JESUS OU BARRABÁS...
Mateus 27:11-26
Introdução
Jesus está diante de um
tribunal. Este tribunal é diferente de todos os outros tribunais já forjados na
terra. De um lado estão os homens, representando a promotoria cujo papel é
acusar. Do outro lado está Jesus, o Deus encarnado, na condição de réu. De um
lado estão os homens, pecadores, corruptos e injustos. Do outro lado Deus,
santo, onipotente e justo. Este foi o dia na história da humanidade onde os homens
julgaram a Deus.
Jesus enfrentou seis
julgamentos, sendo três julgamentos na esfera religiosa e três julgamentos na
esfera civil.
• 3 julgamentos
religiosos:
- Na casa de Anás
(ex-sumo sacerdote);
- Na casa de Caifás
(sumo sacerdote em exercício);
- No Sinédrio (Conselho
de Anciãos – composto por 70 homens).
• 3 julgamentos civis:
- Diante de Pilatos;
- Diante de Herodes;
- Diante de Pilatos.
Em seus seis
julgamentos, Jesus foi condenado em todas as instâncias. No tribunal religioso
ele foi condenado à pena de morte pelo crime de blasfêmia, por se denominar
Filho de Deus, ou seja, intitular-se como Messias. No tribunal civil Jesus foi
condenado à pena de morte pelo crime de insurreição e rebelião, por se
denominar rei. Diante do tribunal humano, Jesus foi considerado culpado.
Entretanto, existem
duas marcas fortíssimas no julgamento de Jesus: ilegalidade e injustiça. Senão,
vejamos:
1 - Todos os
julgamentos de Jesus aconteceram de madrugada. Jesus foi preso entre duas e
três horas da madrugada. Às nove horas da manhã já estava pendurado na cruz, ou
seja, em menos de seis horas Jesus já havia passado por seis julgamentos
diferentes.
2 – Jesus não teve
direito a um advogado. Outro aspecto que merece ser pontuado é o fato que
Cristo não teve direito a nenhum advogado, pois já naquela época havia a figura
do defensor, amparado inclusive pela lei romana vigente. Nesse sentido, foi-lhe
negado o direito ao contraditório e a ampla defesa. A Bíblia afirma que Jesus
permaneceu em silêncio diante do seu julgamento. Assim o evangelista Marcos
narra o julgamento de Pilatos: “Tornou Pilatos a interrogá-lo: Nada respondes?
Vê quantas acusações te fazem! Jesus, porém, não respondeu palavra, a ponto de
Pilatos muito se admirar” (Mc 15:4,5).
3 – A sentença
baseou-se em falsas testemunhas. O evangelista Marcos registra o depoimento das
testemunhas: “E os principais sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam algum
testemunho contra Jesus para o condenar à morte e não o achavam. Pois muitos
testemunhavam falsamente contra Jesus, mas os a depoimentos não eram coerentes”
(Mc 14:55,56). O evangelista Mateus é mais enfático ao afirmar a busca dos
sacerdotes por testemunhos acusatórios falsos: “Ora, os principais sacerdotes e
todo o Sinédrio procuravam algum testemunho falso contra Jesus, a fim de o
condenarem à morte” (Mt 26:59).
4 – A condenação veio
sem que nada de concreto pudesse ser provado contra ele. No julgamento civil a
Bíblia afirma: “Disse Pilatos aos principais sacerdotes e ás multidões: Não
vejo neste homem crime algum” (Lc 23:4).
Exatamente neste
interstício do julgamento de Jesus que surge uma figura singular. Trata-se de
um homem chamado Barrabás. Mas, afinal de contas, quem é Barrabás? Barrabás é
um criminoso, assassino, rebelde e agitador. Alguém que queria tomar o poder através
da violência. Charles Swindoll diz que a figura contemporânea que mais se
aproxime de Barrabás é o terrorista. Barrabás estava na lista dos homens mais
procurados do império romano.
A Bíblia afirma que
Barrabás foi introduzido no julgamento de Jesus: “Ora, por ocasião da festa,
costumava o governador soltar ao povo um dos presos, conforme eles quisessem.
Naquela ocasião tinham eles um preso muito conhecido, chamado Barrabás.
Estando, pois, o povo reunido, perguntou-lhes Pilatos: A quem quereis que eu
vos solte, a Barrabás ou a Jesus, chamado o Cristo” (Mt 27:15-17).
