros de igrejas
que são estelionatários, ladrões, golpistas, traidores, caluniadores,
mentirosos, pedófilos, fornicadores, adúlteros, homossexuais e traficantes.
Trata-se de pessoas que jamais abandonaram seu estilo de vida podre. Contudo,
são recebidos sem reservas e, às vezes, com aplauso nas igrejas em que chegam,
mantendo-se ali por longos anos, tolerados “em nome do amor”. E pior: se uma
igreja bíblica, depois de muito empenho inútil por recuperá-los, finalmente os
expulsa como o próprio Jesus ensina (Mt 18.15-17), logo são taxadas de ruins e
atacadas com ferocidade, como se o santo trabalho pastoral de preservar o
rebanho de Cristo da invasão de lobos infames fosse a mais absurda iniquidade.
É triste ver esse
quadro. É triste porque revela que o anseio por uma igreja numerosa faz aos
poucos com que as orientações claras da Bíblia fiquem de lado. É triste porque
o amor, não pelos homens, mas pelo aplauso dos homens, vai lentamente
transformando apriscos em chiqueiros onde porcos travestidos de ovelhas mostram
ao mundo um cristianismo banal que não muda ninguém.
Que Deus guarde o seu
povo e levante pastores sábios, desejosos de proteger o rebanho de Cristo; sim,
pastores capazes de fazer distinção entre o temor a Deus e o fingimento, entre
a confissão cristã e os jargões pronunciados mecanicamente pelos impostores,
entre o arrependimento dado pelo Espírito e a dissimulação cínica que só visa a
evitar desconfortos. Enfim, que o Senhor conceda aos que são seus aquele
entendimento que não se encontra em livros, mas que capacita a distinguir entre
o balido dos cordeiros que precisam ser amparados e o grunhido dos leitões que
devem ser banidos...
Bispo. Capelão/Juiz.
Mestre e Doutor em Ciência da Religião Dr. Edson Cavalcante.
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