A LEI DA REVELAÇÃO /MALDIÇÃO...
ESTUDOS EM HERMENÊUTICA BÍBLICA
Ou, Leis Básicas de Interpretação da
Bíblia.
A correta interpretação da Bíblia
deve começar com a verdade básica de que Deus deu uma revelação de Si mesmo e
Sua vontade. Sem isso, o homem estaria no mar sem estrelas ou sem bússola, e
todos os seus pensamentos do que é a vontade de Deus não seriam nada senão a
imaginação de seu próprio coração e mente depravado. Pela natureza ninguém
entende a verdade de Deus, pois ela está numa esfera estranha ao pensamento do
homem. Assim lemos em 1 Coríntios 2.14. O pecado perverteu de tal forma o
pensamento humano que o homem não pensa como Deus pensa Isaías 55.7-9. Daí, a
verdade de Jeremias 10.23.
Os primeiros versículos da Bíblia,
Gênesis 1.1-6, sugerem essa revelação que Deus fez de Si mesmo, pois embora os
versículos 3-5 estejam relacionados à luz literal, é certo, porém que há um
simbolismo aí que é explicado mais tarde como tendo a ver com iluminação
espiritual, 2 Coríntios 4.3-6. Observe aqui o versículo 6 em particular:
"Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, [referindo-se
a Gênesis 1.3-5] é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do
conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo." Aqui está a
revelação de Deus de Si mesmo, e essa revelação foi feita com a maior plenitude
e conclusão com a vinda do Filho de Deus numa natureza humana, conforme lemos
em João 1.18: "Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que
está no seio do Pai, este o fez conhecer". Muitas vezes as Escrituras
mostram que as coisas literais têm um sentido simbólico e típico que não é evidente
à primeira vista.
Essa primeira e importantíssima Lei
de Interpretação da Bíblia " A Lei da Revelação " é tal que se não
formos sólidos nela, não poderemos ser sólidos em nada mais, por mais sinceros
ou zelosos ou instruídos que possamos fora disso ser. “É isso o que mostra
Isaías 8.20” À lei e ao testemunho” Se eles não falarem segundo esta palavra, é
porque não há nenhuma luz neles”. Isso é suficientemente claro, não é"
Toda luz espiritual = verdade " corresponderá à Lei e ao Testemunho de
Deus.
Essa Lei é que Deus revelou tudo o
que alguém precisa saber sobre todas as coisas espirituais. Ele não falou
extensivamente nas esferas da ciência, matemática, genética e muitas outras
esferas, mas onde Ele falou nessas áreas Ele falou em verdade. Lemos em
Deuteronômio 29.29 acerca do dever humano com relação à revelação de Deus dos
assuntos espirituais. "As coisas encobertas são para o SENHOR, nosso Deus;
porém as reveladas são para nós e para nossos filhos, para sempre, para
cumprirmos todas as palavras desta lei". Deus reservou muitas coisas
secretas para Si, e o homem não tem nem a capacidade de conhecê-las nem lhe
compete sondá-las, mas ele está sob a obrigação de saber e fazer o que foi
revelado. E ele está pela natureza sob maldição por negligenciar saber e fazer
o que foi revelado, Gálatas 3.10.
Essa Lei da Revelação terá relação
com quatro verdades básicas, a primeira sendo A Revelação do próprio Deus, da
qual já falamos brevemente. Embora a própria criação testifique da existência
de Deus, e o Salmo 19.1-4 deixe toda a humanidade sem desculpa por não se
submeter a Ele, Romanos 1.18-20, contudo há muitas coisas sobre Deus que o
homem não poderia saber se não fosse pelo fato de que Ele as revelou nas
Escrituras.
O primeiro versículo da Bíblia é um
testemunho da natureza triúna da Divindade, pois a palavra "Deus"
traduz o substantivo hebraico Elohim. A palavra raiz "Eloh" significa
literalmente "o Forte", e isso é evidenciado em que esse Forte criou
o mundo, e tudo o que está nele, de modo que todos pertencem a Ele por direito
de criação, 1 Coríntios 10.26. Essa verdade acusa todo ser humano que não está
vivendo em submissão à vontade de Deus. A terminação "-im" é a
terminação plural das palavras hebraicas. E aqui é necessária uma explicação.
Em português temos substantivos no singular, referindo-se a um, e no plural,
referindo-se a dois ou mais. Mas a língua hebraica é diferente, pois tem três
números: singular " um; dual " dois; e plural " três ou mais.
Daí, a terminação plural desse substantivo se refere a Deus " o Forte
" como um Ser uniplural consistindo de três ou mais Personalidades. O
restante das Escrituras limita essa pluralidade só a três Pessoas, o Pai, o
Filho e o Espírito. Mas ao contrário dos tão chamados unitaristas (os trinitaristas
são mais verdadeiramente unitaristas, pois cremos na Unidade de Deus, que não é
incoerente com o Trinitarianismo, que sustentamos), as Escrituras começam com
um testemunho da doutrina da Trindade, que é explicada posteriormente na
Bíblia.
Imediatamente no começo das
Escrituras vemos a soberania de Deus, Sua personalidade trina, Seu direito de
posse e Senhorio de toda a criação, Sua benevolência, e muitas outras coisas.
Mais tarde Elohim é revelado como Jeová, que é Seu nome pessoal, e esse nome
significa que Ele é o Deus que guarda alianças e se preocupa com Seu povo.
Todas as atitudes subsequentes de
Deus para com os homens manifestam Sua santidade imaculada, e consequentemente
Sua justiça incontestável que deve e punirá todas as violações de Sua santa vontade.
"Porque tu não és um Deus que tenha prazer na iniquidade, nem contigo
habitará o mal. Os loucos não pararão à tua vista; odeias a todos os que
praticam a maldade. Destruirás aqueles que falam a mentira [quer dizer os que
falem contrário à Sua revelação]; o SENHOR aborrecerá o homem sanguinário e
fraudulento". (Salmos 5.4-6)...
BISPO/JUIZ.PHD.THD.DR.EDSON CAVALCANTE
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