Este é o cenário deste
tribunal. De um lado Jesus (Deus, santo, justo, perfeito e puro) e do outro
Barrabás (pecador, violento, assassino e rebelde). Mesmo diante da discrepância
entre esses dois homens, a Bíblia diz que Jesus foi condenado e Barrabás foi
liberto. Cristo foi sentenciado à morte e Barrabás foi absolvido de seus
crimes. Jesus iria para a cruz e Barrabás voltaria para casa.
Diante disso, podemos
questionar: Por que esse homem escapou da cruz?
I – Porque Jesus tomou
o seu lugar (v. 17).
Três homens seriam
crucificados naquela sexta-feira: um assassino e dois ladrões, Barrabás e
outros dois homens. Aquela cruz do meio estava reservada para Barrabás.
Barrabás estava no
corredor da morte, esperando apenas a execução da sua sentença. Portanto,
Barrabás sabia que a cruz do meio era para ele. Aqueles cravos eram para ele.
Aquele sofrimento estava reservado para ele.
Na teologia há o que
chamamos de tipologia, ou seja, algo que simbolizava ou tipificava algo maior.
Por exemplo, o reino de Davi tipificava o reino do Messias que seria
estabelecido; Gênesis 22, quando Deus pede para Abraão sacrificar seu único
filho Isaque, é uma tipologia do que Deus haveria de fazer com seu único filho;
quando Oséias casa com uma prostituta o propósito é mostrar ao povo o adultério
espiritual que a nação estava vivendo.
Sendo assim, neste
texto Barrabás tipifica alguém: você! O que Cristo fez por Barrabás morrendo em
seu lugar, foi exatamento o que Ele fez por nós: morreu no nosso lugar. Aquela
cruz do meio era minha. Aquela cruz do meio era sua. Jesus ao invés de Barrabás
significa Cristo ao invés de nós.
Deus não seria injusto
se mandasse todos nós para o inferno. Na verdade, ele estaria exercendo sua
justiça. Nós não merecemos ir para o céu. Nada do que você faça pode te levar
para o céu. Por mais que você tente, por mais que você se esforce. A salvação
não é alcançada por aquilo que fazemos, mas por aquilo que Cristo fez. Isso
chama-se graça. Calvino chamou isso de Graça Irresistível. Charles Swindoll
disse que “Deus construiu uma estrada para o céu. Esse caminho foi pavimentado
com o sangue de Cristo”.
II – A morte de Jesus
garantiu a sua liberdade (v. 26)
Páscoa significa
libertação. A festa da Páscoa foi instituída para comemorar a libertação do
povo do Egito (Êxodo 12). Não tem nenhuma ligação com coelho ou ovos de
chocolate. Na noite que antecedeu a libertação do povo, Deus mandou a última
praga: a morte dos Primogênitos. O povo de Deus deveria entrar em suas casas,
sacrificar um cordeiro tomar o sangue do animal e aspergir sobre os umbrais e
sobre as portas. Naquela mesma noite o anjo da morte iria passar por sobre a
terra do Egito e ceifar a vida de todos os primogênitos, com exceção daqueles
que estivessem nas casas marcadas pelo sangue do cordeiro morto na noite
pascal. Assim diz a Bíblia: “O sangue vos servirá por sinal nas casas...” (Ex
12:13). A morte do cordeiro pascal garantiu a vida e a libertação do povo no
Egito.
Por semelhante modo, o
derramamento do sangue de Cristo, o cordeiro de Deus, garantiu a liberdade de
Bartimeu. Jesus foi sentenciado para que ele pudesse alcançar a anistia. O
apóstolo Paulo afirma que “Para liberdade foi que Cristo nos libertou” (Gl
5:1).
Conclusão
No ano de 2005 a
revista Superinteressante publicou uma matéria com o seguinte título: Quem
matou Jesus? No decorrer da matéria, os autores traziam cinco teses diferentes:
1 – os romanos;
2 – os judeus;
3 – a multidão
insensata;
4 – os líderes judaicos
que manipularam a multidão;
5 – Pilatos.
Biblicamente, todas
estas respostas estão erradas. Conquanto, todas essas pessoas tenham tido
participação na execução de Cristo, nenhuma delas pode ser responsabilizada
individualmente. Segundo o ensino das Escrituras, somente uma pessoa pode ser
declarada culpada pela morte de Jesus: você! Ele morreu por sua causa. Você é o
grande motivo da morte de Jesus...
Bispo. Capelão/Juiz.
Mestre e Doutor em Ciência da Religião Dr. Edson Cavalcante
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