ESTOU
NOS BRAÇOS DE MEU CRISTO...
"Volta, minha alma, para o teu
repouso, pois o SENHOR te fez bem". Salmo 116
Nesta vida, quando nos
vemos colhidos pelo passamento de um ente querido, somos atingidos pela dor de uma
separação que, segundo nossa visão natural, julgamos que será separação
definitiva e eterna. A ausência da pessoa, especialmente nos primeiros dias, é
a constatação da fria realidade da morte.
A afeição que sentimos
pela pessoa que se foi é que faz aumentar esse sentimento de perda. E quanto
maior a afeição, maior a dor. Quanto maior o amor, maior o desconsolo.
Quem é que pode avaliar
a intensidade de um sentimento senão a pessoa que o sente? Só a pessoa e o
Senhor. Por isso, nas horas de separação por causa da morte, só o Senhor pode
nos consolar e revigorar nossas forças, restabelecendo-nos para, confortados,
continuar a vida com esperança e resistência para novas lutas.
Diz um hino cristão
sobre o cuidado Divino: "Com Seu amor tão puro e bom, Ele está sempre ao
meu redor". Ele nos contempla, vê nossos sentimentos e tem compaixão de
nós, para nos confortar e vivificar.
Foi o Senhor quem nos
deu a vida. Ele vela por nós neste mundo; Ele previu todos os nossos dias, de
antemão sabia por todas as dificuldades e lutas que teríamos de passar. Por
isso, só Ele pode nos dar auxílio, consolo, coragem e renovação de esperança,
contanto que confiemos que Ele sabe o que faz e que, em Sua Divina Providência,
sabe o que é bom para cada um de nós.
Para obter esse auxílio
e força do Senhor Jesus Cristo, temos de recorrer às Escrituras Santas, com um
coração humilde pedir que Ele nos reanime e nos oriente. E lá, nos Evangelhos,
nós O encontramos. Vemos Sua face bondosa, vemos Suas mãos a trabalhar para o
benefício de todos aqueles que nEle crêem. Ouvimos Suas palavras, palavras de
vida.
Na Palavra Divina
podemos encontrar o descanso, o consolo, o alívio com a lembrança de Sua
benignidade para conosco, como lemos no Salmo (116:7): "Volta, minha alma,
para o teu repouso, pois o SENHOR te fez bem".
Nos Escritos da Nova
Igreja ensinamentos que nos esclarecem a respeito da vida eterna e nos dão
razões sólidas para confiar, nos esperança e certeza de que o Senhor é Quem
governa nosso destino e que Ele provê o melhor bem que pudermos alcançar na
vida futura. Os Escritos da Nova Igreja, que são o sentido espiritual das
Escrituras Santas, nos explicam sobre como é a entrada de cada um no plano
espiritual, como cada um de nós é recebido quando lá chega e como é preparado
para a existência na vida eterna, no melhor estado possível que a pessoa puder
alcançar. São ensinamentos tão coerentes, tão verdadeiros e tão bons, que a luz
e o consolo que deles recebemos preenchem e supera todas as nossas duvidas,
nossos anseios e nossos sofrimentos.
Que pode haver de mais
consolador para nós do que saber que a morte, de fato, não existe? Os espíritos
e anjos não pensam na morte e nem sabem o que a morte do corpo é, porque
"a vida humana é apenas uma progressão do mundo para o céu, e a última
(fase dessa progressão) que é (chamada) morte, é a própria passagem". A
morte é, então, apenas uma passagem, uma porta de entrada em outro estado de
vida.
No sentido espiritual
da Palavra, o Senhor nos ensina que, logo após esse passamento que nós aqui
chamamos morte, a pessoa desperta na vida eterna como se despertasse de um
sono. Na maioria das vezes, a pessoa desperta no terceiro dia depois de deixar
o corpo físico, como se despertasse de um profundo sono. Em geral, a pessoa
está num leito e sente ter a face coberta com uma espécie de gaze ou um tecido
fino, que então é tirado, numa representação do véu que separa a vida natural
da nova vida em que ela entra, espiritual. Os pensamentos que a pessoa tem
nessa hora são todos pensamentos bons; ela não se lembra de nenhuma coisa
desagradável ou má; não se lembra de nenhum sofrimento que tenha tido nem de
sua ultima agonia.
