É COM ESSA FORCA QUE TE PREPARARAM
QUE DEUS VAI TE EXALTAR...
Ester 6 e 7
Já se destacaram algumas circunstâncias notáveis nos
capítulos anteriores deste livro. Continuaremos vendo agora como os
acontecimentos vão sendo dirigidos por Deus para que seus desígnios para a
preservação do Seu povo sejam cumpridos.
O fato que o rei não conseguia dormir nessa noite foi
decisivo na história do povo de Israel e também para o império persa no que
tange ao seu relacionamento com ele. Decerto não fora a primeira vez que lhe
faltara o sono, mas agora ele resolveu passar o tempo ouvindo a leitura das
crônicas do seu reinado.
O cristão foi ler justamente o relato da ocorrência algum
tempo atrás quando Mardoqueu havia salvo a vida do rei denunciando dois dos seus
oficiais que haviam conspirado a assassiná-lo.
Ao ouvir isto, o rei não se lembrava de que maneira havia
agradecido Mardoqueu, e perguntou aos seus oficiais, que então lhe informaram
que nada havia sido feito. Parece curioso que o tempo houvesse passado sem que
qualquer providência nesse sentido tivesse sido tomada, mas sabemos que
contribuiu para que tudo acontecesse na hora certa.
O rei nesse instante ouviu alguém no seu pátio e, ao ser
informado que era Hamã, mandou que ele entrasse. O rei queria honrar Mardoqueu
para mostrar o seu agradecimento, e julgou que Hamã seria a pessoa indicada
para aconselhá-lo sobre a melhor forma de fazer isso. Ele chegara na hora
certa.
Hamã, que por sua vez talvez também dormira pouco ou nada
naquela noite, consumido pela sua cólera enquanto construíam a forca que ele
destinava ao Mardoqueu, logo às primeiras horas do dia havia corrido para obter
a aprovação do rei ao enforcamento e assim conseguir a sua vingança o mais cedo
possível.
Surgiu então um grande mal-entendido. O rei perguntou a Hamã
como se deveria fazer ao homem que o rei tem o prazer de honrar. Era uma
questão de princípio, e o rei não disse o nome da pessoa que tinha em mente.
Hamã, que até aquele momento tinha sido o favorito do rei,
logo pensou que se tratava dele próprio, e imediatamente descreveu as
homenagens que, em sua vaidade, ele mais almejava. O que ele disse revela muito
da sua ambição, que provavelmente era a de substituir o rei no trono - seria
apenas mais um passo a tomar, já que ocupava a mais alta posição no reino
depois do rei.
Ele portanto pediu que fosse coberto com o manto real, que
montasse no cavalo do rei com o brasão real na cabeça, e que fosse conduzido
pelas ruas da cidade por alguns dos príncipes do rei, proclamando diante dele
"Isto é o que se faz ao homem que o rei tem o prazer de honrar."
Seria uma maneira de preparar o povo para o dia quando ele mesmo fosse o rei.
Teria o rei suspeitado disso? Se não o fez na hora, sem
dúvida lhe viria à lembrança mais tarde quando Ester revelou a infâmia que Hamã
havia cometido contra o seu povo.
Por enquanto, o rei apenas disse a Hamã que fosse depressa
apanhar o manto e o cavalo e fizesse ao judeu Mardoqueu o que ele havia
sugerido. Ele estava assentado no lugar que lhe competia, junto à porta do
palácio (não estava mais de luto), e Hamã não deveria omitir nada do que
recomendara ao rei.
Foi, sem dúvida, uma grande humilhação para Hamã e não havia
sobrado a menor justificação para ele pedir ao rei que condenasse Mardoqueu à
morte. Ao contrário, ele fora obrigado a apregoar por toda a cidade que o rei
tinha prazer em honrar Mardoqueu.
Ao invés de Mardoqueu ser condenado porque não mostrava
respeito a Hamã, Hamã teve que proclamar que o próprio rei homenageava
Mardoqueu! Hamã estava arruinado porque Mardoqueu era judeu, e isso sua mulher
e seus amigos logo reconheceram quando ele voltou para casa e contou tudo.