O Senhor é quem faz que
a pessoa pense assim, e para isso o Senhor mantém afastado qualquer espírito
que poderia lançar pensamentos negativos ou perturbadores na mente da pessoa
que desperta pela primeira vez na vida eterna.
Quando desperta, a
pessoa sente a presença de anjos à sua volta, como amigos e irmãos. Ela ainda
não vê, mas sente a proximidade dessas duas ou mais pessoas, para lhe darem o
uso da luz espiritual em que agora ela se encontra. Esses amigos são anjos dos
céus mais altos, o terceiro céu. São anjos que, quando viveram neste mundo,
eram pessoas que amavam ao Senhor acima de todas as coisas, e agora habitam o
terceiro céu. Vivem num estado mais santo e mais puro do que os outros anjos,
mas eles mesmos nunca se julgam santos nem puros por si mesmos, porque a pureza
e a santidade são atributos do Senhor, só. O maior prazer que eles têm é servir
ao Senhor, e, esses que trabalham recebendo as pessoas recém-chegadas, servem
ao Senhor através dos auxílios que prestam as pessoas nos primeiros dias,
explicando-lhes tudo o que elas queiram saber sobre a nova vida.
Muitas vezes, a pessoa
que desperta fica um pouco incomodada com a presença de pessoas tão gentis, tão
"santas", por assim dizer, e não fica à vontade. É porque a afeição
do ressuscitado não era a mesma que a daqueles anjos, e por isso ela os sente
como estranhos; bons amigos, mas estranhos com os quais ela não tem intimidade.
Quando esses anjos percebem que a pessoa não está à vontade na presença deles,
eles se retiram. Em seu lugar, vêm outros anjos, agora do céu médio ou segundo
céu. Esses anjos são espirituais, e eram pessoas que, quando viviam aqui,
amavam o próximo como a si mesmas. Esses anjos, também, querem servir ao
recém-chegado de todas as maneiras, pois o amam como a si mesmos, ou, antes,
mais do que a si mesmos.
Ás vezes, a pessoa
ainda não se sente à vontade com a presença desses anjos ao redor de seu leito;
não se sente íntima deles, pois as afeiçoes ainda não são semelhantes. Nesse
caso, também esses anjos se retiram e, em seu lugar, vêm anjos naturais, do
primeiro céu. Se ainda nem esses forem adequados, vêm então os bons espíritos.
Os bons espíritos são pessoas que deixaram a vida do corpo há menos tempo e
estão ainda em fase de preparação para entrar na vida do céu. Essa substituição
de recepcionistas se repete tantas vezes quantas forem necessárias, até que a
pessoa se sinta plenamente á vontade, sendo recebida por aqueles bons espíritos
ou anjos que lhe são semelhantes.
Esses anjos ou
espíritos informam a pessoa que ela agora esta na vida eterna, que deixou o
corpo material imperfeito e corruptível, marcado pelo sofrimento, e tem, agora,
um corpo espiritual perfeito e incorruptível. Eles removem da face da pessoa
aquela espécie de véu, simbolizando sua entrada na vida eterna, e, depois,
fazem como que se abrissem as suas pálpebras, simbolizando que ela agora terá
os olhos espirituais abertos para ver a vida verdadeiramente real, que dura
para sempre. A pessoa se vê, então, absolutamente como ela era quando vivia
aqui, no mesmo corpo, com a diferença que agora é um corpo íntegro e perfeito.
O homem se vê com sua forma masculina e a mulher se vê com sua forma feminina.
E, a princípio, o velho se vê velho e o moço se vê moço. Em suma, não há
nenhuma diferença da vida e do corpo naturais. Ela pode se tocar, constatar que
é ela mesma; pode experimentar seus sentidos e verificar, com surpresa, que sua
visão agora é muito mais apurada, sua audição é muito mais perfeita. Pode
reconhecer seus amigos e entes queridos que o precedesse, abraçá-los e
beijá-los, pois são substâncias reais. Pode sentir um chão firme debaixo de
seus pés, pode olhar o céu, pode contemplar a paisagem, admirar as casas, tudo
enfim, pois nenhuma diferença há exceto que tudo é mais perfeito. É como se ela
tivesse dormido e sido transportada, durante o sono, para outra cidade, onde
despertasse.
Nesse momento, muitas
pessoas que, quando viviam aqui, não acreditavam, na existência do espírito e
da vida eterna, ficam envergonhadas de sua incredulidade e sua estupidez em
pensar que Deus poderia ter criado o homem para viver aqui apenas uns breves
anos e depois se acabar, junto com a carne e os ossos materiais, no túmulo. Ela
se envergonha de ter pensado assim, e agradece a Deus por a verdade ser
inteiramente outra.
A pessoa terá muitas
perguntas a fazer aos seus amigos e orientadores que o receberam; há de querer
saber onde estão seus familiares e conhecidos que tinham partido antes,
encontrá-los, falar com eles. E isso sempre lhe será concedido, contanto que
haja realmente boa afeição em relação a eles. Depois, quererá conhecer os
lugares, os caminhos, a situação do mundo dos espíritos. Saberá que ali é um
estado intermediário, preparativo para a vida definitiva na eternidade.
Em resumo, nesses
primeiros "dias", a pessoa estará bem acompanhada. Pela presença dos
anjos, ela sente a ternura do Senhor Jesus, que está com todas as criaturas e a
ninguém abandona. Ela estará alegre todo o tempo e surpresa com as coisas
admiráveis da vida eterna. Seu contentamento em rever os amigos e parentes
queridos e em conhecer, pela primeira vez, estará alegre todo o tempo e
surpresa com as coisas admiráveis da vida eterna. Seu contentamento em rever os
amigos e parentes queridos e em conhecer, pela primeira vez, a realidade da
vida espiritual, é, mal comparado, ao contentamento de uma criança levada pelas
mãos dos pais a um passeio agradável, talvez um grande parque de diversões, onde
ela encontra outras crianças amigas e parentes que há muito tempo não via.
E assim é o primeiro
estado da pessoa, após deixar este mundo e entrar na vida eterna, no reino de
Deus. Mais tarde, ela passará por outros estados, de preparação. Mas agora é
somente a alegria do reencontro, de ver que há uma continuação e uma eternidade
na vida humana, de constatar a bondade de Deus, que tanto bem provê para o
homem que Ele criou.
Sendo esta a verdade
sobre o que nós chamamos morte, que motivo temos nós, que cremos em Deus,
cremos em Seu Amor e acreditamos na vida eterna, que motivo temos para nos
desesperarmos com a morte de um ente querido? Decerto, há a saudade, o
sentimento de falta, a ausência da companhia. Mas, quando pensamos que a pessoa
agora está num estado tão feliz de existência, e mais, quando pensamos que em
breve todos nós iremos para lá, onde havemos de nos reencontrar com a mesma
alegria, então, esse sentimento triste e de saudade recebe por dentro um calor
e uma suavidade que consolam. É como um ferimento que dói, mas, ao ser lavado
com um bálsamo e coberto com o algodão macio da gaze, continua doendo, decerto,
mas então com uma dor suavizada, morna, que tende a se abrandar e traz melhora
a esperança da cura.
É mesmo assim que as
verdades da Palavra fazem com nossos sentimentos nas horas difíceis. A nossa
crença nessas verdades não nos livra da dor e nem nos impede de sofrer, mas
traz o consolo da confiança no Senhor, a esperança de que Ele está zelando por
nós, para nos preparar uma sorte feliz na vida futura. No momento da morte de
entes queridos, podemos ser tomados por muitos sentimentos tristes e
incertezas. Queremos compreender por que certas coisas foram permitidas, por
que a morte dessa pessoa nesse momento e não em outro, futuro. Mas temos de nos
lembrar de que os caminhos do Senhor não são nossos caminhos. Ele visa ao bem
eterno em todas as circunstâncias da vida terrena. E por isso a razão das
coisas, quase sempre, está muito acima de nossa compreensão natural. Mas Ele
quer nos consolar e, se aceitarmos Seu consolo, Ele promete que um dia podermos
entender muitas coisas que Ele hoje permitiu acontecer. "No fim dos dias
entendereis isto". (Jeremias 30:24:19). Amém...
Bispo. Capelão/Juiz.
Mestre e Doutor em Ênfase e Divindades Dr. Edson Cavalcante
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