Hamã teve pouco tempo para refletir nisso - imediatamente os
servos do rei vieram buscá-lo para o banquete que Ester estava dando ao rei e
ao qual ele deveria comparecer. O grande Hamã estava agora cumprindo ordens e
sendo levado às pressas para a presença da rainha, sua mais poderosa inimiga,
sem que ele sequer o suspeitasse.
Ele compareceu ao banquete tomado por fortes emoções. Por um
lado envaidecido porque somente ele havia sido convidado pela rainha para um
banquete com o rei, por outro mortificado pela honra que fora obrigado a
prestar a Mardoqueu.
Ester, se é que ela veio a saber do ocorrido entre Hamã e
Mardoqueu, o que é mais do que provável, estaria agora mais confiante do que
antes em ser atendida favoravelmente pelo rei. Mas precisava de continuar a ser
cautelosa com a maneira de apresentar a sua causa.
Mais uma vez o rei perguntou a Ester qual era o seu pedido, e
que dissesse qual era o seu desejo, pois lhe daria até a metade do seu reino.
Já era a terceira vez que o rei fazia isso - sem dúvida estava muito curioso
para saber.
Então ela fez o seu apelo - pediu que o rei poupasse a sua
vida e a do seu povo. Disse ainda que, se fosse apenas o caso de terem sido
vendidos como escravos, ela estaria disposta a suportar essa aflição sem
perturbar o rei. Note-se que ela até aí não mencionou o nome de Hamã, falando
num sentido geral, assim como antes o rei havia falado com Hamã sobre as honras
destinadas a Mardoqueu.
O rei imediatamente tomou o lado dela e perguntou: "Quem
se atreveu a uma coisa dessas? Onde está ele?" Sem dúvida estava muito
irado e disposto a castigar severamente o culpado. Teria ele já conhecimento do
decreto feito em seu nome contra os judeus por Hamã? Se assim fosse, não seria
agora difícil para ele deduzir que ela era judia e o culpado era Hamã. Mas ele
exigiu que ela própria o denunciasse. E foi o que ela fez, corajosamente, com o
poderoso Hamã presente diante dela.
O rei ficou grandemente perturbado. Aquele homem em quem ele
havia depositado toda a sua confiança e exaltado até a mais alta posição no
país, que ele considerava como seu amigo e aliado, era um traidor. Decerto ele
se lembrou outra vez das honras que Hamã havia pedido quando pensava que eram
para si, e percebeu a extensão da sua falsidade. O rei saiu furioso para o
jardim.
Hamã viu que o rei já estava disposto a executá-lo, então
implorou por sua vida a Ester, caindo sobre o assento onde ela reclinava. Nesse
momento o rei voltou e interpretou mal a posição de Hamã, julgando que ele
queria violentar a rainha e clamou contra ele.
Os oficiais do rei imediatamente cobriram o rosto de Hamã (o
que se fazia aos condenados à morte), e sugeriram ao rei que Hamã fosse enforcado
na forca que havia construído para Mardoqueu. O rei ordenou que o fizessem, e
Hamã foi enforcado imediatamente, assim acalmando a ira do rei.
As pessoas mais arrogantes são freqüentemente as que medem
seu valor próprio em função do poder ou influência que pensam ter sobre outros.
Hamã era um destes. Fora o rei, ele considerava todos os outros como
inferiores.
Ele odiou e procurou destruir Mardoqueu e o seu povo porque
Mardoqueu se recusou a prostrar-se diante dele. Mardoqueu colocava a obediência
à lei de Deus acima das exigências de Hamã. Enquanto Ester arriscava tudo pelo
seu povo, e venceu, Hamã dedicou-se a um mau propósito e perdeu.
Concluímos, acertadamente, que Hamã recebeu o que ele
merecia. Mas devemos nos perguntar:
Quanto tenho de Hamã em mim?
Tenho por ambição controlar os outros?
Sinto-me ameaçado quando outros não me dão o valor que acho
que mereço?
Procuro me vingar quando meu orgulho é ferido?
Devemos confessar tais atitudes a Deus e pedir que Ele os
substitua com uma atitude de perdão. Senão, más conseqüências virão...
BIPO/JUIZ.MESTRE E DOUTOR EM ÊNFASE E DIVINDADES DR.EDSON
CAVALCANTE
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